Shard of Lies escrita por XIII


Capítulo 3
A Dança da Dissonância


Notas iniciais do capítulo

Caso não tenham percebido(alguém acompanha essa história?), eu excluí o cap 3 originalmente postado. Por quê? Porque era um trabalho com pouquíssima inspiração. Tomei vergonha na cara e reescrevi ele inteiro. Espero que qualquer leitor(fanstasmas e não-existentes inclusos) se divirta com Shard of Lies tanto quanto eu me divirto enquanto escrevo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/760319/chapter/3

A música estava deliciosa. A dupla entre piano e violino estava divina e, acima de tudo, à prova de magia. O anfitrião estava a alguns metros de mim, conversando com convidados e segurando um livro estranho entre os braços. Nem com todas as minhas habilidades eu conseguiria matá-lo agora. Ele era Oswald Cross, renomado mago de Baronesa, o próximo grande mago, depois da morte de Crown, há quase uma década atrás. Claro que a música o torna inofensivo, mas tem gente demais por aqui. Fora que eu não sei o que ele pode estar escondendo. Talvez, não matá-lo pode me dar alguma vantagem sobre Abigail.

Devo agradecer à maga, porém, pelo disfarce que ela me garantiu. Ter me deixado com o meu Não-Me-Note, além de ter me dado essa peruca e este tapa-olho foi um lance genial. Admito estar irreconhecível. O que ainda não me ajuda a cortar a garganta de Oswald, mas pelo menos prova que eu seria lindo de qualquer forma. Os andares de cima estão aparentemente bloqueados, graças à presença de cavaleiros em cada acesso. Eu não gostaria de enfrentar nenhum deles em nenhum ponto da minha vida. Entenda, eu não acho que sou mais fraco que eles, mas acredito que cada um tem sua área de eficiência. Sou perito em furtividade, trapaças e em cortar e perfurar pessoas desavisadas. Enfrentar alguém treinado desde a infância para o combate não é uma ideia razoável. Alguns convidados empoleiravam-se nas escadas, já que o decorador de Cross provavelmente tinha alergia à cadeiras e mesas. Graças a isso, todo o salão era uma grande pista de dança. Estava tão concentrado em achar um jeito de chegar ao anfitrião que havia me esquecido de me integrar à festa. Erro de amador. Olho ao redor e tento encontrar uma parceira. Até sentir uma delicada mão no meu ombro.

— Você não é daqui, certo, senhor…? - a linda moça mascarada deslizou a mão do meu ombro e a levou à minha mão, passando à minha frente como uma sombra. De alguma forma, ele lembrava-me de mim mesmo.

— Milark. Milark Antoniete. E a senhorita seria..? - Como se nos conhecêssemos desde moleques, assumimos o ritmo daquela música. Não foi uma cena romântica ou algo parecido. Éramos apenas eu e a bela moça, cada um cumprindo o seu papel. Só que eu precisava descobrir qual era o papel dela.

— Meu nome é de nenhuma importância, senhor Milark - ela sorria, mas era encenação, claro. A dança era natural, mas dava pra sentir que ela poderia me matar a qualquer momento - Percebi que o senhor está olhando com bastante atenção para o senhor Oswald Cross. Poderia me explicar o que está havendo? - O rosto dela se aproximou do meu. Os lábios finos e vermelhos com certeza eram uma grave distração.

— Minhas intenções são apenas as melhores, senhorita. Oswald Cross tem algo que eu preciso, então vim pegar - puxo o corpo dela, até que não houvesse distância alguma. As mãos dela passam pelo meu corpo e agora ela tem certeza de que eu não estou indefeso aqui. Agora ela sabe das minhas intenções ou, pelo menos, das intenções originais - Mas podemos dar um show aqui e agora, se for de sua preferência. Será que a dança é pouco demais pra você? - ela riu, perto do meu ouvido.

— Então você é do tipo perigoso? - Ela puxa um pouco a luva da mão esquerda, revelando uma fina manopla. Conhecendo o equipamento, sei que a minha garganta ou as minhas entranhas não estão seguras. Enquanto eu teria que sacar as adagas escondidas dentro da roupa, isso tudo com ela já sabendo da posição e forma das minhas armas, ela só precisa cravar os dedos no meu corpo e eu estarei acabado. Ser exibido não paga bem, devo dizer - Mas eu sou mais, querido - ela disse, ainda próxima ao meu ouvido. Esta música estava em seu fim e, com ela, nossa dança. Nos afastamos lentamente, ainda sentindo a tensão. Não acho que perderia pra ela num combate, mas ela com certeza estava com a vantagem aqui. Não posso mais cometer um deslize desses.

Oswald Cross não estava mais em lugar algum. Apostaria um braço dizendo que a mulher que dançava comigo teve algo a ver com isso. Hora de colocar as minhas habilidades à prova. Desvio habilmente dos convidados no salão. A dica é que evitar olhar nos olhos dos outros te ajuda a não ser notado. Vestir algo encantado para desviar olhares ajuda muito mais. Nenhum comportamento ou habilidade fará frente às forças sobrenaturais do mundo. E, caso esteja se perguntando: encantamentos e magia são coisas completamente diferentes. Enquanto a magia só funciona quando você tem sua atenção voltada para ela, encantamentos funcionam bem melhor quando ninguém sabe deles. Por isso, música só ajuda o meu Não-Me-Note. Desculpe-me, acabei perdendo um pouco o foco. O salão ficou silencioso quando eu me afastei dele. Silencioso como a própria morte. Nada bom. Cada fibra do meu corpo me dizia pra voltar ao salão e, como um homem simples, eu atendi aos meus sentidos e voltar. Puta merda.

A dissonância tomou conta do salão inteiro. Era como se os habilidosos músicos estivessem tocando enquanto eram constantemente esfaqueados. E no andar de cima, estava ele. Oswald Cross, segurando o livro, agora aberto.

— Boas vindas à minha festa, senhor Milark Antoniete. Trouxe algum recado de Abigail? - Ah, merda! Tudo o que eu precisava agora! - Eu estava esperando ela em pessoa, mas ela não pôde vir, presumo. É uma pena. Eu adoraria poder me livrar dela, mas terei que me contentar com você. Que seja, então! - E toda a música acabou. A mansão mudou completamente. Tudo o que eu precisava era isso. Uma armadilha, feita especialmente para Abigail. E cá estou eu, apenas um peão da maldita maga. Pelo menos, agora eu sei que Oswald Cross não poderia ser aliado, ou seja, eu não tenho escolha: vou entrar no jogo de Abigail.

Meus problemas começam com a seguinte pergunta: Como Oswald Cross soube do nome “Milark Antoniete”? Eu inventei isso agora. Claro, a resposta é que a dama teria dito, só que ela não era nenhuma novata. Ela teria a certeza de que esse nome é falso, então… Ela não contou isso porque quis. Ela também era peça nesse jogo. Se eu tivesse apostado um braço, estaria aleijado. E, se ela era inocente nisso, eu com certeza usaria de sua ajuda, o que significa que preciso encontrá-la, pra início de conversa. Oswald Cross era um dos magos mais poderosos de nossa geração, então cada passo nessa mansão é um risco. Passos. Algo pesado se movendo na minha direção. Um Cavaleiro. O dia só melhora, não é mesmo? Um jogo de gato e rato não é bom quando o rato é você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shard of Lies" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.