Destiny escrita por oicarool


Capítulo 15
Capítulo 15




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Elisabeta esperava distrair-se ao passear com Lizzie pelos jardins, mas a menina estava estranhamente quieta, exceto pelas poucas perguntas que ela não sabia responder. Lizzie perguntara se Darcy se casaria de novo, e Elisabeta não soube responder. Queria saber se aquela moça seria sua nova mãe, e Elisa não tinha qualquer ideia sobre isso. E ao ouvir as respostas insatisfatórias, Lizzie se calou.

O silêncio inesperado fez com que sua cabeça ficasse lotada de pensamentos e seu coração fosse tomado por sentimentos, nem todos positivos. Tinha convicção que haveria uma explicação. Darcy não parecia confortável com o que a tia falava, mas isso não exatamente significava que era uma mentira.

Queria não pular para conclusões, especialmente em um dia que se convencera a deixar um pouco seus medos de lado e conversar com Darcy sobre um futuro que parecia cada vez mais invadir o seu presente. Mas, fosse qual fosse a explicação de Darcy, o aviso parecia estar claro, e talvez não fosse a hora de tomar decisões tão definitivas.

Sem perceber, seus passos e os de Lizzie seguiram em direção à casa, mesmo que houvesse passado pouco tempo desde sua partida. As duas pareciam perdidas em pensamentos e dúvidas, e não haveria pessoa no mundo incapaz de notar a semelhança de suas expressões.

E Briana as observou lado a lado. Era uma mulher esperta, ainda mais do que sua mãe, e a obviedade da ligação de Darcy e Elisabeta ameaçava seus planos. A fortuna de sua família estava se acabando, e garantir um bom casamento era uma prioridade. E nutria sentimentos por Darcy desde a adolescência. Já o vira casar-se uma vez com outra mulher, e não veria a cena novamente.

Elisabeta não notou a presença de Briana até chegar ao alpendre, quando seu olhar cruzou com o dela. Briana possuía um sorriso doce, mas toda a intuição de Elisabeta dizia para tomar cuidado. Lizzie insistivamente buscou sua mão, e isso não fugiu ao olhar da prima de Darcy.

— Um lindo dia para um passeio, não é mesmo? – a moça abriu ainda mais o sorriso.

— Bastante agradável. – Elisabeta respondeu, um pouco seca demais.

— Mamãe e Darcy estão tratando detalhes do casamento. – espiou Lizzie, que fez uma careta. – Não gosto de assuntos burocráticos, pedi para que me chamassem apenas quando formos debater sobre a festa.

Elisabeta balançou a cabeça afirmativamente, sem nada a acrescentar.

— Eu e Darcy somos apaixonados desde adolescentes. – Briana fingiu um sorriso sonhador. – Mal posso acreditar que depois de tudo teremos novamente a chance de viver essa história.

— Meus parabéns. – Elisa respondeu, com a voz falhando.

Nada parecia no lugar. Acordara em um dia normal, decidida a conversar com Darcy e passar uma tarde agradável com ele e Lizzie. Mas desde que entrara na casa de Julieta fora recepcionada por informações que contradiziam tudo o que vivera com Darcy nos últimos tempos.

— Tia Charlotte! – Lizzie disse, aliviada, ao avistar a tia abrir a porta.

— Finalmente as encontrei. – Charlotte sorriu para Lizzie, e depois para Elisa. – Prima, acredito que minha tia a aguarde na sala.

Briana deu uma piscada cúmplice para Elisabeta, e entrou na casa com um sorriso triunfante.

— Tia Charlotte, meu pai vai se casar? – Lizzie perguntou, tão logo a moça saiu do alcance de sua visão.

— O que? – Charlotte fingiu surpresa. – Casar? O seu pai? É claro que um dia ele vai se casar novamente, Lizzie.

— E então ela vai ser minha mãe? – encarou a porta, confusa.

— Briana? – Charlotte abriu um largo sorriso. – Eu não acredito que esse seja o caso, Lizzie.

Mas Charlotte falhou em observar a tensão que Elisabeta sentia com todos os acontecimentos. A verdade é que Briana estava prestes a acertar os detalhes de seu casamento, e segundo suas mais novas informações, Darcy gostava dela. Pelo menos gostava em algum momento de sua vida, e não era difícil que seus sentimentos reacendessem.

— Bom, eu vou para casa. – disse, de súbito.

— Já? Fique mais um pouco, Darcy gostaria de falar com você.

— Acredito que não seja o momento mais oportuno. – Elisabeta sorriu, triste. – Não quero interromper os assuntos familiares.

Elisabeta depositou um beijo na cabeça de Lizzie, e partiu antes que Charlotte pudesse convencê-la a ficar. Precisava pensar, e só havia uma coisa capaz de distraí-la o suficiente. Logo ganhou a tarde nas costas de seu grande companheiro, esperando que o vento levasse suas incertezas e preocupações.

##

Darcy a esperava no estábulo de Tornado. A lua já estava no céu e a noite do Vale do Café era fria. Ele já aguardava ali há algumas horas, e suas mãos estavam geladas. Ele procurou o olhar dela, assim que a pequena porteira se abriu.

— Darcy? – ela surpreendeu-se.

— Oi. – respondeu calmo e sério.

— O que faz aqui?

Ele esperou que ela preparasse Tornado, alimentasse o animal, mantendo o silêncio, pensando em suas palavras, pensando em como falar com Elisabeta.

— E então? – ela virou-se para ele, alguns minutos depois.

— Eu precisava falar com você. – Darcy desviou o olhar.

— Sobre o seu casamento? – Elisabeta cruzou os braços, a irritação tomando conta de si.

— Não tem casamento nenhum, Elisabeta. – ele passou as mãos pelos cabelos.

— Não foi o que sua tia disse, ou o que sua prima confirmou logo depois. – ela deu de ombros, fingindo uma indiferença que não sentia.

— Me admira você acreditar em qualquer coisa que elas disseram.

— E por que não acreditaria? Sua prima citou que você era apaixonado por ela quando jovem.

— O que? – ele levantou-se nos blocos de feno onde sentava. – Isso é um absurdo, Elisa.

— Um absurdo por que? Eu não tenho a ilusão de que sou a primeira mulher por quem você sente afeto. – ela cruzou os braços.

— Afeto? Você chama tudo o que vivemos de afeto? – Darcy apontou para os dois.

— E como você gostaria que eu chamasse? – ela limpou rapidamente uma lágrima.

— Amor, Elisabeta. – ele se aproximou, segurando-a levemente pelos ombros, seus olhos buscando os dela. – Tudo o que eu sinto por você é amor. E você sabe que tentei lutar contra isso, assim como você tentou. Em vão, completamente em vão.

— Darcy... – Elisa levou uma das mãos ao rosto desesperado dele.

— Eu preciso que você me permita dizer, Elisabeta. Eu preciso dizer o quanto eu te admiro e te amo. Ardentemente.

Ela sentiu as lágrimas queimarem no fundo de seus olhos ao notar a verdade que vinha do olhar dele, do toque de Darcy em sua pele, do tom de urgência que ele tinha.

— E não há nada que eu gostaria menos de ter feito hoje do que ter uma conversa com minha filha a respeito de um casamento que não vai existir. Gostaria de não ter visto nos olhos de Lizzie a aflição de receber a informação que sim, algum dia eu me casarei. Tudo porque eu não podia afirmar para ela algo que nem eu mesmo sei.

Darcy passou as mãos pelo rosto de Elisabeta, limpando algumas lágrimas que insistiam em cair. Querendo tirar com suas palavras a dúvida que insistia no olhar dela, o receio que habitava sua face.

— Eu já disse a você tantas e tantas vezes o que sinto. Já tentei de todas as formas, com todos os gestos e todas as palavras, mostrar a você a certeza que tenho quanto a nós. E sinto muito que você tenha presenciado tal absurdo em minha casa, Elisabeta.

Elisa balançou a cabeça afirmativamente. Sentia uma tensão tão grande de si, o medo que sentira ao perde-lo a atingindo tão profundamente que fez com que um soluço brotasse dela, e as lágrimas viessem mais fortes, em uma emoção que ela era incapaz de segurar.

— Eu o amo, Darcy. O amo profundamente, ardentemente, como nunca amei ninguém, e nunca pensei em amar. Eu sinto muito se o magoei com minhas dúvidas, com tantas incertezas. Não foi por falta de amor, nunca por falta de amor, foi por nunca ter amado antes.

Darcy queria beijá-la, puxá-la para si e encerrar a tortura dos últimos dias, apagar de seus pensamentos todos os pensamentos a respeito de uma separação definitiva, mas o olhar dela agora também era aflito.

— Eu nunca pensei que a vida me apresentaria com tal amor. Eu nunca sonhei com uma família, e agora eu tenho uma. Tenho uma filha que nunca pensei que teria, que é tão surpreendentemente igual a mim, mesmo sem qualquer laço de sangue. E tenho você, Darcy Williamson, que é um homem que me fez conhecer tantas sensações.

— Case-se comigo. – ele disse, abruptamente. – Charlotte tem razão, e não haverá em nossa vida momento de maior certeza do que agora.

— Darcy, Lizzie... – ela começou, sendo interrompida.

— Lizzie perguntou, meu amor. Quis saber porque, se eu pretendia me casar com alguém, esse alguém não poderia ser você.

Nos olhos dele Elisabeta sentiu novamente o choque dos primeiros encontros, a sensação tão poderosa que parecia bagunçar seu mundo, ao mesmo tempo em que colocava tudo no lugar. A sensação de que seu mundo passava a fazer sentido, que não havia no mundo outro lugar em que devesse estar.

— Sim. – a palavra saiu dela, antes que pudesse pensar.

— Sim? – Darcy perguntou, confuso.

— Sim, Darcy. Que a razão vá as favas. Eu o quero na minha vida pelo resto dos meus dias, e dos seus.

Darcy a beijou com paixão, as lágrimas dela se misturando com as que escapavam dos olhos dele, o gosto salgado se mesclando com o doce do amor, com o doce deles. Ele não possuía um anel para oferecer, sequer pensava em fazer um pedido de casamento, mas sabia que não era importante, que nunca seria importante para ela.

Elisabeta o puxou para ela com desespero, sentindo o ar faltar em seus pulmões, enquanto a noite parecia um pouco menos fria, a lua parecia brilhar ainda mais. Darcy a acalmou em seu abraço, colocando seus sentimentos em ordem, sua vida no lugar.

— Eu ainda preciso me livrar de tia Margareth e Briana. – ele partiu o beijo, inseguro.

— Mande-as embora. – Elisabeta respondeu simplesmente. – Não vejo porque pessoas tão desagradáveis deveriam ficar em sua casa.

— Não posso expulsá-las, Elisabeta. – ele riu. – Embora devesse.

— Não gosto da ideia de sua prima sob o mesmo teto que você. – a expressão dela fechou um pouco.

— Ah, não? – Darcy sorriu abertamente. – Você acha que ela invadiria o meu quarto?

— Não seria a primeira vez que uma pessoa mal intencionada invade o aposento de outra naquela casa. – um brilho divertido passou pelo olhar dela.

— Eu jamais sou mal intencionado. – Darcy roubou mais um beijo dela. – E não se preocupe. Eu tranco a porta.

— Talvez eu me sinta mais segura se estiver lá. – Elisabeta passou as mãos pelos braços de Darcy, provocando-o.

— Você é um furacão, Elisabeta. – ele riu.

E a puxou para outro beijo tão profundo e cheio de promessas, que não restou a eles outro caminho além de agir como adolescentes. Darcy aguardou enquanto Elisabeta entrou em casa e despediu-se dos pais, dizendo que iria dormir, apenas para pular a janela minutos depois.

Logo tudo aquilo terminaria, logo estariam juntos para não haver mais nenhum tipo de separação. Pelo menos era o que esperavam.


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