7 fatos sobre Lily Evans escrita por Serena Blue


Capítulo 4
IV - Lily Evans chora em silêncio.


Notas iniciais do capítulo

Olaaaar gente, tudo bem? Como foi a semana de vocês? A minha foi extremamente cansativa :( mas isso não me impediu de escrever e vir aqui postar o cap 4 pra vocês hehehe esse foi o que eu mais gostei até agora e o mais grandinho também.. chegamos no "meio" da fic!!! a partir daqui as coisas vão ficar mais interessantes (espero).

Enfim, meus agradecimentos à bolinho Lí pelos reviews MARAVILHOSOS e boa leitura!



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A única mulher que eu havia visto chorar na minha vida fora minha mãe. Não era uma coisa que eu gostava de presenciar e geralmente Euphemia Potter derramava lágrimas quando brigava com meu pai. Sempre achei que um homem nunca deveria deixar uma mulher triste, mas não podia culpar meu pai pelas brigas que tinham. Brigas. Essa foi uma palavra que preencheu por completo o início da minha adolescência. Perto de fazer 15 anos eu acabara me tornando um pouco rebelde demais para a paciência dos meus pais, e olha que eles eram bem tolerantes comigo.

A questão é que meus pais não brigavam só entre si, mas comigo também. Ora minha mãe, ora o meu pai, ora os dois juntos. Na maioria das vezes envolvia minhas chegadas fora de horário em casa, o fato de eu não avisá-los quando voltaria e nem para onde iria e minhas notas um pouco baixas em história. (Pessoalmente, não gostava de viver no passado). Mas, ao que parece, as brigas não se limitavam apenas na casa n°76, azul, vulgo minha casa. A bege de n° 77 também não vivia em perfeita harmonia. Principalmente quando se tratava das irmãs Evans.

Uma ou duas vezes nos finais de semana, escutei os gritos de ambas pela janela enquanto estavam em uma briga ferrenha. Ficava difícil saber o motivo pelo qual elas sempre brigavam, mas eu só sabia que no final acabava com a mais velha saindo porta afora para voltar só de noite e Lily se trancando no quarto por longas horas.

O clima estava pesado para nós dois o que só podia significar uma coisa: mais brigas.

Porém, querem uma boa notícia? Essa briga que tive com Lily fora a última. Sim, acredite se quiserem, embora seja claro, tenha sido a pior de todas, afinal, eu a tinha magoado. De verdade. Ela foi a segunda mulher que eu vi chorar e esperava que fosse a última.

 

 

Era final do período das aulas. Eu estava indo com Laura Prince até o ponto do ônibus e dali eu subiria no veículo amarelo e ela esperaria o pai para ir embora. Nos últimos dias nós estávamos ficando. Ela era uma garota legal, linda e beijava bem. Além disso, éramos bem próximos e eu gostava do jeito que ela puxava meu cabelo enquanto me beijava.

— Tem certeza de que não quer uma carona até sua casa? — Laura perguntou agarrada em mim, com a voz manhosa.

— Tenho, relaxa eu vou de ônibus. — sorri para ela quando levantou a cabeça para me encarar.

Os alunos estavam dispersos pelos arredores da escola conversando e se despedindo. Os que pegariam o ônibus que nem eu formavam um pequeno aglomerado onde o veículo estacionaria, os outros que esperavam suas caronas ficavam mais afastados e também tinham aqueles que iriam a pé.

— Hey pombinhos. — Sirius chegou junto com Remus e Peter para esperar o ônibus.

— Oi meninos. — cumprimentou Laura. — Tudo certo?

— Na medida do possível com essas aulas de matemática. — suspirou Peter fazendo todos rirem um pouco. Não era nenhuma surpresa de que ele era ruim na matéria.

Ficamos conversando até o pai de Laura chegar com sua camionete e buzinar para a filha chamando a atenção de nós todos.

— Meu pai chegou. — pegou sua mochila do chão e se virou para mim. — Não esquece de me ligar, tá? — disse e depois me deu um selinho antes de ir embora.

Acenei enquanto ela se afastava até entrar no carro do seu pai e sumir no final da rua. Laura Prince apesar de legal era um pouco grudenta. Sempre exigia que eu ligasse para ela todos os dias e, cara, às vezes eu não tava a fim.

— Não seja tão mal Potter. — ouvi a voz da Evans e me virei para encará-la quando se aproximou com suas amigas; McKinnon e Alice. Ela estava sorrindo e eu não havia entendido por qual motivo. Hoje não estava com paciência para as frases dela.

— Como assim? — perguntei, ácido, revirando os olhos.

— Ora, todas sabemos que vocês meninos nunca ligam quando pedimos. — quem respondeu foi Marlene em tom de obviedade.

— Exato, por isso, dessa vez vê se liga mesmo. — disse Evans cruzando os braços ainda sorrindo para as amigas.

Foi quando eu não me contive.

— Quem disse que eu não ligo? — inquiri com o cenho franzido. — Você acha que sabe tudo sobre mim?

— Calma, Potter, eu não quis… — tentou dizer, mas eu a cortei.

— Não, cara! Você se acha muito a dona da razão só pode ser. — bufei indignado.

— Gente, parem com isso. — Alice proferiu, mas não lhe dei atenção, tampouco Evans.

— Já disse que não sou a dona da razão! — ela sempre se enfurecia quando eu falava aquilo.

— É sim, admite! Nem a sua irmã te aguenta, já que vivem brigando. Aposto que você inferniza a vida dela, coitada. — terminei com a voz firme.

Um silêncio se instalou depois do que eu disse. Ninguém ali quis pronunciar nada e Evans me encarava, séria e nem piscava. Só o que eu ouvia era o barulho das conversas alheias.

Quando pensei já ter se passado uns cinco minutos, foi quando Evans levantou o dedo para mim e proferiu entre dentes e com os olhos vermelhos ardendo em fúria.

— Você não sabe de nada sobre mim e minha irmã. — falou tão fria que eu não a reconheci. E depois, sem dizer mais nada, ela virou nos calcanhares e caminhou com passos rápidos para longe.

— Lily! — Marlene chamou-a sem sucesso. — Parabéns viu seu energúmeno! — virou-se para mim, com raiva. — Lily, espera! — foi correndo na sua direção até alcançá-la, já longe.

Meu coração estava acelerado e meu corpo estava em um mescla de raiva e de culpa. Por que eu fui falar aquilo? Tudo teria sido tão mais simples se eu tivesse apenas a ignorado.

— Se quer saber, James — Alice começou no que eu me virei para escutá-la melhor. — A relação que Lily tem com a irmã é bem complicada. E em todas as vezes é Petunia quem implica com Lily, das piores maneiras possíveis.

No mesmo instante o ônibus havia chegado e estacionado, causando uma pequena muvuca que tentava entrar para pegar os melhores assentos o que acabou dispersando Alice de nós.

— Relaxa James. — Sirius bateu em meu ombro. — Até amanhã a ruiva já esquece isso.

Mas eu não esqueci. Passei a tarde inteira pensando na nossa briga, tentava me concentrar em coisas diferentes, mas sempre acabava relembrando o modo como Evans olhara para mim. Chateada. O mesmo jeito que minha mãe olhava para meu pai às vezes em suas brigas mais fervorosas.

Eu sentia que realmente havia pisado na bola com ela. E ela estava certa de qualquer jeito, eu nunca ligava para Laura. E isso tudo me incomodou. Sem contar para os meus pais o que havia acontecido, eu esperei até a noite chegar para poder falar com ela.

Da minha janela, eu olhei para o quarto da Evans e notei todas as luzes apagadas. Será que ela já estava dormindo? Mas era a recém sete da noite. Não, devia estar em outro lugar. Olhei para o térreo da casa e vi que as luzes da sala e da cozinha mantinham-se acesas.

Fui até o espelho e encarei meu reflexo. Cabelos despenteados, camisa vermelha amassada, jeans e chinelos. Eu não estava muito apresentável, mas eu não pretendia me arrumar para pedir desculpas a Evans. Sim, porque era isso que eu pretendia fazer.

Suspirei pensando que era necessário eu fazer aquilo. Peguei as chaves de casa e as enfiei no bolso dianteiro.

— Mãe, pai, vou à casa dos Evans. — informei descendo as escadas.

— A essa hora? — minha mãe perguntou, estranhando. — O que vai fazer lá?

— Preciso falar com Lily. — não era uma mentira de fato.

Euphemia deu de ombros e continuou lendo seu livro na poltrona. Meu pai cozinhava algo por isso só lançou-me um “ok” com o polegar.

Fechei a porta atrás de mim e senti uma brisa gelada contra meu corpo quando comecei a atravessar a rua. Ao chegar mais perto da casa dela, pude ouvir uma música suave soar pelas paredes da sala e sorri com isso. Meus pais também gostavam de música clássica.

Apertei a campainha. Senti a ficha cair no momento em que fiz isso.

O que eu estou fazendo aqui?

Já era tarde para recuar, pois no minuto seguinte, a Sra Evans abriu a porta com um pano de prato por sobre um dos ombros.

— Ora, olá James. No que posso ajudá-lo, sua família vai bem? — perguntou sorrindo ao mesmo tempo em que mantinha as sobrancelhas franzidas.

— Boa noite, Sra Evans. Vai tudo bem com nós sim. — confirmei engolindo em seco enquanto tentava arranjar um jeito de perguntar aquilo. — A Lily está? Eu queria falar com ela.

— Óh ela es-

— MÃE! DIZ PARA A LILY SAIR DE LÁ! ELA JÁ ESTÁ A MEIA HORA NO QUINTAL E EU QUERO LER O MEU LIVRO LÁ TAMBÉM! — uma voz estridente interrompeu a frase da Sra Evans que sorriu para mim, encabulada.

— Lily está no quintal. Pode ir lá querido, é nos fundos da casa passando pelo jardim lateral. — apontou para esquerda onde eu pude ver várias flores que não ficavam à mostra se olhadas da minha janela.

— Tem certeza? — eu perguntei, incerto. Será que ela sabia o que eu tinha falado à filha dela? Por que não estava brava comigo?

— Sim. Sim, pode ir. — confirmou já adentrando. — Petunia não grite! Você pode ler seu livro no quarto, mas que coisa! — a voz dela foi sumindo conforme se afastava.

Segui o caminho que a Sra Evans havia me indicado até chegar aos fundos da casa, onde tinha um pequeno quintal bem cuidado e aos fundos um par de balanços antigos que eu julguei ser feito pelo Sr Evans para suas duas filhas. E, ela estava lá. Sentada em um deles, de costas para a entrada. Balançava-se vagarosamente ainda no chão.

Receei um pouco antes de ir até ela. Era bem provável que me expulsasse à socos dali. Mas mesmo assim segui reto em sua direção.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou sem me fitar no que eu arregalei os olhos.

— Como sabia que era eu? — perguntei, confuso.

— Ouvi a campainha tocar e depois a sua voz. — explicou um pouco rouca.

— Ah… — foi só o que consegui dizer. Ela não me encarou e então eu decidi sentar no outro balanço vago ao seu lado. Com o movimento, vi que ela levou uma mão ao rosto e passou-a rapidamente, foi só então que percebi que estava chorando. — Evans eu… Me desculpa pelo o que eu disse hoje mais cedo, sobre você e sua irmã. — despejei sentindo um alívio depois de fazê-lo. Passou um segundo, dois, cinco, dez, quinze e ela não me respondeu. Tentei mais uma vez: — Evans m-

— Você acha que é simples assim, não é? — começou e eu parei de falar. — Vem aqui com esse seu jeito despojado e se desculpa. É claro que você pensou isso. Vou lá, me desculpo com ela e tudo bem, afinal eu sou James Potter, consigo tudo o que quero por ser bom no que faço.

— O que? Não fo-

— Astro do futebol, todas as garotas se encantam por você, tem bastante dinheiro, acha que pode falar o que bem entende das pessoas.

— Eu não-

— Mas quer saber, Potter? Não posso negar que você estava certo. — suspirou abaixando a cabeça. — Eu sou uma péssima irmã e Petunia me odeia. Isso é evidente para todos.

— Não. — consegui dizer sem que ela me interrompe-se. — Evans, eu não quis dizer isso sobre você. Não tinha o direito de te julgar. Dá para ver que você é… Legal.

— Legal? — eu realmente não tinha sido muito convincente.

— Uma ótima vizinha. — sorri amarelo pela falta de argumentos. Queria dizer mais coisas sobre ela, mas não sabia o quê.

— Tá bom. — ela bufou em descrença.

— É sério. A menos que você me peça para abaixar o som. — fui sincero e para a minha surpresa, ela riu.

Encarei-a, por reflexo e Evans levantou o rosto ainda com o resquício do riso.

— Vou me esforçar para não desapontá-lo. — afirmou, convicta que quase me fez acreditar naquilo.

— Jura? — perguntei, animado.

— Não.

Desanimei.

Ela sorriu brevemente e voltou a abaixar a cabeça, mexendo na grama com um dos pés.

Ficamos sem falar nada por um tempinho. Eu não sabia o que dizer por estar em conflito comigo mesmo. Num minuto brigo com ela, no outro quero sentar ao seu lado e conversar sobre qualquer coisa. Quando o silêncio começou a ficar constrangedor, a porta dos fundos abriu-se revelando o Sr Evans.

— James, o jantar está pronto. Quer se juntar a nós? — ofereceu.

Daí seria abusar demais da boa vontade deles.

— Não, obrigado Sr Evans. Só vim falar com Lily mesmo. — expliquei tentando ao máximo soar educado.

O pai dela confirmou com a cabeça e voltou para dentro da casa, o cheiro da comida recém feita já impregnando minhas narinas.

— Eu preciso entrar. — a voz dela soou logo depois que se levantou do balanço. Fiz o mesmo.

— Claro. A gente se vê na escola. — cocei a nuca sem saber o que dizer. — E desculpa mais uma vez.

— Tudo bem. — ela suspirou, cansada e depois cruzou os braços assim que uma brisa gelada soprou contra nós. — Até amanhã.

— Até.

Voltei para casa muito mais aliviado do que quando saí. Meus pais não voltaram a perguntar o motivo da minha ida até lá e eu agradeci internamente. Não saberia como explicar o que havia acontecido, de fato. Afinal, nem mesmo eu sabia. O que eu sabia é que não queria mais ver Lily chorando, ou qualquer outra garota.

Porém isso não aconteceu. Não demorou muito para que eu visse Lily Evans chorando novamente.

Como a maioria das garotas da sua idade, Lily começou a sair com um cara no segundo ano. O nome dele era Mike Borge, um completo idiota. Não na concepção das garotas é claro, pois de acordo com Marlene McKinnon ele era “gentil, bonito, inteligente e engraçado e Lily tinha muita sorte por namorá-lo”. Talvez ele fosse tudo isso sim, mas eu não admitia e acho que todos já sabem o porquê, não?

Ele era de outra turma e de repente Lily começou a andar de mãos dadas com ele pelos corredores. Logo avançaram para beijos, recostados nas pilastras. Em pouco tempo já eram um casal.

Por isso, em uma manhã quando estava indo à escola com Sirius e Remus, acabei presenciando uma cena insólita perto dos portões de entrada e fiquei feliz com o que eu vi. E mais tarde eu saberia o motivo da minha felicidade.

— Ih, cacete, não é a Evans e o Borge ali na frente? — apontou Sirius quando estávamos a uma distância boa para ouvirmos. Segui sua direção e me deparei com Evans e seu namorado em meio a uma… Discussão?

Deixa disso, Lily, eu não tive culpa eu juro!

— Ah é claro, me deixar plantada por uma hora em frente ao cinema não é culpa sua, verdade, é minha por ser tão idiota e cair na sua lábia!

Podíamos ouvir dali os dois gritando um com o outro atraindo os olhares de muitos alunos. Ela estava mais vermelha que seus próprios cabelos, parecia mais zangada do que quando ficava comigo, e isso quer dizer muita coisa.

— Vish, Borge deve ter feito algo muito podre. — Sirius negou em reprovação. — Vamos nessa antes que sobre para você, James.

— Por que sobraria para mim? — estranhei encarando-o.

— Ué, sei lá, as mulheres são que nem granada. Precisamos ter todo o cuidado para não explodirmos junto delas em situações assim. — explicou com o cenho franzido como se fosse uma verdade absoluta o que disse.

Voltei a olhar para Evans e ela tinha parado de discutir. Mantinha os braços cruzados e não olhava para Borge, tinha o rosto virado.

— Vamos indo porque isso está com cara de que não vai acabar tão cedo. — Remus opinou ajeitando a mochila nos ombros e seguindo em frente.

Fui para a sala com eles e não perguntei o que achavam que Borge tinha feito a Evans, mas a verdade era que eu estava curioso.

A primeira aula seria de trigonometria o que serviria perfeitamente para que eu não tivesse meus pensamentos preenchidos por Evans e seu namorado, afinal por que eu estava me importando tanto?

Mas foi só a Laura chegar que fui obrigado a pensar em Evans.

— Você viu a briga da Lily com o Mike lá na frente? — ela perguntou sentando-se ao meu lado.

— Difícil não ver. — respondi concentrado nos exercícios.

— Por que será que brigaram? Formam um casal tão lindo. — lamentou no que eu concordei sem ter certeza. — Você acha que vão se acertar logo? Torço muito por eles.

— Como é que eu vou saber? — perguntei um pouco mais grosseiro do que pretendia ser. Laura me encarou com os olhos arregalados em ofensa. — Desculpa, acho que sim.

— É. Eu também. — respondeu pegando seu material e não voltando mais a falar sobre Evans.

Mas depois que a própria entrou na sala, foi difícil não comentarem sobre ela. Ainda mais quando estava agindo como se nada tivesse acontecido. No mínimo eu esperava ver seu rosto vermelho depois de tanto chorar, ou algum sinal de tristeza. Mas não. Evans sentou-se com as amigas e conversou normalmente rindo sempre que lhe convinha. Só poderia significar duas coisas: ou eles se acertaram ou a briga não fora tão séria assim. Mas a julgar pelo volume da discussão agora a pouco, eu suspeitava da primeira opção.

Contudo, segui o resto do dia sem pensar na Evans. Ainda mais depois que joguei bola com meus amigos e recebi a nota daquele trabalho de físico-química, tinha me saído bem nas duas coisas. O plano era sair para descontrair com Laura mais tarde, afinal as notas dela também foram boas. De noite, havíamos combinado de ir a uma lanchonete depois de um boliche. Até que eu estava animado para ir, fazia tempo que eu não jogava.

Eu estava me arrumando, colocando os tênis e afivelando o cinto da minha calça quando minha mãe bateu na porta só de toalha.

— Filho, atende a porta porque eu vou para o banho e seu pai foi no mercado. — pediu e logo depois desapareceu no corredor.

— Tem gente na porta? — perguntei para mim mesmo indo abaixar Sweet Child O’Mine que tocava no meu boombox. Estava distraído que nem ouvi a campainha tocar. — Deve ser o carteiro. — dei de ombros não me preocupando em vestir a camisa.

Saí do quarto e desci as escadas assobiando com a música na cabeça.

Quando abri a porta dou de cara com Evans.

— Oi! — disse surpreso por sua visita. Trazia em mãos um prato embrulhado em guardanapos no que eu julguei ser um pedaço de bolo da mãe dela outra vez.

— Oi Potter… — respondeu desviando o olhar para o meu abdômen por meio segundo. — Ah, minha mãe pediu para trazer isso a vocês. — ergueu o prato para que eu o pegasse.

— Valeu. — sorri. — É de cenoura? — adivinhei por esse ser um sabor frequente que a Sra Evans fazia.

— Não. — Evans respondeu. — Dessa vez é de chocolate. — sua voz estava um pouco engrolada e foi então que eu fitei seus olhos um pouco vermelhos. — Até amanhã. — sorriu fraco e girou nos calcanhares indo embora. Observei-a descer os degraus da casa quando levantou uma mão e enxugou o rosto.

— Evans. — chamei-a ao perceber que estava chorando. Em completo silêncio. Não se virou para mim o que me fez ir até ela e parar em sua frente. — Você tá okay?

— Tô. — tentou soar convincente.

Eu liguei os pontos de hoje pela manhã e não hesitei em proferir:

— Está chorando. — apontei para o seu rosto. — Não é por causa do idiota do Borge, é?

— O que? Não! Claro que não é por ele. — enrugou o cenho, indignada. — E eu não estou chorando. — acrescentou rápido.

Bufei em descrença ao notar seus olhos vermelhos de novo. E não só eles. A ponta do nariz também estava avermelhada e a boca um pouco inchada. Foi quando prendi meus olhos ali, na sua boca. Estava úmida e piorou ainda mais quando Evans lambeu os lábios.

— Potter? — estalou os dedos à minha frente.

— Ah, desculpa. — recompus-me. — Olha, não precisa falar se não quiser, mas o Borge não merece nenhuma lágrima sua. De nenhuma garota aliás. — ele era muito otário para que alguém chorasse por ele.

Evans suspirou pesado e inspirou ar puro. Pensei que ela ia me xingar e dizer que eu não deveria me intrometer em sua vida, mas mais uma vez eu estava enganado sobre ela.

— Não era pelo Mike que eu estava chorando, okay? — respondeu com calma. — Era pela minha irmã.

Senti meu coração pesar depois de ouvir aquilo. Eu queria saber o que acontecia entre as duas para que tivessem essa relação. Queria saber mais sobre ela.

— Eu sinto muito. — não sabia o que dizer, não queria magoá-la de novo. — Você quer conversar ou…? — deixei a pergunta no ar, talvez fosse muito cedo para falarmos sobre isso. Mas ela confirmou com a cabeça.

— Tem tempo? — inquiriu, incerta. Foi quando pensei em Laura e no nosso encontro, eu deveria estar me arrumando agora. Mas queria ouvir o que Evans tinha para me dizer. Cocei a nuca e olhei ao redor pensando no que fazer.

— Claro. — resolvi que conversaria com ela. — Eu vou por uma blusa e deixar o bolo lá dentro. Me espera aqui, rapidão. — pedi correndo em direção a casa para fazer o que acabei de dizer.

Laura iria me matar, o que eu diria a ela? Foi quando o telefone tocou no instante seguinte. Corri para atendê-lo depois de colocar o bolo em cima da mesa.

— Alô?

James, sou eu Laura. Olha, desculpa por ligar em cima da hora, achei até que você já tinha saído de casa. Bem, não vamos poder nos encontrar hoje, meu irmãozinho está com febre e vamos levá-lo até o hospital. Espero que não fique chateado.

Eu quase comemorei com aquilo. Não pelo irmão dela, longe disso.

— Ah, nossa, claro que não Laura. Sem problemas a gente marca outro dia. — disse tentando soar com normalidade.

Ai, sério? Você é um amor, James. Te ligo depois, beijinhos. — ela desligou e eu não tardei em ir até meu quarto vestir uma camisa, aliviado por dentro. Realmente fora muita coincidência isso tudo. Nunca mais teria tanta sorte assim. Embora eu estivesse mesmo a fim de jogar boliche.

Quando voltei para onde Evans estava, cinco minutos depois, ela me esperava observando as flores que minha mãe cuidava na frente da casa. No próximo minuto, ouvi a voz de meu pai.

— Óh, como vai Lily? — voltava do supermercado com as mãos cheias de sacolas.

— Boa noite, Sr Potter. Vou bem e o senhor? — respondeu dócil e educada. — Quer uma ajuda?

— Não, não. — meu pai negou veementemente. — Está leve. Olá filho. — se dirigiu a mim quando me viu. — Já falou com Lily? Agora pode dirigir-se a ela pessoalmente em vez de espiar pela janela, hein? — brincou no que eu fiz menção de bater em minha testa.

— Pelo amor de Deus, pai. — revirei os olhos. — A mamãe está chamando. — menti para que ele saísse dali logo.

— Ah sim. — prontificou-se. — Até mais, Lily, apareça quando quiser.

— Pode deixar, Sr Potter, até mais. — fui incapaz de encará-la naquele momento.

Assim que os passos de meu pai cessaram-se pelos arredores eu senti necessidade de me explicar à Evans.

— Não é verdade. Meu pai só me viu fazendo isso uma vez que foi quando tínhamos doze anos. Eu queria ver se você estava legal depois de eu ter jogado a bola na sua cara no queimado. — fui sincero. É claro que eu havia espionado-a mais vezes, mas isso não vinha ao caso nesse momento.

— Ah, sim. — respondeu limpando a garganta. — Legal de sua parte. — ela caminhou até a sarjeta da rua e eu a segui.

— É — pigarreei forte. — Então, sobre você e sua irmã… — mudei de assunto antes que o clima ficasse mais estranho ali.

Sentamos na calçada, eu pegando uma pedrinha solta ali e começando a riscar aleatoriamente o chão.

— Bom, acho que já deu para perceber que nós brigamos muito. — começou no que eu confirmei com a cabeça lembrando-me das gritarias que ouvia entre as duas.

— Vocês sempre foram assim? Digo, as brigas… — perguntei, interessado.

— Nem sempre. Petunia e eu éramos muito próximas quando crianças, gostar de balé era o que nos unia, sabe? Mas, as pessoas sempre diziam que eu tinha mais jeito para dançar do que ela. E bem, acho que isso a magoou. Quando nos apresentávamos nos teatros era sempre eu que recebia os cumprimentos mais entusiasmados, embora nunca os desejasse. — ela me encarou e eu confirmei com a cabeça para mostrar que estava entendendo o que dizia. — A partir daí começamos a nos separar e ela a agir estranho comigo. No início pensei ser só tempos de TPM dela, entende? Mas depois ela começou a me ofender mesmo que de brincadeira e então as brigas começaram. — Evans abraçou os joelhos, perturbada. — Mas o pior foi quando nossos pais decidiram se mudar para cá. Petunia já tinha conquistado tudo em Londres: amigos, popularidade e até um namorado. Mas meus pais viram em Liverpool uma ótima oportunidade para eu seguir com a carreira de bailarina depois que terminasse o colegial.

— Você vai frequentar a Belas Artes? — questionei ao me lembrar de uma das mais prestigiadas escolas de dança da Inglaterra.

— Vou. E Petunia não. Isso só piorou nossa relação. — lamentou enquanto fixava um ponto distante. Era horrível a história das duas e por um momento eu não soube o que dizer.

— Olha — disse depois de um tempinho. — Você não tem culpa disso. Sua irmã deveria estar feliz por você e não com inveja, desculpa dizer assim. — não queria ser franco com ela, mas ao mesmo tempo tinha de ser.

— Eu sei, só que não queria que fosse assim. Queria que ela me entendesse e me apoiasse, eu até escrevi uma carta para Belas Artes pedindo que a aceitassem mas eles não quiseram. — Evans passou as mãos pelo rosto. — Queria que ela entendesse que eu nunca quis ficar acima dela.

Por mais que eu quisesse, não conseguia entendê-la por completo, afinal eu era filho único. Nunca saberia o que é dividir a atenção dos pais e das outras pessoas com um irmão ou irmã.

— Nós brigamos não faz muito com ela ameaçando sair de casa. Foi por isso que eu… Bem, não por Borge. — encarou-me e eu desviei rindo sem humor.

— Foi mal. Pensei que tinham terminado e sabe, você tinha ficado triste e por isso estava chorando. — expliquei o que eu havia pensado. O motivo era bem mais nobre do que esse.

— Terminamos. — Evans respondeu no que eu a encarei, surpreso. — Mas não fiquei triste. Ele era legal mas pisava muito na bola.

— Idiota. — murmurei pensando nos furos que ele deveria ter feito na relação deles. — Sinto muito. Às vezes os garotos são idiotas mesmo, falo por mim. — encarei-a e fui correspondido. Evans tinha as sobrancelhas unidas enquanto me ouvia. — Foi mal ter implicado com você desde o início.

Ela abaixou o olhar e começou a mexer em umas graminhas ali perto. Tinha as unhas curtas e usava um anel prateado.

— Acho que não fui muito legal com você também. Eu pensava que você tinha muita titica na cabeça. — disse com sinceridade no que eu quase engasguei com minha própria saliva. — Mas não penso mais isso. — acrescentou, depressa.

— Ah, obrigado, eu acho. — respondi sem jeito. — Eu achava você chata. Sirius e Eu até inventamos o apelido de Miss Chatinha para você. — tive vontade de bater em minha testa. Eu não deveria ter dito isso.

— Nossa, até que não foi tão ofensivo. — opinou aparentando não estar chateada. — Minha irmã inventa uns piores.

— Mas não nos referimos mais a você desse jeito. — achei justo dizer isso também.

— Que bom. — comprimiu os lábios assentindo.

No minuto seguinte começamos a rir. Aquilo foi estranho e engraçado ao mesmo tempo, o que resultou com que ríssemos por bons segundos.

— Foi mal. — disse ainda rindo.

— Sinceridade é tudo. — ela levantou-se da calçada e eu a acompanhei. — Eu tenho que entrar.

— Certo. — concordei limpando minha calça. Ela fez o mesmo com a sua. — Nos vemos na escola.

— Nos vemos. — desviou o olhar para o outro lado da rua e depois voltou a me encarar. — Obrigada pela conversa.

— Ah, sem problemas. — respondi coçando a nuca. Evans começou a atravessar a rua quando eu acrescentei: — Boa noite.

— Boa noite. — respondeu sem me fitar no que eu sorri com aquilo.

Quando voltei para casa minha mãe disse que Laura havia ligado e estava esperando um telefonema meu. Liguei de volta para ela e conversamos por bons minutos, comigo o tempo todo olhando para o quarto da Evans. Mesmo que eu soubesse que isso era errado.

Descobrir que Lily Evans chorava em silêncio foi muito relevante para mim, pois isso indicava que ela mais guardava coisas dentro de si do que colocava para fora como se sentia.

Por isso eu teria de me esforçar para saber se ela nutria sentimentos por mim, tal qual como eu por ela.

No ano seguinte…


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Notas finais do capítulo

Ti fofos ♥
O que acharam?
Beijos e até mais!!! :3



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