Os minutos que se passaram depois que Remo desligou o celular pareceram horas para Lily e James. Era como se eles estivessem presos em seus assentos, sem possibilidade de sair, sem conseguir se mexer. Lily não conseguia imaginar o que faria se algo acontecesse com Harry. James não parava de se culpar, como se fosse sua culpa o fato de terem conseguido levar Harry, como se o mesmo tivesse levado Riddle até a porta de Lily. E ele não conseguia evitar de sentir medo, medo por não ter a oportunidade de conseguir passar mais tempo com seu filho, filho que ele acabava de descobrir que tinha.

— O que mais o Diggory falou Remo? - Emme perguntou, enquanto passava um braço pelos ombros de Lily, como se pudesse afastar os demônios da mente da ruiva.

— Ele está vindo pra cá, pra montar uma força-tarefa. Ele acredita que podemos pegar Riddle enquanto ainda estamos aqui. - Remo disse, com uma voz sem emoções, olhando para James, que parecia perdido em seus pensamentos.

— E você sabe se, bem... - Marlene começou sem saber bem como terminar.

— Se ele sabe o que Marley? - Remo perguntou, tentando entender.

— Você sabe se ele sabe que essa criança sequestrada é filho de dois membros dessa equipe? - Marley perguntou, o que fez com que James e Lily olhassem para a morena.

— Não, ele não tem a mínima ideia. Mas acho que ele vai descobrir assim que chegar aqui não? - Remo disse, sentando-se a mesa, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros.

— Acho que agora teremos de esperar pra ver como vamos lidar com essa situação não? - Pedro perguntou, e todos assentiram. Agora, o melhor que poderiam fazer era esperar pela chegada do chefe deles.

O tempo parecia se arrastar enquanto todos os presentes esperavam pela chegada de Diggory. Como se movidos por alguma corda invisível, todos voltaram a seus postos, continuando a se preparar para a missão, que agora havia se tornado ainda mais pessoal para eles. Ainda assim, James e Lily não conseguiam se concentrar realmente no que estavam fazendo, era como se uma bruma nublasse todos os seus pensamentos e só deixasse algo em foco: eles iriam fazer o que fosse preciso para trazer Harry de volta, são e salvo.

— Lily, será que nós poderíamos conversar? - James perguntou, vendo que nem ele nem a ruiva estavam em condições de ajudar os outros.

— Claro. - Lily respondeu com uma voz fraca, fazendo com que o coração de James apertasse ao vê-la naquele estado. Ele logo se sentou ao lado da ruiva, e sem pensar direito no que fazia, pegou a mão da mesma.

— Eu não vou dizer que entendo porque você escondeu ele de mim todo esse tempo, mas eu sei que você teve seus motivos. - ele começou, olhando fundo nos olhos dela. - Mas eu te prometo uma coisa, eu vou fazer o possível pra trazer ele de volta, sem nenhum arranhão.

— É bem a sua cara querer bancar o herói. - ela conseguiu dar uma risada, que não tinha nada de engraçado. - Mas eu sei que você vai fazer o que estiver ao seu alcance pra trazê-lo de volta.

— Você vai ver, quando você menos esperar, você vai estar segurando ele de novo, e vai poder voltar pra sua casa. - James disse, com a voz embargada, mas sem deixar Lily perceber o que se passava em sua cabeça naquele momento.

— Obrigada James. - Lily disse com uma voz suave e dando um leve beijo na bochecha do moreno.

— Hey, vocês dois. - Sirius chamou, sem querer interromper os dois, mas sabendo que precisava. - Diggory chegou e quer falar com todo mundo. É hora de fazer o Riddle pagar por ter levado meu sobrinho.

— Eu tenho certeza de que o Harry vai adorar conhecer você Sirius, e todos esses tios e tias que já amam ele, sem nunca o terem visto. - Lily disse, se levantando e indo em direção à porta.

— Isso você pode ter certeza ruiva. - Marley disse piscando o olho e rindo levemente.

— Então, quer dizer que o Riddle veio parar na mesma cidade que vocês? É hora de pararmos esse cara de uma vez por todas. - Amos Diggory não era um homem que se podia ignorar, e assim que entrava em uma sala, todos logo sentiam o poder que emanava dele.

— Pelo que eu pude descobrir, depois que começamos a monitorar o carro dele, ele não veio pra cá sozinho. - Marlene começou a explicar. - E pelo que parece, ele trouxe todas as crianças para Lavenham também, o que não faz muito sentido, mas quando um sequestrador de crianças fez sentido?

— Ótimo McKinnon, pelo menos desse jeito poderemos saber onde procurar primeiro. - Diggory disse, colocando seus equipamentos em cima da mesa. - Já estão com os suprimentos prontos?

— Já está tudo pronto, só estamos esperando sua chegada. - Pedro disse, terminando de montar sua mochila.

— Ótimo. É bom tê-la de volta Evans, saiba que sentimos sua falta. - Amos disse, quando percebeu a ruiva sentada em volta da mesa.

— Obrigada Diggory, mas você sabe que isso é temporário não é? - Lily perguntou, para assegurar suas intenções.

—Você não pode me impedir de desejar o contrário não é mesmo? - Amos riu levemente. -Certo, vamos dividir as equipes, a não ser que vocês já tenham feito isso.

— Não, ainda não decidimos quem vai com quem. - Emme respondeu.

— Ótimo. Vance, Meadowes, Black e Potter, quero vocês em um carro em cinco minutos. Pettigrew, McKinnon, Lupin e Evans, quero vocês em outro, prontos para partir ao meu comando. - Amos disse, sentando-se a mesa, e começando a olhar os papéis que havia tirado de sua pasta.

— Diggory... Amos - Lily disse com a voz falhando. - Por favor, deixe eu e James ficarmos na mesma equipe. É o meu, quer dizer, nosso filho. Eles levaram nosso filho.

— O que? - Amos perguntou, como se não houvesse entendido bem o que Lily havia acabado de dizer. - O que você quer dizer com "nosso filho"?

— Esse foi o verdadeiro motivo de eu ter pedido minha demissão. Eu estava grávida do James. - a ruiva disse, baixando o olhar, sem querer encarar Amos nos olhos.

— E agora Riddle levou nosso filho. Então, por favor. - disse James com a voz falhando, o que fez com que Amos e os outros olhassem para James com espanto, pois nunca haviam ouvido a voz do moreno daquele jeito. - Deixe eu e Lily ficarmos na mesma equipe.

— Essa é uma reviravolta que eu não estava esperando, mas tudo bem. - Amos disse, soltando o ar que ele nem sabia que estava prendendo, e fazendo Lily e James respirarem aliviados. - Suponho que Pettigrew possa trocar de lugar com você Potter.

— Claro, sem problemas. - Pedro respondeu sem hesitar.

— Ótimo, vamos nos mobilizar então. Eu quero Riddle preso até o final do dia, e as crianças resgatadas sem nenhum arranhão. - Amos disse, já entrando no modo chefe em ação.

— E então, todos poderemos tomar um milk-shake na lanchonete onde eu encontrei essa ruiva hoje de manhã, e todos poderemos conhecer Harry não? - Sirius perguntou, com uma esperança na voz, que não era ouvida há muito tempo.

— Claro, mas antes eu preciso saber de algo. - Lily perguntou, se virando para Amos. - Molly está bem?

— Molly? Quem é Molly? - Sirius perguntou, se sentindo perdido.

— É a babá do Harry. - James respondeu, o que fez Lily sentir um aperto em seu coração, sem saber direito o porquê. - A garota está bem Diggory?

— Sim, ela está bem, só um pouco abalada. Ela ligou para a polícia assim que levaram Harry. - Diggory disse, lendo o que estava escrito na folha em sua frente.

— Ótimo, agora estou mais tranquila. Vamos então? Eu realmente estou ansiosa pra poder rever meu filho. - Lily disse, respirando mais tranquila. Era possível ver um fogo naquelas orbes verdes, um fogo que dizia que Riddle havia mexido com a ruiva errada.

— Certo, temos de montar um plano de ação. Nós sabemos como o Riddle pode ser escorregadio como uma cobra quando quer. - Remo disse, como se estivesse lendo a mente de todos.

— Eu ainda quero entender como ele veio parar aqui, de todas as cidadezinhas ao redor de Londres, porque justo aqui? - Dorcas verbalizou a pergunta que estava na mente de todos.

— Você tem alguma ideia do porque Diggory? - Marley perguntou, olhando o chefe que parecia compenetrado na leitura.

— Tenho algumas ideias, nada que valha a pena ser mencionado no momento. - Amos disse, e todos sentiam como se ele estivesse escondendo algo. - Não preciso dizer para vocês tomarem cuidado não é mesmo?

— Claro que não chefinho, pode deixar. Todos nós vamos voltar inteiros, pode deixar. - Dorcas disse batendo continência, o que fez com que todos relaxassem um pouquinho.

— Acho bom mesmo. - Diggory disse, falhando em esconder o sorriso que ameaçava levantar sua boca.

— Ok, voltando ao plano. Eu acho que James e Lily devem ficar na retaguarda e aguardar o nosso sinal antes de qualquer coisa. - Remo disse, olhando o mapa que Marley lhe passava no momento.

— Ficar na retaguarda? Porque você quer que nós esperemos Remo? - Lily perguntou, como se não conseguisse entender o motivo.

— Vocês dois estão ligados emocionalmente a esse caso, eu não quero que aconteça nada com vocês, se eu puder evitar. - Remo disse olhando pra Lily, e ela pode ver naquele momento, como seu amigo estava preocupado.

— Certo, eu e Lily esperamos o sinal da Marley e do Remo. - James disse, como se tentando acalmar os ânimos. - Enquanto isso, Sirius e Dori vão estar nas portas dos fundos, tentando achar um modo de tirar as crianças sem que eles percebam?

— Exatamente. A Emme e o Pedro vão nos dar cobertura, e nós avisaremos vocês quando tivermos tirado as crianças de lá. - Dorcas respondeu, como se estivesse repassando mentalmente todo o plano, como se fosse uma simples missão. Mas ela sabia que havia muito mais em jogo dessa vez.

— Eu acho que esse é um bom plano. - Sirius disse, começando a se animar um pouco.

— É quase como nos velhos tempos, você não acha? - Emme perguntou à Lupin.

— Eu pensei a mesma coisa. Pelo menos dessa vez, nós não vamos precisar ter de ouvir James preocupado com a Lily, porque eles estarão juntos nessa. - Remo disse, enquanto virava pra olhar os dois em questão, que estavam compenetrados com a missão à sua frente e um só pensamento: trazer Harry de volta, são e salvo.

— Está na hora de trazer essas crianças para casa. - Lily disse pegando um dos fones da mesa e colocando em seu ouvido. - Vamos pegar Riddle de uma vez por todas.

E como se as palavras de Lily fossem um tipo estranho de comando, todos começaram a recolher seus equipamentos e se preparar para a empreitada que tinham pela frente. Eles sabiam que teriam de correr contra o tempo para salvar essas crianças, mas eles fariam o possível e o impossível para poder trazê-las todas de volta, e quem sabe, talvez fosse possível trazer de volta alguém que já estava por perto.

Enquanto eles se preparavam para sair, em um armazém abandonado do outro lado da cidade, uma outra equipe se preparava para o ataque que eles tinham certeza que chegaria em breve. Eles já conheciam bem demais o modus operandi de uma das melhores equipes do MI6. Era hora de testar se eles eram realmente tão bons quanto a sua reputação. Era hora de se preparar para a batalha.