Card Captor Chronicle escrita por teffy-chan


Capítulo 14
Capítulo 14 - Tentação




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O grupo se dirigiu na direção indicada por Mokona. Correram por alguns quarteirões, até que uma presença diferente começou a se manifestar. Uma que Sakura conhecia muito bem.
Uma Carta.

— Esperem! — a garota exclamou e o grupo parou de correr — Estou sentindo a presença de uma Carta.
— Agora? — Kurogane exclamou — Por essas Cartas sempre aparecem ao mesmo tempo que a pena?
— Não sei, mas eu preciso capturá-la — Sakura deu um giro completo, procurando pela presença da Carta — Ali! Está vindo daquela direção! — ela apontou.
— Bem, então acho que é aqui que nos separamos — Syaoran falou — Boa sorte com a… — ele não conseguiu terminar a frase. A "coisa" que estava devorando os objetos da escola dias atrás reapareceu e devorou boa parte da calçada que estava entre eles e Syaoran. Quando desapareceu, o garoto não estava mais ali.
— Syaoran-kun! — a Princesa Sakura exclamou — O que aconteceu com ele?
— Parece que aquela coisa o levou para algum lugar — Fye disse, encarando a cratera que havia se formado na calçada. Ele ficava estranho sem o costumeiro sorriso no rosto.
— Ele… não foi devorado, não é? — a Princesa indagou, sentindo os olhos marejarem — Se alguma coisa acontecer com ele…
— Ei, aquele garoto é forte, esqueceu? Não vai se deixar ser derrotado assim tão facilmente — Kurogane falou.
— É minha culpa - Sakura murmurou, fechando as mãos trêmulas — Aquilo foi obra de uma Carta. Se eu a tivesse capturado logo, isso não teria acontecido.
— Sakura-chan, não é culpa sua — Tomoyo falou gentilmente — O poder dessa Carta é muito forte…
— Esse é mais um motivo para eu capturá-la de uma vez! — ela exclamou — Preciso fazer isso logo antes que ela leve mais alguém…

— Sakura, cuidado!

A garota sentiu um empurrão nas costas e foi amparada por Tomoyo para que não caísse no chão. Quando se virou, viu que o que quer que estivesse devorando o cenário ao redor deles tinha levado Li com ela. E, para piorar, também levou a Princesa Sakura junto, já que a menina estava perto dele.
— Essa não… perdemos a Princesa — Fye disse com a expressão de uma criança que tinha quebrado um jarro muito caro de sua mãe — Syaoran-kun vai nos matar quando souber.
— Isso se ele ainda estiver vivo — Kurogane falou. Dessa vez foi ele quem recebeu um tapa na cabeça.
— Não diga isso! — Fye censurou — Não foi você quem acabou de falar que Syaoran-kun é forte? É claro que ele está vivo.
— Li… — Sakura murmurou, sem dar atenção a eles — Droga… mas que droga! — ela bateu o pé no chão enraivecida e esfregou os olhos com as costas da mão. Precisava capturar aquela Carta a qualquer custo. Tinha que trazer seus amigos de volta. Trazer Li de volta — Já está na hora de acabar com isso. Vamos, apareça! — Sakura gritou para a Carta. Seja lá onde ela estivesse, a garota tinha certeza de que a Carta podia escutá-la — É a mim que você quer, não é? Deixe os meus amigos em paz!

Mas não foi a Carta que apareceu. A pouco mais de um metro dali, um objeto brilhante que irradiava um poder incrível estava caído, como se estivesse ali há muito tempo. Sakura continuava frustrada com a situação e não percebeu aquela força mágica tão perto dela. Apenas uma pessoa notou.

— Incrível.

Sakura, Fye e Kurogane se viraram para trás e viram que Tomoyo segurava a pena que os viajantes tanto procuravam em uma das mãos, girando-a entre os dedos e examinando-a com cuidado.

— Ah! Essa é uma das penas da Princesa! — Kurogane apontou escandalosamente — Como você conseguiu pegá-la tão facilmente?
— Ela estava caída aqui o tempo todo — Tomoyo respondeu, sem tirar os olhos da pena — Então era isso que vocês estavam procurando? Tem mesmo um poder impressionante.
— Tomoyo-chan? — Sakura chamou confusa — Do que está falando? Você não consegue usar magia…
— Ah, eu consigo sim — a garota discordou — Posso sentir o poder dessa pena fluindo pelo meu corpo. Então é assim que você se sente enquanto está lutando, Sakura-chan? É realmente fantástico!
— Tomoyo-chan, o que…?
— Essa não — Fye disse perto dela — Sakura-chan, preste atenção. Durante as nossas viagens, encontramos algumas pessoas que, embora fossem bondosas, sucumbiram ao poder da pena por não saberem controlá-lo. Esse parece ser o caso da Tomoyo-chan.
— O que? — Sakura exclamou incrédula — Isso é loucura! Ela jamais me atacaria.
— Mas é claro que não! — Tomoyo concordou, embora não tirasse os olhos da pena — Somos amigas. Por que está dizendo isso, Fye-san? Achei que você também fosse meu amigo.
— Claro que somos amigos — ele voltou a exibir o sorriso de sempre — E a Princesa Sakura é minha amiga também, você sabe. Então, será que pode fazer o favor de devolver a pena? Ela pertence à Princesa afinal.
— Ela não está aqui agora. Então não vai precisar dela — Tomoyo recuou um passo.
— Oh… então não quer devolver a pena que nós tivemos tanto trabalho para encontrar? — Kurogane perguntou. Parecia estar pensando se deveria ou não considerar Tomoyo como uma ameaça.
— Não é que eu queira roubar a pena dela, entende? Mas é que existe tanto poder dentro dela… mal dá para acreditar que existe tanto poder dentro de algo tão pequeno! — Tomoyo rodopiou, olhando encantada para a pena. Parou de repente e encarou Sakura — E com esse poder eu finalmente poderei te ajudar de verdade, Sakura-chan!
— Ah, entendi. É pela Sakura-chan — Fye murmurou para si mesmo — Entendo que você queira ajudar a sua amiga, Tomoyo-chan. Mas você não pode fazer isso usando uma coisa que pertence a outra pessoa…
— Claro que posso! — ela exclamou. Uma forte ventania formou-se a partir da garota, fazendo Fye recuar — Tem alguma ideia de como é ser uma pessoa comum, observando os amigos lutarem e se arriscarem, sem poder fazer nada? Não, aposto que você não tem! Você é um mago, correto, Fye-san? Então por que não usa sua magia para me enfrentar?
— Porque não seria correto lutar contra uma amiga. Principalmente uma que está usando o poder da pena de outra amiga minha — ele sorriu carinhosamente para a menina, tentando acalmá-la.
— Você não entende… nenhum de vocês entendem como isso é frustrante! — ela exclamou de novo, fazendo o poder da pena se manifestar mais uma vez. Uma rajada de vento mais forte soprou. Kurogane fincou sua espada no solo e apoiou-se nela, colocando-se na frente dos demais.
— Eu entendo isso, acredite — Kurogane falou — Também não posso usar magia. Mas consegui ficar mais forte a minha própria maneira. Se você quer ajudar sua amiga, deveria fazer isso de outra forma, e não roubando o poder e as lembranças de outra pessoa — ele retirou a espada do solo e a apontou para Tomoyo.
— Espere! — Sakura colocou-se diante dele, com os braços abertos — Por favor, deixe que eu resolvo isso — ela pediu, fazendo o homem soltar um resmungo e guardar sua espada — Tomoyo-chan, por favor, pare. Devolva a pena da Princesa.
— Mas por que? Eu só quero te ajudar a capturar as Cartas! — ela explicou — Quero dizer, eu adoro preparar suas fantasias e te filmar, mas, no fim das contas, continuo sendo apenas uma expectadora. Se eu tiver esse poder em minhas mãos, finalmente poderei ser útil!
— Tomoyo-chan — Sakura se aproximou dela lentamente — Você não precisa disso para ser útil para mim. Você é a minha melhor amiga. É quem melhor me compreende, quem sempre me dá os melhores conselhos… sempre que tenho algum problema, mesmo que não envolva as Cartas, sei que posso contar com você. E isso é melhor do que qualquer magia que possa existir.
— Sakura-chan… — Tomoyo não conseguiu terminar a frase. Ela caiu desacordada nos braços da amiga quando Kurogane acertou um ponto sensível em seu pescoço, fazendo-a desmaiar.
— Tomoyo-chan! O que você fez com ela? — Sakura exclamou alarmada.
— Não se preocupe, ela só desmaiou — o homem respondeu — Ela não parecia que ia soltar a pena, e lutar com uma garotinha desse tamanho também estava fora de cogitação. Essa foi a melhor solução que encontrei.
— Atacar a menina pelas costas? Muito bem, Kurorin — disse Fye. Era difícil saber se ele estava de fato elogiando ou sendo irônico — Só tem um pequeno problema no seu plano: A pena desapareceu de novo.
— O que? — Kurogane olhou ao redor. Ele tinha razão, a pena tinha sumido — Ah, você só pode estar brincando!
— Tomoyo-chan… eu não fazia ideia de que você se sentia assim — Sakura falou entristecida, encarando a amiga desacordada. Lembrou-se de todas as vezes em que Tomoyo a acompanhava quando ia capturar uma Carta, sorridente e filmando-a. Uma onda de culpa a invadiu por não ter percebido como a amiga se sentia.
— Não fique assim. Aquela não era a Tomoyo-chan de verdade, você a conhece melhor do que nós, sabe que ela não é desse jeito — Fye apoiou a mão no ombro de Sakura — Quando a pena cai nas mãos de uma pessoa comum, ela acaba se deixando levar, por mais bondosa que seja. E, quando isso acontece, é o poder da pena que acaba manipulando a pessoa, e não o contrário.
— Eu entendo, mas…
— Não fique triste, Sakura! — Kero exclamou — Você viu que, no fim das contas, a Tomoyo só queria te ajudar, não foi? Você precisa conversar direito com ela sobre isso. Mas só depois que essa confusão acabar.
— Você tem razão — Sakura fez um esforço para se recompor — Eu ainda preciso ir atrás da Carta, mas… — ela hesitou. Não podia deixar Tomoyo largada ali sozinha.
— E nós da pena — Fye respondeu — Não se preocupe, Sakura-chan. Um de nós pode tomar conta da Tomoyo-chan enquanto o outro procura pela pena. Certo, Kuro-tan?
— Não me chame assim! — foi tudo que ele respondeu.
— Obrigada — Sakura repousou a amiga na calçada. Já tinha convivido com eles tempo o suficiente para entender que aquela implicância de Kurogane era equivalente a um "sim" — Então, eu preciso me apressar. Até mais tarde — ela partiu na direção de onde vinha a presença da Carta, sendo seguida por Kero.
— Então, cuide bem dela, Kurorin…
— Espere — ele falou — Você fica com a garota.
— Por que? — Fye olhou para ele curioso — Achei que você iria querer ficar com ela. Afinal, a Tomoyo-chan se parece com a Princesa Tomoyo do seu mundo, não é?
— Elas são fisicamente idênticas — Kurogane admitiu — Embora a Princesa Tomoyo seja um pouco mais velha do que essa nanica.
— Você não quer mesmo ficar? — Fye perguntou — Por mais que você fale mal dela, no fundo você ainda sente algum afeto pela Princesa Tomoyo, não é? Você a servia afinal, então é natural que sinta ao menos um pouco de respeito por ela.
— Aquela maldita me expulsou do meu mundo! Eu jamais respeitaria alguém assim! — Kurogane gritou para ele — Fique você tomando conta dela, já que se tornaram tão amiguinhos. Você é completamente inútil em batalhas mesmo, então ao menos sirva como babá e tome conta dessa menina direito! — Kurogane exclamou e se afastou dele, ainda resmungando.
— "Inútil", é? — Fye repetiu para si mesmo — Bem, acho que o Kurorin tem razão. Eu não sirvo para lutar. E parece que esse também não é o seu ponto forte, Tomoyo-chan — ele disse, deitando a menina em seu colo e pegando a câmera da garota que tinha caído no chão — Mas é uma pena. Você queria tanto gravar tudo o que ia acontecer durante a "batalha final", e acabou desmaiando por causa daquele bruto do Kuro-chan — ele lamentou. Apertou o botão vermelho da câmera e apontou para uma rua onde postes começavam a desaparecer ao longe, como se estivessem sendo devorados — Bom… vamos ver se eu aprendi a usar essa coisa direito.

 


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