Ao chegar em casa Adrien se jogou na cama, enterrando a cabeça nas almofadas.

— Adrien!? — Disse Plagg um pouco preocupado.

Sem se mover o loirinho resmungou uma resposta incompreensível.

Durante todo o caminho até sua casa, Adrien, pensou em tudo o que lhe havia acontecido naquele dia.

A rejeição da Ladybug, as lágrimas de Marinette, a sensação de sentir a menina de cabelos azuis em seus braços e todas as palavras que ela havia lhe dito.

Os dois estavam passando pela mesma coisa, os mesmos sentimentos conflitantes.

Ele estava arrasado por descobrir que sua amada não acreditava no amor dele por ela, mas também estava grato por ao menos ter sua amizade, eles eram melhores amigos e tudo o que esperava era que não tivesse estragado esta amizade com sua declaração desastrosa.

Enquanto isso, Marinette, estava despedaçada por um garoto que, pelo que Adrien percebeu, não fazia ideia do quanto ela era incrível.

Apesar de todas as lágrimas que a garota deixou escorrer pelo rosto ela ainda queria ser amiga do garoto que ama, mesmo que isso fizesse seu coração se partir.

Adrien se levantou e encarando seu Kwami disse:

— Plagg, a Marinette tem razão. A única coisa que posso fazer é me conformar com a amizade da Ladybug e torcer para que um dia ela também me ame.

Só espero não ter estragado essa amizade com as coisas que eu disse.

⠂⋆ ⠂

No dia seguinte Adrien chegou na escola e avistou Marinette no pátio. Ela estava sentada sozinha em um banco de cimento enquanto desenhava em seu caderno.

— Oi, Marinette.

A garota olhou para cima e se deparou com um lindo sorriso do garoto. Abruptamente ela fechou seu caderno para que Adrien não visse o que ela desenhava.

— O-oi.

A menina ficou nervosa com a presença do loiro, não só porque estava apaixonada por ele, mas por causa das lembranças que vinham à sua cabeça ao vê-lo.

A menos de 12 horas ela estava no terraço de sua casa envolta pelos braços de Cat Noir enquanto chorava incontrolavelmente. Tudo por causa do garoto que agora estava em sua frente.

— O que está desenhando?

Ele perguntou enquanto se sentava ao lado dela. Adrien estava preocupado com sua amiga, ele queria saber se ela estava melhor, mas não podia perguntar diretamente a ela sem que sua identidade fosse revelada.

As marcas da noite anterior ainda podiam ser percebidas no rosto da menina, os olhos ainda ligeiramente inchados e as olheiras que foram desfasadas com maquiagem ainda podiam ser identificadas.

Alguém que não soubesse do que aconteceu não perceberia, mas Adrien sabia de tudo, ele havia à abraçado enquanto tentava ao mesmo tempo tranquilizá-la e controlar os próprios sentimentos.

Adrien percebeu, surpreso, que Marinette mesmo com os cabelos um pouco bagunçados e os olhos ainda inchados, continuava linda.

Aparentemente as lagrimas da noite anterior fizeram com que os maravilhosos olhos azuis da menina brilhassem ainda mais que o normal.

— E-eu só estava fazendo alguns esboços.

Marinette falou baixinho olhando para o chão, ela sentiu uma tristeza se apoderar de seu corpo, a presença do garoto mexia muito com seus sentimentos.

Adrien conteve a vontade de pega-la em seus braços e abraça-la como havia feito na noite anterior. Vê-la naquele estado fazia com que seu coração se apertasse.

Como não podia abraça-la, Adrien, apenas colocou sua mão nas costas dela fazendo um leve carinho enquanto chegava seu rosto bem próximo dos da menina para falar com delicadeza.

— Marinette, você sabe que pode contar comigo sempre que precisar, não é? Eu sou seu amigo e estarei aqui se quiser desabafar ou se precisar de um ombro amigo.

“Sou seu amigo", “ombro amigo", “amigo”, estas palavras começaram a se repetir na cabeça de Marinette. Ela não queria ser só uma amiga de Adrien. Ela queria ser namorada dele.

Ouvi-lo dizer isto fez com que a menina se sentisse novamente como na noite anterior em sua varanda. O peso das palavras de Adrien fez com que que ela se lembrasse que eles nunca seriam nada mais que amigos.

As lagrimas encheram os olhos de Marinette e instintivamente ela colocou as mãos no rosto para tampa-lo.

Adrien percebendo o que estava acontecendo pegou a mão da menina afastando levemente do rosto dela. Marinette surpresa o encarou sem entender o que ele estava fazendo.

— Marinette, qual é o problema? Porque você está chorando?

Adrien estava realmente preocupado, não sabia por que, mas se sentia péssimo por vê-la daquele jeito.

— Eu quero te ajudar, mas para isso preciso saber o que está acontecendo. Afinal é para isso que serve os amigos.

Aquela palavra de novo! Marinette puxou a mão com violência para se desvencilhar do aperto do loiro e se levantou com o rosto repleto de lagrimas.

— Eu não preciso da sua ajuda! Só me deixa em paz.

Até mesmo Marinette ficou surpresa com o tom de voz que usou. Teria sido muito grossa com Adrien?

Provavelmente sim, mas ela estava chateada de mais para se preocupar com as consequências daquilo.

A garoto de olhos azuis saiu correndo sem olhar para trás. Ela torcia para que o garoto não resolvesse segui-la.

Adrien tentou ir atrás dela, mas quando começou a correr na direção de Marinette sentiu uma mão segurando seu pulso. Ele se virou e viu Alya com uma cara nada boa.

— O que você fez com ela?

— Eu!? Não fiz nada, eu só vi que ela não estava muito feliz e disse que se ela precisasse de um amigo para conversar eu estaria aqui. Não sei porque ela saiu correndo.

Alya já sabia do que havia acontecido na noite anterior, ela sabia de tudo menos que Cat Noir esteve lá. Marinette havia lhe contado por mensagem naquela manhã.

Alya entendeu o motivo da amiga ter fugido de Adrien naquele momento, a mera presença dele fazia com que a tristeza à abatesse novamente.

O loiro não tinha culpa por Marinette se apaixonar por alguém que não à amava, por isso Alya achou melhor não piorar as coisas brigando com ele.

— Ela só está chateada com algumas coisas que tem acontecido. Eu vou atrás dela para ver como ela está e enquanto isso você podia ficar longe dela, ok!? Pelo menos até ela se sentir melhor.

Adrien não queria se afastar de Marinette, principalmente agora que ela parecia tão frágil, mas ele sabia que era o melhor a se fazer.

— Tudo bem, só me fale como ela está depois. Estou preocupado com ela.

Alya ficou surpresa ao ver que o garoto realmente se preocupava com sua amiga. E sem deixar que isso lhe atrapalhasse correu atrás de Marinette para tentar acalma-la.

Enquanto isso Adrien a observou ir sentindo um aperto no coração ao pensar em Marinette.

— Adrien, o que aconteceu.

Nino estava agora atrás de seu amigo sem entender o que estava se passando. Adrien se sentou no banco e ficou olhando para o nada enquanto tentou explicar ao garoto ao seu lado.

— Não sei Nino. A Marinette não está muito bem hoje. Acho que disse alguma coisa que piorou as coisas, mas eu não sei o que. Ela está abalada por causa de um garoto.

— Ah! E como você ficou sabendo disso?

— Bem... eu... eu fiquei conversando com ela aquele dia no parque e ela disse que gostava de um garoto, mas que ele só a via como um amigo. Então eu deduzi que fosse por isso.

Adrien já sabia sobre o garoto que Marinette gostava desde o dia que foram tomar o sorvete do André, mas só sabia que ela estava mal por causa deste mesmo garoto por conta do encontro dela com Cat Noir na noite anterior. Adrien não podia dizer isto ao Nino e por isso acabou inventando uma desculpa.

— Ah! E você sabe quem esse garoto é?

— Não. Mas eu queria saber. Se eu soubesse daria um jeito de mostrar para ele o quanto a Marinette é incrível.

Adrien olhou para Nino surpreso ao vê-lo rindo.

— Qual é a graça?

Nino conteu o riso, ele sabia que a Marinette estava apaixonada por Adrien. A Alya havia lhe contado, mas ela o fez jurar que nunca contaria ao Adrien, mesmo ele sendo seu melhor amigo.

— Você devia abrir seus olhos, cara.

Disse nino colocando o braço sobre os ombros do amigo.

— Como assim?

— O garoto que a Marinette gosta está mais perto do que você imagina.

— Espera, você sabe quem é?

— A Alya me contou, mas me fez jurar que nunca contaria para ninguém, principalmente para você.

— Mas você pode pelo menos me falar se ele estuda aqui na nossa escola?

— Vou fazer melhor, vou te dizer que ele é da nossa sala.

Adrien começou a olhar em volta, observando todos os seus colegas ele começou a pensar e analisar. Afinal, quem seria a paixão de Marinete?

Nino deu um tapa de leve nas costas do amigo e sorriu ao falar.

— Você parece muito preocupado com tudo isso. Fico me perguntando se você não tem uma quedinha pela Marinette.

— Eu!? Claro que não, Nino. Eu e ela somos só amigos.

— E é aí que está o problema.

— O que você quer dizer com isso?

— Nada. Vamos para a sala que o sinal está tocando.

Adrien se levantou e foi em direção a sala de aula com Nino.

No caminho ele se perguntou se o que seu amigo havia dito não tinha um pouquinho de verdade.

Será que ele gostava da Marinette mais do que só como amigo?

⠂⋆ ⠂

Marinette atravessou o pátio correndo para fora da escola, não parou até escutar a voz de sua amiga lhe chamando.

— Marinette!

Ela se virou e encontrou Alya em seu encalço.

— Marinette, o que está acontecendo?

Alya percebendo as lágrimas escorrendo pelas bochechas da amiga à abraçou antes de dizer:

— Vem, vou te levar para casa.

— Mas e a aula?

— A gente fala para sua mãe que você não estava se sentindo bem.

As duas atravessaram a rua até a porta da padaria. Alya explicou para a mãe de Marinette que a menina não estava se sentindo bem e que ela iria ficar com a amiga até que ela melhorasse.

Sabine percebendo as lágrimas da filha entendeu que o “mal-estar” não tinha nada a ver com sua saúde.

— Tudo bem meninas, subam lá para cima. Vou preparar algo gostoso e daqui a pouco eu levo para vocês.

As garotas subiram as escadas até o quarto de Marinette e se sentaram na cama.

— Agora você vai me contar o que está acontecendo.

Marinette olhou para o chão e passou as mãos no rosto para secar as lagrimas.

— Eu só não sei mais se consigo continuar amando o Adrien.

— O que ele disse para você?

— Ele só ficou falando que eu podia contar sempre com ele – ela deu uma pausa e suspirou olhando para baixo — como amigo. Eu só... estou muito sensível ainda depois da noite com o Cat Noir.

— Espera! Com quem?

Marinette fez uma careta ao perceber o que acabara de dizer e apressou-se a tentar consertar as coisas.

— Com ninguém, e-eu e-estava sozinha ontem. Eu te disse isso.

— Marinette Dupain Cheng, não venha com essas desculpas esfarrapas para cima de mim. Eu não sou idiota. Pode ir explicando essa história toda.

Marinette se viu encurralada, ela ia ter que dizer a verdade. Então contou tudo, falou sobre a noite passada, suas confissões ao Cat Noir, as lágrimas, o carinho dele ao abraça-la e como ele foi gentil ao consolá-la.

Deixou de fora apenas sobre os sentimentos do gatinho pela Ladybug e as lagrimas que estavam nos olhos dele ao se separarem.

Alya ficou de boca aberta sem acreditar que o Cat Noir, o herói de Paris, o gato preto mais querido de toda a cidade esteve na varanda de sua melhor amiga.

— Você só pode estar brincando.

— Porque eu ia mentir com uma coisa dessas?

A essa altura Marinette já havia parado de chorar. Sabine havia feito macarrons e suco de abacaxi e levado para as meninas que estavam deitadas na cama de Marinette.

— E como ele é de perto?

— Serio mesmo que você está mais preocupada de como os olhos verdes do Cat Noir são lindos de perto do que de como eu estou?

— Os olhos dele são lindos!?

Alya não estava tão preocupada com Cat Noir, mas ela sabia que a mudança de assunto faria a amiga se sentir melhor.

Marinette estava surpresa ao perceber que realmente os olhos do gatinho eram maravilhosamente belos. E eles até se pareciam com os de Adrien.

— E então? São lindos mesmo? E o abraço dele como era?

— Eu não vou ficar falando do Cat Noir com você.

— Porque não?

— Porque é estranho.

— Estranho porque?

— Vamos mudar de assunto — disse Marinette com as bochechas coradas.

— Eu só não entendi até agora como é que ele foi parar na sua varanda.

— Eu já te disse. Ele estava passeando pela cidade quando me viu e...

Marinette foi interrompida pela amiga que começou a criar um bilhão de teorias na cabeça.

— Sabe o que eu acho? O Cat Noir é alguém que te conhece. Ele não ia parar na varanda de qualquer um e ficar te abraçando para te consolar.

— Alya, o Cat Noir não é alguém que eu conheça.

— Como você pode saber? Ele pode ser qualquer um. Ele deve ser alguém da nossa escola, talvez até alguém da nossa sala.

Marinette sorriu ao ouvir as teorias malucas da amiga. Alya ficou feliz ao ver que Marinette parecia muito melhor.

— Daqui a pouco você vai dizer que o Adrien é o Cat Noir.

— Porque não?

— Eu saberia se ele fosse.

— Claro, porque você tem um radar de Adriens.

As duas meninas começaram a rir, Marinette se sentia muito melhor. A tristeza que a consumia havia sumido por completo.

— O que eu faria sem você, Alya?

— Nada, Marinette. Você seria só mais uma garota sem uma melhor amiga.

As duas ficaram ali, deitadas na cama olhando para o teto por mais algumas horas enquanto riam e conversavam sobre diversos assuntos, alheias a todas as preocupações que se passavam na cabeça de um certo garoto loiro que se perguntava por que as duas ainda não haviam voltado.