Sonhei Que Amava Você escrita por LysaHVeloso


Capítulo 5
❀Capítulo 3❀




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/760302/chapter/5

Passei uma semana em observação — Pelo menos foi isso que me disseram —, tudo parecia calmo, como se o mundo não girasse, como se não assistisse tempo. Eu poderia jurar que passei mais de um mês naquele hospital, cada segundo lá eu via meu sonho indo para o ralo, mesmo Leon dizendo que tinha mandado a carta com minha inscrição para a faculdade eu sentia algo estava errado. Ele me disse que minha mãe não queria que meu pai mandasse, que eu não estava preparada fisicamente e mentalmente para isso. Mas ele entregou ao Leon que foi pessoalmente explicar minha situação ao diretor.

Não sei se estou pronta para ir para um país onde sua cultura é totalmente diferente da minha, talvez eu esteja colocando uma desculpa para não ir. Já estava com medo antes do acidente, mas agora tudo ampliou e não tenho certeza de mais nada. Talvez minha mãe estivesse certa e devesse desistir disso, pelo menos nesse semestre, mas não posso viver com medo. Sei que se eu não for agora, eu não vou nunca. Porque sempre estarei arrumando uma desculpa.

Assim que entro em meu quarto deito em minha cama, fico encarando o teto pensando em tudo que aconteceu na minha vida nesses últimos dias, não me arrependo de ter entrado naquele carro mesmo depois de tudo, não me lembro de muito do acidente e agradeço por isso. Meus pais não quiseram me dar detalhes do acidente, e algo me diz que eles estão escondendo alguma coisa. Ouço uma batida na porta e a mesma se abre, Leon entra e caminha até mim.

— Posso — aponta para cama e confirmo. — Precisamos conversar — diz olhando para a parede a sua frente, sento ao seu lado ficando encarando a mesma parede sem graça do meu quarto.

— Aconteceu alguma coisa? — Seus olhos encontrar os meus, estou nervosa e com vergonha ao mesmo tempo, mas seus olhos me passam clareza e segurança. Talvez ele só queira conversar para dizer que vai embora e que não vai poder me esperar, vou ficar triste com isso, mas ele já passou muito tempo aqui e estou surpresa que seu pai não veio pessoalmente busca-lo.

— Antes de tudo, queria que soubesse que você não tem culpa de nada e se quiser culpar alguém esse alguém sou eu — ele começa, mas não consigo entender onde ele está querendo chegar, meu coração acelera e sinto um arrepio por todo meu corpo. — Você está me entendendo Liz, a culpa não é sua — ele se vira totalmente para mim.

Ficamos um olhando para o outro, suas mãos seguram as minhas. Ele deixa um grande suspiro sair de dentro de seus lábios me deixando mais nervosa ainda. Não faço a mínima ideia do que ele está falando, mas estou com medo, medo que seja algo grave. Tenho evitado falar do meu acidente porque tenho medo de descobrir algo que vai me ferir, mas não pude parar de pensar que talvez eu não estivesse sozinha, Jolie também ia, nada estava certo, mas quando ela não apareceu para me visitar algo me dizia que ela estava dentro daquele carro.

— Você não estava sozinha naquele dia — disse ele. Esse era meu medo, ter mais alguém no carro. — Tinha o Sam que foi te buscar. Não era você que estava atrás do volante Liz — se eu não estava dirigindo porque eu sinto que era eu a responsável por tudo, que era eu no controle de tudo. — E também tinha a... — Minha atenção volta para ele. Ele não está me olhando, suas mãos deixaram de estar junto a minha. — Jolie.

— Onde eles estão? Eles estão no mesmo hospital que estava? — Ele nega e sem me olhar volta a falar.

— No acidente. . . quando o carro capotou a Jolie — antes que ele termina lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto.  Ela não pode ter morrido, ela não pode não a Jolie. Fecho meus olhos e deixo que as lágrimas desçam. — A porta do carro se abriu e como ela estava sem sinto — ele continua falando, mas não consigo prestar atenção, sua boca continua se mexendo, mas não consigo escutar nada.

— L-Leon — chamo em soluços. Eu só quero que ele pare. Jolie é a única amiga que tenho, sempre estivemos juntas durante esses dois anos de faculdade, ela não pode ter simplesmente morrido, eu não posso carregar a morte dela. Ela morreu por está comigo.

— Vai ficar tudo bem — ele assegura me agarrando. Descanso minha cabeça em seu peito e fecho meus olhos. — Vou ficar aqui com você — ele beija meu coro cabeludo e me abraça forte.

— Obrigado — agradeço me afastando um pouco tendo uma bela vista de seus olhos. Ele força um sorriso antes de me puxar para deita na cama, descanso minha cabeça em seus peitos e fecho meus olhos.

Imagens de Jolie tomam conta de minha mente, momentos que passamos juntas a sorrir e a brigar. Ela era como uma irmã mais velha, vivíamos brigando por coisas fúteis. Chega a ser impossível segurar minhas lagrimas, Leon começa a fazer carinho na minha cabeça, uma massagem lenta que acaba me acalmando. Por alguns segundos esqueci que ele estava aqui, sei que ele só quer ajudar, mas algo dentro de mim quer expulsa-lo daqui para que fique um tempo só. Seu cheiro amadeirado é quase imperceptível, seu toque é suave. Ele começa a cantarolar até que peguei no sono em seus braços.

Durante cinco dias consecutivos tenho ido ao cemitério visitar a Jolie, Leon tem me acompanhado sempre — acho que ele está levando muito a sério sua promessa —, não estou achando ruim sua companhia, mas tenho medo que ele se canse de mim, e mais agora que vou passar uns dias em sua casa.

Ele convenceu meus pais que poderia fica em sua casa por enquanto que não encontro um apartamento. Já disse aos meus pais que poderia ficar no alojamento, mas eles fazem questão em alugar um apartamento.

Tenho saído muito com Leon e alguma coisa mudou dentro de mim em relação a ele, não sei explicar, mas toda vez que ele sorri para mim eu acabo me perdendo em um mundo só nosso. Quando estou com ele o medo que sinto desaparece, não sei direito o que está acontecendo, mas gosto da sua companhia, ele me faz feliz mesmo estando triste.

Escuto o som irritante do meu despertador. Levanto-me para desliga-lo antes que acorde o Leon, olho para a cama ao lado para ter certeza que ele ainda se encontra dormindo. Como estava muito tarde e chovendo muito ontem a noite ele acabou dormindo aqui, ele estava no quarto de hospede que é ao lado do meu, mas acabei tendo um pesadelo e acordei aos gritos, não demorou muito até que a porta do meu quarto se abril e ele apareceu preocupado. Ficamos conversando durante a maior parte da noite, até que finalmente peguei no sono.

  Pego minhas roupas que deixei preparada e vou até o banheiro, ligo a água fria e quente e deixo que encha a banheira enquanto retiro minha roupa entrando logo em seguida na mesma. Finalmente vou para Inglaterra, vou tentar esquecer tudo o que aconteceu e recomeçar do zero — Se for possível —, aconteceu tudo ao mesmo tempo, primeiro o fim do meu noivado com o Noah, depois a morte do meu avô e agora o acidente e a morte da Jolie, sofro até com a morte do Sam o motorista do carro. As pessoas dizem que sou sortuda por ter sido a única sobrevivente, mas os sortudos foram os que morreram, não estou condenando minha vida, mas ver os pais da Jolie doeu, foi à coisa mais difícil que já fiz.

Não tenho dormido muito bem, todas as vezes que fecho meus olhos passa um flash do acidente, eles não são claros, mas o pouco que vejo me faz acorda aos gritos. Saiu da banheira e me enxugo, após me vestir saiu do banheiro, Leon ainda se encontra dormindo agarrado com o travesseiro, sorrir com a cena e saio do meu quarto indo na direção da cozinha.

— Bom dia — digo para a senhora loira de olhos azuis cinzentos que reconheço como mãe.

— Bom dia — ela retribui. Encosto-me a bancada e ela me dá uma bandeja com os pães e bolos. — Dormiu bem? — Pergunta.

— Sim, como um anjo — minto. Levo a bandeja para mesa.

— Leon, ainda está dormindo? — Ela traz as jarras com suco e descansa as mesmas na mesa.

— Sim, não queria acorda-lo tão cedo — sento-me. Ela confirma e se senta à minha frente.

— Não querendo ser intrometida, mas o que acontece entre vocês dois.

— Nada, somos só amigos — coloco um pouco de suco no meu copo e começo a beber.

— Não é o que parece. Vejo o jeito que ele te olha — numa ação rápida o suco volta para o copo e eu me engasgo. Minha mãe gosta de ver coisa onde não tem, primeiro foi com o Noah e agora ela já está com essa para o Leon.

— A senhora está vendo coisa onde não existe — trato logo de responde.

— Bom dia — meu pai aparece e dou graças. Não que a companhia da minha mãe seja chata, mas fico um pouco desconfortada perto dela. — Como dormiu? — Pergunta deixando um beijo no topo da minha cabeça.

— Bem, e o senhor?

— Dentro do possível — responde. Com meu pai é sempre assim, ele nunca está bem, é sempre dentro do possível, mas já estou acostumada.

— Bom dia — ouço a voz de Leon e saio dos meus pensamentos.

Ele senta ao meu lado e mostra seu sorriso habitua, fico um pouco sem graça com seu gesto e sinto minhas bochechas aquecerem. Minha mãe faz um barulho com a boca como se estivesse coçando a garganta, reviro os olhos e volto a presta atenção na minha comida.

Todo resto da manhã se tratou do silencio entre minha mãe e eu, e das conversas do Leon com meu pai. O carro que irá nos levar para o aeroporto chega e o senhor começa a colocar minhas malas no porta-malas.

— Vou sentir saudades querida — meu querido pai diz ao me abraça. — Foi um prazer reencontra-lo Leon. Mande lembranças aos seus pais — ele fala e o cumprimenta. — Cuide bem do meu bebê — meu pai puxa o Leon para um abraço.

— Se cuida, e prometa que vai me ligar todos os dias — minha mãe fala com um sorriso angelical no rosto.

— Mãe! — Repreendo. Ela me lança um olhar de juízo final. — Está bem, prometo que vou tentar ligar todos os dias — a abraço.

— Lizy! — Ouço a voz familiar do Noah, quando me viro ele parece sem graça e está com as mãos no bolso, dou um pequeno sorriso e ele retribui. — Podemos conversar? — Olho para Leon, não sei porque, mas olhei, ele me dá um sorriso e assentiu, começo a caminhar com Noah para longe.

— Só queria me despedir — ele admite e vejo seus olhos verdes brilharem junto com a luz do sol. — Estou muito orgulhoso, nem acredito que consegui — sorrir.

— Nem eu acredito ainda — olho para trás e vejo Leon conversando com meus pais.

— Mesmo que não pareça, estou feliz por vocês — fala e eu olho confusa para ele.

— Hã? — E tudo que sai da minha boca.

— Estou falando de você e do Leon — ele volta a colocar as mãos no bolso e aponta para o Leon com a cabeça.

— Ahhh — sorriu. — Somos só amigos — digo e ele balança a cabeça em negação. Por que é tão difícil acreditar que entre um homem e mulher possa haver amizade, Leon e eu sempre fomos e sempre seremos amigos.

— Não precisa mentir para mim Lizy, já terminamos há quase três meses, e você tem o direito de seguir em frente — diz coçando a nuca e dando um meio sorriso sem graça.

— É sério Noá, somos só amigos.

— Amigos? — Confirmo. — Amigos não falam o que escutei Lizy, estava lá no Hospital e escutei saindo da própria boca dele — quero pergunta o que ele ouviu, mas meu pai começa a me chamar. — Ele merece você mais do que um dia mereci, e você sabe disso. — Meu pai me chama, mais uma vez. — Vou sentir sua falta — ele me abraça. Digo que vou sentir sua falta também e nos separamos. Volto até os meus pais e dou um abraço de despendida antes de entrar no carro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sonhei Que Amava Você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.