Seth escrita por Anitra


Capítulo 2
Capítulo 2 - Alívio


Notas iniciais do capítulo

Postei o prólogo ontem, mas acabei me empolgando. Provavelmente vou me arrepender depois que não tiver nenhum capítulo pronto e demorar para postar, mas tive vontade, então ta aí.



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Seth ouviu o uivo antes de vê-los.

Algum dos garotos provavelmente ouvira seus gritos e uivara, chamando ajuda. Seth agradeceu em pensamento.

O bando não poderia fazer grande coisa, considerando que o que tinha em suas mãos era um bebê, não um vampiro, mas toda a ajuda era necessária. Seth não sobreviveria se algo acontecesse àquela menininha. Mesmo que não pudessem fazer grande coisa, se sentiu um pouco melhor. Ela teria ajuda. Ficaria bem.

— Carlisle! Alguém chame Carlisle!

Começou a gritar assim que teve certeza que eles iriam ouvi-lo.

Depois do imprinting de Jake por Nessie, os Quileutes se tornaram mais maleáveis quando se tratava dos Cullen em seu território. Mesmo assim, os vampiros ainda precisavam de permissão formal para entrar na reserva.

Mas Seth sabia que, se tinha alguém que poderia ajuda-lo, era Carlisle. O médico era o melhor profissional que ele já vira, sem contar que era uma das melhores pessoas que conhecia.

Carlisle. Se Carlisle cuidasse dela, ela ficaria bem.

— Carlisle! Carlisle! Chamem! Rápido!

Finalmente, eles entraram em sua linha de visão.

Provavelmente confusos sobre o que deveriam fazer e qual era o perigo, os lobos se encontravam em formação e prontos para o ataque. Uma olhada rápida foi o que bastou para Seth concluir que Collin, um dos mais novos, não estava no grupo, e torceu para que o tivessem mandado buscar Carlisle.

Collin era um dos menores e, consequentemente, menos pesado. Só perdia para Leah em uma corrida.

Jacob estava em sua forma humana, encarando-o chocado.

— Seth... o que... bebê?

— Ela precisa de ajuda!

Não parou de correr. Ultrapassou os lobos confusos e continuou seguindo para sua casa, rezando para que Collin fosse o mais rápido possível.

— Levem Carlisle para a minha casa!

Ninguém parecia estar entendendo muita coisa, mas Seth não tinha tempo de explicar. Precisava chegar. Ela estava quieta demais em seus braços, sequer chorava mais, e isso o preocupava ao extremo.

O que estaria acontecendo com ela?

Um lobo cortou seu caminho de repente, fazendo-o derrapar antes de parar. Começou a tremer, nervoso, considerando se seria mais rápido pular ou ultrapassar, quando percebeu que era Quil e que ele se inclinava, como se quisesse que ele o montasse.  

De todos, provavelmente Quil era o que mais entendia sua situação, além de Jacob, e aparentemente o único que ligara os fatos.

O alívio o inundou enquanto sentava no grande lobo cor de chocolate e disparava pela floresta muito mais rápido do que fazia antes. Se firmou com as pernas, tomando o dobro de cuidado em segurar o bebê. O vento era mais forte agora e tinha que protegê-la.

Pela primeira vez desde que tivera o imprinting, olhou o rostinho pequeno.

Ela o encarava.

Os olhinhos pareciam sonolentos, pesados, mas ela olhava para seu rosto como se soubesse quem ele era. Tremendo, ele tocou uma das mãozinhas com seu dedo, perguntando-se como uma coisinha tão frágil conseguira vir ao mundo, ainda mais nessas condições.

Ela segurou seu dedo. Ou tentou, porque seu aperto era tão fraco que ele não sentia nada.

Preocupou-se ainda mais. Não deveria ser tão fraco assim.

Então, para o seu horror, percebeu que estava chorando.

O que faria se ela não ficasse bem?

Não conseguiria continuar.

Quil começou a diminuir a velocidade, e percebeu que estavam chegando. Saltou do lobo antes mesmo que ele parasse por completo, correndo até sua casa. O carro de Carlisle não estava ali, o que o deixou em pânico por um segundo, mas logo sentiu o cheiro – adocicado demais, queimando seu nariz.

Ele estava ali.

Provavelmente fora avisado que era urgente e viera correndo, o que era mais rápido do que o carro.

Collin entrou em seu campo de visão. O menino magro e alto demais para a sua idade, mal começando a ganhar os primeiros músculos, estava parado na varanda, parecendo nervoso.

— Seth, cara, o que aconteceu?

Ignorou, assim como ignorou os outros anteriormente, e irrompeu pela porta da sua casa como um raio. Ouviu as dobradiças rangerem e se soltarem, mas não ligou. Pediria desculpas para o bando e para a sua mãe depois.

Agora tinha coisas mais importantes com as quais se preocupar.

— Carlisle!

O médico estava parado em sua pequena sala de estar ao lado de sua mãe, destoando completamente do ambiente. Os móveis simples e o cômodo pequeno não combinavam em nada com toda a sua classe e elegância naturais.

O vampiro não fez perguntas. Não precisou. Seu faro apurado provavelmente detectou o cheiro de sangue humano muito antes que Seth abrisse a porta, e sua audição já devia ter ouvido os pequenos resmungos que a criança voltara a soltar, como se fosse retomar o choro.

Ele estendeu os braços em direção ao bebê e, por mais que doesse em seu peito, Seth o entregou. Assim que os braços frios entraram em contato com o pequeno corpinho, a criança recomeçou a chorar.

Seth estendeu os braços de volta, quase agarrando-a de novo, mas sua razão tomou conta de si e os deixou caírem. Tinha que deixar Carlisle cuidar dela, por mais que doesse.

— Sue, acho melhor tirar Seth daqui.

— O que? Não, eu não vou sair daqui! – gritou, completamente revoltado.

O médico se moveu em sua velocidade inumana, virando o corredor que levava até os quartos. Não respondeu.

Seth estava prestes a segui-lo quando vários pares de braços o agarraram, o arrastando para fora.

— O que é isso? Me larguem!

— Seth, você vai explodir sua sala de estar se continuar dessa forma. Se acalma – a voz de Jacob soou compreensiva, mas dura. Não era um pedido.

Seth sequer registrou suas palavras. Seu corpo tremia descontroladamente. Eles queriam impedi-lo de chegar até ela. Eles não podiam fazer isso!

Foi preciso cinco lobisomens, uma bronca de Leah e um pedido choroso de Sue para que Seth finalmente fosse arrastado para fora.

— Já podem me soltar! – exclamou, ainda irritado, assim que entraram na proteção das árvores. Tentou conter os tremores que há tempos não o acometiam.

Era uma pessoa calma, no geral. Sempre conseguiu se controlar e, com exceção da primeira vez, só se transformara contra a sua vontade duas vezes. Já fazia mais de um ano que isso não acontecia.

Mas agora se sentia muito perto de perder o controle.

Não saber o que estava acontecendo era desesperador.

Os garotos o soltaram, percebendo que os tremores estavam diminuindo. Seth teve que usar todo o seu auto controle para se manter parado e não correr de volta para a casa.

— Seth, cara, o que aconteceu?

Respirou fundo, ainda tentando conter os tremores de suas mãos, e só então se virou para o bando.

Todos estavam ali, o encarando com curiosidade e espanto. Leah mantinha os braços cruzados, fuzilando Brady, que entregava uma nota de cinco a um Collin sorridente. Tinham apostado se Seth conseguiria se controlar ou não.

— Eu a encontrei na floresta. Acabou de nascer e estava lá, sozinha... – os tremores recomeçaram – Tive um imprinting.

Alguns ofegos foram ouvidos, mas a maioria não teve reação alguma. Já tinham deduzido.

Estavam se acostumando com o lance da magia não escolher a idade.

— Eu não sei o que vou fazer se... – engasgou, incapaz de continuar. Para seu horror, as lágrimas recomeçaram a escorrer pelo seu rosto, ainda mais fortes que antes. Virando as costas para o bando, sentou-se na relva e escondeu o rosto nas mãos, chorando e tremendo.

— Ela vai ficar bem – foi Leah quem teve coragem de se aproximar primeiro, incrivelmente. Ela podia odiar o imprinting, mas sabia o quão forte era e não conseguia ver seu irmão dessa forma – O Doutor Morcego vai dar um jeito. Ele sempre dá.

As mãos dela afagaram suas costas, mas Seth precisava de mais que aquilo. Pegando-a de surpresa, a abraçou forte e chorou como quando era criança e ela o consolava.

— Shhh, vai ficar tudo bem.

Espantados, os garotos ficaram olhando a cena, sem saberem o que fazer. Depois de alguns minutos, se sentaram também.

E esperaram.

○○○

Seth se levantou rapidamente assim que Carlisle saiu da casa.

Correu até lá antes que pudessem tentar impedi-lo.

— Ela está bem? Como ela está? O que devo fazer? Está tudo certo? – se atropelou nas perguntas, aflito. O sorriso calmo de Carlisle o tranquilizou um pouco. Ele não estaria sorrindo se algo tivesse dado errado, certo?

— Ela está bem – o alívio foi tão grande que suas pernas quase cederam – Ainda é muito pequena e muito frágil, mas o que mais me preocupava não aconteceu. Estava muito frio para ela e o risco de uma hipotermia ou algo pior era grande, mas você chegou a tempo de evitar que algo acontecesse. Seu calor a aqueceu o suficiente. Alguns galhos machucaram a pele dela, mas nada grave. Já a lavei e limpei os arranhões. Estou indo atrás de leite porque agora a única coisa que ela tem é fome. Não vai precisar sequer de uma incubadora. É uma pequena guerreira, Seth.

Os suspiros de alívio dos lobos mal foram registrados por ele. Agradeceu Carlisle rapidamente antes de correr para sua casa.

A porta estava apenas encostada, mas a empurrou tão forte que terminou de quebrar as dobradiças. A madeira cedeu e caiu.

Passou por cima, correndo até o quarto de sua mãe, onde sabia que ela estava.

O som suave do coração pequeno era o som mais bonito que ele já ouvira na vida. Não se envergonhou por estar chorando de alívio.

Sabia que os lobos entendiam.

Sua mãe tinha encontrado seu antigo berço, que antes ocupava espaço em um armário em um quarto sem uso, e o montara no canto do quarto. As grades de madeira escura pareciam perfeitamente seguras, não se desgastaram com o tempo. Uma manta grossa envolvia o pequeno corpinho ainda nu.

Seth prometeu a si mesmo que compraria roupas de bebê tão logo fosse possível.

Sue estava ali. Seth sequer notou. Ela disse algo, mas ele não ouviu. Todos os seus sentidos estavam focados em um único ponto: o centro do seu universo.

Apressado, foi até o berço, observando o pequeno anjinho.

Ela era tão linda!

Tremendo, estendeu uma mão para tocar a bochecha gordinha. Ela não se assustou. Pelo contrário: aconchegou-se mais perto do calor, abrindo a boca minúscula em um bocejo gracioso.

Seth sentiu o sentimento envolvê-lo por dentro, relaxando seus músculos e completando uma parte de si que nem sabia que faltava. Amor. Seu amor por aquele serzinho era tão puro e genuíno que o aquecia ainda mais que seu calor de lobo.

— Eu vou proteger você – prometeu em um sussurro suave, para não acordá-la – Vou proteger de tudo. Nada vai te fazer mal. Eu juro.

Passou o dedo suavemente pela bochecha macia, ouvindo-a ressonar baixinho. Apoiou o outro braço na grade do berço, descansando o rosto em cima.

E não saiu dali.




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Notas finais do capítulo

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