O destino do tigre - POV diversos escrita por Anaruaa


Capítulo 30
Rivalidade entre irmãos - Anamika




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Depois do ataque de Sunil, meus sentimentos estavam confusos. Eu me sentia feliz por saber que meu irmão estava vivo, mas ele havia sido dominado e agora estava servindo ao demônio. 

Fiquei surpresa ao ver Kelsey manejando uma arco e flecha para me defender, mas não tive tempo de falar com ela sobre isso. Dihren e Kishan vieram correndo, preocupados por causa dos gritos, mas Sunil já tinha fugido. Kishan se ofereceu para rastreá-lo, mas eu sabia que não adiantaria. E agora eu sabia onde meu irmão estava. 

Eu me permiti ficar vulnerável por alguns minutos, quando convidei Kelsey e seus companheiros para conversar dentro da tenda. Eu me enrolei em um cobertor macio, e então me dei conta de que aquele não se parecia com os que eu tinha no acampamento. Esses eram grossos e macios, os nossos eram finos e ásperos. Imaginei que aquele pertencesse a Kelsey. Talvez ela o tivesse trazido dentro daquela grande bolsa que ela carregava o tempo todo. 

Kelsey fez algumas perguntas sobre o demônio Mahishasur e depois de considerar por alguns minutos, pediu para conversar com seus companheiros. Eu os deixei sozinhos, mas antes, peguei meus equipamentos e minhas botas. Então percebi que eu calçava meias macias e confortáveis, que eu não sabia de onde tinham saído. Pensei em como Kelsey havia colocado aquelas meias em mim, sem que eu percebesse. Eu falaria com ela mais tarde sobre isso. 

Saí para ver os soldados doentes e feridos. Havia muitos e eu não tinha o que fazer. Não havia remédios, nem roupas e cobertores o suficiente para todos. Eles estavam com fome, e não tínhamos alimentos para todos. 

Saí para caçar, mas encontrei apenas um coelho pequeno, que capturei e levei para o acampamento. Assim que entrei no acampamento, encontrei Kelsey, Kishan e Dirhen esperando por mim. Não sei porque, mas meu coração se acelerou e eu fiquei ligeiramente emocionada. Eu parei de andar e olhei para eles, tentando não descontar minha frustração naqueles estranhos visitantes. Em vão:

— O que há de errado agora? Suas acomodações são precárias? Ou estão aqui para se queixar dos hematomas que meu irmão deixou em sua preciosa noiva? — Falei um pouco enciumada, olhando para Kishan, que me encarou como se me enfrentasse.

Kelsey o acalmou e disse que queria ajudar. Depois ofereceu seus homens para caçar para nós. Eu permiti que eles fossem, certa de que não encontrariam nada. Kelsey me encontrou depois de algum tempo. Ela entrou em uma das tendas hospitalares e me flagrou chorando diante do corpo de um soldado que acabara de morrer. Eu estava desesperada por ver aqueles homens morrerem sem que eu pudesse fazer nada por eles. Ela estava parada na entrada da tenda, me olhando. 

— O que você quer? — perguntei irritada.

— Sinto pela morte de seu amigo, Anamika.

— Seus sentimentos não o trarão de volta a vida.

— Não. Não o trará — Ela ficou quieta por um tempo. — você não é a culpada, Anamika.

— Toda morte aqui é minha responsabilidade.

— A morte vem. Não há meios de pará-la. Você pode apenas fazer o seu melhor para ajudar o máximo que puder.

Limpei as lágrimas e me levantei, virando-me para Kelsey:

— O que você sabe sobre morte?

— Mais do que você imagina. Eu costumava ter medo da morte. Não por mim mesma, mas temia a morte daqueles que eu amava. Aleijava-me. Não me permitia ser feliz. E tem sido assim desde que me permiti perceber que estava errada.

Suspirei compreensiva.

— Não há forma de evitar a morte.

— Não. Não há, eu admito, mas ainda há vida.

Kelsey pegou um cantil de água e me ofereceu. Eu peguei e bebi. Não tinha percebido que estava com tanta sede. Kelsey falou baixinho:

— É uma desonra para a morte de nossos entes queridos se nos excluirmos da felicidade. Jogarmos fora o que poderia ter sido e desperdiçarmos nossas oportunidades. Cada um de nós tem um propósito, um destino, e para realizá-lo, é preciso procurar além do que pensamos sermos capazes de fazer. — Nossos olhos se encontraram— Uma mulher sábia uma vez me disse que precisamos aprender a lição da flor de lótus: todas as experiências humanas, as boas e as ruins, são como a lama em um rio. Podemos nos enraizar na dor e sofrimento, mas nosso trabalho é subir acima disso, encontrar o sol e florescer. Só então nós podemos trazer luz para o mundo dos outros.

— Você soa como minha velha avó.

— Velha? Fale por você. Você é muito mais velha que eu. Confie em mim.

— E por que eu deveria escutar a sabedoria de uma jovem?

Ela encolheu os ombros.

— Você tem que decidir por si mesma se vai aceitar meu conselho ou não.

— Por que você está aqui?

Ela colocou a mão em meus ombro.

— Nós viemos para ajudar.

Eu sorri, agradecida, mas duvidando de que ela poderia fazer alguma coisa para me ajudar.

— Como alguém tão pequeno pode me fornecer qualquer tipo de ajuda?

Ela sorriu e disse:

— Siga-me e verá.

Acompanhei Kelsey pelo acampamento. Ela estava impressionada com a quantidade de pessoas vivendo ali. Eu estava relaxada e confiava nela o suficiente para conversar, como se ela fosse uma amiga.

— Antes de meu irmão ser levado, por vezes fiquei para trás para cuidar do acampamento com essas mulheres. Eu estava sempre ao seu lado até que meu irmão foi capturado e eu fui presa pelo demônio. Quando éramos mais jovens, nosso pai nos ensinava juntos. Nós éramos inseparáveis. Nossas babás diziam que éramos duas metades de um melão amargo, especialmente quando nossos temperamentos eram despertados. Rapidamente se tornou óbvio que Sunil era um poderoso guerreiro e líder natural, eu era dotada na organização dos exércitos. Embora ele me dominasse na força, muitas vezes eu o vencia com astúcia. Juntos éramos imparáveis. Sunil sempre respeitava minhas opiniões, e entre nós, sempre ganhamos as disputas, éramos bem sucedidos em cada manobra e vencíamos todos os obstáculos. Nós éramos uma equipe imbatível, até agora.

Toquei meu queixo machucado, lembrando-me do golpe que levei de meu irmão. Eu nunca tinha pensado que ele poderia me machucar um dia. Kelsey me olhou com pena e me guiou até uma tenda que eu não tinha visto antes. Ela puxou a abertura para que eu entrasse. 

— Foi montada aqui na periferia do acampamento, então acho que o homem esqueceu onde estava.

Eu entrei na tenda e olhei surpresa para tudo o que havia ali: pilhas de roupas, cobertores, chinelos macios, meias grossas, luvas, chapéus e muitas ataduras. 

— É um presente dos deuses!

— Algo do tipo.

Eu fiquei ali, agradecida por aqueles suprimentos. Mas eu tinha certeza de que não estavam ali antes. Eu conhecia muito bem o meu acampamento. Queria perguntar onde Kelsey havia conseguido aquelas coisas. Tais suprimentos não poderiam estar dentro de sua bolsa. 

— Há mais. Venha para fora.

Não muito longe dali, havia, entre as pedras, uma fonte de água borbulhante. Coloquei minha mão nela e a água estava quente. Naquele momento, imaginei meu corpo imerso naquelas águas e sorri com esse pensamento. 

— Não fui capaz de me banhar totalmente por semanas. Os homens poderão relaxar aqui.

— Eu estava pensando a mesma coisa. Então o que devemos fazer primeiro?

— Irei distribuir os bens imediatamente e informar nossos médicos sobre a fonte termal. Obrigada, Kelsey.

— De nada.

Eu sorri para ela, feliz por tudo o que ela tinha feito. Eu não sabia como ela fez aquilo, mas estava certa de que aquelas coisas não estavam lá antes.“Talvez ela seja uma Deusa”. Isto explicaria a devoção de Dirhen e Kishan a ela. Mesmo Kishan sendo seu noivo, eu já tinha percebido o cuidado com que o irmão dele a tratava. Eles a idolatravam. 

Kelsey me seguiu até as tendas onde estavam os doentes e feridos e me ajudou a cuidar deles. Ela tinha um toque maternal. As pessoas pareciam melhorar quando tocados por ela. 

Mais tarde, um soldado veio me dizer que Kishan e Dirhen tinham voltado da caça e trouxeram comida. Eu saí para recebê-los e deixei Kelsey cuidando dos doentes.

Encontrei Kishan, Dirhen e alguns dos meus homens. Eles estava felizes, porque o dois irmãos haviam conseguido caçar um veado. Eu não sabia como eles o encontraram. Havia muito tempo que nem os meus melhores caçadores conseguiam encontrar animais grandes ali por perto. Eu não questionei, pensando que aquela era mais uma bênção dos deuses, ou da Deusa. 

Animada, pedi ao homens que levassem a caça e preparassem uma celebração naquela noite. Disse a Kishan e Dirhen que eles e Kelsey estavam convidados. Kishan me perguntou onde estava Kelsey. Me virei para responder e meus olhos encontraram os dele.

— Kelsey está na tenda hospital, cuidando dos doentes. Será que você poderia me ajudar a distribuir roupas e suprimentos às pessoas do acampamento.

— Claro. Vamos.

— Vou ajudar Kelsey. — respondeu Dirhen.

Saí na frente, Kishan me seguindo. Logo me arrependi por tê-lo chamado. Eu deveria ter chamado Dirhen, que não era comprometido, ou algum dos meus homens. Mas quando eu olhava nos olhos dourados de Kishan, meu coração desejava-o. Eu queria estar perto dele, mas sua presença me deixava nervosa. Eu tentava disfarçar, tratando-o com frieza. Mas era impossível estar fria perto daquele homem. Ao invés disso, eu acabava tratando-o com grosseria. Kishan não era o tipo de homem que se abaixava. Ele me desafiava, e nós dois acabamos brigados. 

Depois que terminamos, fomos até à fogueira para comer. Kelsey e Dirhen já estavam lá. Kishan sentou-se ao lado de sua noiva e eu fui para o outro lado. Fiquei observando a interação dos três e senti um pouco de inveja de Kelsey. Ela era linda e doce, e aqueles dois homens fariam de tudo por ela. Por alguns minutos, eu desejei ter aquilo para mim. 

Eu já tinha percebido que aquelas pessoas eram especiais. Mas eu queria saber o que eles eram. Quando o jantar terminou, aproximei-me do trio e chamei Kelsey, dizendo que deveríamos descansar. Ela se levantou para me seguir, mas Kishan lhe segurou o braço para se despedir. 

— Boa noite bilauta. 

Ele a agarrou, apertando seu corpo contra o dela e a beijou com paixão. Senti uma certa melancolia ao perceber que aquele homem pertencia a outra mulher. Determinada a não ter mais qualquer pensamento em relação a Kishan, pedi a Dirhen que me ajudasse no dia seguinte. Ele acenou com a cabeça concordando. 

Na manhã seguinte, bem cedo, Deixei Kelsey dormindo na tenda e saí para acordar Dirhen. Deparei-me com ele e o irmão já acordados. Kishan sequer me olhou, enquanto Dirhen dirigiu-me um sorriso arrebatador. 

— Bom dia Anamika, dormiu bem?

— Sim, obrigada. Está pronto para trabalhar pesado?

— Claro que sim. Eu apenas gostaria de lhe pedir um favor. Kelsey não sabe montar a cavalo, e acho que seria bom para ela aprender. Você poderia ceder algum dos seus animais para que Kishan possa ensiná-la?

Eu estava encantada pela gentileza daquele homem. Tão diferente do irmão. Eu lhe sorri e respondi:

— É claro.

Acenei para um dos meus homens e pedi que lhe trouxesse um dos animais do meu estábulo pessoal. Dirhen sorriu e me agradeceu ao ver a bela égua que lhe foi trazida.

O dia acabou sendo muito agradável, além de muito produtivo. Dirhen era um trabalhador incansável e forte. Ele não reclamou do trabalho pesado nenhuma vez. Além de muito gentil, ele era inteligente e divertido. Eu ri com ele como há tempos não ria, desde que meu irmão Sunil fora capturado. Dirhen me lembrava meu irmão em muitos aspectos. 

Eu falei com ele sobre nosso inimigo e o quão poderoso ele era. Falei que minha única esperança de vencê-lo, era unindo forças com outros povos que também lutavam contra o demônio. Dirhen se ofereceu para ir comigo a outros acampamentos, tentar conseguir apoio. Ele me disse que sempre fora um bom diplomata.

Dirhen me contou histórias sobre sua família e falou sobre Kelsey, dizendo como ela era forte, corajosa e altruísta. Percebi que ele admirava muito a noiva do irmão e sabia que ele tinha motivos para tal. Eu mesma já tinha percebido que Kelsey era especial. 

Dirhen era tão bonito quanto o irmão. Seus olhos azuis eram mais suaves que os olhos dourados e penetrantes de Kishan. Era mais fácil estar com Dirhen, porque ele não me perturbava como seu irmão. Dirhen me acalmava. Ele era como um rio tranquilo. Kishan era como um vulcão em erupção. Era desconcertante ficar perto dele.

Já era noite quando terminamos os trabalhos. Passamos pelas tendas de suprimentos e eu fiquei impressionada com o fato de ela estar repleta, apesar de termos distribuído quase tudo o que havia durante o dia. Dirhen não parecia nem um pouco surpreso. 

Quando passamos perto da nascente de águas quentes, suspirei, desejando banhar-me naquelas águas. Havia muito tempo que eu não tomava um banho relaxante. Dirhen pareceu ler minha mente.

— Se você quiser, eu posso pendurar uma cortina e, mais tarde, quando todos estiverem dormindo, você e Kelsey poderão se banhar aqui.

— Dirhen, se você conseguir eu ficarei muito grata.

— Vá comer alguma coisa enquanto eu providencio a cortina.

Dirhen não demorou a me encontrar e me acompanhou durante a refeição. Depois de comermos, ele me acompanhou de volta à fonte. Além da cortina grossa, havia toalhas e sabonetes de ervas perfumado. Havia tanto tempo que eu tomara a responsabilidade de cuidar dos outros e que ninguém cuidava de mim, que eu fiquei profundamente tocada pela atenção de Dirhen. Tanto que não pude me conter e, com os olhos cheios de lágrimas, dei-lhe um abraço de gratidão. Dirhen me apertou em seus braços e eu me senti reconfortada junto a ele. Seu corpo forte era quente e perfumado, e a ternura que eu sentia alguns instantes antes, tornou-se algo mais. 

Eu o soltei relutante e, sorridente, agradeci novamente e disse que iria buscar Kelsey. Dirhen me acompanhou até a entrada da tenda e despediu-se com uma mesura formal. Entrei na tenda e Kelsey dormia profundamente. Reparei que suas roupas estavam sujas e ela parecia cansada. Mas eu estava tão animada com meu novo salão de banho que desejei compartilhar com ela. Dormi um pouco e acordei bem cedo, antes que os homens despertassem. Chamei Kelsey.

— Kelsey venha comigo. 

— Que horas são?

— É muito cedo pela manhã. Somente os guardas estão acordados. Você está com fome?

Ofereci a ela um ensopado de peixe, que ela recusou.

— Talvez mais tarde.

Sorrindo animada, eu segurei sua mão e a puxei para fora da tenda. 

— Venha.

Fizemos nosso caminho pelo acampamento quieto. Vapor subia a frente. Quando chegamos à nascente, Kelsey olhou o luar e perguntou confusa:

— Onde está a nascente?

— Está aqui.

Levantei a cortina e entrei.

— O que é isso?

— Dhiren fez isso para mim esta noite.

— Ren?

— Sim ele é muito amável— Lembrei do sorriso e do cheiro dele.

— Ele percebeu como eu gostaria de me banhar e providenciou essas cortinas para nossa privacidade.

— Nossa privacidade?

— Sim. Podemos tomar um banho e relaxar. Olhe. Ele até me deu sabonetes para o cabelo.

Eu me despi e segui para água. Kelsey ficou para trás, hesitante.

— Por que hesita, Kelsey? Não seremos deixadas sozinhas por muito tempo. Os homens levantarão em breve.

Ela pensou por um momento, então decidiu juntar-se a mim. Eu estava exultante e queria conversar com alguém. Kelsey era o mais próximo de uma amiga que eu tive nos últimos tempos. Pensei que seria bom ter uma irmã. Enquanto ela se ensaboava, eu comecei a lhe falar sobre nossos planos.

— Depois da refeição da manhã, Dhiren vai me acompanhar até os outros acampamentos.

— Outros acampamentos? Que outros acampamentos?

— Certamente você não acredita que somos os únicos que lutam contra o demônio?

— Bem, eu acho que realmente nunca pensei sobre isso.

— Nós somos um dos cinco. Os povos da China, Birmânia, Pérsia, as tribos das grandes montanhas do leste se juntarão a nós nessa luta.

— Entendo.

Eu me levantei e prendi a respiração de dor, quando toquei a carne ferida do meu pé. Kelsey me observava:

— Seus pés ainda doem? 

— Sim.

— Você já ouviu falar da fruta do fogo? Eu posso ter uma sobrando em minha bolsa. Ela realmente irá te animar.

Ela continuou se ensaboando naturalmente. Eu aproveitei a deixa para descobrir o que havia naquela bolsa.

— Sua bolsa de mágica, você quer dizer.

Ela parou e me olhou.

— Não sei do que você está falando.

— Não acha que é hora de me contar a verdade?

Kelsey suspirou e continuou esfregando o sabonete na nuca.

— Olha, a verdade é… muito complicada.

— Então me conte o que pode. Você consegue mais comida?

Não me importava como ela fazia aquilo, desde que ela pudesse ajudar meu exército. Kelsey balançou a cabeça.

— O suficiente para animais de carga carregar?

— Sim. Nós temos estoque ilimitado de qualquer alimento que você precisar. Mas animais de carga não serão necessários.

— E roupas e cobertores?

— Mesma coisa.

— Medicamentos?

Ela se moveu desconfortável.

— A maioria dos meus homens está curada, mesmo aqueles com graves ferimentos. Você fez isso.

Ela suspirou e confirmou, balançando a cabeça. Um plano surgiu na minha mente, de imediato.

— Kishan e Dhiren sabem como usar esse poder?

— Sim.

— Então iremos estocar suprimentos o suficiente para durar uma semana e Dhiren usará seu poder para ajudar outros exércitos. Quando providenciarmos suas necessidades, pediremos para os líderes nos encontrarem e vamos nos unir para derrotar o nosso inimigo.

— Tudo bem. — Kelsey sussurrou.

— Esse poder deve ser protegido a todo custo. Devemos fornecer as coisas em segredo. Seria sensato providenciar alguma diversão para que eles não fiquem conscientes de que você tem esse poder.

Kelsey hesitou, então perguntou:

—Os homens acreditam que uma deusa benevolente está olhando por eles?

— Deusa? Com o poder que você exerce? Sim, eles acreditariam nisso.

Eu mesma acreditava naquela possibilidade.

— Talvez você esteja disposta a espalhar esse boato para os outros acampamentos quando você se encontrar com eles?

— Sim. É um bom plano. Kelsey, você se importa que eu tire Dirhen do seu lado? Irei deixá-la com seu noivo, é claro.

Eu estava um pouco incerta, já que, mesmo sendo noiva de Kishan, Kelsey também tinha uma ligação e os cuidados constantes de Dirhen. Ela balançou a cabeça, indicando que estava tudo bem. 

— Certo. Eu gosto de Dirhen. Ele preenche o vazio ao meu lado.

Me surpreendi por ter dito aquilo em voz alta. Mas eu já considerava Kelsey uma amiga e sabia que ela não me recriminaria. Saí da nascente, me enxuguei com a toalha e então vesti as roupas que Dirhen havia deixado para mim. 

— Essas roupas novas que Dirhen fez para mim são do mais suave material. Não uso algo tão fino desde que deixei a Índia.

Kelsey permanecia em silêncio. 

— Ele fez roupas para você também. Aqui — Eu coloquei as roupas de Kelsey sobre uma pedra e me abaixei para falar com ela, que ainda estava na água. — Tenho um favor a pedir.

— O que é? 

— Gostaria de lhe pedir para cuidar do acampamento até que eu volte, em uma semana. Kishan irá ajudá-la. Eu não o acho um homem fácil como o irmão dele, mas você o ama, então tolerarei sua presença. Meus homens serão instruídos a obedecer a suas ordens.

Ela balançou a cabeça e eu sorri satisfeita e fui me encontrar com Dirhen. Quando cheguei, ele e seu irmão estavam arrumando as coisas para nossa viagem. Dirhen tinha uma das espadas presa ao seu lado. Ele usava uma túnica pesada sobre um par de calças espessas. A capa estava em seu braço, juntamente com um capacete.

Quando Kelsey chegou, parecia triste. Ela tirou um colar de seu pescoço e o colocou em Dirhen. Depois, ela pegou um cantil na tenda e me entregou, dizendo que era remédio para curar meus pés. 

Dirhen olhou para Kelsey preocupado.

— Fique segura, Kelsey.

Então ele voltou-se para mim, e gentilmente colocou um manto idêntico ao seu em meus ombros. Eu sorri para ele e nós dois deixamos o acampamento, acompanhados por Kishan, que nos seguiu até a saída.


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