Seth escrita por Anitra


Capítulo 1
Capítulo 1 - Imprinting


Notas iniciais do capítulo

Sei que é meio tarde para postar fanfics de Crepúsculo e que a época já passou, mas eu tinha a ideia dessa quando a história estava no auge e nunca cheguei a torná-la concreta. Esses dias, 8 anos depois, sonhei com ela, do nada. Resolvi levar isso como algum tipo de sinal e, bem, está aí. Se alguém ler, espero que goste :)



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— Obrigada, Seth, a noite foi ótima.

Ele sorriu, exibindo uma fileira perfeita de dentes incrivelmente brancos, que contrastavam com sua pele morena. Era uma visão de tirar o fôlego, Beth tinha que admitir. Ter aceitado sair com aquele garoto foi a melhor decisão que já tomara. Bonito, engraçado, educado... Ele era perfeito.

— Está entregue, madame.

Fez uma reverência, fazendo-a rir levemente.

Se encontraram pela primeira vez no final de semana, enquanto ela aproveitava um dos raros dias de sol e fazia trilha com algumas amigas na floresta ao redor de Forks. Ele também caminhava por ali e perguntou se elas precisavam de ajuda para encontrar algum lugar em específico. Era algum tipo de amante da natureza ou algo assim, pelo que lhe contara. Amava a floresta e a conhecia com a palma da mão.

Seu olhar não saiu do dela enquanto caminhavam pela trilha, suas amigas dando risinhos e fazendo comentários desnecessários. No fim, ele pediu seu número de celular. Ela não achava realmente que ele fosse ligar, mas ligara. A convidara para sair.

Passaram uma grande tarde juntos, na melhor sorveteria de Forks. Ele contou que morava na reserva ao lado, em La Push, o que fazia todo o sentido. Alto, moreno e com feições definitivamente indígenas: ele era o típico morador de La Push. Era diferente de todos os garotos que já conhecera, em todos os sentidos.

Beth olhou para a entrada de sua casa, para onde ele fizera questão de acompanhá-la, e então de volta para ele. Seth sorriu, um sorriso de menino tão bonito que fez suas pernas bambearem e seu coração falhar uma batida. Era impossível, mas podia jurar que ele ouvia e se divertia com aquilo.

Ele parecia procurar por algo em seu rosto, e deve ter encontrado a resposta, porque alargou ainda mais o sorriso e se aproximou devagar, como se temesse assustá-la. A última coisa que Beth estava era assustada.

Ansiosa, sim. Mas não assustada.

Seth não a decepcionou. Cobriu a distância entre os dois sem pressa, como se quisesse aproveitar o momento, e então encostou seus lábios nos dela com cuidado.

Foi avassalador.

Um simples encostar de lábios, mas muito mais do que qualquer coisa que Beth já tivesse experimentado. Ele era quente, quente demais— parecia com febre ou algo do tipo – e o calor parecia envolvê-la de dentro para fora. Era incrível.

Tão devagar quanto se aproximou, ele se afastou.

Ainda sustentava um sorriso nos lábios grossos quando ela abriu os olhos para olhá-lo, corada pelo frio e pela vergonha.

— Boa noite – a voz grossa soou baixa, arrepiando cada centímetro do corpo dela.

Seth ainda ficou por ali até ela entrar, acenando animadamente antes que ela fechasse a porta.

Era seu dia de folga. Sem rondas, sem vampiros, só um dia normal. As coisas estavam mais calmas por ali, o que era ótimo, mas chato. O ponto positivo é que tinha mais tempo para aproveitar sua adolescência como um garoto normal. Apesar de gostar de ser um lobo, tinha acabado de fazer 16 anos. Também queria sair e se divertir de vez em quando.

Beth era legal. Gostou dela quando a viu pela primeira vez, enquanto patrulhava a floresta. Os lobos riram na sua cabeça e fizeram várias piadas, antes que se transformasse em humano novamente e fosse falar com ela, mas não ligava muito realmente. Estavam sempre fazendo piada com ele, zombando por ser um dos mais novos do bando, por fazer sucesso com as garotas com seu jeito educado e brincalhão, por simpatizar com os vampiros. Sempre arranjavam algum motivo e Seth estava bem com isso. Leah com certeza se incomodava mais do que ele, não perdendo a chance de revidar com seus comentários mordazes enquanto tentava defender seu irmão caçula – ou pelo menos era o que ela tentava fazer todos acreditarem. Mas eles sabiam que, na verdade, ela só estava sempre procurando um motivo para atacar todos eles.

Aqueles eram seus amigos. Seus irmãos. Seth levava na esportiva e aproveitava cada oportunidade que tinha para provocá-los de volta.

Ainda esperou ouvir o clique da fechadura, que indicava que Beth trancara a porta, antes de se virar e caminhar pela rua. Era fim de tarde, começava a escurecer, e ainda tinha um razoável caminho até a reserva, mas não correu para a floresta se transformar. Sentiu vontade de aproveitar o tempo, respirar tranquilamente, observar a cidade. Não costumava vir muito até Forks. Era legal analisar o lugar que também protegia, apesar de ninguém saber.

Sua tarde fora ótima. Sorrindo, apreciou o vento característico que balançava as árvores da floresta a sua esquerda. Não sentia frio. A brisa gelada não lhe causava efeito nenhum realmente, mas gostava dela.

Então ouviu.

Era um som muito baixo, que provavelmente nem os outros lobos ouviriam. A audição de Seth era mais apurada que a da maioria. Tinha os melhores ouvidos do bando.

O vento carregou o som. Se empertigou, alerta, procurando sua origem. Era um choro, sem dúvida. Choro de criança. Não, choro de um bebê.

Não era um choro normal, daqueles que a criança faz quando está com fome ou quer atenção. Era um choro desesperado, com toda a força dos pequenos pulmões e, mesmo assim, fraco. Um choro de alguém que quase não tem forças para chorar.

Sem pensar mais, Seth seguiu o som, apressado. Não sabia o que o impelia a isso, mas sentia que alguma coisa estava errada. O choro vinha da floresta. E agora também sentia o cheiro de sangue.

Começou a correr assim que se encontrou na proteção das árvores, não se importando mais em conter sua velocidade. Em sua forma humana não era tão rápido quanto na de lobo, mas ainda sim corria muito mais do que um ser humano normal. Apressou-se em seguir o som, que ficava cada vez mais próximo, perguntando-se o que acontecera. Então chegou.

 Não estava muito longe da cidade. O suficiente para não conseguir ver nada além de árvores, mas perto o bastante para uma pessoa conseguir voltar sem problemas. A trilha não ficava nem um pouco perto dali. Quem quer que tivesse deixado aquele bebê, não queria que ele fosse achado.

Ao seu redor, a mata se fechava e o céu começava a escurecer ainda mais. Iria chover. Sabia que ia.

Mas, por hora, não se importava com nada disso. Tudo o que conseguia ver era o bebê minúsculo que se contorcia na relva, os braços e pernas arroxeados de frio. O cheiro de sangue vinha dele. Todo coberto de vermelho, o recém-nascido esperneava com toda a força que ainda tinha para se fazer ouvir.

O coração de Seth se apertou. Olhando ao redor e apurando todos os seus sentidos, tentou detectar algum sinal da mãe da criança enquanto corria até ela, mas não encontrou nada. O rastro que ela deixara já não era tão fresco. Provavelmente já fora embora há uma hora.  Em alguns minutos, com a chuva, o cheiro da mulher se apagaria quase que por completo. Mas não tinha tempo de ir atrás dela agora.

Deixando essas preocupações de lado, agachou-se ao lado do bebê, pensando rapidamente no que deveria fazer. Sua prioridade era salvá-lo. Após um segundo de hesitação, temendo machucar o corpinho frágil, decidiu que tinha que pegá-lo. Não podia deixá-lo ali para morrer de frio.

Com todo o cuidado que conseguiu reunir com suas grandes mãos, que começaram a tremer levemente, Seth segurou o bebê, tomando cuidado para não deixá-lo cair. Aconchegou o corpinho junto ao seu peito, tentando aquecê-lo com seu calor de lobo. Se sentiu grande e desajeitado como há muito não sentia. Sem saber o que fazer, procurou sinais de ferimentos.

Era uma menina, constatou. Alguns fios de cabelo loiro se emaranhavam em sua cabeça junto ao sangue, que cobria seu corpo inteiro. Por baixo da sujeira a pele era muito branca, quase no tom dos Cullen. Os braços e pernas se agitavam, roxos, e as mãozinhas eram tão pequenas que não fechariam sequer em torno dos dedos de Seth.

Ele já segurara alguns bebês antes. Gostava deles. Andava com Claire para lá e para cá o tempo todo, além de algumas outras crianças da reserva. Mas nunca tivera um corpo tão frágil e mole em seus braços.

Tentando ser o mais cuidadoso possível, sem fazer movimentos bruscos, começou a correr em direção a reserva. Sua mãe saberia o que fazer, com certeza. Não podia deixar o bebê para trás – seu coração era grande demais para isso. Nunca poderia se perdoar se a largasse ali.

Torcendo para que algum dos garotos fazendo ronda percebessem algo errado e buscassem ajuda o mais rápido possível, se preocupou em manter a criança protegida no abrigo dos seus braços, fazendo de tudo para que o vento não pudesse chegar até ela.

De certa forma o calor do seu corpo deve ter ajudado em algo, porque o bebê aos poucos foi diminuindo o choro. No começo Seth se assustou, achando que tinha algo errado, mas o coração do pequeno serzinho ainda batia regularmente. Sem parar de correr, analisou o rostinho a procura de uma expressão que indicasse algo errado.

Não estava preparado para o que aconteceu a seguir.

Como se sentisse seu escrutínio, os olhos do bebê se abriram pela primeira vez desde que Seth o encontrara.

Tudo o que vivera até aquele momento parou de fazer qualquer sentido. Todos aqueles que amava, tudo aquilo que o fazia feliz... nada se comparava ao sentimento que o envolvia agora de corpo e alma. Seu coração falhou uma batida para logo depois recomeçar a bater, muito mais forte que antes. Mesmo tendo ouvido as lendas, mesmo tendo visto na mente dos seus companheiros de bando, não estava preparado para sentir aquilo.

Era diferente de tudo o que já sentira antes.

A magia o envolvia como um manto, estendendo-se até o pequeno serzinho em seus braços. Sua vida agora era aquele bebê. Suas vontades não eram mais nada, comparadas as vontades da menininha que já o tinha em suas mãos.

O mundo não girava mais em torno do sol. Girava ali. Naqueles poucos centímetros de ser humano.

Se não fosse por seus reflexos rápidos de lobo, Seth teria caído de cara no chão.

Seu corpo inteiro vibrava. Sua alma se ligava a ela agora.

Correndo ainda mais rápido, com determinação dobrada, Seth prometeu que iria salvá-la. Tinha que salvá-la. Não conseguir não era uma opção. Seu imprinting, sua alma gêmea, dependia dele.

Seu coração se contorceu em seu peito ao lembrar do choro desesperado da pequena menina em seus braços. Um grito de agonia saiu de seus lábios, ecoando por todos os cantos da floresta.

Um dos lobos tinha que ouvir. Eles tinham que buscar ajuda. Ela não podia morrer!

Tão pequena... Já chegara ao mundo indesejada. Sofrendo.

Mas Seth não deixaria que continuasse assim. Não.

Ele iria salvá-la. E ela nunca, nunca mais, sofreria de novo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Se sim, me deixem saber. Se não, me deixem saber também. Deixem um comentário, não se acanhem em falar comigo :)



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