Faded Hearts escrita por Yukime Harukaze
Chegamos na sala principal da pensão o mais rápido possível e nos deparamos com a Fior olhando bem seria para nós.
−Irmã, ... é ele.
−O Cherry está aqui.
Sem conseguir respirar direito, Fior avisa a Fiore da situação. O olhar de sua irmã é mais que sério, é uma mistura de sentimentos e até aprece que ela estava esperando essa situação.
−E quanto aos dois?
−Huh! Isso é péssimo, ele mandou os dois para sua dimensão.
Assim que ela pergunta, eu mostro a fita da Selene em minhas mãos.
−Como assim? A dimensão dele?
−Tem algo que podemos fazer?
Fior começa a encher a Fiore de perguntas com tanta preocupação.
−O Cherry é uma sombra com um poder imenso e tem até mesmo uma dimensão própria, onde ele prende suas vítimas.
−Por sorte tem uma forma de entrar lá.
−Ixion pode leva-los, mas só vou conseguir manter vocês lá por pouco tempo.
−Então sejam rápidos.
Não sabia que a Fiore tinha contrato com uma Sombra também, realmente tem muita coisa que eu não sei e presumo que ainda vou descobrir essas coisas.
−Ixion!! Mostre sua beleza ao mundo.
Fior chama uma Sombra com a aparência de um unicórnio de pelos cinzas e chifre prata, seus olhos são vermelhos, a crina e o pelo próximo ao casco das patas é vermelho.
Lembra um cavalo de corrida, de alguma forma.
−Vocês estão prontos?
Quando ela pergunta a nós, respondemos acenando com a cabeça e olhando para seu rosto.
−Certo, fiquem juntos.
−Ixion conto com você.
A Sombra responde a ela, vindo até nós criando um círculo brilhante, transformando o chão da mesma forma que acontece quando fui mandando para ao Chaos. Começamos a cair, sem chão e a imagem da Fiore de braços cruzados começa a ficar distante.
O poder dessa Sombra é como aquela daquele encapuzado, tem o poder de criar aberturas em dimensões, eu presumo.
Está tudo escuro!
Agora só temos que esperar a hora de chegarmos para conseguir ver algo.
~~~~~~~~~~~~
A escuridão aos poucos dá lugar a luz com o fim do redemoinho criando pelo poder da Sombra da Fiore. Abrindo meus olhos, vejo uma sala com espelhos por toda a parede refletindo a minha imagem e da Fior.
−Então... essa é a dimensão do Cherry?
−Parece uma casa de espelhos.
Caminhamos pela sala cheia de espelhos gigantes na parede e no teto, o piso é de azulejo enxaquetado com branco e preto fazendo uma malha xadrez em formato de losango.
−Gruuwmiaw! Como vocês entraram aqui?
No reflexo de um dos espelhos uma figura humanoide com orelhas de gato aparece.
−Onde está a Selene? Seu gato desgraçado.
Pow!
Fior fica de frente com o reflexo e brava com a situação do sumiço dos dois, soca o espelho fazendo o rachar.
−Essa é a dimensão da senhora Selene.
−É lugar onde ela deixa as memorias que não quer se lembrar e vocês vão ficar presos nela para sempre.
−Myahaha!
O reflexo dele desaparece aos poucos do espelho, seu argumento me assusta um pouco, o suficiente para me fazer querer sair daqui o mais rápido possível.
Não vejo saída alguma desse quarto de espelhos, muito menos consigo imaginar em como esse lugar é iluminado sem uma luminária. Tendo espelhos até no teto, vejo minha imagem em todos eles enquanto caminho por toda sua extensão.
−Espere! Esse espelho... não tem reflexo.
−Fior venha aqui um segundo, veja esse espelho, ele não reflete nossa imagem como o outro do lado.
Percebo algo de estranho em um grande espelho no final da sala a direita, além de não possuir reflexo, ele tem enfeites entorno dela igual das portas.
Não sei você, mas isso para mim é completamente estranho, até mesmo para quem está acostumado com essas coisas.
−Sim, é verdade. Mas porque isso acontece?
−Hmm...
Fior se aproxima do espelho e bate com o dedo indicador no vidro, tentando entender o que está na frente dela.
Isso pode ser uma saída, bom é o que eu acredito.
−Entendi. Hector, fique um pouco distante.
Pow!
Bruum!
Ela soca a parede com uma força incrível, fazendo a parede atrás do espelho quebrar como se fosse nada.
−Coff! Coff!!
−Eu exagerei um pouco pensando que a parede era grossa, mas... encontramos a verdadeira saída.
Você tem coragem de sorrir dessa forma depois de destruir essa parede como se fosse uma porta estragada.
Entramos em um grande corredor iluminando por velas grandes e algumas pequenas na parede em toda a extensão do corredor. O moveis são antigos, parecem ser o século passado, o piso e as paredes são como o da outra sala, apenas não tem presença de tanto espelhos nas paredes.
−Está silencioso por aqui.
Enquanto caminho percebo a falta de som no local, apenas os passos meus e da Fior. Não tem som do vento, nem das chamas sobre as velas e muito menos estalos que a madeira faz.
Julgando que estamos em um lugar fechado sem janelas, o som dos moveis de madeira deveria ser comum por ter mais calor no ambiente.
−Hector! Veja isso.
−É um quadro estranho de um jardim igual ao da mansão da sua família.
Fior fica com sua atenção em um quadro logo a frente, próxima a uma porta.
−É sério? Onde?
−Impossível! Como isso aconteceu?
Obvio que eu ficaria curioso em ver a pintura, mas para minha surpresa a imagem nela era exatamente como o nosso jardim, que minha mãe adorava cuidar e cultivar várias flores deixando o lugar colorido.
A pintura retrata o jardim da mansão bem no local que tem um corredor que liga a parte da frente com a parte privada dos quartos da mansão.
É curioso o tamanho detalhe que é reproduzido o local, as folhas caídas sobre o gramado baixo, as violetas e hortênsias na esquerda longe do corredor, as rachaduras das paredes do corredor na altura do peito e as falhas da cobertura também.
−Isso é fora do normal, tem muitos detalhes nele.
−Até parece uma... uma...
−Huh!
Por um momento senti uma estranha sensação de nostalgia, parece que eu conheço essa imagem de algum lugar, como se eu estivesse visitado esse lugar alguma vez na minha vida.
−Uma memória..., mas de quem pode ser?
Fiquei com o foco do meu pensamento na imagem, esquecendo da Fior por um momento.
−Uma memória?
−Hector, como assim?
Ela me pergunta algo que sou incapaz de explicar, até para mim mesmo.
−É difícil de explicar.
−Apenas tenho a sensação que conheço esse lugar, quando olho para o quadro.
Não sei descrever isso, mas tenho a sensação e a certeza que a imagem no quadro se trata de uma memória.
−Ele mexeu com você né.
−Apresse-se, logo a frente tem uma sala de estar.
Fior aparenta estar incomodada com algo desde que encontrou com o Cherry naquele espelho.
−Hmm! Você tem razão.
−É melhor não ficar pensando nessas coisas.
Alcanço ela e voltamos a caminhar pelo corredor misterioso até uma sala espaçosa, que mantem as mesmas características dos outros cômodos.
−Isso parece uma mansão e bem familiar para mim.
−Não parece a mansão dos seus pais, Hector?
Ela reparou na forma da casa como se ela conhecesse a planta da mansão que pertencia a minha família. Apesar que ela ia lá com frequência para brincarmos quando éramos pequenos.
−Ao meu ver, é bem parecido.
−Aquela sala é ligada a essa por um corredor que me incomodou, principalmente com aquele quadro do jardim.
Na verdade, essa construção é bem estranha e muito familiar, exceto pelo excesso de espelhos nas paredes e no teto.
Ele disse que esse lugar foi feito com as memorias que a Selene não quer mais se lembrar, mas porque ela faria isso? A Selene buscou fazer um contrato comigo exatamente para encontrar suas memorias, então isso não faz sentido algum.
−Tem mais quadros por aqui.
−Todos parecem mostrar parte daquela mansão retratada no anterior.
Dentro da sala de estar, ela fica de frente com cada um dos quadros para observar a imagem pintada neles e com um olhar concentrado na figura de uma menina de cabelos longos com um vestido meigo e rosa.
−Myahaha! Então... vocês não entenderam ainda?
−Não há saída desse lugar.
−Vocês se tornarão memorias esquecidas da senhora Selene.
Esse gato me deu um susto com à sua voz fazendo eco onde estamos e aparece no reflexo do espelho na frente da Fior.
−Quando você diz memorias... porque a Selene faria isso com ela mesma?
−Apagar as próprias memorias.
Me aproximo do reflexo com a imagem do Cherry próximo a uma porta
Cherry tem uma figura humanoide com orelhas de gato preto, camisa xadrez, cachecol vermelho escuro e uma calça larga nas pernas com uma parte preta e na parte de dentro da perna em xadrez como a camisa. Ele tem a capacidade de mudar sua aparência porque o que eu vi na cidade era um gato gigante com duas caudas.
−Myahaha! Você está curioso garoto?
−Hmm... a senhora Selene sofreu muito no passado, então ela decidiu selar as memorias que mais lhe causam dor neste lugar.
−Ela não quer mais lembrar delas e eu fiquei responsável por protege-las se alguém viesse aqui atrás delas.
É difícil saber como a Sombra se sente em relação ao assunto, até porque seus olhos são vendados com ataduras e não consigo decifrar sua expressão corporal.
−Não pode ser, parece que estamos falando de pessoas diferentes.
−A Selene que eu conheço, quer saber quem ela é e não faria isso.
A Sombra fica em silencio sem responder, somente com o rosto direcionado a mim.
−Não existe outra Selene, apenas, a minha senhora.
−A Raposa é uma cópia que surgiu das memorias dela.
Logo ao terminar de falar, a expressão da Fior é de assustar muitos que conhecem ela.
−Não venha dizer coisas ridículas e simplesmente desaparecer.
Ela corre até o espelho e ela desaparece ao tocar nele.
−Fior? ...
−Onde você foi?
Fico de frente ao espelho e vejo o mesmo jardim do quadro que se parece muito com o anterior, porém consigo ver a Fior caída na grama.
−Ela está desacordada... ?
−Vou ter que ir atrás dela.
Tomo distancia, começo a correr em direção ao espelho, então pulo para dentro dele.
Zzzunin!
Poof!
−Ah! Essa doeu.
Caio sobre o gramado baixo e não encontro a Fior em lugar algum, quando olho para o local onde parei. É exatamente igual a minha antiga casa, o corredor coberto com uma abóboda no meio que permite a saída para o jardim entre as paredes.
−Ali... foi onde encontrei com meu pai pela última vez, antes de ser mandado para aquela mansão e nunca mais o vi.
Lembro muito bem quando vim correndo pelo corredor dos jardins e fiquei de frente para ele diante aquele banco ao lado das paredes da mansão. Foi quando ele me disse, “Tenha coragem de ir para o futuro com o seu coração”. Mal sabia eu, que aquelas palavras seriam as últimas que ia escutar dele e não demorou muito para ele me mandar para a mansão antiga da família, sendo isolado de todos que eu conheço.
−Haha! Ei! Vamos brincar.
−Vamos, vamos, vo-cê não me pega.
Uma garota pequena com trança no lado esquerdo do cabelo aparece.
−Selene?
−Ei espera... Selene... espera.
Após alguns segundos a figura desaparece correndo pelo corredor indo até a mansão. Ela era mesmo a Selene, a mesma daqueles fragmentos de memorias que nós éramos mandados para dentro quando matávamos uma Sombra.
Se ela está aqui, então isso é...
−Hector!
−Ah! Achei você.
Meu raciocínio é interrompido quando alguém toca meu ombro esquerdo por trás e quando me viro percebo que se tratava da Fior.
−Que susto! Por pouco não te acerto com alguma magia.
Ela reage rapidamente quando falo isso.
−O que foi? Você anda bem distraído desde que entramos aqui.
−Sigh! Você viu algo?
Acabei de levar uma bronca dela como de costume. Isso era algo comum quando pequenos, quando ela ficava de mal humor e até mesmo não gostava de ver a Fiore sozinha comigo, por algum motivo nunca parei para pensar nisso.
−Sim, logo ali no corredor até a mansão.
−Eu vi a Selene correndo e segurando uma raposa de pelúcia.
−Parecia que ela estava falando comigo.
Ela olha para o fim do corredor como se quisesse saber o que tem lá.
−Ora! Que bela visita eu recebi hoje.
Quando Fior dá os primeiros passos para o corredor, uma estranha voz vem atrás de nós.
−Huh!
Click!
Concentro o Impact Burst no meu braço e me viro junto da Fior com sua arma em mãos. Um homem de cabelos longos e loiros aparece sorrindo para nós como se conhecesse cada um de nós a muito tempo.
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