Dias se tornaram, semanas que não demorou muito para se tornar meses.  

As primeiras semanas foram as mais difíceis de lidar. Ninguém sabia ao certo como voltar para suas vidas normais. Não era algo que estávamos preparados para lidar. Ela simplesmente sumiu sem deixar rastros, deixando a grande dúvida. Ela teria ido por conta própria ou havia se metido com pessoas erradas?  

Foi aí que me dei conta de como não conhecia minha própria irmã.  

Mas ninguém havia desistido de a procurar. E o seu desaparecimento trouxe consequências.  

Me aproximei de Renesmee que estava no fundo da sala, ela havia se afastado de seus coleguinhas e pouco falava. O que era raro vindo dela, já que sempre era a criança mais animada daquele lugar. Aquilo me doía. Eu queria tirar a dor da ausência de sua mãe, mesmo sabendo que não seria nada fácil.  

Me aproximei dela e me agachei ficando a sua altura. Ela não me olhou. Manteve a cabeça baixa.  

Afastei delicadamente seu cabelo de seu rosto.  

—Hey minha princesa. Por que não se senta com seus amigos? Eles estão sentindo sua falta. 

Tentei me aproximar. Mas ela balançou a cabeça, negativamente.  

—Eu não quero. Plefiro ficar sozinha. -Disse ela com a voz embargada e fechei os olhos com tristeza.  

Dei lhe espaço e voltei para as atividades com os alunos. Vi alguns tentarem a incluir novamente nas atividades, mas ela rejeitou a todos.  

Teimando em ficar sozinha. Só rezava que aquilo fosse apenas uma fase. 

Jacob apareceu em minha sala, era a vez de ele ficar com as crianças para a atividade física que seria dentro da sala de aula em excepcional, hoje por conta da chuva lá fora. Decidi o ajudar, já que aquela era minha última turma e esperaria o final da aula para levar Renesmee para sua casa.  

Algo que se tornou rotineiro desde que Kristin se foi. Eu sempre a deixava em sua casa e aguardava Edward chegar. Era uma forma de o ajudar com ela. Não me custava nada e me sentia melhor os ajudando a superar aquela fase ruim.  

Eu podia ver o quanto ele também sofria e acabamos nos aproximando. Não havia segundas intenções em nossa amizade. Eu pude conhecer melhor o grande homem que Edward era. Trabalhador, honesto e um grande pai. Suas qualidades eram imensuráveis. E com isso, nossa amizade foi crescendo.  

Aquela cena do beijo esquecida. Pelo menos era no que eu tentava me convencer.  

—Hey Bella, está tudo bem? Escutei a voz distante de Jacob e dei um sorriso amarelo quando o vi em minha frente, distraída não notei sua aproximação.  

—Hum! Está sim, só estou pensando demais. - Tentei sorrir. Mas foi um grande fracasso.  

—É por causa de sua irmã, não é?  

Questionou ele compreensivo. Todos já sabiam, afinal Kristin sempre foi uma pessoa pública. Vivia em revistas de fofoca e sua ausência nos eventos aproximaram os curiosos e logo descobriram de seu desaparecimento. Infernizando tanto meus pais quanto Edward. Todos queriam saber onde está a esposa do grande empresário Edward Cullen e aquilo era terrível. Eles não tinham nenhum pouco de solidariedade. Apenas queriam notícias para vender e logo diversas revistas começaram a criar diversas teorias maldosas que deixaram Edward acabado.  Eu disse a ele para não se importar com aquilo. Eram grandes babacas e ele sabia que era melhor que aquilo. E ele pareceu me ouvir, nunca mais o vi lendo aquelas malditas matérias e ele parecia a cada dia melhor. 

—... não apenas por isto, Jacob. É todas as consequências que vieram com isto. As pessoas que amo estão derrotadas com tudo isto.  

—Não posso dizer que a entendo, mas sei o quanto isto está te machucando, Bella.  

—Os ver desta forma me machuca. -Disse pensando em Renesmee, Edward e meus pais. 

—Você é uma mulher especial, Bella. Desde o primeiro dia que a conheci percebi isto. -Disse ele segurando em minhas mãos e notei seus olhos brilhando enquanto olhava em meus olhos.  

—Obrigada, Jacob. É melhor pararmos de conversa, olha só o Liam. Está riscando toda a carteira. -Mudei de assunto ao notar sua aproximação e ele seguiu meu olhar para o pequeno travesso. Indo até ele e dizendo que ele não deveria riscar a carteira. Ri quando o garotinho fugiu dele quando Jacob tentou tomar seus lápis de cor. O ajudei a deter o pequeno Liam.  

Tive um pouco mais de sorte com o pequeno que me obedeceu após eu prometer não tirar seus lápis se ele se comportasse.  

A aula terminou a poucos minutos e eu caminhava com Renesmee segurando uma de minhas mãos enquanto seguíamos para o meu carro. Ela se mantinha em silêncio dando pequenos sorrisos quando eu lhe contava alguma história engraçada para tentar lhe distrair.  

Respirei fundo com uma pequena esperança quando ela sorriu, chegamos ao meu carro e a coloquei em sua cadeirinha que havia comprado para ela. Afinal, eu era a única que ainda não tinha uma em meu carro. E como agora sempre estava comigo nada mais que necessário.  

Toquei seu nariz e olhei em seus olhos.  

—Eu fico feliz quando sorri, Nessie. Sabe que te amo muito, não sabe?  

Ela desviou o olhar antes de voltar a me encarar. Vi tristeza em seu olhar. 

—Você também vai me deixar, tia Bella?  

Questionou amargurada e senti meu coração se apertar. 

—Nunca! Eu jamais a deixarei Renesmee. Sabe por que? -Ela balançou a cabeça negativamente- Por que você é uma das pessoas mais importantes em minha vida, eu te amo garotinha e seria incapaz de a deixar. Enquanto me quiser em sua vida eu vou estar.  

—Eu sempre vou queler. -Disse com os olhinhos molhados como os meus, naquele momento. 

Dirigi pela estrada com cuidado, pela chuva que caia. Agora mais fraca que antes. Em poucos minutos chegamos em sua casa e percebi que o carro de Edward já estava ali. Ele havia chegado mais cedo. Desci do carro e tirei Renesmee de sua cadeirinha. A levando em meu colo para dentro da casa.  

Peguei a chave que Edward havia feito para que eu não tivesse que esperá-lo na porta enquanto não chegava do serviço e abrir a porta. Ela saltou de meu colo e correu para seu quarto, para guardar sua mochila e tirar o uniforme como lhe pedi.  

Fechei a porta e caminhei até a sala de estar onde o encontrei perto a lareira. 

Ele se virou e sorriu torto ao me ver. Ele ainda estava de terno, mas sem a gravata e paletó, o que significava que tinha chegado a pouco tempo. 

Me aproximei sorrindo também. 

—Oi Edward! - O cumprimentei. - Chegou cedo.  

—Olá Bella- Sua voz era rouca e ele se aproximou de onde eu estava. - Não tinha muita coisa para fazer no escritório hoje e resolvi vir mais cedo para casa, pensei que Renesmee ficaria feliz. 

Meus olhos se iluminaram. 

—Tenho certeza que ela vai, sim... Ela ainda anda muito distante, Edward. Mas sinto que se mostrarmos que estamos aqui com ela, logo ela voltará a ser a Renesmee de antes.  

Contei confiante e ele me olhou intrigado. 

—Será mesmo? Já fazem dois meses Bella. -Disse ele demostrando o quanto estava esgotado. Seus ombros caídos demostravam isto.  

Me aproximei tocando seu ombro e o olhei determinada.  

—Eu tenho certeza, Edward. Todos estamos cansados e tristes, mas não vamos desistir, não podemos. 

—Me sinto um inútil Bella. Todas as noites Renesmee chorar e tem pesadelos. Ela me pergunta onde e quando ela vai voltar... Eu não tenho respostas para lhe dar. Eu me sinto um péssimo pai. Queria tirar a dor da minha filha, sacrificaria qualquer coisa por ela. -Disse ele com os olhos vermelhos. E o abracei. Sabia que ele estava tentando, fazendo o melhor que pode por ela. Mas também sabia que ele também sofria pela ausência dela.  

Seus braços me envolveram e senti o seu perfume me inebriar. Fechei os olhos com força, afastando os pensamentos de minha mente.  

—Papai!  

Escutamos a voz de Renesmee enquanto descia as escadas. Sai de seus braços e sorri fracamente enquanto via Renesmee vindo em nossa direção, Edward a pegou em seus braços e a ninou ali. Ela apoiou sua cabeça no ombro do pai que a abraçou.  

—Canta para mim, papai. - Pediu ela e sorri. Todas as noites ela canta uma canção de ninar para ela que dormia como um bebê.  

—É claro que sim, meu anjo. Vamos.  

Disse ele subindo as escadas com ela em seus braços e parou no meio dela para me encarar, quando viu que eu não os segui. 

—Vem tia Bella. Quelo que fique comigo até eu dormir. Pediu Renesmee.  

Sorri dizendo que logo subiria. Assim que eles subiram pude respirar fundo sentindo meu coração apertado. Eu não sabia explicar o que era aquela angustia em meu peito. Fiz o que prometi e subi as escadas indo até o quarto de Renesmee sorrindo emocionada com a cena a minha frente. Estavam os dois deitados em sua cama. Ele cantava para ela enquanto acariciava seus cabelos. E ela o abraçava aconchegada em seus braços. Com um rosto sereno.  O seu quarto apenas iluminado pelo abajur.  

Os observei por alguns minutos me dando conta do que estava sentindo.  

Por mais errado que pudesse soar eu estava amando estar tão próxima a eles. Edward e Renesmee se tornaram peças fundamentais de minha vida. E por mais que eu soubesse que era errado, eu senti que estava me apaixonando por ele. 

Por todos esses meses eu neguei a mim mesma que aquilo fosse possível. Mas eu estava apenas me enganando e por mais errado que fosse eu não conseguia evitar não o amar.  

Como também guardaria aquilo apenas para mim, pois ele ainda era o meu cunhado. Pai da minha sobrinha e eu não arriscaria perder os dois por um sentimento tão errado.  

Desci as escadas tentando fazer o mínimo de barulho possível e corri até meu carro quando me vi fora de sua casa. Liguei o carro e dirigi pela estrada. Não fui para casa, primeiramente. Fiquei vagando pela cidade tentando por meus pensamentos em ordem enquanto lagrimas traiçoeiras desciam por meu rosto.  

Ouvi o som de meu celular e o vi ao lado, no banco do carro e o nome de Edward piscar na tela. Engoli em seco limpando as lagrimas. Eu não queria atender, mas podia ser algo em relação a Renesmee e não me perdoaria se não atendesse.  

—Oi Edward. Tentei manter a voz tranquila, mas ela saiu fraca e rouca.  

—Bella!? Está tudo bem? Por que foi embora sem dizer nada? Estou preocupado.  

Ele me bombardeou de perguntas e fechei os olhos com força e demorei um pouco para responder. Tentando encontrar minha voz.  

—Desculpe o preocupar. Eu só não estava me... sentindo bem. Diga a Renesmee que me perdoe. Irei a recompensar.  

—Você não me parece bem,Bella. O que houve? Eu fiz algo? 

—NÃO- Disse rapidamente. Não queria que pensasse isto. —Eu já disse, Edward estou bem. Não precisa se preocupar.  

—Nos vemos amanhã? -Perguntou não parecendo em nada convencido com minha resposta. 

—Sim! Até amanhã, Edward.  

—Até Bella. Descanse e espero que melhore.  

Murmurei um sim e desliguei o telefone. Sentindo meu coração acelerado.