O destino do tigre - POV diversos escrita por Anaruaa


Capítulo 32
Guerra - Ren




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A viagem com Anamika foi muito bem sucedida. Depois de passarmos pouco tempo juntos, eu sabia que podia confiar nela e lhe contar sobre os prêmios de Durga e como Kelsey achava que a própria Anamika se tornaria a deusa. Anamika se mostrou disposta a cumprir esse papel, desde que ele lhe ajudasse a derrotar o demônio e salvar seu irmão.

Eu mostrei a Anamika como usar o fruto e o lenço. Por onde passávamos, nós fornecíamos aos acampamentos suprimentos e comida e tratávamos dos doentes, usando o Kamandal. As pessoas passaram a confiar em nós e acreditar que Anamika era uma deusa. Mas elas nos olhavam desconfiados ao nos ver viajando juntos. Foi então que Anamika resolveu dizer a todos que eu era seu consorte. Assim, eu passei a fingir que era o marido de Anamika.

Nós dois ficávamos juntos o tempo todo, e isto acabou nos aproximando. Ela era uma ótima pessoa: forte, inteligente, corajosa e doce. Eu gostava de estar com ela, era fácil fazer isso. Mas o tempo todo, eu só pensava em voltar para casa. Voltar para ela...

Depois de três semanas em campo, decidimos que era a hora de voltar. Assim que entramos no acampamento, acompanhados de todos os exércitos aliados, eu a vi. Kelsey corria entre os homens, procurando por mim. Eu desci do meu cavalo e a agarrei em um abraço longo e apertado. Ela disse que sentiu minha falta e eu respondi que senti a dela. Me perdi nos braços de Kelsey e me encontrei, ao mesmo tempo. Ela era meu porto seguro. Naquele momento, eu não via ninguém ao meu redor, eu não ouvia mais nada. Éramos só eu e ela.

Então senti uma mão em meu ombro e ouvi a voz alta do general chinês Xi-Wong me recriminando. Soltei Kelsey e todos ao redor nos observavam. À frente estavam Kishan e Anamika, nos olhando duramente. Apertei o braço de Kelsey e me virei, dando atenção aos soldados. 

Não voltei a ver Kelsey naquele dia. Anamika e eu nos portamos diante de todos como um casal divino, conforme havíamos feito nas últimas semanas. Eu não tive a chance de dizer a Kelsey. Eu precisava me manter afastado dela até o fim daquela guerra.

Mais tarde, eu disse a Anamika que nós estávamos quase pronto para a batalha, mas que ela deveria encarnar a Deusa à frente do exército, pois, só assim, nós venceríamos o demônio. Combinamos de nos encontrar bem cedo pela manhã para treinarmos com as armas e os presentes. Pedi para que ela trouxesse a mochila que estava com Kelsey na tenda. Anamika me perguntou se deveria pedi-la a Kelsey. Eu respondi que não era necessário acordá-la. Kelsey sabia que aquele era o nosso destino.

Assim, na manhã seguinte, Anamika e eu partimos para a floresta levando a mochila. Primeiro, eu mostrei a ela cada um dos objetos mágicos e como usá-los. Anamika era habilidosa e não teve dificuldade em manusear as armas. Então, ela precisava encarnar a Deusa. 

Nós tínhamos uma imagem da Deusa desenhada por Kelsey. Durga usava um vestido azul e tinha os oito braços, cada um empunhando uma arma. Em um dos braços estava Fanindra e a deusa também usava o Kamandal e o colar de pérolas. Falei sobre ele a Anamika e disse que Kelsey ainda o estava usando, mas que nós o pegaríamos com ela depois. 

Anamika usou o lenço divino e se enrolou nele. Quando ela o retirou, era Durga diante de mim. Meu primeiro impulso foi o de me curvar diante da deusa. Meu coração bateu forte de emoção por estar diante de tal divindade. Eu conhecia a força da deusa e me senti importante ao perceber que eu ajudaria a criá-la. 

Começamos o treino com Anamika na forma da deusa. Ela foi perfeita. Em pouco tempo, Anamika usava os oito braços com maestria, empunhando cada objeto perfeitamente. Ela realmente era destinada àquilo. Era como se cada arma e cada objeto mágico tivesse sido feito para Anamika. Fanindra ganhou vida e circulava pelos braços da Deusa à vontade. As duas pareciam amigas antigas. 

Depois de algumas horas de treino, Anamika estava pronta. Ela era absolutamente mortal, na sua forma de Deusa e estava feliz. Eu a parabenizei por ter conseguido e ela me abraçou emocionada, envolvendo-me com seus oito braços. 

— Eu não sei como eu teria feito tudo isso sem você. Certamente os deuses o enviaram em minha vida.

— Algo do tipo.

— Então, minha esperança — Anamika respondeu baixinho — é nunca dar-lhe motivos para sair.

Eu fechei meus olhos e rapidamente imaginei a mim junto de Anamika, que agora era Durga. Não era algo difícil de se pensar. Eu gostava de Anamika e nós nos tornamos amigos. Era bom estar com ela. Kelsey se casaria com meu irmão, então, talvez o meu destino sempre tenha sido me tornar o consorte da Deusa. 

Talvez tenha sido por isso que Durga levou minhas lembranças de Kelsey e colocou em mim, a aversão a ela. Por isso a Deusa aconselhou Kelsey a ir em frente, incentivando-a a namorar meu irmão. O sonho de Kishan, com o bebê de Kelsey, agora fazia sentindo. 

Mas mesmo com tudo aquilo, mesmo consciente do meu destino e conformado com ele, eu ainda amava Kelsey. Eu seria o marido de Anamika, desde que ainda pudesse estar perto de Kelsey e fazer parte de sua vida. 

Eu abri os meus olhos e ela estava diante de mim: Kelsey. Havia lágrimas em seu rosto. Ela secou as lágrimas com raiva quando Anamika se virou. Kelsey olhou para o chão, onde estavam as armas e Fanidra. A cobra estava acordada e virou a cabeça para Kelsey, colocando a língua para fora para reconhecê-la. Kelsey olhou para a cobra como se estivesse aliviada 

— Fanindra? — sussurrou, estendendo a mão para a cobra.

Fanindra desenrolou-se e Kelsey sorriu brevemente. Até que a cobra foi em direção a Anamika, que se abaixou para recebê-la. Fanindra se enrolou em um dos braços de Anamika. 

Senti pena de Kelsey. Havia dor e decepção em seu olhar. Ela levou a mão ao redor do colar de pérolas e arrancou-o de seu pescoço, com raiva, jogando-o aos pés de Anamika. 

— Você se esqueceu de algo.

Anamika pegou o colar e gritou o nome de Kelsey. Mas ela já havia se virado e continuou correndo, ignorando o chamado. Eu me senti mal por Kelsey. Eu sabia o quanto foi difícil para ela conquistar aqueles prêmios. Ela abriu mão de tanto até ali. Mas nós estávamos apenas cumprindo nosso destino. 

Eu queria consolá-la, mas Anamika precisava de mim para cumprir sua missão. Deixei Kelsey ir, sabendo que Kishan cuidaria dela. Fiquei e ajudei Anamika a recolher tudo e colocar na mochila. Ela estava preocupada com Kelsey, a quem considerava uma irmã. Eu disse que falaria com ela mais tarde. Anamika concordou com a cabeça e nós permanecemos em silêncio. 

Voltamos para o acampamento, mas eu não fui falar com Kelsey imediatamente. Olhei ao redor e não vi Kishan. Imaginei que eles estivessem juntos. Anamika reuniu os generais e os informou que deveríamos nos preparar, pois logo iríamos à campo, para enfrentar o inimigo. Todos urraram empolgados e começaram a falar sobre as estratégias de batalhas que já haviam discutido com meu irmão. Eu os ouvia ansioso. Queria que a reunião terminasse logo para que eu pudesse saber como Kelsey estava.

Kishan chegou algum tempo depois e os homens ficaram felizes em lhe informar que estávamos prontos para a batalha. Eu percebi que meu irmão parecia triste e preocupado. Havia muito tempo que não o via daquele jeito e sabia que não era por causa da guerra. 

Quando terminamos, Anamika e eu estávamos sozinhos com Kishan e perguntamos por Kelsey. Ele nos informou que ela havia se mudado para uma tenda própria, longe de todos, pois desejava ficar sozinha. Preocupado, falei com raiva:

— Como você pôde permitir isso Kishan? Kelsey está indefesa, sem as armas e os presentes de Durga. Você sabe que Lokesh a deseja e tem poderes agora. Ele virá atrás dela. Você não se importa? O que houve com você?

— O que houve com você! Como você esperava que ela se sentisse? Ela arriscou a própria vida tantas vezes. Todos nós! E agora você a exclui? Vocês não poderiam pelo menos tê-la avisado que pegariam a mochila? Não poderiam tê-la incluído de alguma forma? — Ele nos olhava de forma acusatória— E não se preocupe, ela ainda tem o amuleto. E eu não a deixei sozinha. Designei soldados para protegê-la. Escolhi os melhores homens, treinados por mim.

— Me diga onde ela está. Eu vou trazê-la de volta.

Anamika segurou meu braço suavemente.

—Acalme-se Dirhen. Kelsey vai ficar bem. Ela deseja permanecer só. Deixe-a. Você a protege demais. Kishan é o noivo dela, cabe a ele decidir. 

Eu me acalmei resignado.

Depois do jantar, procurei saber onde Kelsey estava e mandei que levassem comida e água para ela. Falei com Kishan e ele me disse que Kelsey viria a nós no momento em que se sentisse pronta. 

Depois de alguns dias de espera, sem ver Kelsey, eu fui até sua tenda. Eu iria respeitar sua vontade e não falaria com ela, a menos que ela quisesse. Mas eu precisava saber se ela estava bem. Eu passei a visitar sua barraca todos os dias e perguntava aos guardas sobre ela. Eu lhes perguntava se ela havia deixado a barraca para treinar, se ela havia se alimentado e se havia pedido para falar com alguém. Eles sempre diziam que ela ainda não desejava ver ninguém.

Os dias se passaram, e apesar de sentir a falta de Kelsey, eu estive ocupado me preparando para a guerra. Depois de algumas semanas, estávamos prontos. Era a hora de mudarmos o acampamento de lugar. Orientei pessoalmente os guardas de Kelsey e eles garantiram que cuidariam do seu bem estar. Na véspera da batalha, reuni-me com Kishan e Anamika e nós concluímos que a presença de Kelsey não seria necessária. Então decidimos que o melhor era que ela  ficasse fora da luta. 

Naquela noite, não consegui dormir. Eu estava partindo para uma batalha mortal com Lokesh e não sabia o que nos aconteceria. Eu esperava que vencêssemos e então eu voltaria para ela. Mas não era possível saber qual era o meu destino, afinal. Eu queria me despedir de Kelsey, mas não podia ir até ela. Então resolvi lhe escrever uma carta. 

Kelsey,

Estive segurando esse anel por muitos meses. Eu o barganhei com o Dragão Dourado quando fomos ao seu reino. Ele fora uma vez usado por uma princesa e quando eu o vi, o quis para você. Eu tinha a intenção de dá-lo a você quando completássemos nossa tarefa e fosse o tempo correto para pedir sua mão. Agora sei que esse tempo veio e se foi. Lamento muitas coisas que aconteceram, mas nunca irei me arrepender de amá-la. Por favor, fique com ele. Os soldados usam as estrelas no céu para guiá-los em segurança para casa. Você tem sido e sempre será minha estrela guia. Cada vez que olhar para os céus, eu vou pensar em você.

Peguei o anel de safira e o dobrei dentro do bilhete. Pensei que, por tanto tempo eu tentei lutar contra o destino e ganhar Kelsey no final. Eu imaginei tantas maneiras de entregá-la aquele anel e pedir para que ela fosse minha esposa, nenhuma delas era em uma despedida. Eu me conformara com o fim. Ela amava Kishan e o escolhera. Então, eu escolhi deixá-la ser feliz. Eu não iria mais interferir.

No campo de batalha, as coisas não começaram da forma que imaginávamos. Lokesh não estava à vista. À frente de seu exército estava Sunil, o irmão de Anamika. Ela havia encarnado a Deusa Durga e estava entre mim e Kishan. Olhei para a mulher-Deusa e seus olhos estavam marejados. Estendi o braço e apertei sua mão de leve. Ela suspirou, me olhou e sorriu brevemente, indicando que estava bem.

A batalha começou e não estávamos indo bem. O exército de Lokesh era poderoso. O demônio não estava à vista, mas ele trazia além dos homens, animais sob seu controle para a luta. Nossos homens estavam sendo arrasados. Quando nossos soldados tombavam, Lokesh usava algum tipo de magia que os transformava em zumbis, fazendo-os nos atacar. Alguns deles eram fundidos com outros animais, formando bestas poderosas.

Anamika como Durga era implacável. Ela empunhava as armas com perfeição, atacando os inimigos com os oito braços ao mesmo tempo. Mas nós estávamos ali para matar o demônio. E sabíamos que enquanto ele estivesse vivo, não teríamos chances contra o seu exército. 

Nós seguimos para as montanhas, certos de que Lokesh estaria ali. Mas a medida que nos aproximávamos, senti que havia algo errado. Anamika não respondia à minha voz. Começou a correr em direção à montanha, como se respondesse a outro chamado. Então ela deu uma volta, cavalgando em direção ao nosso exército. Ela ergueu os braços e apontou as armas para suas próprias tropas. Eu soube que ela estava sob o controle de Lokesh.

Eu tive que atacá-la, fazendo com que ela virasse as armas contra mim. Eu fui rápido o bastante para conseguir derrubá-la do cavalo e retirei o lenço, que estava amarrado em um dos braços. Pedi para que ele retirasse o disfarce e o joguei sobre Anamika, que voltou à sua forma original, soltando a maior parte das armas. Ela tentou me atacar com as restantes. Eu lutei com ela enquanto recolhia as armas e as guardava em uma bolsa feita pelo lenço. Então consegui agarrar Anamika e colocá-la em meu cavalo, afastando-a dali. Quanto mais distante ela estava da batalha, mais controle ela teve sobre si mesma. 

A maior parte dos nossos homens estava morta, muitos deles, recrutados como zumbis para engrossar as fileiras inimigas. Reunimos o que sobrou da tropa para voltarmos ao acampamento.

Então a terra tremeu. Ventos fortes sopraram em direção ao acampamento. Em seguida, vimos o céu se escurecer e uma tempestade se formar na mesma direção. Ondas gigantes levantaram-se do Lago Rakshastal em direção ao acampamento indiano, onde Kelsey estava. 

Desesperados, Kishan e eu corremos de volta, seguidos por Anamika. No meio do caminho, encontramos os guardas que deveriam tomar conta dela. Kishan desceu do cavalo, nervoso e perguntou aos guardas onde Kelsey estava. Eles disseram que a tinham deixado no penhasco. Virei meu cavalo, para ir buscá-la.

Quando cheguei ao alto do penhasco, vi a égua de Kelsey caminhando no vale,  Desesperado, cavalguei entre os soldados feridos, que seguiam com dificuldade de volta ao nosso acampamento. Havia um homem com ela e eu temi que fosse alguém de Lokesh que a havia raptado.

Meu cavalo corria, enquanto o dela trotava calmamente. O homem magro segurava sua cintura quando eu a alcancei. Eu trotei a seu lado e a agarrei, puxando-a para mim. Aliviado, eu a prendi em meus braços, segurando as rédeas e prendendo seu corpo com força junto ao meu. Nós galopamos para longe do raptor, enquanto eu sentia as mãos de Kelsey acariciarem minhas costas. 

— Está tudo bem, Ren. Eu estou bem — ela repetia baixinho, fazendo com que eu me acalmasse.

Eu diminuí a velocidade, fazendo com que o cavalo caminhasse devagar. Então, eu pude relaxar e encostei meu rosto no dela. Aliviado por ela estar segura em meus braços, depois de tanto tempo.

—Pensei que você estivesse no acampamento quando veio a onda gigante. Fiquei tão aliviado quando seus guardas voltaram e disseram-me que a deixaram no penhasco.

— Eu os fiz ir. Usei o amuleto de fogo e torrei-os um pouco.

Eu suspirei aliviado novamente.

— Kelsey, meu amor, eu sempre posso confiar em você para fazer exatamente o oposto do que quero que faça.

— Se eu tivesse ficado no acampamento como você preferia, não teria tido esta oportunidade maravilhosa de me dar esta bronca.

Eu abaixei o rosto para olhar o dela. Nossos olhos se encontraram. Meu coração disparou de emoção. Eu ouvi o dela também disparado. Não havia como fugir, meu coração desejava o de Kelsey. Eu a amava e só estava completo quando estava com ela. 

Eu não conseguia desviar meus olhos dela. Kelsey inclinou-se um pouco em minha direção, aproximando sua boca da minha. Então ela desviou os olhos e falou assustada:

— Ren! Você está ferido! Por que você não se curou ainda?

Ela levantou a manga da roupa, tirou o cabelo da minha testa e passou a mão por ali. Eu a virei um pouco e apertei sua cintura. 

— Parece que Kishan e eu já não temos a capacidade de nos curar espontaneamente.

— O quê? Como isso é possível? Vocês ainda podem se tornar tigres aqui?

Assenti.

— Talvez os animais tornaram-se mortais como a profecia dizia.

— Não. Não! Nós não passamos por tudo isso para que você possa se tornar vulnerável! Você deveria se tornar humano! Quando chegarmos ao acampamento, Phet terá algumas explicações a dar.

— Phet? Do que você está falando?

— Phet estava andando comigo.

— Você quer dizer que o homem que te sequestrou foi Phet?

— Sequestrada? Eu parecia como se estivesse ali contra a minha vontade?

— Eu resgato primeiro e pergunto depois. Falando nisso, você não soa muito como uma donzela grata que foi resgatada.

Ela pressionou o tecido no seu pulso contra minha ferida, o que trouxe o seu rosto ainda mais perto do meu. Eu não desviei o olhar.

— Eu não precisava ser resgatada — murmurou.

Eu ergui a mão para ajeitar seu capuz e acariciei sua bochecha e lábios. 

— A verdade é que eu iria tirá-la dos braços de qualquer homem, vilão ou não.

— Você o faria? — perguntou baixinho.

Eu me aproximei dela, nossos lábios quase se tocavam. 

— Sim, hridaya patni, eu o faria.

Nós ficamos em silêncio, nos olhando por algum tempo. Meus olhos cheios de promessas desfeitas, suplicas não pronunciadas, desejos ignorados. E logo estávamos no acampamento, acompanhados por outros cavaleiros.

Vi que acampamento da armada de Macedônia havia sido engolido em uma fissura que levou barracas, suprimentos e homens. Um tornado havia devastado o acampamento dos chineses. O acampamento indiano fora completamente destruído pela correnteza sobrenatural do Lago Rakshastal. A maioria das barracas foi varrida por uma grande inundação e o acampamento foi devastado pelo impacto.

Desmontei do cavalo e ajudei Kelsey a descer. Homens quebrados e feridos de exércitos diferentes estavam agrupados em volta de pequenas fogueiras. Alguns estavam cuidando de suas armas e armaduras, uns dormiam, e outros estavam sentados em silêncio, olhando para frente. Partimos em busca de Anamika, que estava cuidando dos feridos. 

Anamika olhou para cima quando nos aproximamos e parou o olhar em Kelsey. Ela pareceu ressentida quando disse:

— Então, você está segura afinal, irmãzinha. O General Xi-Wong está morto, e Amphimachus perdeu uma perna — ela disse sem rodeios. — Os líderes tibetanos estão aqui, mas há apenas um punhado de homens que Mianmar deixou vivo. Eles acreditam que seus líderes foram tomados pelo demônio.

Ela se levantou cansada e eu percebi o quanto estava sendo egoísta ao deixá-la sozinha, depois de tudo o que ela teve que enfrentar no campo de batalha.

— Anamika, deixe-me — ofereci, entendendo a mão para o kamandal.

Ela me olhou por um breve momento, e depois balançou a cabeça.

— Estes homens pertencem a mim. Vou cuidar deles. Talvez você pudesse ter ajudado mais cedo, mas em vez disso fugiu para aplacar nossa irmã pouco depois de outro transtorno de seu temperamento.

— Agora espere um minuto… — Kelsey começou, mas eu a interrompi estendendo a mão.

— Você não está brava com ela, Anamika. Está com raiva de mim — eu me aproximei dela e coloquei a mão em seu braço. — Você acredita que eu a abandonei, mas só fiquei fora por pouco tempo. Os homens estavam fora de perigo e há muitos capazes de ajudar. Além disso, Kelsey é apenas a primeira de muitos que precisaram de resgate nesta noite. Você faria o mesmo por seu irmão, não é? — falei para acalmá-la, sem perceber o que estava dizendo.

Anamika suspirou e acenou com a cabeça.

— Eu o faria.

Então ouvi a voz de Kishan:

— Você está bem? Está machucada em algum lugar?

Virei-me e vi Kelsey nos braços de meu irmão. 

— Se ela estiver machucada, é provavelmente devido à atenção generosa que você tanto derrama em cima dela — Anamika respondeu irritada. — Há muito trabalho a ser feito aqui.

— Receio que o trabalho tenha de ser delegado a outros.


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