—Está pronta? – Edward gritou da sala. Não queria chegar atrasado à festa organizada por um de seus clientes. Ele também achava muito entediante, aquelas festas, mas fazia parte do oficio e se quisesse manter uma rede de contatos, precisava participar e levar a esposa. Bella não estava nenhum pouco contente com aquilo, mas concordo, de má vontade, é claro, participar e prometeu se comportar.

—Odeio que me apressem. – resmungou aparecendo na sala. – Preciso de ajuda com o vestido, pode fechar o zíper, por favor? – Edward ofegou ao olhar para esposa, ela usava um vestido azul, suspirou aliviado por não ser preto (ela só usava aquela cor), justo e decotado. Pensou em reclamar, mas não queria ser o tipo de marido que dita o que a esposa deve ou não usar.

—Está muito bonita. – elogiou puxando o delicado zíper. Bella estremeceu quando o dedo dele roçou nas costas nuas dela.

—Você também não está nada mal. – virou para ajeitar a gravata dele. Usava um clássico terno preto, feito sobre medida.

—Se tiver algum concurso, ganharemos como o casal mais bonito. – ele estava um pouco nervoso e bastante ansioso, só não sabia o motivo. – É melhor irmos logo ou chegaremos atrasados.

 [...] 

—Que festa animada. – Bella murmurou com ironia, olhando para os convidados.

—Nada de gracinhas, por favor. – Edward pediu a conduzindo por entre as pessoas.

Ele parava para cumprimentar alguns conhecidos e para apresentar a esposa. Bella estava cansada de tanto sorrir e de posar como a esposa modelo, então, pediu licença e foi até o bar. Se, teria que ficar a noite toda sorrindo e fingindo ser quem não era, precisaria de uma bebida.

Escorou no bar com uma taça de champanhe em uma mão e a outra agarrada firmemente na bolsa para controlar a vontade de voar no pescoço do marido e o obrigar a levá-la de volta para casa. Ela odiava essas festas, acompanhou o pai em várias quando era mais nova e tivera poucos momentos de diversão. Sorriu lembrando-se de alguns deles, quando alguém surgiu atrás dela e tampou os olhos dela com as mãos.

—Ora, ora. - uma voz grossa soou bem próxima ao ouvido dela. - É agora que a festa de verdade começa?

—Diga você, Dominic. - respondeu virando para abraça-lo. - Que saudade. - ele a apertou e deu um beijo estalado na bochecha dela.

—Nem me fale gata. E por falar nisso. - ele assobiou a deixando envergonhada. - Você está muito gata.  O que acha de irmos direto para a diversão? Podemos sair de fininho e seu pai nem vai perceber. – sussurrou passando a mão no braço dela. Bella deu uma risadinha e colocou a mão no peito dele.

—Dom, você continua o mesmo galanteador de sempre. Infelizmente, não estou com o meu pai e não posso reviver os bons tempos. - suspirou frustrada. Ela gostava muito de Dominic e ele tinha sido um grande amigo, principalmente nos momentos de solidão. Se quisesse diversão, ele era o cara certo para procurar. Não rejeitava uma festa e estava sempre com um sorriso no rosto.

—Ah, não. Como assim? Quando a vi ali, fiquei tão feliz por finalmente arrumava um motivo para apreciar essa festa chata. Vamos lá, Bella, uma rapidinha pelo menos, para relembrar os nossos momentos de parceria nas festas chatas.

Após Charlie ser expulso da empresa, ele fez novas amizades, e uma delas foi com Adam Jensen, pai de Dominic. Bella e Dom, unidos pelo tédio e pela ira adolescente contra os pais, encontraram um bom jeito de se divertirem enquanto os adultos faziam negócios. A amizade dos dois se estendeu pela faculdade e depois de formados, acabaram tomando caminhos diferentes. Ele foi trabalhar com o pai e Bella foi atrás do que realmente gostava de fazer. Mas eles ainda se encontravam em alguns jantares e aproveitavam para colocar a "conversa" em dia.

—Sinto muito, mas eu realmente não posso. Meu acompanhante não iria aprovar a nossa festa particular. - os dois riram da piada interna.

—E você veio com quem?

—Comigo. - Edward anunciou passando os braços, de forma possessiva, em volta da cintura dela. - O marido dela. - ele estava concentrado nos negócios, quando resolveu procurar pela esposa e a encontrou conversando animadamente com um brutamonte.

Dominic lembrava, um pouco, Emmett, alto, forte e musculoso, mas ele exibia um sorriso maroto, tinha cabelos loiros, no estilo coque samurai, e uma barba espessa.

 -Está casada? - perguntou ignorando Edward. - Agora sim conseguiu partir o meu coração, Swan. Poxa, o que vai ser do mundo dos solteiros sem você? - piscou para ela, o que fez Edward a puxar para mais perto dele. - Isso é inaceitável. Não posso acreditar.

—Qual é, Dom? Até parece que vai sofrer realmente. - Bella riu e tentou se livrar do aperto do marido.

—Não vou. Já estou sofrendo. Olha cara, desculpa aí. - pediu erguendo as mãos. - Mas a sua esposa é um pedaço de mau caminho. - Bella abriu a boca chocada e Edward cerrou os punhos, pronto para agredi- lo.

—Como é? Tenha mais respeito. Está falando da minha esposa. - deu um passo a frente, mas Bella colocou a mão no braço dele o impedindo de avançar.

—Eu falei foi com respeito. - Dominic ergueu as mãos em sinal de paz. - Bella e eu somos grandes amigos, amigos com benefícios na verdade. Vários benefícios. - sorriu torto, aumentando a raiva de Edward, aquele sorriso era marca registrada dele, como o outro ousava roubar dele assim na maior cara dura?

—Dom! - Bella o repreendeu. Ela o conhecia muito bem e sabia que ele não tinha filtro, mas esperava que fosse um pouco menos, ele.

—Desculpa, não sabia que era segredo. O que mais não contou a ele? - não esperou Bella respondeu. - Ele sabe das festas loucas que você dava? Eu amava aquelas festas. E da vez que fizemos aquele mochilão pela Europa? - ele e Bella riram.  - Melhor viagem de todas.

—Verdade. - Bella relaxou um pouco com as memórias da viagem. - Foi bem insana na verdade, mas me diverti muito.

—Nos divertimos muito, por isso que estou triste por ter acabado. A menos que seu marido aí não se importe.

—Se está sugerindo o que acho. - Edward puxou Bella novamente. - Eu me importo e muito. E você deveria ter mais respeito. Que tipo de homem fica dando em cima das mulheres dos outros? - ele estava ultrajado com a petulância do sujeito.

—Não quero confusão, cara. E porque está achando ruim? Agora você a tem só para você e deve estar aproveitando bastante. - inclinou para falar baixo com Edward sem que as pessoas em volta ouvissem. - Ela faz umas coisas bem loucas. Sabe que foi a melhor que já tive, não sabe? – a pergunta foi direcionada a Bella e Edward perdeu a paciência e deu um empurrão nele.

—Quer apanhar cara? É melhor dar o fora daqui. - Dominic riu e Bella resolveu intervir antes que as coisas saíssem do controle.

—Dom, por favor, não vamos criar caso. - pediu em tom de súplica. Algumas pessoas já estavam olhando para o trio. - Eu te ligo depois.

—Tudo bem, gata. Faz aquele negócio com ele que vai deixar ele bem relaxado. - saiu assobiando antes que Edward pudesse avançar nele.

—Vamos lá para fora. - Bella puxou Edward pela mão o levando para a varanda, precisavam de um pouco de ar fresco.

—O que foi aquilo? - Edward gritou e Bella fez um sinal para que ele ficasse em silêncio. - Não me mande calar a boca. - alertou irritado. - Quer que eu veja um babaca das cavernas dar em cima da minha esposa e ficar calado? Eu deveria ir lá e quebrar aquele cara em mil pedaços.

—Está sendo irracional, Edward. Dominic é só um amigo e ele só estava brincando, é o jeito dele.

—Brincando? - riu com desdém. - Ele estava era sendo um escroto.

—Assim como você. - acusou cruzando os braços. - Ele é exatamente como você. Mas tudo bem quando é você quem age como um babaca, mas se for outro, não pode.

—Não, não pode. Principalmente se for para flertar com a minha mulher.

—Eu não sou sua, Edward.

—É sim, Bella. Estamos unidos e eu te prometi fidelidade, quero o mesmo em troca.

—Eu sou fiel a você. – gritou com ele. Não estava gostando nenhum pouco da atitude dele.

—E eu a você, Bella. Não quero outros cobiçando o que é meu. - Edward a encurralou entre a parede. - Não sei que tipo de amizade você tinha com ele ou o que fizeram, mas que fique bem claro que isso é passado. - ele sabia que estava sendo irracional, mas um sentimento até então desconhecido, o estava dominando. - Você tem a mim e eu tenho você Bella. É tudo o que importa, agora. - eliminou os últimos centímetros  que os separavam e a beijou.

Edward não queria ser gentil, ele queria fazer Bella se esquecer dos demais, queria mostrar para todos, que ela era dele. Bella gemeu e ele passou a mão pelas costas dela, descendo até chegar à parte debaixo, onde deu um aperto e a trouxe para mais perto dele. Ela por sua vez, puxou os cabelos dele, e aprofundou ainda mais o beijo. Edward já estava infiltrado a mão por debaixo do vestido dela, quando alguém parou perto deles e pigarreou.

—Atrapalho?

—Não. Estávamos debatendo sobre política e economia. - Edward rosnou ajeitando a roupa. E com muita relutância, afastou da esposa e virou para ver quem os atrapalhou. - Ah, tinha que ser. - ergueu as mãos, derrotado. - Preciso de uma bebida bem forte. - avisou virando novamente para Bella que estava arquejando tentando se recompor. Ela não acreditava que Edward conseguiu se recuperar tão rápido, mas uma olhada para baixo, a fez ver que ele ainda estava bem afetado pelo amasso deles.

—Oi James. - murmurou envergonhada.

—Oi Bella. Vi você lá dentro e resolvi vir até aqui para conversamos, mas posso voltar em outro momento. - apontou para porta sem saber o que deveria fazer.

—Tudo bem, fique a vontade. Vou atrás daquela bebida. - Edward avisou deixando os dois a sós, mas não sem antes dar uma olhada na esposa e sussurrar um "comporte-se", que foi prontamente respondido com uma revirada de olhos. Depois daquela demonstração de homens da caverna possessivo dele, ele achava mesmo que ela fosse tentar algo? Deveria, só para dar um belo de um troco nele, mas não se rebaixaria a tanto e James já era carta fora do baralho. Ela teve muito tempo para pensar na viagem, e chegou à conclusão de que ele não valia à pena. A esnobou e a magoou muito, Edward também havia feito o mesmo e era por isso, que ela não poderia ceder aos avanços dele tão fácil assim, ele teria que implorar se a quisesse em seus braços. Tinha que demonstrar força e determinação. Só torcia para que conseguisse resistir, o que seria uma tarefa bem difícil.

[...]

—Quanto já bebeu? – Bella perguntou parando ao lado do marido, no bar.

—Não o suficiente. – rosnou e ela sentiu o cheiro de bebida que exalava dele. Já estava com a gravata frouxa e era visível que estava bêbado. – O que o seu outro namoradinho queria? Afinal de contas. – parou curioso. - Quantos namorados, você tem?

—Cala a boca, Edward. E vamos embora. – pediu o segurando pelo braço.

—Quero ficar mais um pouco e beber até o dia acabar. – falou arrastado e Bella teve que firmar para os dois não irem ao chão.

—Chega de bebida. Vamos embora, agora. – ordenou e ele bateu continência para ela.

—Sim, senhora. Agora eu sei o porquê desses caras estarem caidinhos por você. – Bella pediu ajuda a um dos seguranças e os dois escorando Edward, o colocaram no banco do passageiro do carro dele. – Ei, tira os olhos parceiro, é minha. – bateu no peito e Bella revirou os olhos.

—Certo, Fred Flintstone, já chega. – ele deu uma risadinha com o apelido. – Muito obrigada e desculpa por isso. Não sei o que ele tem hoje. – se desculpou com o segurança.

—Tudo bem, senhora. Tenham uma boa noite e vão em segurança.

—Que cara simpático. – Edward murmurou tentando prender o cinto. – Acho que estou do lado errado ou então roubaram o volante. – olhou confuso para o painel do carro.

—Acha mesmo que vou deixar você dirigir nessas condições? – ajeitou o banco do motorista. – Quando estiver sóbrio, teremos uma conversinha sobre esse seu comportamento ridículo.

—Meu comportamento ridículo? – perguntou olhando para ela. – Quem foi que soltou uma iguana demoníaca para cima de uma mulher?

—Pelo menos não foi em público e nem fiz uma cena. E ela estava quase nua. Dominic só estava conversando. – Edward riu.

—Conversando... – estalou a língua e murmurou algo que Bella não conseguiu entender. – Ele estava era pronto para dar o bote. Se eu demorasse mais um segundo, ele teria te atacado ali mesmo.

—Dá para parar de ser tão ridículo? Dom não é assim, ele me respeita.

—Respeita. – a imitou. – E eu aqui achando que você fosse uma santinha.

—Nunca disse que era. – se defendeu parando num sinal vermelho. – Não é porque nunca tive um relacionamento sério que vivia como uma freira. Também tenho um passado.

—Seu pai sabe disso? – abaixou o vidro para pegar um pouco de ar.

—Óbvio que não. Ele deve achar que me casei virgem. Até parece que conversava com meu pai sobre a minha vida amorosa. Ele surtaria se soubesse que o Dom foi o meu primeiro, é melhor ele achar que foi você. Já te odeia mesmo. Sabe o que é engraçado? Se meu pai tivesse me pedido para casar com o Dom, eu provavelmente teria aceitado. Gosto muito dele, apesar de não amá-lo, mas eu poderia conviver com ele tranquilamente.

—Para o carro. – Edward pediu já com a mão na maçaneta.

—Você está verde. – Bella murmurou encostando no primeiro acostamento que encontrou. Edward saiu correndo e colocou tudo para fora no primeiro arbusto. – Tudo bem? – perguntou aproximando com cautela dele, mas ele ergueu uma mão a impedindo de chegar mais perto.

—Deveria ter quebrado a cara daquele babaca. – resmungou voltando para o carro. Bella o seguiu sem entender nada e já ia questioná-lo sobre o assunto, mas ele escorou a cabeça no encosto do banco e fechou os olhos.

Seguiram em silêncio até o prédio.

—Chegamos. – Bella anunciou e Edward abriu a porta do carro sem dar chances para ela o ajudar a sair. – Ei, eu te ajudo. – correu para ficar ao lado dele.

—Estou bem. – a cambaleada dele, dizia outra coisa.

—Não seja tão teimoso assim. – passou o braço em volta da cintura dele o apoiando.

—Desculpa, fui um idiota hoje. – murmurou envergonhado, ele estava completamente fora de si, não bebia daquela forma e muito menos reagia de forma tão exagerada. Não. Ele estava certo em defender a honra da esposa, Dominic foi desrespeitoso e agora ele sabia muito bem como tinha agido errado com várias mulheres ao longo dos anos.

—Tudo bem. – o ajudou a sentar na cama. – Levanta os braços e vamos tirar essa roupa.

—Não é porque estou bêbado que vai abusar de mim. – deu um sorriso fraco e apoiou as mãos na cintura dela enquanto ela abriu os botões da camisa dele. – O que houve com o loiro número dois da noite?

—James? – ele assentiu inseguro se queria realmente saber o que aconteceu entre os dois. – Digamos que virei à página...

—Acho que estou um pouco atrasado, mas preciso falar o que sinto por você. – James segurou as mãos de Bella e ela o encarou assustada. – Acho que estou apaixonado por você, Bella. – ela riu desacreditada com a audácia dele.

—Ah, James. Eu queria tanto ouvir isso e agora que ouvi, não senti absolutamente nada. – deu de ombros e puxou as mãos da dele. – Eu gostava de você e fui bem clara e sincera quanto a isso, mas você me desprezou e disse que jamais sentiria algo por mim, que era só amizade.

—Estava errado. – ele a interrompeu. – Vê-la casada, mexeu comigo e eu te quero.

—Não. Você não quer. Só acha que quer. É melhor você voltar para Irina e eu voltar para o meu marido. Vamos apenas continuar sendo amigos, temos várias causas para lutar e precisamos manter uma cordialidade.

—Não posso ser apenas seu amigo. – ele segurou o pulso dela. – Eu te quero e vou lutar para ficar com você. – prometeu apertando ainda mais.

—Em primeiro lugar, me solta agora mesmo antes que comece a gritar. – o alertou e ele a obedeceu. – Segundo, não perca seu tempo, James. Sou uma mulher casada e estou satisfeita e feliz com o meu casamento, não deveria desrespeitar a sua namorada assim. Agora vá, preciso de um tempo sozinha.

James saiu sem dizer uma palavra e Bella respirou fundo. De todos os cenários possíveis, ela não imaginou que as coisas seriam daquela forma. Para uma festa tão entediante, no final das contas, as coisas foram bem intensas.

—Fico mais aliviado. – murmurou deitando abraçado ao travesseiro. – Muito aliviado.

—Tenha uma boa noite, Edward. – Bella debruçou e depositou um beijo na testa dele.