O destino do tigre - POV diversos escrita por Anaruaa


Capítulo 13
Disfarce - Kishan




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Eu estava muito feliz nos últimos tempos. Kelsey e eu estávamos muito bem. Ela havia assumido de vez nossa relação e se entregado ao que sentia por mim. Nós estávamos ficando cada vez mais próximos e eu sentia que ela estava se desligando de Ren, dia após dia.

Quando eu a pedi em casamento, ela ficou feliz e disse sim. Mas depois disso, eu a vi pelos cantos, olhando ao redor, suspirando. Seu olhar triste procurando por algo, por alguém.

Mas Ren havia se afastado. Eu não o via mais, nós não nos falávamos havia algum tempo. Ele estava nos evitando. Eu havia dito a Kelsey para dar um tempo a ele, mas ela sentia sua falta. 

Eu a observava sem que ela percebesse. Ela estava pensativa, olhando para o anel em sua mão. Eu pensei se ela não estaria arrependida. Eu queria muito saber porque ela me escolheu, porque ela aceitou se casar comigo. Eu precisava ter certeza, mas não sabia se ela se abriria comigo.

Na tarde seguinte à do nosso noivado na praia, Kelsey saiu sem me dizer nada. Eu sabia que ela estava procurando por Ren. Fiquei imaginando o que ela pretendia dizer a ele, no que ela estaria pensando. Peguei o lenço e o fruto divino e saí da casa, farejando Kelsey.

Ela havia entrado na selva e eu a segui enquanto ela ia por uma trilha. Eu estava na minha forma de tigre, levando o fruto na boca e o lenço amarrado no pescoço, seguindo por fora da trilha enquanto ela chamava por Ren. Eu sabia que ele não estava ali, pois havia saído cedo com Nilima.

Eu ainda não tinha certeza sobre o que fazer. Pensei em me disfarçar de Ren, mas achei que isto seria muito desleal. Então lembrei-me de uma tia-avó, que viveu conosco durante alguns anos, quando éramos crianças. Ela era uma mulher simples, que mais parecia uma camponesa do que a tia de um rei. Ela contava muitas histórias e sempre tinha lições de vida a ensinar. Seu nome era Saachi.

Pensando em Saachi, fechei os olhos e pedi ao lenço um disfarce. Depois, pensei um pouco em como poderia me aproximar de Kelsey. Então pedi ao lenço que criasse uma grande bolsa e a enchi com frutas, produzidas pelo fruto sagrado.

Saí da mata e entrei na trilha, no sentido contrário ao que Kelsey seguia. Ela havia saído um pouco da trilha e estava sentada em um tronco, pensativa. Me aproximei, sorri e acenei com a cabeça, em um cumprimento gentil. Em seguida, fingi que me atrapalhei com a sandália, caindo no chão e deixando algumas frutas caírem da sacola. Kelsey levantou-se imediatamente e veio me ajudar. Ela recolheu os frutos e os colocou na sacola, depois me ajudou a calçar a sandália. 

— Obrigada. Eu Saachi. Descansar aqui alguns minutos. Está bem para você?

— Claro. Não é como se eu houvesse reservado o tronco para mim. Sou Kelsey. Prazer em conhecê-la.

Eu abri a sacola, peguei um fruto e ofereci a ela.

— Pegue. Prove. Sapoti. Muitas crescem aqui. Gostosas.

Eu dei um a ela e comi outro.

— É bom. Obrigada

— Os chineses chamam de fruta do coração. Você vê? — Ergui a fruta para mostrar a ela— Parece coração. Todas cair no chão quando vir você. Significa coração partido, machucado. Má sorte passa por você. Por que seu coração partido? Você garota bonita. Boa postura. Qual problema? Não conseguiu nenhum homem?

Ela riu, irônica.

— Não, tenho homens demais. É uma longa história.

— O que você quer dizer com homens demais? Vejo problema. Conte a Saachi sobre os homens. Eles fortes? Bonitos?

— Ele são fortes e ao mesmo tempo muito bonitos.

— Ah!Saachi gosta de história sobre homens bonitos.

Ela riu, divertindo-se.

— Sim. Bem, eles são irmãos. O mais velho se chama Ren e o mais novo se chama Kishan.

— Bons nomes.

— Certo. De qualquer modo, o irmão mais novo, Kishan, me pediu em casamento.

Kelsey ergueu a mão para mostrar a Saachi o anel de noivado. Meu coração acelerou-se de felicidade e temor.

— Querer você como esposa? Ele bom homem? Trabalha duro? Homem preguiçoso nada bom.

— Oh, ele não é preguiçoso. É muito corajoso. Eu estava com seu irmão primeiro. Nós nos amamos e depois no separamos por um tempo. Durante este período, Kishan e eu nos aproximamos.

— Ah. Acontecer com minha amiga. Seu homem viajar. Não voltar por longo tempo. Então ela se casar com outro. Mais tarde o primeiro homem volta para casa, mas já tarde demais. Ele ir embora de novo. Não voltar. Não tarde demais para você. Você não casar. Você volta primeiro homem. Ainda o ama?

— Claro que o amo, eu nunca deixei de amá-lo, mas não posso voltar atrás. Ele… não é seguro estar com ele.

— O que você quer dizer? Ele machucar você? Ele bater em você? Por que não o escolhe?

— Não — em uma voz bem baixa, sussurrou: — não é por isso que tenho medo.

Estalei os lábios e mudei de posição. Eu estava apreensivo, com medo. Mas não ia parar agora.

— Você garota maluca. Ter medo de homem bonito que ama você.

Kelsey se levantou e começou a andar de uma lado para o outro enquanto falava:

— O problema é que ele tem complexo de super-herói. Gosta de sair correndo para salvar o dia.

— É bom. Homem corajoso.

— Não. É ruim. Heróis são mortos. Toda vez que ele tenta me salvar, arrisca sua vida. Ele se coloca em perigo constantemente.

— Bah. Não haver problema. Único problema em sua cabeça.

— Não! — Ela se virou. — Você não entende? O Sr. Kadam está morto! Meus pais estão mortos! Se Ren morrer, acabou para mim. Não haveria mais nada. As pessoas que eu amo morrem. Tenho medo que se eu me permitisse amá-lo, realmente amá-lo… esteja dando sua sentença de morte.

Fiquei calado, paralisado. Ouvir aquelas palavras me machucou. Kelsey temia ficar com Ren, com medo de perdê-lo, porque ela acreditava que as pessoas que ela amava, morriam. Mas ela não tinha medo de me perder da mesma forma. Ela não me amava de verdade?

— Quando os vilões vieram para me pegar, ele ficou para trás e se deixou ser capturado. Quando não conseguiu me reanimar depois que me afoguei, terminou comigo e me jogou para cima de Kishan. Quando o cara do mal chegou perto demais de me encontrar, ele sacrificou todas as suas memórias de mim. Toda vez que algo me ameaça, ele se apressa para enfrentar sem pensar no que aconteceria comigo se ele morresse. Era para ele ter sido rei. Talvez seja de onde vem seu sentimento de dever.

— Então escolha fácil. Você escolhe outro irmão — falei, tentando esconder meu desapontamento.

— Quero ser uma boa esposa para Kishan. Eu o amarei e construiremos uma família juntos. E espero que isso signifique que Ren parará de se empurrar para os braços da morte.

— Bom, mas qual dos homens fazer você feliz? Fazer você sentir algo mais?

— Eu me sinto assim com ambos.

Me senti um pouco aliviado.

— Huh. Você mais feliz com quem?

— Ren. —Ela falou baixinho.

Eu levantei a sobrancelha, em entendimento. Não fiquei magoado, nem triste. De certa forma, fiquei aliviado. Eu precisava saber a verdade. Kelsey começou a se explicar imediatamente:

— Mas não importa. Estou escolhendo Kishan. Prometi a Kishan que nunca o deixaria sozinho novamente. E ele me fará, quero dizer, ele me faz muito feliz. Amo Kishan.

— Mas seu coração está dividido.

— Sim. A verdade é que… a maior parte do meu coração pertence a Ren. Nunca deixei de amá-lo. Quando estávamos separados, nada importava. Eu estava perdida. A única coisa que me fazia seguir em frente era a esperança de que ficaríamos juntos algum dia de novo. Isso e… Kishan precisa de mim. Ren pensa que enquanto eu estiver viva, tudo ficará bem. Mas ele está errado. Se ele for morto e eu tiver que colocá-lo em um túmulo ao lado do Sr. Kadam, não irei me recuperar.

Enquanto Kelsey falava, eu pensava no que faria com aquelas informações. Ela sorriu e desviou o olhar para a selva. Retirei o disfarce, mas ela não percebeu.

— Você vê? Não posso viver sem ele. Para mantê-lo seguro, para manter meu coração seguro, nós não podemos estar juntos. Você entende? 

— Acredito que sim.

Ela parou de respirar quando reconheceu minha voz. Fechou os olhos e se virou para mim, abrindo-os lentamente.

— O Lenço… 

— Sim.

Minha voz saiu trêmula. Minhas emoções estavam afloradas, em um misto que não me permitia saber exatamente como eu estava me sentindo. Mas eu estava calmo.

— Por favor, tente entender que nada disso importa. Não irá mudar nada. Já decidi o que fazer e pretendo seguir em frente com isso.

— Eu queria saber. Eu precisava saber. Você escondeu seus verdadeiros sentimentos de nós dois. Kelsey, por que não compartilhou essas preocupações? Esses medos?

— Mudaria alguma coisa? Faria realmente diferença?

— Não sei. Talvez sim. Talvez não. Pelo menos todas as cartas estão na mesa agora.

Ela mordeu o lábio, preocupada.

— Você irá contar a ele?

— Não acha que ele deve saber?

— Não vejo como poderia ajudar.

Eu fiquei em silêncio, avaliando-a. Não importava o que eu fizesse, não importava o que acontecesse, ela sempre se preocuparia e pensaria primeiro em Ren.

— Suponho que podemos deixar isso entre nós por enquanto.

— Obrigada.

Ela pegou a sua mochila do chão e virou-se para sair daquele lugar. Eu a segui, mantendo-me um pouco afastado. Ambos ficamos em silêncio, avaliando aquela situação.


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