Run This Town escrita por Lady Mataresio


Capítulo 2
1 — Pesadelos também se realizam


Notas iniciais do capítulo

Yo-Yo, pessoal! Como vão vocês?
Antes de mais nada, eu quero agradecer IMENSAMENTE cada comentário, cada acompanhamento, cada favorito e cada visualização. 400 views em uma semana de estreia? Eu vou chorar desse jeito! Obrigada de coração por todo o carinho que vocês vem tendo com a história, amo demais vocês! Ainda não respondi todos os reviews, mas até amanhã (15/05) acho que todos os que recebi no prólogo já terão suas devidas respostas! S2
E booooom, esse capítulo está ambientado em vários locais diferentes. Foram várias informações e bombas, mas cada um desses cenários vai ser explicado melhor no próximo capítulo ok? No geral, vocês vão finalmente conhecer a Lavínia e saber o que está acontecendo nos outros locais do universo. Nos vemos lá embaixo?
Boa leitura!



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1 — Pesadelos também se realizam.

 

28 de abril de 2018. Nicarágua.

 

O Sol ainda estava nascendo quando os pés dela tocaram a areia molhada da praia, a brisa do amanhecer fazendo seus longos fios loiro-acobreados balançarem contra o vento. Uma canga violeta caía por seus ombros, além do vestido de alças branco que usava, enquanto seus olhos castanho-esverdeados observavam as ondas do mar. Seus dedos se misturavam a água e a areia, e suas mãos abraçavam os próprios ombros em uma tentativa de se aquecer.

— Achei que esse dia demoraria mais para chegar. — a mulher falou baixinho. — Ou que, ao menos, você demoraria mais tempo até me achar.

— Eu sempre sei onde você está, Lavínia.

Ela se virou para encarar o homem que se mantinha silencioso perto dela. Clint Barton, vestindo uma jaqueta marrom e uma calça preta de couro, a encarava com certa ternura no olhar. Seus lábios estavam levemente secos e rachados, e os traços dos anos que se passavam já davam sinais em seu rosto.

— Assistiu os noticiários? — Barton questionou a moça. — Leu os últimos jornais?

— Eu senti. — respondeu Lavínia com frieza, sem conseguir olhá-lo nos olhos. — O aperto que senti em meu peito ontem foi maior do que você possa imaginar. O meu pai...

— Ele está bem, Lavs. Estou aqui por causa dele. — Clint se aproximou da Banner, ficando lado a lado com ela. — Bruce me pediu para te buscar.

— Será que ele finalmente percebeu que não pode esconder mais nada de mim? — o pesar na voz da jovem de vinte e seis anos era maior do que o arqueiro esperava encontrar. — Precisou de um genocídio universal pra ele se dar conta. Ótimo.

O ex-agente da S.H.I.E.L.D. observou Lavínia por um instante. O olhar dela estava perdido no oceano, enquanto os dedos de sua destra tocavam o pingente laranja em seu colar de forma aflita. Será que ninguém havia notado o medo que ela carregava nos ombros?

— Escuta... Nós precisamos de você mais do que nunca. Seu pai precisa. — Barton se mantinha calmo em seu tom de voz. — Se você soubesse a falta que ele sentiu de você nos últimos anos...

— E mesmo assim, parece que só nos encontramos quando ele precisa salvar o mundo. — ela cuspiu as palavras. — Típico.

— Poderia parar de reclamar por um instante? — ele se alterou. — Olha Lavínia, eu perdi tudo ontem. Laura e meus três filhos se tornaram poeira cósmica, ou sabe-se lá que porra era aquela, bem diante dos meus olhos. Não aja como se seus problemas de comunicação com o grandão verde sejam o centro do universo, pois quer saber? Não são. Estão bem longe de ser.

As palavras de Clint lhe esbofetearam a cara.

Os dois voltaram a observar o nascer do Sol. O céu, antes enegrecido, ganhava cores alaranjadas e mais belas do que as anteriores, o som dos pássaros que voavam entre as árvores começando a se fazer presente. Lavínia Banner, nos últimos seis anos, havia se acostumado a ficar sem a presença do pai: desde os incidentes causados por Loki Laufeyson em New York, Lavínia mal tinha notícias de seu pai ou das coisas que ocorriam ao redor dele – e o pouco que sabia, devia a Clint Barton. Sabia que ser filha do grandioso Hulk não era fácil, ainda mais quando ninguém além do próprio Bruce sabia de sua existência, mas se afastar dele emocionalmente foi a missão mais difícil que ela tivera que enfrentar. Faria diferença encontrá-lo agora, seis anos depois, para trazer à tona as velhas perguntas do passado?

Lavínia pouco sabia sobre quem era ela, ou quem era sua mãe, ou todos os segredos que giravam em torno de seu nascimento e dos feitos do pai. Valeria a pena passar por todas essas dúvidas de novo?

— Nada disso faz sentido pra mim, Clint. — murmurou.

— Por favor.

Bom, precisava valer a pena.

Talvez não por ela, talvez não por Bruce. Mas seu melhor amigo, o mesmo que estava ao lado dela na praia naquele instante, já não tinha mais nada para perder. A realidade dele e de metade do universo era maior do que suas fúteis frustrações familiares.

— Quando partimos? — a suave voz dela saiu quase inaudível, todavia roubando um sorriso de canto do arqueiro.

X

Data desconhecida por ela. Vormir.

 

A mulher puxou o ar de volta para seus pulmões em um ato desesperado de aflição, abrindo os olhos com medo. Fitou as rochas ao seu redor e o grande penhasco do qual ela acreditava ter despencado, olhando as próprias mãos esverdeadas em seguida. Ela estava morta? Se sim, por que não havia sangue em seu corpo? Onde estava Thanos? Teria ele realmente pego a joia da Alma?

Gamora não tinha a resposta para nenhuma dessas perguntas. Só sabia que estava respirando, e isso parecia bastar no momento.

Prestando atenção nos ruídos ao seu redor, ela se sentou nas rochas para escutar uma conversa entre dois homens no penhasco, suas vozes ecoando e se tornando audíveis para ela. Ao mesmo tempo, a mulher buscava uma forma de sair dali.

— Só... Tente entender. — uma voz masculina, aparentemente mais nova, dialogava com fervor e insistência. — Você estava aqui quando tudo aconteceu e adquiriu muitos conhecimentos ao longo dos anos, deve haver uma maneira...

— “Não” significa não. — a voz de quem parecia ser o guardião da joia respondeu, com uma convicção assustadora. Ele planou até o final dos rochedos em que estava, dirigindo seu olhar para Gamora. — Veja, a garota retornou.

A guerreira sentiu seu corpo ser levitado pelos ares, envolvido por uma aura cinzenta, até que colocasse seus pés novamente na beira do penhasco. Thanos já não estava mais no local, porém o encapuzado mantinha-se no lugar de antes — acompanhado de uma figura no mínimo peculiar. O homem usava roupas em tons de preto e verde, parecendo aflito com seu rosto sujo de poeira e sangue.

— Onde diabos está meu pai? — Gamora exclamou para os dois, sacando uma de suas facas em vão. Não entendia as coisas que estavam acontecendo. — E quem é você? — ela apontou sua lâmina para o homem que estava ao lado do guardião.

— Me sinto ofendido com a pergunta. — o rapaz colocou uma mão no peito, sarcasticamente demonstrando-se magoado com a falta de conhecimento dela. Segundos depois de fitar a guerreira, ele fez um gesto parecido com uma reverência. — Eu sou Loki de Asgard, filho de Odin.

X

01 de maio de 2018. Algum local no norte do estado de New York.

QG dos Vingadores.

 

A grande nave wakandiana estava perto de pousar.

Depois de tantas turbulências, descobertas, derrotas e desesperanças, Steve Rogers sentia seu corpo lhe implorando por um mísero descanso — no entanto, por mais que quase todos estivessem dormindo na nave, ele não conseguia pregar os olhos. As cenas da batalha em Wakanda se repetiam diversas e diversas vezes em sua mente, junto com as últimas palavras de Thanos para Thor e o olhar assustado de James Barnes ao desaparecer nas cinzas. Sentado em um dos diversos bancos da aeronave escura, um dos braços do capitão envolviam Natasha Romanoff em um abraço de lado, enquanto a mesma dormia em seu peito.

Era complicado pensar sobre sua relação com a antiga agente da S.H.I.E.L.D. em momentos tão extremos como um genocídio apocalíptico, mas não deixava de ser um caso delicado. Mal trocaram palavras durante as últimas semanas, mas algum lugar no coração dele esperava com fé que nada entre eles mudara. Depois de tudo, não podia mudar.

Os cabelos loiros de Natasha se espalhavam pelo peitoral dele, dando espaço para que ele pudesse ver o quão cansada a feição dela parecia. Tantas noites em claro, tantas guerras internas e externas nos últimos tempos, e ele ainda parecia ser o refúgio que ela precisava. Romanoff mal sabia o quanto ele precisava dela também.

— Chegamos. — Shuri comentou em alta voz, fazendo a maioria das pessoas ali presentes despertarem de seus cochilos. Uma dessas foi Romanoff.

Abrindo os olhos esverdeados devagar, a mulher logo percebeu que estava envolta dos braços do capitão. Levemente constrangida com a situação, ela se separou dele com um pouco de pressa e fitou o homem.

— Desculpe. — Nat disse com certo receio. Sabia que eles tinham muitos assuntos pendentes, o que tornava a ideia de dormir nos braços do capitão algo bem inadequado. — Eu...

— Ei. — Steve a encarou nos olhos, sabendo que aquela era a única arma que possuía contra a teimosia da mesma. Continuou falando baixinho. — Tudo bem.

Ela não pôde evitar colocar uma mecha do cabelo atrás da orelha e desviar o olhar, ajeitando a postura e voltando a sua seriedade monótona. Tinha muitos problemas a resolver com Rogers, mas esses podiam esperar. Afinal, estar prestes a conhecer a filha de Bruce Banner – a mesma que representava a última chance deles de salvar o universo – era, no mínimo, importante.

Abrindo a rampa da aeronave, Shuri fez sinal liberando a saída dos ali presentes. Todos, exceto ela e mais uma wakandiana, saíram em direção ao quartel general dos Vingadores. Thor carregava o corpo cinzento de Visão nos braços.

— Shuri... — A moça ao lado dela chamou. — Tem certeza de que ainda pode fazer alguma coisa pelo androide?

— Tenho certeza que podemos, Anya. — Ela respondeu com certa confiança, desligando a nave e repousando uma mão no ombro da amiga. Anya era apenas uma aprendiz jovem, e sua pele escura contrastava com o brilhante sorriso. — E creio que, dessa vez, o doutor Bruce Banner também nos dará uma mãozinha.

Dentro do QG, os sobreviventes do que Rocket apelidara de Guerra Extremamente Infinita caminhavam até o pátio central. Clint Barton e Lavínia Banner esperavam pela equipe, enquanto o arqueiro tinha uma lista em mãos para conferir quem havia restado — entristecendo cada vez mais seu semblante ao ver que tantos amigos tinham se perdido. Sam, T’Challa, Wanda, Peter Parker. Tony Stark.

Quando todos ficaram cara a cara, as palavras antes ensaiadas por cada um simplesmente se esvaíram.  Eles se fitavam com certo receio, com certa tensão, esperando um movimento do próximo. No fim, todos pareciam estar esperando acordar daquele pesadelo sombrio.

Pesadelos também se realizam.

— É bom ver que não perdemos todos. — Barton quebrou o silêncio ensurdecedor que estava instalado no local. — Oi, pessoal.

Cada um retribuiu o cumprimento de alguma forma.

— Oi, pai. — Lavínia timidamente abriu a boca para falar, ganhando um olhar assustado de Banner.

Mesmo com tantas informações para processar, o mundo de Bruce Banner aparentemente parara naquele segundo. Os olhos perdidos e confusos dela fitavam o olhar ansioso dele, um pequeno nó se formando nas gargantas de ambos. Depois de seis anos, ele finalmente estava de frente com sua amada filha – mesmo tendo a certeza de que tinha muitas pendências com ela. Sem conter a emoção, ele caminhou até ela e a envolveu em um abraço apertado e um tanto desesperado. Os sentimentos revoltos da jovem não chegavam perto da inundação de saudade que havia em seu peito, a fazendo retribuir o abraço com a mesma intensidade. Mesmo com uma relação tão conturbada, ele ainda era a única família que ela tinha e vice-versa.

— Filha... — Bruce se afastou um pouco, colocando uma mecha do cabelo dela para trás e acariciando seu rosto. Lágrimas molhavam seu rosto. — Me desculpe, me desculpe por tudo. Eu fui tão estúpido achando que teria mais tempo...

— Temos tempo agora, pai. — Lavínia respondeu, também com os olhos marejados e sendo novamente abraçada.

Steve Rogers observava aquela cena com certa calmaria, ao lado de Natasha, Clint e Rhodes. Thor, porém, avistou o amigo lebre se afastando do grupo e caminhando em direção a uma das grandiosas janelas daquele pátio.

— Amigo lebre, está tudo bem? — o deus do trovão questionou, parando ao lado do guaxinim. — Tirando o fim do mundo, claro.

— Pai. — Rocket falou baixinho enquanto fitava as árvores do campo verde do QG. — Pai foi a última coisa que o Groot disse para mim antes de se transformar na porra de uma purpurina cinzenta, cara. Ele... Ele ‘tava com medo, ‘tava assustado. Eu nem tive como ajudar... Eu...

— Conheço bem a sensação. — Thor apoiou o braço esquerdo no vidro, deixando Rompe-Tormentas no chão. As lembranças não demoraram para ocupar seus pensamentos. — Eu já vi meu irmão morrer duas vezes, na verdade. A primeira era apenas mais uma de suas bruxarias, mas... Pareceu bem real dessa vez. Thanos esmagou-o com as próprias mãos imundas.

—O Thanos fodeu todo mundo hoje. — Rocket bufou de forma indignada. — Aquele maluco metido a uva-passa vai pagar caro por isso!

— Espero que sim, amigo lebre. — o loiro tentou dar um meio sorriso, que acabou parecendo uma careta. — Algo me diz que ainda há esperança.

X

Data desconhecida por ele. Algum lugar próximo a Vormir.

 

“Eu não quero ir, senhor Stark.”

As palavras desesperadoras de Peter Parker ainda ressoavam nos ouvidos e na consciência de Tony Stark.

“Me desculpe.”

— Ei! — Nebulosa exclamou, ganhando a atenção de Tony. — Finalmente. Achei que você estava em alguma espécie de estado catatônico.

— Só pilota, azulzinha. — Stark respondeu de forma ignorante, revirando os olhos e dando de ombros para a mulher robótica.

A pequena cabine única da nave possuía apenas duas cadeiras, o suficiente para o acomodamento dos dois. Depois de todos os incidentes em Titan, a filha adotiva de Thanos conseguiu tirá-los de lá — e agora rumava a Vormir, local onde provavelmente se encontrava a irmã Gamora. Alguns dias já tinham se passado desde os últimos acontecimentos e, por mais que conhecesse muito pouco sobre a filha de Thanos ou seu passado, Stark gostava da companhia dela. Estavam se tornando amigos, apesar das circunstancias aterrorizantes que os rondavam.

De repente, algo grande apareceu no radar vermelho de Nebulosa. Antes que pudesse informar o homem ao seu lado, os olhos dela se perderam na grande nave que parava em frente aos dois, a qual também chamou a atenção do bilionário. Uma rampa se abria diante deles enquanto o holograma de uma bela garota morena aparecia à frente da nave, vestindo roupas que Tony supôs serem asgardianas.

— Amigos do Thor, né? — a voz feminina tinha leves efeitos tecnológicos. — Ele me pediu para resgatar vocês.


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Notas finais do capítulo

E foi isso! Mwahahaha!
Parece que, nos dias atuais, há um certo clima ruim entre Steve e Natasha. Qual o motivo de tudo isso estar ocorrendo?
Vemos também dois personagens muito importantes, Gamora e Loki, vivos! Alguma espécie de ressurreição de Gamora? Como Loki está vivo?
A família do Barton virou pó?
Como será desenvolvido o trio Nebulosa, Stark e Valkyrie? Por onde ela andou durante os eventos de Guerra Infinita?
Quem é a Anya? Como ela, Shuri e Bruce trarão o Visão de volta?
E CADÊ O PIETRO? HAHAHAHAHHA
Todas essas perguntas serão respondidas no decorrer dos capítulos! Duvidas sobre o enredo, críticas construtivas, elogios ou qualquer simples socialização gente, mas comentem pra fazer uma autora feliz S2
Estarei lhes esperando nos próximos capítulos! A próxima atualização está prevista para sair no dia 23/05/2018.
Beijos!