O Colecionador escrita por Kaline Bogard


Capítulo 8
O fim de um longo dia


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Hinata e Naruto se despediram de Kiba à porta do encantador chalé. A menina ainda convidou Kiba para jantar com ela, pois sabia que a adaptação não era fácil. Principalmente a primeira noite, a se passar sozinho em uma casa estranha após ser separado da família.

Mas o garoto negou a oferta e agradeceu. Queria um pouco de tempo para acalmar e assentar as ideias.

— Não se esqueça que não está sozinho, Kiba — Hinata falou tentando tranquilizar o tormento que a expressão do recém-chegado mal conseguia ocultar. Durante o passeio, todas as novidades e descobertas conquistaram a atenção de Kiba e ele distraiu-se da questão principal. Agora que ficava sozinho, era hora de encarar os piores receios. E o principal: a ideia de ter que passar o resto da vida ali.

— Obrigado — ele respondeu sentindo a garganta se apertar. Foi forte o dia todo. Porém sentia-se a um passo de desabar.

— Boa noite, cara. Eu moro na casa do meio. Se precisar bate lá, eu durmo tarde.

— Suave, Naruto. Eu vou ficar bem, obrigado.

Os dois aceitaram as palavras dele, mesmo sabendo que não era nada fácil passar por aquilo. Tanto Naruto quanto Hinata já sofreram o terror de ser tirado de casa e jogado em um lugar desconhecido sem nenhuma informação, a não ser os itens para poder sobreviver e um possível morador que já estivesse ali. Todavia, insistir em oferecer ajuda não parecia o mais apropriado para alguém com a personalidade de Kiba, um tanto arrogante e cheio de si. Não precisavam conhecer muito para adivinhar que ele não gostava de demonstrar fraqueza. Sem opção, despediram-se e foram embora.

Assim que fechou a porta, Kiba respirou fundo, encostando-se na folha de madeira. Já tinha provas mais do que suficientes de que aquilo não era um sonho, muito menos um pesadelo. Era a sua realidade.

Estava ali, naquele lugar estranho, com pessoas estranhas, afirmando que sua única opção era continuar vivendo como se nada tivesse acontecido.

Como se não tivesse sido levado para longe de sua mãe e sua irmã sem qualquer tipo de permissão.

A esse pensamento, Kiba hesitou um pouco. Sabia da história sobre seu nascimento. Tsume lhe contou desde que teve idade para compreender: um homem misterioso salvou-lhe do parto prematuro, que poderia ter acabado em tragédia, a troco de pagar um preço. Então, sendo bem sincero, precisava admitir que o Colecionador tinha sim, algum tipo de permissão. O medo de Inuzuka Tsume de perder o filhote foi tão grande que a fez aceitar aquele acordo.

A mãe foi guiada pelo menos em um momento de desespero e aquele Colecionador se aproveitou disso. Kiba nunca o perdoaria.

Respirando fundo, olhou ao redor.

A casa era parecida com a de Hinata (e a dos demais moradores, deduziu fácil), começava com uma sala pequena, com um jogo de sofás e cortinas fechadas sobre a grande janela.  Notou que as luzes estavam acesas, se perguntando se havia energia ali ou se era fruto de algum truque. Mais provavelmente a segunda opção.

Dando início à uma rápida exploração, Kiba descobriu que uma das portas levava a um quarto pequeno, com uma cama de casal e um guarda-roupas, cheio de peças ao estilo das que ele vestia. Talvez esse preparo fosse fruto dos anos de observação.

Também descobriu a porta que dava acesso a um banheiro padrão oriental. E uma porta menor levava a uma espécie de despensa. Não era muito familiar àquilo, pois sua mãe e sua irmã cuidavam do principal na faxina. Mas reconheceu os produtos de limpezas e acessórios para manter a casinha limpa.

A última porta levava a cozinha. Idêntica a de Hinata, com os móveis básicos, de fogão a geladeira, provavelmente bem abastecida.

Confirmou fuçando na geladeira, descobriu verduras frescas, carne, leite, ovos e mais algumas coisas para que pudesse se manter por uma semana. Nem precisou pensar para deduzir que aquela oferta era um presente dos outros moradores, muito provavelmente pensado por Naruto e Hinata, os dois mais sociáveis que conheceu. Isso seria um problema em sua vida: era péssimo cozinheiro! Dependia muito da mãe e da irmã para se alimentar bem. Talvez se levasse aquilo para Hinata, ela aceitaria cozinhar um pouco a mais e repartir com ele? Seria muita folga?

Acabou sentando-se à mesa, desanimado.

Kiba possuía um espirito livre, irrequieto e selvagem por natureza. Nunca passou pela sua cabeça que se veria preso em uma espécie de cativeiro, justamente quando sonhava planos para a vida que teria pela frente.

Como pensar em ficar ali, envelhecer longe de tudo e de todos o que conhecia, aceitando o destino imposto por alguém que “colecionava” mestiços cujo nascimento era um fato raro?

Ter que esperar a oportunidade de lutar pela liberdade era desesperador. E o que mais Kiba podia fazer? Voltar a noite naquela casa, investigar a barreira que criava um paradoxo no lar do misterioso homem e tentar invadir novamente?

Sozinho teria mais chances?

Esfregou o rosto, cansado.

O tempo ali corria de forma diferente. Quantos dias teriam se passado na sua realidade? Só de imaginar o desespero de Hana e Tsume, sentia um aperto no peito. E culpa, por causar isso a elas. Ainda que fosse inocente.

Talvez se tivesse se tornado mais forte… ou se não assistisse aquele homem observando tudo como algo normal…

Tantas possibilidades faziam sua cabeça doer.

Assim como seu corpo exausto das emoções.

Kiba desistiu de ir investigar a casa do Colecionador sozinho e no escuro. De todas as ideias idiotas que já teve na vida, aquela parecia mais uma delas. A escuridão era mestre em esconder coisas, não em revelar. Pelo menos não coisas boas…

Estava com um pouco de fome, mas sem ânimo para cozinhar alguma coisa. Devia ter aceitado a oferta de Hinata sobre o bento. Assim não precisava se preocupar, ao menos aquela noite, em preparar algo. Talvez no armário de mantimentos encontrasse algum tipo de petisco.

Nem foi fuçar no móvel.

Preferiu tomar um banho e descansar. Recuperar as forças para o que quer que viesse dali para frente.

Descobriu que o chuveiro era agradável, atingia a temperatura ideal. Havia produtos de higiene a disposição, aromas familiares à Kiba, como os que usava na infância.

O Colecionador era cuidadoso, detalhista, ficou claro naquele momento. Nunca teve contato com ele, a não ser as noites do seu aniversário. E nessas minúcias, Kiba descobria como ele era criterioso. Okay, o homem não devia ser subestimado.

Além disso, enquanto lavava o corpo com o sabonete de cheiro agradável, se deu conta de algo ainda mais assustador.

Todo aquele lugar. Aquela… “realidade”, as casas, as criaturas aprisionadas..

Quão forte deveria ser o Colecionador para construir e manter tudo aquilo?

Kiba não conseguiu pensar numa resposta.

—--

Após o banho descobriu um pijama azul com nuvenzinhas brancas, igualzinho a um que tinha na infância e que adorava. Quem lhe deu foi Hana, quando terminou o primeiro ano do fundamental e foi aluno destaque nas aulas de Educação Física.

“Ninguém tem energia como Kiba-kun”, o professor disse com certo orgulho.

Hana explicou que nuvens e céu azul remetia a tranquilidade, fator que o caçula precisava na vida. Acalmar-se um pouco! Ele era muito elétrico.

Vestiu o pijama com cuidado e ajeitou-se na cama. A cortina estava entreaberta e a luz da lua iluminava o cômodo, dando um efeito surreal ao cenário. Nem terminou de mexer nas gavetas e outros cantos inexplorados. A lembrança da infância veio com um peso esmagador, que o levou a exaustão.

O chalezinho era agradável, aconchegante. Não ia negar isso. Mas tão silencioso, sem os gritos bravos de Tsume e sem as brincadeiras animadas de Hana! Sentiu faltas dela, muito.

Sabia que um dia sairia de casa e trilhara seu caminho até virar Hokage, mas tal fato deveria se desenrolar naturalmente, ser construído no dia a dia, não daquele jeito criminoso! Um rapto!

Quando puxou o lençol e cobriu-se todo, Kiba sabia que não conseguiria dormir a noite toda. Assim como intuía que seria incapaz de segurar o choro.


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Notas finais do capítulo

aaaaaaaaaaa

acho que no próximo tem o Sasuke. Deculpa, Shinão, mas eu quero MUITO apresentar o Sasque

Até mais ♥



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