Cristófon             

          A ideia de fazer uma festa de natal especial foi de Agna. Pra ela, seria uma boa ideia juntar toda a família e orar a Deus, nosso senhor. Minha família decorou toda la mansión para que tudo estivesse pronto na hora da ceia e da chegada de mi primo Augusto.

Apesar de nunca tê-lo visto na vida, a ideia de convidar Augusto também foi de Agna, que pareceu bem interessada na vinda de mi primo, que morava longe (Santa Cruz).

Enquanto refletia, do outro lado da sala a Neide -empregada da casa- me encarou. Senti medo. Aquele olhar era o de uma mulher disposta a fazer de tudo para conseguir o que queria.

De repente *insira música de suspense*,  Neide se pôs a caminhar em minha direção. Senti mais medo cada vez que ela se aproximava. 

Quando finalmente chegou até mim, Neide pegou um espanador de pó que estava do meu lado e me olhou como se eu fosse esquisito.

Hoje não, Satã. Hoje não.

Augusto (bônus)

O natal estava se aproximando, pensei que iria passar novamente longe de minha família do México, triste emo e solitário. Porém, meu primo Cristófon me enviou uma mensagem em uma manhã, me fazendo um convite inusitado.

Cristófon: lek

Augusto: que foi.

Cristófon: vem passar o natal aqui na mansión.

Augusto: que dia.

Augusto: não quero.

Cristófon: vai ter comida.

Augusto: ta bom.

Augusto: quem mais vai nessa merda

Cristófon: só la família e a minha namorada

Augusto: ata q vc tem namorada

Augusto: vou sair de casa só pra ver isso

Augusto: tu é viado cristófon

Naquela época, mal sabia o que me esperava.

Neide

La mansión estava preparada para o grande jantar de natal. Todos os porcos vestiam suas melhores roupas e fingiam serem civilizados uns com os outros. Fingiam ser uma família de verdade.

A única pessoa que realmente via o que aquela casa era por trás de suas portas caras era eu.

Só eu conhecia cada canto de cada quarto, só eu ouvia os gritos.

Talvez fosse isso que me obrigava a acreditar: Que estava sozinha. Se só eu soubesse, não precisava aceitar que os outros também sabiam, que todo mundo ignorava na esperança de sumir.

Ia sumir sim.

Muito em breve.