O destino do tigre - POV diversos escrita por Anaruaa


Capítulo 14
Ilhas Barren - Kishan




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Eu andava me torturando por causa das confissões de Kelsey à Saachi na selva. Foi muito doloroso ouvir da pessoa que eu amava, com quem pretendia me casar e passar o resto da vida, que ela amava outra pessoa, que não conseguia viver sem o outro e que só estava comigo por ter medo de escolher o outro e ser abandonada.

Eu sentia que Kelsey me achava pior do que Ren. Não sabia o que fazer. Eu a amava tanto, que mesmo os sentimentos dela não sendo plenos, eu aceitava assim mesmo. Afinal, eu sabia que era nosso destino ficarmos juntos. E nós seríamos felizes e teríamos uma família. 

Resolvi deixar as coisas como estavam e lutar por meu amor. Eu não deixaria meu irmão tomá-la de volta. Não importava os motivos, Kelsey me escolheu e nós estávamos noivos. E ela me amava, ainda que não fosse com a mesma intensidade que eu a amava. Nós ficaríamos bem.

Ren ficava o tempo todo com Nilima, ajudando-a com os preparativos para a nossa próxima viagem. Kelsey já estava se recuperando da surpresa na floresta e nossa relação já estava voltando ao normal. Então Nilima anunciou que era hora de irmos.

Nos levantamos cedo e, às 4 da manhã, estávamos todos nas docas. Kelsey ficou surpresa quando Ren e eu tiramos a lona e revelamos o veículo projetado por Kadam para a nossa aventura.

— O que… é isso?

— Nós o chamamos de Skimmer. — respondi.

— Mas o que é isso?

Nilima explicou:

— É um protótipo que as Indústrias Rajaram estão desenvolvendo.

Ren subiu na estrutura.

— Kadam disse que a modelou após a água viva gigante.

— Mas… 

— Eu sei. Não houve tempo — Ren interrompeu. — Nós ainda não descobrimos como ou quando ele começou a desenvolvê-lo. Mas aqui está, apesar de tudo.

Nilima o enxotou.

— É parte submersível, parte cruzeiro luxuoso, mas com a sustentabilidade plena de um submarino nuclear. Nós o chamamos de Skimmer porque não mergulha tão fundo como um submarino. É feito para explorar os recifes e águas rasas confortavelmente, embora possa cruzar os oceanos tão bem quanto um.

— Parece-me um pouco pequeno para cruzar os oceanos — Kelsey observou.

— Você só está vendo o topo do deque — Falei empolgado. — A maior parte dele está debaixo d’água. Ele consegue ficar submerso tanto quanto os mais modernos submarinos. Temos a tecnologia mais avançada que cria oxigênio do próprio oceano. Espere até você ver a bolha.

— A bolha? O que você quer dizer? É seguro?

— Ele está se referindo à bolha de observação no nariz. Esta parte é modelada como as águas-vivas gigantes, embora essa versão do vidro seja consideravelmente maior. Ela oferece uma visão de trezentos e sessenta graus do oceano ao redor — Nilima acrescentou. — O motor funciona silenciosamente com uma tecnologia secreta de célula de combustível que se alimenta do oceano e não perturba o ecossistema aquático. Nós também instalamos uma iluminação subaquática não muito comum e ainda fora do mercado, então os passageiros podem sentir mais uma parte do mundo do oceano. Passou por numerosos testes, Srta. Kelsey. Temos até um pequeno barco a motor a bordo.

— Isso é… simplesmente fantástico. E vocês têm certeza de que sabem dirigir essa coisa? É um equipamento subaquático muito caro, Nilima.

— Kelsey, relaxe. Ren passou a maior parte da noite praticando comigo. Sabemos o que estamos fazendo.

Percebi a respiração de Kelsey mudar e seus lábios se repuxarem discretamente ao ouvir aquela frase. Resolvi ignorar.

Depois que nós três embarcamos, Nilima acenou e gritou para o cais:

— Cuidado na Ilha Barren!

— Por quê?

— O vulcão está ativo — ela berrou.

— O quê? O quê! Por que ninguém me diz essas coisas?

Eu ri, enquanto descia as escadas atrás dela. 

— Porque sabíamos que você reagiria dessa maneira. Vamos. Deixe-me mostrar seu quarto.

Kelsey ficou maravilhada com o veículo, principalmente depois que eu acionei o botão e as placas que revestiam o vidro do qual o veículo era feito se recolheram, revelando a bela vista do Mar de Adamam. 

— É lindo, não é?

— É incrível! Já estamos nos movendo?

— Sim. Você pode sentir?

Ela balançou a cabeça, confirmando. Eu a deixei explorando o veículo e fui para o meu quarto, estudar o manual de funcionamento do Skimmer, antes de ir até à central de controle para trocar de lugar com Ren. 

Algumas horas mais tarde, nós passamos pela Ilha Neill e então navegamos pelas Ilhas Havelock e seguimos para o oceano aberto. O tempo estava bom e nós passamos um bom tempo viajando os sessenta e cinco quilômetros náuticos para a ilha Barren. 

Nós três estávamos no andar de cima olhando para a ilha, observando o vulcão ativo. Ren e eu decidimos ancorar no lado ocidental, contra o vento, onde haveria menos fumaça. Ambos concordamos que a melhor maneira de acessar a ilha seria caminhando ao longo do leito de lava enegrecida e que iríamos começar cedo na manhã seguinte. 

Depois de tudo pronto, Ren desceu para a parte inferior do veículo. Eu abracei Kelsey, que se aconchegou a mim e murmurou sorrindo:

— Isso é muito bom. 

Eu a beijei, e Kelsey respondeu com paixão. Fiquei feliz com sua reação. Então retirei do bolso seu presente de natal. Eu havia pensando muito sobre aquele presente. Eu queria lhe dar algo que simbolizasse o quanto ela era importante para mim. Pensei em lhe dar alguma das jóias reais que ainda restaram conosco, algo que fora de minha mãe. Então, encontrei algo que era mais significante do que qualquer jóia. Kelsey pareceu surpresa quando lhe entreguei o pequeno embrulho.

— O que é isso? — Perguntou.

Eu lhe sorri. 

— Feliz Natal, Kells.

— O quê? É Natal?

— Bem, amanhã é. Hoje é véspera de Natal. Você se esqueceu?

— Esqueci. É difícil lembrar do Natal quando você está em uma zona tropical.

Ela pegou o pacote, um pouco sem jeito.

— Hum, Kishan, sinto muito. Eu não me lembrei de comprar um presente.

Eu a puxei para mim, segurei seu rosto e lhe dei um beijo suave.

— Você aceitou ser minha esposa, Kelsey. Não há mais nada na Terra que eu queira.

— Você é um tipo de homem de fala mansa.

— Espero que isso trabalhe em meu favor.

Kelsey abriu a caixa e puxou a pequena chave dourada. Ela ergueu a sobrancelha, confusa. 

— E o que isso abre?

— Tecnicamente, mais nada. Era usada para abrir a sala do tesouro do nosso antigo palácio. Agora é mais um símbolo de uma casa. Ou casas. Onde você quiser viver. Achei quando estava procurando pelas coisas dos meus pais. Podemos reconstruir a casa na selva onde os meus pais e Kadam estão enterrados, ou podemos comprar uma casa nova nos Estados Unidos ou na Índia ou podemos fazer os dois ou três. Não é nada que temos de decidir agora, mas sei que ter uma casa é importante para você. Deixar nossa antiga casa vai ser difícil, mas vamos construir novas memórias juntos, e —coloquei a mão em sua nuca para olhá-la nos olhos— eu vou te fazer feliz, Kelsey, prometo.

— Eu sei que você vai — ela me beijou na bochecha—Obrigada pelo presente.

— De nada — Coloquei a chave na corrente que ela levava no pescoço, ao lado do amuleto— Algum dia — toquei a chave— Algum dia iremos construir uma casa.

Então eu a beijei. Com todo o meu carinho e meu amor. Um beijo longo e cheio de promessas. E um único desejo: "Que sejamos felizes".


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