— Você foi muito dura com ele — disse Tikki enquanto Marinette olhava as estrelas da varanda de seu quarto.

— Cat Noir é um mulherengo, Tikki. Ele dá em cima de todas as garotas, não é como se ele estivesse falando sério quando disse que me ama.

— Como você pode ter tanta certeza de que ele estava mentindo?

— Eu não quero ficar falando sobre isso, ta bom? Eu já tenho problemas de mais para ter que ficar discutindo com você sobre o Cat Noir.

— E com problemas você quer dizer Adrien?

Marinette se escorou na grade da varanda e começou a pensar no loirinho, ela deu um longo suspiro antes de continuar:

— Eu amo ele Tikki, mas ele ama outra pessoa. Aquele dia foi tão perfeito, dividir um sorvete com ele... ouvir a voz dele me pedindo para ficar mais um pouco... eu até pensei que ele gostava de mim naquele momento, mas não, o Adrien só queria companhia porque estava se sentindo sozinho, só queria uma amiga. Ele só me vê como uma amiga!

A garota sentiu seu coração apertar no peito.

— Isso machuca, Tikki. Machuca muito.

As lagrimas começaram a escorrerem por suas bochechas, a dor em seu peito era tão grande que ela não aguentou ficar em pé e se sentou em um banquinho que estava ao seu lado. A menina colocou as mãos no rosto e deixou os soluços a controlarem.

— Marine...

Tikki começou a falar enquanto ia na direção da amiga, mas se deteve ao perceber um movimento a sua direita.

— Marinette!?

A garota de cabelos azuis reconheceu a voz no exato instante em que o som chegou ao seus ouvidos. Ela levantou o rosto e deu de cara com um par de olhos verdes.

— Você está chorando? O que aconteceu?

A menina deu um pulo ao perceber a proximidade do gatinho preto, se desequilibrando e caindo do banquinho. Ela tentou se levantar rapidamente, mas acabou escorregando e caindo de bunda no chão novamente.

— Ei! Calma, deixa que eu te ajudo — disse Cat Noir segurando a pela mão e lhe ajudando a levantar.

Marinette envergonhada passou as mãos pelo rosto tentando desfarsar as lagrimas que escorriam por seu rosto.

— C-cat N-noir!? O que você está fazendo aqui?

— Eu estava passeando pela cidade quando ouvi você. O que aconteceu? Você esta chorando?

— E-eu... B-bem...

Marinette gaguejou tentando arrumar uma desculpa, mas do que adiantaria mentir? O gatinho estava vendo o estado dela, seu rosto estava inchado de tanto chorar, as lagrimas ainda molhavam seu rosto e os soluços ainda lhe atacavam.

Apesar de tudo Marinette sabia que Cat Noir era confiavel. Ele podia ser um mulherengo galanteador, mas era confiavel. Quando ela era Ladybug eles eram melhores amigos, então porque ela não podia ser amiga dele sendo Marinette?

A garota andou até a grade e se escorou ali, o gatinho à seguiu e se acomodou ao lado dela. Antes de começar a falar ela tentou se acalmar dando um longo suspiro.

— Cat Noir, porque a vida tem que ser tão cruel? Com tantas pessoa no mundo nós nos apaixonamos justo por aquelas que nunca estarão ao nosso alcance.

— Eu sei bem como é isso - o gatinho olhou para baixo triste ao pensar na joaninha — eu me declarei para a Ladybug hoje e tudo que ela conseguiu me dizer foi que eu não deveria ficar brincando com o amor. Ela acha que eu sou um galanteador que gosta de brincar com o sentimento das pessoas.

Marinette percebendo o quanto o gatinho estava magoado com as coisas que ela disse ficou arrependida por ter sido tão dura com ele.

— Ela não acha isso.

— E como você pode saber? Você não é ela.

— Bem... Eu posso não ser a Ladybug, mas eu sei que vocês são melhores amigos. Então ela não pode achar que você é uma má pessoa.

— Você pode estar certa quanto a isso, o problema é que ela nem ao menos considerou a ideia. Ela em momento algum pensou que eu podia estar falando a verdade.

Cat Noir observava os carros passando na rua lá em baixo, sua expressão era tão triste que fez com que Marinette percebesse que ele não estava brincando. Os sentimentos do gatinho pela Ladybug eram reais.

— Espera! Você está falando serio?

— Eu nunca brincaria com uma coisas dessas. Eu faço piadas e tudo mais, mas só com ela. Marinette, o que eu sinto pela My Lady é real. Ela é tão bonita e bondosa, sempre disposta a sacrificar tudo para ajudar as pessoas. Eu amo a Ladybug! O problema é que não é reciproco.

Ouvir aquelas palavras sairem da boca de Cat Noir fez com que o coração de Marinette se agitasse. Ela se sentiu uma idiota por ter sido tão rude com o gatinho.

Aproximando-se dele, Marinette colocou sua mão sobre a dele que olhou para ela no mesmo instante. Seus olhos se encontraram e eles ficaram por alguns segundos um mergulhado no brilho dos olhos do outro.

— Cat Noir, sei que é difícil para você. Eu estou me sentindo arrasada, também. O garoto que eu amo nem ao menos percebe que eu gosto dele. E se já era dificil para mim contar para ele antes, agora que sei que ele gosta de outra pessoa é ainda mais dificil. Talvez fosse mais facil se nós dois gostassemos de outras pessoas, mas não dá para mandar no coração. Teremos que superar isso e nos conformar com a amizade deles. Eu só espero que um dia ele também me ame.

Cat Noir que escutava atentamente tudo o que Marinette falava percebeu que os olhos da menina se enchiam de lagrimas. Uma gotinha escorreu pela sua bochecha e ele colocou a mão no rosto dela para limpa-la.

— Não chora princessa. Não deixe que ele faça isso com você.

A voz do gatinho era tão suave que tranquilizou a pequena de olhos azuis, mas as lagrimas ainda desciam pelas suas bochechas.

Cat Noir sentiu um aperto no peito ao vê-la neste estado. No impulso ele a envolveu com seus braços e à apertou em um abraço, ao sentir o calor do corpo do gatinho Marinette se desmanchou em lagrimas e soluços, seu corpo tremia incontrolavelmente enquanto Cat Noir acariciava as costas dela ao mesmo tempo em que lhe apertava nos braços.

— Vai ficar tudo bem princessa — ele sussurrou no ouvido dela — descarrega tudo, deixa que as suas lagrimas levem embora toda essa tristeza.

⠂ ⋆ ⠂

Cat Noir e Marinette ficaram por mais alguns minutos abraçados, e quando em fim se separaram Marinette percebeu que não era a unica que havia chorado.

— Obrigada, Cat Noir. Eu não sei como estaria se você não estivesse aqui.

O gatinho deu um sorriso de canto e se aproximando de Marinette deu-lhe um beijo na testa antes de dizer:

— Sempre estarei aqui quando precisar, princesa.

Ela sorriu se sentindo muito melhor e Cat Noir percebendo isto viu que sua missão ali já estava acabada.

— Eu tenho que ir já está tarde. Gostei muito da sua companhia.

Dizendo isto ele subiu no telhado da casa e com um sorriso e um leve aceno de despedida foi embora. Marinette o observou sumir a distância, sentindo seu coração acelerar. Ela estava mais calma e de certa forma até feliz.

Marinette também gostou da companhia do gatinho e esperava que pudesse vê-lo novamente em sua varanda.