Alice respirou fundo revirando os olhos e ficou ao meu lado enquanto observava o cenário a frente.  

— Não quero que me leve a mal, sei que ela ainda é sua irmã..., mas eu tenho meus motivos para dizer que eu se pudesse voltar no tempo jamais teria a apresentando ao meu irmão; foi um grande erro. - Assenti, lhe dando a liberdade de falar o que sentia e aguardei. - Kristin era minha melhor amiga, nos conhecemos no colégio e nos tornamos grandes amigas principalmente por nós duas amarmos o mundo da moda entre outras coisas. Ela se mostrou no começo ser uma amiga atenciosa, amiga e extremamente amorosa. Me ouvia e me dava conselhos. Mas apenas fui enxergar suas reais intenções quando a apresentei a minha família e consequentemente irmão.  

—Está dizendo que Kristin se aproximou por interesse? - Eu disse não acreditando naquilo, por mais que Kristin fosse daquela maneira não seria ..humano ela usar pessoas para se beneficiar.  

Rezei para que aquilo não fosse verdade.  

—Bella, Kristin no começo era a amiga, namorada perfeita e agora, olhe bem suas atitudes de agora e me diga que eu não tenho razão em dizer isto.  

Me desafiou e abaixei o rosto me lembrando das coisas que vi e ouvi sobre minha irmã, engoli em seco.  

—Talvez vocês possam conversar e se acertar!?  

Dei um sorriso amarelo ao ver o rosto debochado de Alice.  

—Acha que já não tentei isto? Por diversas vezes..., você acabou de voltar Bella. Logo tudo que eu estou lhe dizendo fará sentido para você. Você verá com seus próprios olhos. -Disse ela com certeza e não retruquei, estava tão confusa com aquela situação toda que Kristin havia causado.  

Todos pareciam receosos e decepcionados. Eu só desejava que Renesmee não sofresse as consequências.  

Eu não permitiria.  

Alice voltou para onde todos estavam e fiquei por ali mais um tempo antes de retornar. Quando me aproximei da entrada principal escutei vozes, reconheci de imediato.  

—...coloque o casaco, Renesmee. Vamos embora! 

 Disse a voz autoritaria de Kristin.  

—Mas po que mamãe? eu não quelo ir.  

—Por que eu disse que vamos, você não tem que querer criança. Ande, seu pai já está terminando de se despedir de todos.  

—Mas eu não me despedi da tia Bella, eu não quelo ir. — Sua voz triste me fez tomar uma atitude. 

Me aproximei delas e Renesmee correu até mim, abraçando minhas pernas.  

—Por que está indo tão cedo, Kristin?  

Questionei e ela bufou. 

—Já fiquei o suficiente, por mim nem teria vindo.  

—Somos sua família, Kristin. Por que não viria?  

—Não lhe devo satisfação, Isabella. Afinal, por que voltou?  

—Por que aqui é minha casa, Kristin. É o meu lugar.  

—.. Claro- respondeu com ironia. —A filha perfeita voltou para casa.  

Não compreendia sua ironia, eu sentia a raiva em suas palavras. Mas a muito tempo deixei de tentar entender, Kristin. E voltei a atenção para o que realmente me importava, Renesmee que abraçava cada vez mais forte minhas pernas.  

—Deixe- a aqui. Prometo que cuidarei dela e a levarei a hora que você desejar para casa. -Pedi cordial. 

—Não... -Começou a dizer Kristin mas uma voz se fez presente atrás de nós.  

Observei Edward se aproximando, nos observando com cautela e lançou um olhar rápido a Kristin que não me pareceu nada contente.  

—Renesmee pode ficar. Se assim ela quiser. Sei que cuidará bem dela. - Disse agora me encarando e sorri agradecida.  

Vi Kristin sair de casa batendo a porta. Renesmee correu até o pai que a pegou nos braços. 

—Obligada papai, eu amo você. Disse ela e o vi sorrir acariciando seu rostinho corado. 

—Eu amo você também querida. Se comporte está bem?  

Ela jurou de dedinhos, o que nos fez rir e ele me entregou a pequena que se agarrou em meus braços.  

—Obrigada Edward. De verdade. E me desculpe por isso. -Disse me referindo a forma que Kristin agiu.  

—Não se preocupe. Já estou acostumado com Kristin. - Disse ele com um sorriso torto amargo. 

Depois que eles se foram, ou melhor depois que Kristin se foi o ambiente ficou ainda mais harmonioso e todos conversavam e riam felizes. Renesmee também sorria esquecendo da pequena discussão de mais cedo. E me permiti esquecer também agradecendo que os outros não presenciaram.  

Mais tarde naquela noite os Cullen se despediram prometendo que teríamos outros jantares assim. Pude ver minha mãe sorrir aliviada pelo jantar bem-sucedido apesar de algumas intervenções como a inimizade de Kristin e Alice.  

Os Cullen se foram e ajudei minha mãe com a bagunça na cozinha enquanto meu pai ficou com Renesmee na sala de estar. Ele explicava para ela quem e como era o time de seu coração e Renesmee ria da animação do avô. Sorri com a cena e voltei para a cozinha com mais alguns pratos e talheres.  

Minha mãe cantarolava uma música qualquer.  

—Está feliz, mamãe. - Afirmei com felicidade ao vê-la assim.  

—Estou mesmo querida, há muito tempo não tínhamos uma noite assim. Fazia muito tempo que não conseguíamos juntar a todos e ter uma noite agradável como hoje. - Ao notar meu olhar confuso ela explicou- Por conta das atitudes de Kristin e a briga entre Alice e ela todos nós nos afastamos sem perceber, minha filha. O que foi um grande erro, principalmente por causa de minha neta. Ela percebeu isto e vimos como a entristeceu. Pensei que essa situação ficaria assim, que não havia solução. Mas quando você voltou querida, me deu confiança de tentar mudar esta situação por isso os chamei para jantar aqui. E não sabe o quanto está noite significou. Sinto que as coisas iram melhor querida. Que vamos ter uma nova chance de voltar a sermos uma família novamente.  

—Eu não tinha noção do quanto isto significava para você, mãe. Estou orgulhosa de você e saiba que se precisar de mim, estarei aqui para ajudar no que for preciso. Até mesmo com Kristin.  

—Essa sim vai ser um grande desafio. - Disse ela dando um suspiro duvidoso e lhe dei um sorriso encorajador.  

Terminamos de organizar tudo e voltei para a sala encontrando a cena de meu pai e Renesmee adormecidos na poltrona na sala, eu e minha mãe trocamos um olhar e sorrimos.  

Caminhei até eles e toquei o rosto de meu pai. 

—Hey pai, vamos para o quarto. - Ele deu um olhar surpreso e sorriu. 

—Oh, acho que acabei pegando no sono sem perceber.  

Ri levemente pegando uma pequena dorminhoca em meus braços enquanto minha mãe ajudava meu pai se levantar. Me despedi de ambos e caminhei até meu quarto deitando Renesmee em minha cama. Tirei seus sapatos e tirei seu vestido colocando uma blusa de mangas longas, minha nela que ficou o dobro de seu tamanho e a cobri. Tirei a maquiagem e o vestido, colocando meu pijama e me deitei ao seu lado.  

Nos cobri e ela ainda dormindo se aconchegou nos meus braços.  

Depositei um beijo em sua testa e dormi sentindo seu cheirinho doce. Não existia coisa melhor.  

Na manhã seguinte despertei com mãozinhas quentes em meu rosto e sorri ainda de olhos fechados. Era uma manhã de domingo e fazia pouco sol, percebi com a luz fraca que entrava por minha janela. Puxei ela para meus braços e nos virei na cama a enchendo de cócegas, ouvindo seu riso angelical.  

—Aiii não, tia Bella... vou ficar sem ar. - Disse ela em meu aos risos e fui parando devagar quando vi seu rostinho ficar vermelho. 

A levei para fazer as higienes matinais e me juntei a ela. Trocamos de roupa e ela riu ao perceber como a minha blusa havia ficado gigante nela. E então minha mãe me entregou uma roupa que Renesmee tinha deixado aqui e a vesti com um vestido leve lilás. Ela desceu junto com minha mãe para tomar café e eu me vesti, colocando uns shorts jeans, blusinha e rasteirinhas. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e desci as escadas.  

Me juntei a elas para tomar o café.  

Passamos o dia em casa mesmo, brincamos e assistimos vários filmes infantis. Me sentia nostálgica enquanto assistia aqueles filmes de minha infância e a sensação era muito boa não posso negar. Renesmee cantarolava as trilhas sonoras de cada filme e eu registrava cada momento pela câmera de meu celular. Até que ela tomou meu celular e decidiu ser a fotografa, tirando fotos minhas, de seus avós e nossas.  

Estávamos indo para o ... havia perdido a conta de quantos filmes assistimos, até a campainha tocar. Meus pais estavam em seus quartos naquele momento então só restava a mim, abrir a porta. Deixei Renesmee sentada assistindo ao filme com o saco de pipoca e fui abrir a porta.  

Ao abrir encontrei Edward ali. Ele sorria torto e vestia roupas casuais, diferente dos ternos que usava a maioria das vezes que o vi. Dando lhe um ar menos sério, ainda sim muito bonito. Corei ao notar que o observava por muito tempo e sorri.  

—Oi Edward, não sabia que viria. Veio a buscar? - Eu disse agora com um semblante nem tão feliz. Não queria que ela se fosse.  

—Oi Bella! Sim, ela já ficou por tanto tempo. Não quero que atrapalhe seus planos. 

—Ora, Renesmee jamais me atrapalha. Por favor, entre.  

Eu disse ao notar que ainda estávamos na porta de casa. Ele entrou e caminhamos até a sala onde estava Renesmee entretida com o filme.  

—Está vendo, ela é um anjo. -Disse amorosa e o vi sorrir ao observar a filha.  

Ela pareceu notar que estava sendo observada e sorriu ao ver o pai, correndo até ele.  

—Papai! Veio assistir filme com a gente? Perguntou com um enorme sorriso de esperança e antes que ele dissesse algo tomei a frente.  

—Isso mesmo, Nessie. Leve-o e apresentei os personagens a ele. - Pisquei para ela que saiu puxando o pai. 

 Para minha alegria ele não discordou e deixou que a filha o puxasse para o sofá e contasse sobre o filme e o seu dia aqui em casa. Ele ouvia com atenção e sorriu agradecido ao me encarar. Dei de ombros e sorri enquanto me sentava no outro sofá ao lado deles.  

Os observei por alguns momentos. Levantando me apenas para tomar um pouco d'água. Quando me virei para voltar encontrei Edward em minha frente, sorri. 

—Hey, ela já terminou de narrar todo filme? Perguntei brincalhona.  

Ele riu.  

—Sim! E acabou pegando no sofá. Parece que tiveram um dia bem agitado.  

—Tem toda razão. Ainda tem muitos outros filmes que ficaram para outro dia. - Acenei com a cabeça e rimos.  

—Obrigada Isabella. Não sabe quanto tempo não a via tão feliz. -Sabia que se referia a Renesmee, dei um sorriso torto.  

—Não fiz nada demais, Edward. Ela é uma garota encantadora. Eu a amo. E sinto muito por Kristin. Eu queria poder ajudar, mas a muito tempo Kristin me excluiu de sua vida.  

—Você e nem ninguém poderia ajudar, Bella. Apenas ela pode fazer isto. Eu... eu mesmo já desisti.  

Confessou ele e vi tristeza em seus olhos. De forma espontânea segurei sua mão.  

—Não deixe que a forma que Kristin decidiu viver os destrua. Renesmee precisa de você.  

Ele segurou em minha mão que segurava a sua e nos encaramos por algum tempo. Meu coração acelerou e soltei nossas mãos com o choque do pensamento e sensações que me dominavam. Dei um sorriso fraco e percebi que ele também parecia surpreso. Voltei para a sala, me sentindo segura ao me sentar ao lado de Renesmee observando seu rosto sereno enquanto dormia.  

Edward voltou e avisou que iriam embora, eu apenas concordei sorrindo fraco. O ajudei a levar até o carro e me despedi beijando seu rostinho. Após colocar o cinto de segurança ele fechou a porta e se virou para mim. 

—Mais uma vez obrigada, Bella. Não só por cuidar de Renesmee mas também pelas palavras sinceras que me disse agora pouco. É a primeira pessoa que me fala essas coisas sem me recriminar.  

—Ela é sua esposa, mãe de sua filha. É claro que entendo sua posição Edward, ela também é minha irmã e queria que essa situação não existisse.  

Disse me referindo a Kristin e as coisas que vinha causando. Ele assentiu.  

Nos despedimos e ele se foi. Entrei dentro de casa com o coração acelerado. Mas que droga, o que estava acontecendo comigo? 

Por que eu me sentia tão nervosa perto dele? Ele era meu cunhado. Eu só poderia estar enlouquecendo.  

Tentei ignorar tudo aquilo e voltei para o meu quarto, fui para o banheiro onde tomei um banho frio que acalmou meu corpo, mas não meu coração.