Um estrondo veio da porta do quarto, o que assustou os três fugitivos.

— Essa porta não vai segura-la por muito tempo — Disse Luka.

Ele se abaixou perto da cama e puxou uma gaveta escondida debaixo dela. Olhando para Marinette ele disse estendendo a mão para a menina:

— Vêm, escondam-se aqui, eu vou distrair a Capitã Hardrock.

Marinette não gostou da ideia de deixar Luka se sacrificar para salva-los, mas sabendo que era a única maneira de conseguir se transformar em Ladybug se aproximou e deixou que o garoto lhe ajudasse a se deitar na gaveta. Em seguida Adrien se colocou ao lado dela e o menino de cabelos azuis os fechou lá dentro.

Adrien percebendo a proximidade da menina sentiu seu coração acelerar. Ele olhou para ela e esperou que sua visão se ajustasse a escuridão. Se fosse o Cat Noir não teria problemas em ver o que estava em sua frente, mas como não poderia se transformar ali teve que se conter em uma visão parcial do rosto de Marinette. Aqueles olhos azuis o observavam, ela parecia nervosa o que deu a Adrien uma desculpa para segurar sua mão. Ele entrelaçou seus dedos nos dela e sussurrou:

— Vai ficar tudo bem, princesa.

Marinette sentiu um arrepio pelo seu corpo ao ouvi-lo chama-la pelo mesmo apelido que Cat Noir havia usado certa vez. Seu rosto corou e ela agradeceu pela falta de visibilidade. Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa um barulho da porta do quarto sendo escancarada surgiu seguida da voz de Luka.

— Adrien, Marinette, rápido! Fujam para o convés!

Após os gritos do garoto ouviu-se um barulho de correntes e um gemido. Aparentemente Luka conseguiu realizar sua missão de enganar a akumatizada, mas acabou sendo pego novamente no processo. Um ruído de passos foi seguido da portinhola do barco sendo aberta e em seguida a voz da Capitã Hardrock.

— Eles não devem estar muito longe.

A mulher olhou pela janela e não vendo os fugitivos saiu do cômodo. Adrien e Marinette ficaram em silêncio por um instante até ter certeza de que a akumatizada havia ido embora. Com os dedos ainda entrelaçados nos da garota, o loirinho abriu uma greta da gaveta para verificar se o caminho estava seguro. Ao constatar que não havia ninguém ali saiu do esconderijo e ajudou Marinette a se levantar.

— Temos que sair daqui — O garoto apertou ainda mais a mão da menina e observando ao seu redor percebeu que o quarto tinha outra saída — Vem, tem outra porta ali, vamos ver onde ela vai dar.

Ele puxou Marinette em direção a outra ponta do quarto, mas foi detido pela garota que o segurou fazendo com que ele parasse.

— Mas e os outros? — questionou a menina olhando para o lado de onde seus amigos estavam presos.

— Não sabemos se é seguro ir por ali. O melhor é tentarmos sair daqui e procurar ajuda. Não vamos ajudar em nada se estivermos presos também.

Marinette considerando as palavras do loirinho assentiu com a cabeça e deixou que ele à conduzisse. Do outro lado da porta havia outra escada, na qual eles subiram devagar com medo de serem capturados novamente.

Os degraus levaram até uma cabine que dava para a proa do navio. O local parecia ser seguro, se fechassem a porta não seriam vistos. O garoto sem soltar a menina ficou de frente para ela e olhando no fundo de seus olhos disse suavemente:

— Marinette, eu quero que você fique aqui. A Capitã Hardrock não vai te encontrar se você ficar quietinha. Você pode ficar abaixada atrás daquelas caixas — falou enquanto apontava para uma pilha de caixotes de papelão.

— Mas, e você — perguntou a pequena preocupada.

— Eu vou procurar ajuda. Pode ser perigoso e eu não quero que nada aconteça a você.

O garoto sentia um instinto protetor se apoderando de seu corpo, ele não se perdoaria se algo acontecesse a menina. Eles podiam não estar se entendendo muito bem naquele momento, mas os seus sentimentos por ela, percebeu, eram quase tão fortes quantos os que sentia pela sua parceira mascarada.

A garota de olhos azuis, assim como quando Luka se sacrificou, não gostou da ideia de deixar o loirinho ir sozinho. O problema é que se ela fosse com ele não conseguiria se transformar em Ladybug para enfrentar a Capitã Hardrock.

— T-tudo bem — concordou ela — Vou me esconder aqui.

O aperto em seu peito era vestígio dos sentimentos que estava tentando suprimir. Apesar de esforçar-se em esquece-lo uma dorzinha no coração fez com que ela visse que não se perdoaria se algo acontecesse com ele. Ela soltou a mão do loiro e tentando não tremer colocou-a em seu rosto, olhando no fundo daqueles olhos verdes hipnotizantes.

O toque surpreendeu Adrien que sentiu um formigamento onde a pele dela encostava na sua. Seu coração batia tão forte que se perguntou se Marinette conseguiria escuta-lo.

— T-tome cuidado — suplicou ela.

Adrien com um meio sorriso envolveu a mão da garota com a sua e após um longo suspiro respondeu.

— Pode deixar, eu estarei aqui para você assim que tudo isso acabar.

Após estas últimas palavras o menino saiu do local fechando a porta atrás de si. Tudo o que ele pensava era que gostaria de poder ficar mais um pouco com a garota dos cabelos azuis.

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Após verificar se Adrien já estava longe, Marinette, se transformou em Ladybug e em seguida desceu até onde seus amigos estavam acorrentados para solta-los. Usando seu ioiô quebrou as correntes e vendo Luka foi até ele para ajudá-lo a se levantar.

O garoto preocupado com sua recém descoberta amiga perguntou para a heroína:

— Ladybug, Marinette está bem?

A joaninha sorriu ao perceber a aflição do guitarrista. Ele realmente estava muito apreensivo por não saber de Marinette.

Como não gostar de um garoto tão fofo assim?

— Não se preocupe ela está bem. Foi ela quem me pediu ajuda.

O rockeiro ficou impressionado. Ele sabia que a menina era altruísta, coisa que sua irmã já havia comentado em uma de suas histórias sobre a escola. Um sorriso se apoderou de seu rosto, o que fez a heroína se derreter.

Como não amar esse sorriso?

— Ela é uma garota incrível — afirmou ele.

Ladybug corou com o elogio, mas não se deteve ali por muito tempo. Pediu aos seus amigos para se esconderem e ficarem ali em baixo, que era mais seguro. Ao ter certeza que eles não corriam nenhum risco, a joaninha seguiu seu caminho rumo a akumatizada.

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Cat Noir lutava contra a Capitã Hardrock que com um golpe de suas correntes lançou o gatinho para longe. Ele caiu no chão e sentiu alguém lhe puxando. A joaninha segurando o pelo braço o arrastou para detrás de várias caixas, tampou sua boca para que ele não fizesse nenhum barulho até que a akumatizada passasse sem vê-los.

O garoto vendo sua paixão secreta sentiu as borboletas em seu estomago ao mesmo tempo que uma tristeza o assolou. O último encontro dos dois não havia sido dos melhores e o clima ainda estava um pouco tenso entre eles.

Após ter certeza que a vilã não sabia onde estavam, Ladybug, soltou o gatinho que se virou para ela sem jeito.

— Ladybug — falou Cat Noir com um sorriso amarelo — Que bom te ver.

A joaninha percebeu a tensão na voz do gatinho e se lembrou de como foi rude com ele em seu último encontro. O herói havia aberto seu coração e se declarado a ela e tudo o que conseguiu dizer foi que ele não devia brincar com coisas serias.

— Cat Noir... eu queria me desculpar.

O garoto surpreso sentiu sua respiração se descontrolar, seu coração acelerar e um frio na barriga o deixou ainda mais nervoso. Ele ainda estava apreensivo sem saber se havia estragado a amizade com a pequena mascarada.

A menina não sabia exatamente o que dizer, os sentimentos do bichano eram realmente reais e isso a deixava horrível por tê-lo machucado daquela maneira rude. O amor de Cat Noir por Ladybug era tão grande quanto o que ela sentia pelo loiro modelo.

— Quero que me desculpe pelas coisas que disse no outro dia, eu estava um pouco triste com uns acontecimentos. Descontei minha raiva em você e isso é péssimo. Eu... bem... sei que você gosta de mim, mas eu não posso retribuir esse sentimento — sua voz saiu tão abalada que o gatinho percebeu que ela estava tentando não magoa-lo ainda mais —  Eu... gosto de uma pessoa, e... bem, tudo está tão confuso agora.

A pequena olhou para seu amigo e viu compreensão em seu olhar. Cat Noir estava com os sentimentos tão bagunçados quanto os dela, mas havia se decidido, tentaria uma última vez. O gatinho enfiou a mão no bolso e retirou dali um cartão vermelho em formato de coração. O papel estava meio amassa por estar ali desde o dia dos namorados. Isso não importava, eram os sentimentos dele que foram expressos naquelas linhas. Esta seria sua última tentativa antes de ter certeza de que o melhor seria partir para outra. Aquele bilhete seria o que faria sua vida mudar. Seria sua última chance de amor com a joaninha.

O garoto tremia um pouco, seu coração estava a ponto de sair pela boca. Isso não o impediria de realizar seu plano, entregou o pequeno papel para a menina e envolvendo as mãos dela com as dele, penetrou os olhos da pequena com os seus.

Provavelmente aquela seria a última vez que ele a olharia daquela maneira, cheio de desejo implorando por seu amor.

— My Lady, quero que fique com isso. Está um pouco amassada porque está no meu bolso desde o dia dos namorados. Eu entendo que você não gosta de mim da mesma maneira.

Cat Noir fez uma pausa juntando coragem para dizer tudo o que havia planejado. Neste meio tempo, Ladybug sentiu um aperto no peito ao perceber a tristeza na voz do gatinho. Ela nunca quis machuca-lo, ele era o seu melhor amigo e percebeu que talvez se não amasse tanto o loirinho poderia ama-lo também. O problema é que não se pode controlar o coração, ele tem vontade própria e parece amar sempre a pessoa menos acessível. Porque não poderia ser mais fácil? Porque ela não poderia amar Cat Noir? Seria tudo tão mais fácil, para ela e para se amigo mais precioso.

— Cat Noir...

— Não, por favor me deixe acaba. Eu entendo que não me ame, e é por isso que quero que fique com isso aqui. Essa carta ainda me prende a você. Esse pedaço de papel ainda me lembra do que sinto. Sei que não vai ser fácil, mas essa será minha última tentativa. Quero que leia isso, não agora. Quando estiver na sua casa. Quero que leia e reflita uma última vez. Se você realmente não quiser nada comigo eu vou entender.

Naquele momento os olhos do pequeno estavam marejados, ele se aproximou da joaninha e deu lhe um beijo suave na bochecha e em seguida olhou fixamente para aquelas duas joias azuis, seus narizes quase se tocando pela proximidade.

— Só quero que não me abandone, My Lady — sua voz era tão suave e desesperada que fez a joaninha se odiar pelo que estava fazendo com ele — mesmo que você não me queira como eu quero. Não me abandone, não vou aguentar se te perder também.

— Eu nunca faria isso — respondeu a joaninha acariciando o rosto do gatinho.

Cat Noir sentiu uma lagrima rolar pelo seu rosto, mas não desviou os olhos dos dela.

— Eu te amo, My Lady, e mesmo que esta seja a última vez que direi isso quero que você nunca se esqueça que o que eu sinto é real, mas sua amizade é muito mais importante para mim.

O gatinho sentia seu coração se despedaçar. Ele sempre teve esperanças, mas naquele momento ele sabia que a carta não mudaria nada. Aquilo era uma despedida. Era a última vez que se abriria para seu amor mascarado. Aquele seria o fim da sua paixão por Ladybug.