O destino do tigre - POV diversos escrita por Anaruaa


Capítulo 4
Juntando os pedaços - Kishan




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Estávamos felizes por finalmente estarmos em casa. Foram semanas difíceis para todos nós e precisávamos recomeçar. Precisávamos de um plano para encontrar Kadam e Nilima, este seria nosso próximo passo.

Antes que começássemos a falar sobre o assunto, algo aconteceu. Pontos de luz se moveram e se fundiram, tomando forma. Nos preparamos para lutar. A luz se tornou mais brilhante até que dois corpos materializaram-se.

— Olá Srta. Kelsey. Temos muito o que conversar.

— Sr. Kadam? Nilima! — Kelsey foi até eles e os abraçou — Vocês estão bem? Onde estavam? Estão machucados?

Nilima sorriu, porém cambaleou um pouco sob seu abraço.

— Ren, Kishan, um de vocês pode ajudar Nilima a ir para seu quarto? Ela ainda está fraca da jornada e precisa dormir —  Kadam pediu.

Ren pegou Nilima no colo e subiu com ela, depois se juntou a nós no sofá para ouvir o que Kadam tinha a nos dizer. 

— Sr. Kadam, por favor, nos diga o que aconteceu com o senhor.

— O amuleto me protegeu no navio. Quando vi o arpão indo em direção a Nilima, meu único pensamento era salvá-la. Passei meus braços em volta dela e a próxima coisa que soube era que estávamos sendo transportados para outro lugar.

— Para onde? — Ren perguntou.

— Não tenho certeza de “onde”, estávamos bem longe da Terra.

— O que você quer dizer? — Gaguejou Kelsey. — Foi como um dos outros mundos de Durga, como a Cidade dos Sete Pagodes?

— Não. Viajamos para um tempo além do tempo, um lugar além do espaço. É uma experiência que temo ter dificuldades em descrever. Basta dizer que estamos seguros e em casa. Estarei muito ocupado nas próximas semanas — Kadam continuou. — É imperativo que comecemos a nossa jornada para encontrar o quarto presente de Durga. Se demorarmos, cedo ou tarde perderemos nossa oportunidade e o sucesso de nossos esforços será comprometido. Acima de tudo, devo pressioná-los da necessidade de confiar em mim. Pedirei coisas difíceis em um futuro próximo, e vocês devem seguir minha orientação sem questionar. Há certos fatos de que tenho consciência que não posso compartilhar com vocês.

Kadam olhou para Kelsey gentilmente.

— Sua segurança e felicidade sempre foram minha prioridade. Por favor, não me questionem sobre isso, não posso dizer mais.

— Precisará de ajuda com a pesquisa?

— Não dessa vez, Srta. Kelsey, mas obrigado.

Kadam estava estranho e todos nós notamos. Ele estava mais introspectivo e um pouco triste. Parecia estar escondendo algo de nós. Eu confiava muito em Kadam, mas  me vi um pouco preocupado.

Kelsey quebrou o silêncio,dizendo que queria compartilhar algo que aprendeu no período que passou com Lokesh. Todos passamos a ouvi-la com atenção. Ela contou a história de Lokesh, sobre a família dele e os poderes que ela presenciou.

— Lokesh usou o poder para… me tocar.

— Talvez seja desconfortável demais para você falar — Kadam interrompeu.

— Não, eu acho que todos devem saber. Ele usou dedos invisíveis de ar que podiam penetrar minha roupa, e logo antes de partirmos, eu o senti arranhar minha pele de dentro para fora. Ele provavelmente poderia me rearranjar por dentro.

— Se aquele demônio ainda não estiver morto, irei estrangulá-lo com minhas próprias mãos — Balbuciei com ódio.

Kadam se reacomodou, claramente fascinado.

— Então acredita que ele está morto?

— Nós esperamos que sim —respondi. — O deixamos pendurado, espetado e queimando.

— Interessante.

Ren se inclinou para frente e pressionou a cabeça nas mãos.

— Isto é minha culpa, Kelsey. Eu deveria tê-la mantido ao meu lado o tempo todo — ele se virou para ela e pegou suas mãos. — Me perdoe. Eu a mandei ir. Se tivesse ficado ao meu lado, Lokesh não teria te sequestrado.

— Não há nada para perdoar. Por favor, não se culpe. Estou salva porque vocês me resgataram.

Ele levantou a cabeça e balançou-a, mas não disse nada.

— O amuleto mantém Lokesh jovem. Ele tem a aparência de alguém com cerca de cinquenta anos, mas é realmente muito mais velho que vocês. Nasceu aproximadamente em 250 d.C. Com o poder combinado dos amuletos, ele pode manipular sua aparência conforme desejar.

Kadam olhou para longe, em silêncio. Na verdade, parecia que seus pensamentos estavam em outro lugar.

— Lokesh também falou da noite em que vocês dois se tornaram tigres. vocês mencionaram que o amuleto lhes protegeu. Eu tenho uma teoria — virou-se para Ren — diga-me exatamente como Lokesh os amaldiçoou e transformou-os em tigres. 

Ren contou a ela como aconteceu. Kelsey pensou um pouco.

— Lokesh disse que os amuletos amaldiçoaram vocês, transformando-os em tigres. Ele confessou que não estava tentando fazer aquilo. Queria transformá-los em zumbis ou algo do tipo.

— Por que ele usaria um ritual lento e elaborado de sangue? Por que não nos congelou? O que ele esperava ganhar?— Ren perguntou.

— Primeiro, ele gosta de torturar as pessoas, especialmente vocês dois. Os amuletos estavam em suas posses. Ele disse que queria aproveitar o processo. Apreciar o quanto pudesse. Provavelmente não havia descoberto como congelar parcialmente como ele sabe agora. Também queria um genro que tivesse o apoio do povo e que fizesse o que ele pedisse.

— Tudo bem, se Lokesh não nos transformou em tigres, o que você acha que aconteceu, Kelsey? —perguntei.

— Acredito que os amuletos protegeram vocês, exatamente como fez com o Sr. Kadam.

— Então porque não protegeu o pai ou o irmão de Lokesh? — Ren devolveu.

— Bem, talvez seja apenas um exagero, mas Lokesh sente que é o seu destino reunir o amuleto. E se o Amuleto de Damon supostamente deva ser reunido, mas não é o destino dele, mas o de vocês?

— Você está certa. É um exagero. — Falei rindo.

— Pense nisso. É chamado de Amuleto de Damon, e transformou vocês em tigres. Damon é o tigre de Durga, e Durga que nos enviou nas buscas. O Mestre do Oceano aconselhou perguntar-se por que isso aconteceu com vocês, como se houvesse alguma razão. E se vocês devessem salvar o amuleto?

Ren esfregou as mãos enquanto pensava.

— Talvez Kelsey esteja certa. Se Lokesh não nos amaldiçoou, então talvez tenha sido o amuleto.

— Deveríamos voltar para Lokesh e tomar o amuleto dele. — Entusiasmou-se Kelsey.

— NÃO!—Gritou Kadam.

Ele parecia nervoso, irritado até. Nós três ficamos surpresos com a sua reação. Ele notou isto, então se sentou na cadeira e começou a nos explicar:

— Vocês não podem voltar. Não há tempo. Quando o quarto presente for descoberto, será a hora para perseguir Lokesh.

— Mas não seria melhor fazê-lo agora? Enquanto os meninos ainda podem se curar? — Kelsey sugeriu.

Ele balançou a cabeça.

— Esta é uma das vezes que pedirei que confiem em mim

Kadam nos pediu licença pois precisava descansar. Ele estava diferente, parecia cansado, triste. Em outros tempos, ao ouvir as histórias de Kelsey sobre Lokesh, Kadam teria ficado muito interessado, faria anotações, perguntas e iria para a biblioteca pesquisar. No entanto, ele ouviu aquilo como se fosse algo trivial. Tentei ignorar essa atitude de Kadam, pensando que ele teve uma jornada estranha e estava apenas cansado mesmo.

Depois de muitas horas de sono, Nilima acordou como se nada tivesse acontecido. Ela não se lembrava de onde esteve ou o que acontecera, dizendo que em um minuto estava no iate, no outro estava em casa. Ela logo começou a tratar de negócios, ocupando-se em fazer telefonemas e trabalhar no computador. Ren e eu ficamos ao lado dela, não só para nos inteirarmos dos negócios da família, mas para auxiliá-la e para observar se havia algo diferente, ou para o caso de ela se lembrar de algo. Mas nada diferente aconteceu.

Apesar da estranheza de Kadam, eu estava feliz, porque as coisas estavam voltando ao normal. Resolvi que Kelsey e eu deveríamos ir em frente no nosso relacionamento, já que ela havia me escolhido. Eu a convidei para um encontro e nós resolvemos assistir a um filme juntos. Ren nos observava.

— É um encontro — eu disse, cutucando Ren com o cotovelo. —E só para ficar claro, você não está convidado. Três é uma multidão.

— Apenas não a machuque — Ren ameaçou. 

Ele me empurrou e subiu as escadas. Alguns minutos depois, ouvimos o som inconfundível de algo grande sendo esmagado contra a parede vindo do quarto de Ren. Kelsey suspirou e passou os braços pela minha cintura. 

— Não é legal jogar as coisas na cara dele assim.

Eu beijei sua testa suavemente.

— Ren precisa entender que não vou desistir de você.

— Ele entende, mas isso não torna mais fácil. Pense em como você se sentiria.

— Eu sei exatamente como ele se sente. Ele a quer de volta, e não pretendo atender seus desejos.

— Kishan…

Eu segurei seu queixo e levantei seu rosto, para que ela me olhasse nos olhos. 

— Você é a minha garota, não é?

— Sim, mas…— ela parecia hesitante.

— Você quer voltar com ele?

Ela demorou um pouco para responder, parecia estar avaliando a pergunta. Então ela balançou a cabeça lentamente.

— Eu escolhi você, e falei sério.

Eu sorri aliviado. 

— Não sou muito bom com palavras, e sei que você passou por muito nessas últimas semanas. Eu disse que podemos ir devagar, e estou falando novamente. Não tivemos realmente um tempo para conversar desde, bem, desde que Ren recuperou a memória. Se você se sente hesitante ou insegura sobre mim, tudo bem. Não estou dizendo que não ferirá meus sentimentos, porque ferirá, mas se você quiser começar de novo, voltar, reverter, entenderei.

Kelsey me olhou no rosto e eu vi tanta ternura em seu olhar. Ela estava feliz. E isto me deixava feliz. Ela apertou o rosto em meu peito e respondeu com segurança:

— Acho que o que eu gostaria de fazer é seguir em frente com o nosso relacionamento.

Eu sorri.

— Quão a frente você está falando?

Ela riu.

— Por que não começamos com um beijo?

— Acho que posso arranjar isso.

Eu abaixei o meu rosto para tocar meus lábios nos dela. Beijá-la era o paraíso. Foi um beijo doce, suave e delicioso. Kelsey envolveu meu pescoço com seus braços, fazendo meu coração disparar. Eu a amava tanto. 

Paramos de nos beijar, quando ouvimos o barulho de algo sendo quebrado, vindo do quarto de Ren. Pedi a Kelsey para ir até lá e conversasse com ele.


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