Shard of Lies escrita por XIII


Capítulo 28
Brasas




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— Eu não esperaria uma bruxa piromante. Delula está escolhendo melhor as Senhoras - minha boca flexionou formando um sorriso sinistro - Mas você tem quanto tempo ainda, hein? - Encarei a ferida aberta em seu abdômen. Minutos, pouquíssimos minutos. A Sombra gargalhava. Dei uma boa olhada nas nossas oponentes. Olga e Elena estavam focadas em Miuzand, que possuía uma fonte de luz que não deveria ser subestimada. O elo que me liga à sombra me avisava que não conseguiríamos mudar de forma. Merda. Abigail cortou meus circuitos mágicos e eu nunca fui tão suscetível à magia assim, então a técnica que a Sombra usou já me desgastou demais. Não vai tardar até que perca a consciência e eu volte ao controle. Mas não vai adiantar muito se eu estiver no chão, cansado demais pra me defender.

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Eu não tinha mais tempo pra pensar em provocações. Desperdicei uns bons segundos me exibindo. Acumulei bastante energia nos músculos das pernas e me senti voando quando liberei tudo, deixando um rastro de cinzas atrás de mim. Eu não tinha muito mais que um minuto. O fogo que queimava como se eu fosse carvão me destruía num ritmo mais rápido que pouco a pouco, mas eu o acertei. O chiado que a carne fez, cortada e cauterizada, me deu todo o ânimo pra continuar. Girei a espada e estoquei, mas ele já estava preparado o suficiente para desviar o ataque. Ele não tinha mãos livres, então eu poderia recuar e começar de novo.

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É claro. A Senhora me viu desfazer-me da outra adaga. Eu defendi este Coração das Sombras, o foco da minha Escuridão. Era apenas natural que ela caísse num golpe tão simples. Ela recuperou a postura para recuar, mas eu a acertei com tudo com o Coração. Eu nunca teria feito isso com o meu corpo original, que passou tanto tempo entre livros e afiando a mente. Este era acostumado a lutar e a desviar e a atacar. Dobrei a mão e o Coração se retorceu, envolvendo o corpo da bruxa. Só deixá-la assim e ela sangrará até a morte. Depois eu penso no que fazer com o cadáver antes que ressurja. Deixo-a paralisada e corro até Abigail. 

Está escuro, como deveria ser. Eu sinto a minha forma se estender indefinidamente. Todas as três restantes sob os efeitos da minha magia! Eu golpeio o vazio à minha frente, arranhando, cortando, dilacerando a carne das minha oponentes. Atravesso o campo de batalha até que possa acertá-la com as minhas próprias mãos! Sim! Eu me lembro!

— Você é a filha de Aelin Crown! Onde está!? Onde está a minha maldita neta!? Eu mesmo! Eu mesmo vou matá-la! Eu vou fazê-la se arrepender de me selar e…

O que diabos está acontecendo comigo?

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— Oh, então meu bisavô também não gosta da minha mãe, é? Temos tanto em comum, Alistair - ele estava visivelmente confuso, mas deu pra perceber que algo em sua mente fez um estalo quando ouviu o próprio nome.

— O que fez comigo, aprendiz de mago?

— Você não conhece? O grande Alistair Crown não reconhece? - ele estava prestes a rosnar - Não estava divertido se entregar ao êxtase da batalha? Dilacerar corpos? Me dar uma surra até que eu estivesse à sua mercê? Você foi vítima do meu Glamour, avô. E daqui pra frente… - concentrei a magia que se expandia em mim desde que deparei-me com Vincent novamente. Com uma força renovada, conjurei luzes incandescentes ao redor do salão. Ilusões, parte do Glamour. Não duraria até o momento seguinte em que ele percebesse o truque, mas enquanto isso…

— Miuzand, Elena: agora!

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Senhora Miuzand morreria em uns vinte segundos. Nem tudo que Abigail fez foi uma ilusão, afinal. Vincent Grinn realmente nos acertou enquanto o Glamour era aplicado, então nenhuma de nós está inteira. Já que seu corpo estava sendo destruído por fogo, sua recuperação era impossível, então Senhora Miuzand continuou a usar as chamas, sem se importar com o inevitável. Nosso ataque coordenado seria comprometido e cauterizar as feridas do adversário não era a melhor das ideias, mas provavelmente ela só queria causar mais dor dele. Éramos rápidas demais para que ele aparasse ataques das duas, então continuamos cortando e cortando sem parar, espalhando jatos de sangue a cada corte. E então, o fogo se apagou. Senhora Miuzand ajoelhou e morreu, sem cerimônias. Recuei na mesma hora. Vincent Grinn ainda não estava morto.

— Quase, bruxinhas, quase - a voz dele marcava um profundo cansaço - Mas vocês quatro sabiam que eu não cairia com isso, não é? - uma risada interrompida com uma tosse vermelha de sangue - Vocês não tem mais luzes de brinquedo pra usar, a piromante está morta e esta outra bruxa aqui - a escuridão voltou, por apenas um instante. Olhos reluzentes como ouro eram tudo o que restava - não é nenhuma Senhora.

Sinceramente, a ideia de ser empalada por causa de Vincent Grinn já estava ficando velha. Ele me atingiu diretamente no coração. Droga, estou perdendo a consciência rápido demais. A familiar sensação de nada, o vazio que precede a morte, me tomava os sentidos mais uma vez. Ainda deu tempo de sorrir, antes de morrer mais uma vez.

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Senhora Miuzand morreu e, mesmo que não tenha sido a primeira vez, a probabilidade de ser a última quase fez meu coração parar, mas mantive a concentração. Logo depois, a súbita escuridão e ele esfaqueava Elena no peito. Ela já tinha caído morta. Abigail não esperava que ele se recuperasse tão rápido e, sinceramente, eu também não. Vincent Grinn não podia ser subestimado, mas eu estava pronta. Hora de eu entrar em ação, afinal. Sabe, Senhora Miuzand não falou exatamente a verdade sobre os meus poderes. Claro, eu domino o frio como ninguém, mas não foi quando eu congelei os dedos da Primeira Bruxa que eu recebi meu título. Aquilo foi só rebeldia adolescente. Me tornei Senhora quando matei a Primeira Bruxa. Exatamente como agora. O coração de Vincent Grinn parou. O meu, também. Começamos a ouvir juntos, os lamentos dos condenados e, das paredes sem forma da Dimensão do Mortos, Senhora Miuzand e Elena se levantaram, sorrindo.

— Você será selado e sentenciado, pelo nome da Primeira Bruxa. Eu, Juíza Olga Salamandra, Segunda Senhora do Clã das Bruxas.

— Eu, Algoz Miuzand Volleger, Primeira Senhora do Clã das Bruxas.

— E eu, Júri, Elena Hartwill, uma das Espadas de Delula. Nós daremos sua sentença!


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