Égon: A Origem escrita por GJ Histórias


Capítulo 7
Capítulo 6 - A investida




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/760776/chapter/7

  Por entre as plantas, de uma floresta molhada, e uma trilha lamacenta, decorrente de uma recente chuva, marcham três indivíduos. Liana, Turor e Antônio partiram, do acampamento temporário, rumo à aldeia Jirati. Um dia de caminhada já se passou desde então, eles pretendem vistoriar, secretamente, o local dominado por Oliver Lamartine, a fim de traçar estratégias e planos de ataque.

  Antônio, com o tórax e o rosto manchados de marrom e verde, anda desconfortavelmente. Ao passar os dedos sobre seu rosto, na tentativa de retirar o excesso de terra pastosa, Liana diz:

— Pare com isso! Deixe a terra onde está!

— Mas qual o sentido disso? – Perguntou Antônio- Já não basta a minha calça, vocês ainda querem sujar o restante do meu corpo com lama?

— Isso se chama disfarce! – Respondeu a garota- Você acha que um gigante azul, no meio da mata, não chama tanta atenção?

  Turor, fazendo um gesto com as mãos, interrompe a caminhada dos dois.

— Psiu! – Falou o rapaz, enquanto aponta para uma câmera no topo de uma árvore- Fiquem calados, nós estamos nos aproximando! A partir de agora, qualquer movimento ou fala é arriscado! Não podemos ser pegos.

  Acenando com os dedos, ele convida Liana e Antônio a entrarem no meio das vegetações, com o intuito de despistar algumas câmeras. Os indivíduos chegam próximos de uma grande rocha, impregnada de musgos e liquens, e a escalam. No topo do pedregulho, eles obtêm uma ampla visão do povoado. As casas permanecem no local, no entanto, algumas barracas militares encontram-se espalhadas no território. Alguns veículos cinzas estão estacionados nas proximidades e, no centro da vila, há pessoas trabalhando com enxadas e picaretas, como se estivessem querendo cavar o solo.

  Alguns desses indivíduos são membros da tribo, os quais estão sendo forçados a exercerem essas atividades, os demais são trabalhadores desconhecidos, mas que utilizam a mesma vestimenta dos indígenas, que consiste em um poncho com listras vermelhas, verdes e marrons, e uma calça avermelhada.

  Liana e Turor emocionam-se ao verem o seu povo sendo feito de escravo. Lágrimas são derramadas na superfície esverdeada da rocha e chamam a atenção de Antônio, o qual reconhece a tristeza sofrida pelos seus amigos e sente-se empático perante a situação.

— Não acredito no que estão fazendo! – Sussurrou Liana- Nossa família está sofrendo, Turor!

— Eu sei! – Disse Turor, enquanto enxuga o líquido em seu rosto- É por isso que estamos aqui! Agora vamos nos concentrar, não é um bom momento para emoções. Precisamos avaliar a situação.

  Retirando um binóculo de uma mochila em suas costas, Turor observa, atentamente, o local.

— Visualizou algo? – Perguntou a garota.

— Algumas câmeras, todas localizadas nas copas das árvores! Não sei se há outras. Mas uma coisa me chamou a atenção! Todos estão usando as roupas do nosso povo, inclusive aqueles que são leais ao “Cabeça de Leão”! Não sei o porquê.

— Disfarce! – Exclamou Antônio- Como Liana disse, Oliver esconde as suas ações. Essas vestimentas servem para acobertar a situação, fazendo com que todos pareçam ser da tribo! Dessa forma ele irá despistar curiosos inocentes.

— Então você conhece o sentido da palavra? – Falou Liana, em um tom de zombaria.

— Engraçadinha! – Disse o garoto.

  Nesse instante, um dos trabalhadores, cansado, larga sua ferramenta no chão e ajoelha-se, suas mãos estão altamente feridas, ele não aguenta mais a rotina intensa. Um dos guardas revela uma metralhadora, escondida debaixo de sua capa, e aponta para a cabeça do sujeito, gritando:

— Retorne ao seu posto!

— Eu não aguento, senhor! – Exclamou o rapaz, chorando.

  O homem armado chuta a cabeça da vítima, a qual cai no solo, derramando sangue pela sua boca. Antônio, ao ver o ocorrido, cerra os punhos, esbanjando um intenso ódio. Liana retira o binóculo das mãos de seu irmão e observa a situação, dizendo:

— Eles têm armas escondidas por debaixo do poncho, não vai ser fácil!

— E como eu identifico quem é ou não é uma vítima? – Questionou o menino.

— Tatuagens! – Exclamou a garota.

— Como assim?

— Notei, no dia em que fomos atacados, que os homens do Oliver apresentam tatuagens de leão no pulso! Se elas estiverem visíveis, ou se o sujeito estiver tampando o pulso, com uma luva ou algo do tipo, pode saber que ela não é uma boa pessoa.

— E o que nós podemos fazer? – Perguntou Turor.

— Bom... Nós conseguimos chegar até aqui sem sermos vistos! – Disse Liana- Vamos retornar com mais pessoas e, a partir desse ponto, eliminar as filmadoras, eles não podem ver quem ou o quê está atacando-os. Depois, posicionamos guerreiros nas copas das árvores, eles poderão atacar sem serem vistos, principalmente se estiver de noite. Isso despistará os criminosos, dando tempo para invadirmos algumas das barracas e recolhermos parte das armas, as quais darão uma boa vantagem no combate. Antônio será uma ótima ferramenta capaz de segurá-los, ele é resistente e será o foco das atenções, nos dará tempo para, secretamente, procuramos e libertarmos alguns prisioneiros também!

— Pode funcionar! – Falou Turor- O que acha Antônio?

  Os irmãos olham para o lado esquerdo e notam que o garoto desapareceu.

— Droga! – Exclamou Liana- Para onde ele foi?

  Retirando a lama do corpo, com as próprias mãos, Antônio chega próximo aos guardas de Oliver Lamartine, assustando-os com a sua figura. Rugindo ferozmente, ele aplica um pontapé em um dos sujeitos, lançando-o contra o tronco de uma árvore. Antes que outros dois criminosos pudessem reagir, o garoto agarra a perna de um dos indivíduos e usa-o como arma para acertar o corpo do outro, derrubando-os. Os demais sentinelas, em alerta, retiram as armas de dentro de suas capas e disparam contra Antônio.

  Observando a ação, Liana questiona:

— O que deu na cabeça desse menino?

— Ele agiu por impulso! – Exclamou Turor- O que vamos fazer?

— Ajudá-lo!

  Estendendo o arco, a garota mira e lança flechas na direção das câmeras, destruindo-as.

— Vamos até lá! – Gritou Liana.

  Enquanto imobiliza alguns guardas, Antônio percebe a aproximação de duas caminhonetes, portando homens e grandes metralhadoras em suas carrocerias, os quais atiram poderosos projéteis no garoto. Movendo-se pelo seu flanco direito, o menino apanha o tronco de uma árvore cortada e arremessa-o em um dos veículos. O impacto ergue o carro, jogando o criminoso, em sua lataria, para o alto.

  Tal movimento deixa Antônio exposto, permitindo que a segunda pick-up o atropele, fazendo-o cair no capô do automóvel. Aproveitando o ensejo, o menino soca o para-brisa, estilhaçando-o, agarra o motorista, retira-o da cabine e nocauteia-o com uma cabeçada. A caminhonete, por ter ficado sem o seu condutor, perde o controle e caminha na direção de uma rocha. Prevendo a colisão, Antônio, juntamente com o armado sujeito na carroceria, salta do veículo. O criminoso, no entanto, não resiste à queda e é atordoado.

  Voltando-se para os trabalhadores, o garoto diz:

— Acalmem-se, isso é um resgate!

  Dois homens, escondidos por entre os escravos, revelam-se e apontam fuzis na direção dos operários.

— Não se mova! – Exclamou um dos bandidos- Dê um passo sequer, e eu explodo a cabeça desses idiotas!

  Nesse momento, uma flecha atinge as costas do sujeito. O seu parceiro observa a origem do disparo e encontra Liana, segurando seu arco. Ao levantar a arma, a fim de atirar na garota, Turor surge e ataca o indivíduo por trás, tombando-o através de um golpe na nuca.

  Dentro de uma barraca, há um sujeito, de pele branca e uma densa barba preta, notando toda a atividade. O homem fecha as cortinas da tenda e, através de um sinal com as mãos, ordena que três indivíduos protejam a entrada. O rapaz barbudo coleta um aparelho de rádio e, ligando o objeto, fala:

— Roger está na escuta? Repito, Roger está na escuta?

— Olá Wilson! – Respondeu uma voz, através do equipamento- Qual o motivo da ligação?

— A instalação 8 está sendo atacada! Tudo indica ser uma operação de resgate.

— O Oliver vai gostar nem um pouco disso! Quem está aí?

— Dois nativos, talvez sejam os que fugiram durante o ataque! Contudo, há uma coisa a mais.

— Que coisa?

— Não sei dizer exatamente, um monstro que fala português!

— Como assim? Que doideira é essa?

— Não faço ideia, apenas traga reforços!

— Nossas unidades estão muito longe, tentarei me esforçar ao máximo!

— Tranquilo, só não avise o líder por enquanto. Vou procurar contê-los com os homens que me restam aqui! Câmbio e desligo.

  Ao passo que ajuda algumas vítimas a se levantarem, e mostra-as o caminho para sair da vila, Liana fala:

— Estou impressionada Antônio, seu talento vai além do que eu imaginei!

— Não sei se devo ser grato por isso. Terminamos por aqui?

— Ainda não, creio que há mais reféns escondidos! Precisamos vasculhar as demais casas. Eu e Turor vamos investigar as construções à esquerda. Fique à vontade para procurar no restante!

  Concordando com as instruções, Antônio separa-se dos seus parceiros na tentativa de encontrar mais prisioneiros.

  Durante o tempo em que os irmãos caminham, sorrateiramente, por entre a mata, um tiro acerta, de raspão, o braço esquerdo de Turor. Os dois, desesperadamente, escondem-se por detrás de árvores distintas.

—Franco-atirador! – Exclamou o rapaz, enquanto geme de dor- Droga, como não pude notar durante a vistoria?

— Calma! – Disse a garota- Pegue um objeto qualquer na sua mochila, jogue para mim, vamos dar um alvo a ele.

  Turor lança uma garrafa metálica e, enquanto a peça percorre o espaço descoberto, existente entre as árvores, ela é atingida por um projétil. Liana observa, cuidadosamente, o recuo sofrido pelo frasco, na esperança de adquirir pistas sobre a localização do atirador. Seu irmão, por meio de gestos, pede para a garota observar os troncos e as pontes que conectam as moradias. Retirando um espelho da mochila, ele posiciona a superfície refletora contra a direção do criminoso. A luz do sol é refletida, gerando flashes de luz capazes de atrair a atenção de quem está portando a arma, e, aproveitando a distração, Liana vira-se para trás e localiza o atirador.

  Um disparo é feito contra o espelho, quebrando-o. Nesse instante, a garota abandona sua cobertura e lança uma flecha, a qual atinge o peito do sujeito, localizado em uma das pontes, derrubando-o de uma altura de quatorze metros. Aproveitando o fôlego, ela corre com o intuito de verificar o estado do irmão.

— Como você está? – Perguntou Liana.

— Estou bem, só preciso pressionar um pouco a ferida para estancar o sangramento. Vamos prosseguir!

— Não, você precisa se recuperar.

  Ela coleta um fuzil deixado por um guarda atordoado e entrega-o ao Turor, dizendo:

— Segure isso, caso precise se proteger. Se eu encontrar mais vítimas, necessitarei de você aqui! Para guia-las até a saída.

— Certo! Acabe com eles minha caçula!

  Liana sorri para seu irmão e, posteriormente, afaste-se dele, percorrendo casas e barracas, na procura por mais oponentes ou reféns.

  Enquanto caminha pelas inúmeras escadas e pontes, espalhadas pela vila dos Jirati, ruídos chamam a atenção da garota. Sons abafados, os quais assemelham-se a gritos surgem, mas as casas próximas, verificadas por Liana, estão vazias. Ao descer por uma escada, ela anda pelo solo, notando um barulho diferenciado, provocado pelos seus passos. Limpando as folhas e a terra, um grande suporte de madeira é revelado, como um alçapão. Liana ergue a estrutura e encontra membros da tribo. A cena marca a mente da garota. Ela estende as mãos, a fim de ajuda-los a subir.

— Liana, é você? – Perguntou uma mulher.

— Sim, tia Elyn! – Respondeu a menina, com lágrimas nos olhos- Vim resgatá-los!

  Durante o tempo em que as pessoas escapam da jaula subterrânea, a garota questiona:

— O que fizeram com vocês, tia?

— Nos forçaram a trabalhar na mineração. Nós fomos divididos em grupos, o quais trabalhavam em turnos distintos. Enquanto uns escavavam, os demais eram mantidos aqui, em péssimas condições, sem acesso à luz do sol. Foi horrível Liana, por favor nos tirem daqui!

  Olhando os arredores, Elyn pergunta:

— Você veio aqui sozinha?

  Nesse instante, um furgão estaciona próximo à localização deles. De dentro do automóvel, descem cinco homens, fortemente armados.

— Fiquem parados e levantem as mãos! – Gritou um dos sujeitos.

  Ofuscando o brilho do sol, surge uma grande criatura, a qual salta e pousa no caminho entre os Jirati e os criminosos. Antônio, o ser em questão, aplicando uma longa rasteira, tomba os cinco indivíduos, os quais encontram-se próximos uns dos outros. Os membros da tribo, enfurecidos, avançam e atacam os bandidos caídos.

— Bom... Aí está minha ajuda! – Disse Liana.

  Elyn e os demais nativos, com medo, observam Antônio.

— Não fiquem assustados! – Exclamou a menina.

— Eu não mordo! – Falou o garoto, sorrindo- Fico feliz que tenham sido libertados, mas vocês devem sair daqui agora! De alguma forma eles estão chamando reforços. Se esperarmos muito tempo, a situação irá piorar.

— Ali! – Disse Elyn, apontando para uma barraca- Eles têm aparelhos de rádio naquela barraca, os pedidos devem estar saindo de lá!

— Tudo bem tia! – Exclamou Liana, enquanto segura os ombros de Elyn- Nós vamos dar conta de tudo isso, mas vocês precisam partir!

  Mostrando, com o dedo indicador, a direção de uma árvore, a garota prossegue com o discurso:

— Turor está aguardando-os naquela posição. Ele irá leva-los ao nosso acampamento temporário!

— Nós não vamos partir sem você!

— Não é questão de querer! Relaxa, eu ficarei bem. Encontramos vocês mais tarde.

  Assentindo com a cabeça, os membros remanescentes da tribo dos Jirati fogem do povoado. Voltando-se para Liana, Antônio questiona:

— Consegue lidar com os homens na barraca?

— Sim!

— Vai lá, eu darei cobertura ao seu povo, até eles atingirem uma área segura.

  Segurando o braço do garoto, ela diz:

— Obrigada Antônio!

  O menino sorri para Liana e abandona-a, com a finalidade de seguir e proteger os nativos. A garota corre rumo à barraca. Ao aproximar da tenda, um criminoso abre a cortina e dispara contra a menina. Ela salta na direção de uma árvore, acobertando-se, e, após retirar uma flecha de sua aljava, preparando um disparo, Liana chuta a terra localizada no seu flanco esquerdo, chamando a atenção do guarda. Beneficiando-se dos ligeiros segundos de distração, ela abandona a planta pela sua lateral direita e lança, precisamente, o dardo no peito do rapaz.

  Liana entra na barraca e encontra três homens, entre eles o Wilson. A garota cerra os punhos, olhando com fúria o rapaz barbudo.

— Peguem ela! – Gritou Wilson, enquanto foge da tenda pelos fundos.

  Com a corona de sua arma, um dos rapazes tenta acertar um golpe em Liana. A garota, com rápidos reflexos, desvia e, segurando o cano do objeto, empurra-o contra o rosto de seu portador. O segundo bandido, usando uma adaga, busca cravá-la no tórax de Liana, contudo, rapidamente, a menina agarra o pulso direito do homem, lado o qual ele segura o equipamento, e chuta a canela do sujeito. A dor provocada faz o homem largar a adaga, a menina coleta o objeto e finca-o no ombro do criminoso. Em seguida, ela soca-o no queixo, com o intuito de desmaia-lo.

  Saindo da tenda e correndo pela mata, Liana procura, desesperada, pelo homem que havia escapado, no entanto, acaba esbarrando em Antônio, o qual diz:

— Os aldeões conseguiram fugir!

— Viu um sujeito barbudo correndo pela floresta? – Questionou a garota, sem esboçar qualquer reação em relação a boa notícia dada por Antônio.

  Antes de o menino responder, o ruído de plantas se partindo chama a atenção de ambos.

— O que é isso? – Perguntou o garoto.

  A resposta logo surge, com o aparecimento de uma grande escavadeira, dirigida por Wilson, caminhando violentamente na direção dos dois.

— Saia daqui Liana! – Gritou Antônio.

  Ao passo que a garota se distancia, o máximo possível, o veículo acerta o menino, jogando-o contra o solo. Erguendo o braço metálico do equipamento, Wilson tenta encaixar um golpe em Antônio, o qual consegue segurar a imensa pá. O criminoso acelera a escavadeira, empurrando o garoto, agarrado à pá, contra uma enorme pedra.

— Morra sua besta! – Exclamou o rapaz.

  Antônio, sem saída, segura, fortemente, o braço mecânico e, fazendo um considerável esforço, impulsiona-o para o lado esquerdo, derrubando o veículo. Wilson, estonteado, abandona a escavadeira e, retirando uma pistola de seu coldre, atira contra o menino. Antônio, enfurecido, ignora os disparos, apanha e ergue o criminoso pelo pescoço, sufocando-o. Nesse instante, Liana aproxima-se deles, exclamando:

— Pare! Não mate ele!

— Por quê? – Indagou o menino.

— Essa cara se chama Wilson, é o braço direito do Oliver. Ele administra as instalações e cuida da segurança das mesmas. O Cabeça de Leão arruinou meu povo e eles merecem vingança! Se há alguém que conhece muito bem as ações de Lamartine, essa pessoa é o Wilson, ele servirá a nós.

— Nunca! – Disse Wilson, dando gargalhadas- Vocês foram muito idiotas por terem atacado o meu chefe, ele ficará enfurecido. O ataque a sua tribo não foi 10% do que ele é capaz de fazer!

— Cala essa boca! – Falou Antônio, enquanto acerta a cabeça de Wilson, atordoando-o – Acho melhor não estar errada, Liana!

— Eu o vi na noite em que fomos atacados!

— Já pegou as suas coisas? Precisamos partir!

  Nesse momento, dois helicópteros, seguidos por furgões e camionetes, altamente armados, chegam próximos a aldeia.

— Droga, tarde demais! – Manifestou Liana- Creio que esses sejam os reforços que estávamos esperando.

— Acalme-se, suba nas minhas costas- Disse o garoto.

— O quê?

— Apenas obedeça, e segure firme!

  Os bandidos descem e apontam inúmeros armamentos contra os garotos.

— Fim da Linha! – Enunciou um rapaz, usando um megafone- Deixem Wilson no chão, ou serão fuzilados!

  Ignorando o indivíduo, Antônio utiliza um de seus poderosos saltos, desaparecendo da vista dos bandidos.

  Olhando para o céu, surpreendido, o sujeito volta-se para seus parceiros, dizendo:

— Não dá mais, ligue para o Cabeça de Leão. Avise-o sobre tudo o que aconteceu aqui, especialmente sobre a aparição dessa criatura. Ele saberá o que fazer!

  A quilômetros dali, Antônio e Liana pousam, violentamente, no acampamento temporário dos Jirati. Desorientada, a garota desce das costas de seu amigo, falando:

— Nossa! Por que você não nos levou até a aldeia desse jeito? Teríamos poupado horas de caminhada.

— Vocês não pediram com jeitinho! – Disse o menino sorridente.

  As pessoas do abrigo observam a chegada deles, juntamente com a presença de Wilson. A calça de Antônio, dotada de buracos de bala, chamam a atenção dos indivíduos. Heitor, o outro irmão de Liana, pergunta:

— Como foi lá? O que conseguiram?

— O comunicador que deixamos aqui, onde está? – Retrucou Liana.

  Colocando a mão no bolso, Heitor tira um pequeno aparelho de rádio e entrega-o à garota, a qual aciona-o, dizendo:

— Alguém na escuta? Turor, você está aí?

   Um ruído surge no aparelho, seguido de uma frase:

— Sim, conseguimos Liana! Estou trazendo, em segurança, o nosso povo!

  Gritos de comemoração são emitidos pelos que se encontram no acampamento. Antônio ri e fica feliz perante a situação, sentimento que ele não sentiu desde o momento em que ganhou o novo corpo.

  Wilson, tonto, acorda vagamente e observa a festa promovida pelos aldeões. Retirando um pequeno rastreador do bolso, ele aciona-o e engole-o. Após o momento de euforia, Heitor e outros homens do acampamento revistam o bandido e deixam ele amarrado em um tronco, esperando o momento de ser interrogado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Égon: A Origem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.