Edward cantarolava na cozinha, enquanto preparava o jantar para a esposa. Ele queria fazer o melhor jantar de todos, seria uma das surpresas que faziam parte do pedido de desculpas. Após os dois conselhos que recebeu e de passar uma semana longe de Bella, ele pode refletir e conseguiu perceber que errou muito com ela e agora precisava correr atrás do prejuízo se quisesse que o casamento desse certo. E ele queria.

Ouviu o barulho da porta da frente abrindo, desligou as panelas e correu para recepcionar a esposa. Ele empurrava duas malas pesadas e quase as derrubou ao passar pela porta.

—Eu te ajudo. – Edward pegou uma das malas e Bella a outra. – Seja bem vinda ao lar. – Edward colocou seu melhor sorriso, não sabia como estava o humor dela.

—Obrigada. – ela cheirou o ar.

—Ah, estou cozinhando para você. – explicou e ela o olhou confusa. – Faz parte do meu pedido de desculpas. Esqueci. – bateu na testa e correu até o sofá pegando uma faixa que dizia: Seja bem vinda, Bella. Agnes é quem tinha feito a faixa e estava super colorida e meio torta também, mas ele achou bem fofo.

—Jantar e uma faixa? – Bella ergueu as sobrancelhas. Ela havia se esquecido da mancada dele, mas ao lembrar, a raiva voltou.

—Isso não é tudo. Fica parada aí. – pediu e correu para pegar o violão. Ele deveria ter preparado essa parte antes. Esperava que ela gostasse da música. – Compus uma música também.

—Ah é? – Bella perguntou surpresa. Cruzou os braços e fez um sinal com a cabeça indicando que ele tocasse.

—Vamos lá. – pegou a palheta, ajeitou o violão e ajoelhou perante ela.

Oh, Bella me desculpaaa, sei que tudo é minha culpa;

Fui um vacilão, mas imploro o seu perdão.

Fiz essa canção, pois parti o seu coração;

Dei uma mancada e agi de forma errada.

Oh, Bella me desculpaaa, sei que tudo é minha culpa

Eu prometo ser fiel e te darei um anel

Me perdoa e mesmo que me doa

E eu farei de tudo para ser o seu escudo

Vou te proteger e te defender, acima de tudo.

 Oh, Bella me desculpaaa, sei que tudo é minha culpa

Eu não vou mais errar e nem te fazer chorar.

Edward ergueu os olhos e Bella o encarava sem acreditar naquela canção. Ela achou bem brega e as rimas eram bem pobres, mas inexplicavelmente, a fez sorrir.

—Eu te desculpo Edward. – ele suspirou aliviado e pegou uma pequena caixa de dentro do bolso do avental.

—Eu sinceramente, não achei que tivesse feito algo de errado e a ideia do pedido de desculpas, foi da Alice e da Agnes, mas confesso que refleti bastante e agora peço desculpas de coração e com sinceridade mesmo, Bella. Achei que não teria nenhum problema ficar com outras. Eu nunca tive um compromisso com ninguém e não sei como é estar compromissado. Estou acostumado a sair e me divertir, ficar com várias e não ter que dar satisfações a ninguém. Essa era a minha vida até duas semanas atrás e mesmo o nosso casamento sendo apenas de aparências, eu quero que ele dê certo. Quero que sejamos amigos e parceiros. Quero que você possa confiar em mim e eu estou aqui. – abriu os braços. – Para o que você precisar e não quero magoá-la novamente. Sou um idiota e um babaca, e provavelmente vou errar muitas vezes e não serei o melhor marido desse mundo, mas farei de tudo para ser o seu melhor amigo. Vai ser difícil, eu sei, mas quero merecer a sua confiança e a sua amizade. E juntos, espero que possamos ter bons momentos e que sejamos felizes. Não começamos da forma certa, mas quero fazer o certo a partir de agora. Quando zombei de você. – Bella ergue uma mão o impedindo de continuar, mas ele a ignorou. – Não, eu preciso falar. Só me escute, por favor. – pediu e ela assentiu. – Achava que era o máximo, eu ainda acho, na verdade. E agora vejo o porquê do meu pai não me querer a frente dos negócios, não sou tão ruim quanto ele acha, mas preciso melhorar e muito. Quando meu pai pediu para que eu fosse com você ao baile, achei que se falasse aquilo sobre você, mostraria superioridade e que ele não poderia mandar em mim. Queria ir ao baile e impressionar as mulheres. Disse que você era apenas uma criança, quando na verdade, a criança era eu. Eu sinto muito, Bella, e espero que possa me perdoar algum dia. – abriu a pequena caixa e tirou um par de brincos.

—Achei que me daria um anel. – ele corou envergonhado. Não deveria ter concordado em compor uma música, mas ele não sabia dizer não para Agnes e ela disse que tinha ficado bom, e ele torcia para que a música amolecesse um pouco o coração de Bella. – Só estou brincando, Edward. – colocou a mão sobre o ombro dele. – Eu te perdôo. Não vou mentir e dizer que não me magoou. Por mais que nosso casamento não seja de verdade, eu esperava mais consideração e respeito da sua parte. Sei que exigir sua fidelidade, quando eu mesma estava interessada em outro, seria meio que hipocrisia, mas você ter trazido aquela mulher para cá, me deixou chateada. Te perdoo, mas não sei se sou capaz de confiar em você.

—E eu entendo perfeitamente, Bella. Mas se você estiver disposta, eu quero te mostrar que pode sim.

—Ok. Vou te dar o beneficio da dúvida. – deu de ombros, ainda incerta quanto se ele estava ou não sendo sincero.

—Ótimo, prometo que não vai se arrepender, Bella. – entregou os brincos para ela.

—Sabe que não precisava, não sabe?

—Não estou tentando te comprar, só queria te dar um presente. Quer comer algo? O jantar ficará pronto daqui duas horas, mas fiz um lanche para você e também comprei alguns sais de banho para você relaxar da viagem dentro da banheira.

—Obrigada. E vou aceitar sim esse lanche, mas vou deixas as minhas coisas no quarto primeiro. Quero ver o Fish e o Pernalonga, eles devem estar morrendo de saudade.

—Eles não estão no seu quarto. – avisou a fazendo parar e girar nos calcanhares para encara-lo.

—Onde eles estão? – perguntou pausadamente.

—O que acha que estou cozinhando? – abriu um sorriso parecido com o do coringa, o que fez os olhos de Bella quase saltarem para fora. – Céus! Estou só brincando. – a sacudiu um pouco para que saísse do transe. – Relaxa e respira.

—Você é um idiota. – deu um soco no ombro dele.

—Vem, vou te mostrar o novo lar deles.

Edward conduziu Bella por uma escada que levava para o segundo andar do apartamento, ela ainda não tinha explorado aquela parte do lugar. Eles passaram por uma sala de televisão e por uma sala de jantar com uma mesa para doze pessoas, ela duvidava que ela já tivesse sido usada alguma vez. Edward puxou uma porta grande de correr e Bella ficou surpresa com o lugar. Era uma biblioteca com várias prateleiras espalhadas por três paredes, abarrotadas de livros e atrás de uma porta de vidro, estava à dupla dinâmica.

—Não acredito que fez isso. – deu um pulinho de animação e correu para verificar como os animais estavam. Os dois pareciam muito felizes em seu novo habitat.

A persiana estava aberta, o que deixava a luz do sol infiltrar no local. Pernalonga estava esticado curtindo o calor. O cercadinho dele tinha cerca de três metros quadrados. Em um dos lados, tinha uma faixa de grama de verdade, no outro um espaço para que ele fizesse suas necessidades e duas caixas com feno e serragem. Havia também quatro casinhas de tamanhos e formatos diferentes, uma delas tinha um colchão e até uma cobertinha. Edward espalhou vários brinquedos para ele pudesse exercitar também e é claro, um comedouro automático para que ele não tivesse problemas com falta de comida, caso Bella precisasse ficar fora por várias horas. O nome Pernalonga estava escrito em uma placa na porta do cercadinho.

—Acho que ele gostou, fica correndo e pulando por todo o lado. – comentou colocando as mãos no bolso da frente da calça, ele estava um pouco envergonhado, não sabia como Bella reagiria. Ela analisou cada centímetro e sem dizer nada, foi até a casinha de Fish.

A casa dele era um pouco menor do que a de Pernalonga, mas maior do que a anterior. Ele estava em uma espécie de aquário onde a luz do sol também alcançava, mas havia também uma lâmpada de aquecimento em cima para mantê-lo na temperatura adequada. Edward colocou vários galhos e pedaços de rocha para que ele pudesse escalar, conforme recomendado pelo vendedor do pet shop. Havia também várias folhas verdes e um abrigo para ele.

—Você foi incrível, Edward. Não tenho nem palavras para agradecer. – ela deu um abraço nele, o pegando de surpresa e ele sorriu satisfeito por ela ter gostado do novo lar dos bichinhos.

—Não foi nada. – deu de ombros. – Seu quarto estava meio fedido e eles pareciam tão tristinhos naquelas gaiolas. Aí pensei em coloca-los num espaço maior. Não entendo muito de animais, mas o cara do pet shop deu altas recomendações. Talvez só quisesse ganhar uma boa comissão. Ah, comprei um aquário decente para Ariel, também.

—Ariel? – Bella perguntou rindo.

—Você disse que Iguana não era um nome criativo. Depois poderíamos arrumar mais uns amiguinhos para ela.

—Você parece ter se dado super bem com eles. – Bella pegou Pernalonga no colo. – Oi lindinho, sentiu falta da mamãe?

—Brinquei algumas vezes com eles e fiz tudo o que estava escrito na lista que deixou.

—Eles se comportaram bem?

—Muito bem. Acho até que viramos amigos, não foi? – Edward perguntou colocando a mão no aquário de Fish e ele sibilou. – Talvez, apenas colegas, então. – murmurou afastando. - Mas eles amaram a Agnes, ela que me ajudou a decorar o lugar.

—Agnes? – Bella perguntou o encarando.

—Uma amiga. – Edward balançou a mão, como se aquilo não fosse nada demais. Ele não queria falar sobre a garota, não ainda. Não sabia como Bella reagiria e não queria que ela interpretasse errado o fato dele fazer tantas visitas ao asilo.

—Amiga, sei. – resmungou colocando Pernalonga de volta no cercadinho. - Vou tomar aquele banho. Me avise quando o jantar estiver pronto. – saiu sem dar chances para ele se explicar.

Bella não sabia o que pensar. Num minuto, ele estava cantando para ela, mostrando o novo lar dos animaizinhos dela e no outro falando que tudo aquilo havia sido obra em conjunto com uma amiga? Qual era o problema dele afinal? Ela sabia muito bem o tipo de amizade que ele tinha. Se ele queria mostrar que havia mudado, começara com o pé errado.

—Não sei o que deu nela. – Edward deu de ombros. – A mãe de vocês é meio maluca, mas foi bom o tempo que passamos juntos, galerinha.

—Que fofinhos eles são. – Agnes ajoelhou ao lado dos dois animais e pegou Fish no colo.

—Solta isso, garota. – Edward pediu se aproximando dela. - Ele vai te devorar e como contarei isso para a sua avó?

—Não seja dramático, Edward. – revirou os olhos e apertou Fish ainda mais. – Ele é tão fofo, amei. – ela largou a iguana, para alívio de Edward e pegou Pernalonga no colo. – Vem cá peludinho.

—Pensei no que você falou sobre fazer algo pelos dois e o que acha se os colocássemos num local maior e mais adequado? – perguntou agachando ao lado dela.

—Tipo casinhas novas? – ele assentiu. – Acho que vai ficar bem legal. Posso ajudar?

—Por que acha que está aqui? – perguntou rindo. – Preciso de uma assistente.

—Legal, eu quero ajudar. Gostei muito deles. E como vai a música? – Edward coçou a nuca.

—Acho que está ruim, mas depois vou cantar para você aí poderá me dizer o que achou.

—Certo. O que mais vai fazer?

—Tive algumas ideias. Alice queria que fizesse algo bem grande, com direito a fogos de artifícios, mas não é a cara de Bella isso. Então resolvi seguir com outro plano.

—Desde que seja de coração, ela vai gostar.

—E será. Sabe, eu não estava arrependido antes, mas voltar todo dia e não encontrar a Bella em casa, me fez perceber que não quero isso. Quero ser amigo dela e amigos não podem magoar um ao outro. Casamento é uma aliança entre duas pessoas, não entre três. O que fiz foi errado. Precisou de duas pessoas para me fazer ver o meu erro e não quero que isso aconteça novamente.

—Errar é humano, Edward. – colocou a mão no ombro dele. – Mas permanecer no erro é burrice, então seja esperto.

—Não é que você entende das coisas. – fez cócegas nela. – Agora levanta e vamos preparar essa surpresa. Você pega eles, não quero ser mordido novamente. – Edward ergueu a manga na blusa exibindo marcar de mordida no braço.

—Eles só estão defendendo a mamãe, não é? – sorriu para os animais fazendo Edward revirar os olhos.

—Para de puxar o saco da Bella e vamos trabalhar. – Agnes levantou num pulo e o seguiu pelo apartamento.

— O que tem para comer? – Bella perguntou rispidamente e Edward apressou em montar a mesa.

—Ravióli. Fiz de vários sabores, não sabia de qual gostava, uma saladinha. E Maria me passou a receita da sua torta favorita, nunca fiz, então não sei se ficou bom. Aceita uma taça de vinho? – sem dizer uma palavra, ela assentiu e puxou a cadeira para sentar. – Como foi o banho? Gostou das velas? E dos óleos? – perguntou impaciente com o silêncio dela, queria saber se ela estava gostando.

—Sim, obrigada. – murmurou de má vontade. Ela ainda estava brava. Aquele pedido de desculpas era por ele ter levado uma mulher para o apartamento e ele havia feito tudo aquilo com a ajuda de outra mulher. Maria e Alice ajudarem, tudo bem, mas quem seria essa tal de Agnes? Edward sorriu ao falar o nome dela, então deveria ser alguém de quem ele gostava muito.

—Como foi a viagem? – perguntou entregando uma taça de vinho para ela.

—Excelente. – murmurou ainda pensativa.

—Só isso? Conte-me tudo. – a incentivou e colocou as travessas com os raviólis na mesa.

—Ok. – balançou a cabeça resolvendo focar na viagem. – Foi incrível. Fizemos tantas coisas e você precisa ver a alegria das crianças. Como eu gostaria de ajudar todo mundo. Pessoas, animais, a natureza... – Bella desatou a falar, entre uma garfada e outra, e Edward a encarava atentamente, não queria perder nada do relato dela. Ele havia pesquisado sobre os projetos dela, e ficou muito admirado com o trabalho que fazia, não achava que ela deveria abrir mão daquilo e agora entendia o porquê dela focar tanto naquilo. Ele abaixou para pegar o guardanapo que havia caído e quando ergueu os olhos, pode ver o brilho nos olhos de Bella e a achou tão linda, que quase a tomou em seus braços. Ela era tão intensa e apaixonada e ele queria ver sempre aquele sorriso estampado no rosto dela. Sabia que ela conseguiria provar ao pai que não precisava dele e que teria muito sucesso no trabalho. E ele a apoiaria em tudo.

Ooh, there's something about

Kinda woman that can do it for herself

I look at her and it makes me proud

There's something about her

There something, ooh, so sexy about

Kinda women that don't even need my help

She says she got it, she got it, no doubt

There's something about her

Ooh Tem algo

Tipo de garota que consegue fazer tudo por ela mesma

Eu olho para ela e isto me faz orgulhoso

Há algo nela

Tem algo ooh, tão atraente

Tipo de mulher que não precisa da minha ajuda

Ela diz que é com ela, ela consegue, sem dúvida

Há algo nela

Os dois terminaram o jantar e Edward sorriu satisfeito por ter completado a missão. Mas ainda falta um item importante. 

—Agora, como eu disse, não deixaria barato o que você fez com a minha amiga. – Edward levantou e parou ao lado da esposa.

—Já conversamos sobre isso e nós dois concordamos que o que você fez foi totalmente errado.

—Sim, mas a forma como você reagiu também foi errada e precisa sofrer com as consequências dos seus atos e é por isso que terá que fazer uma coisa que disse que não a obrigaria a fazer. – levou as mãos ao cinto o retirando. Ele tinha errado, é claro, mas Bella não precisava ter o ameaçado, poderia ter conversado amigavelmente com ele.

—Espera. – Bella ergueu as mãos encolhendo na cadeira. – Não pode me obrigar a dormir com você. – Edward a olhou horrorizado.

—Meu Deus, é claro que não. – ele estava muito ofendido com a insinuação dela. – Que tipo de homem acha que sou? Eu jamais a obrigaria a fazer isso.

—Vai me bater então? – apontou para o cinto nas mãos dele.

—Sério Bella? Olha o que eu fiz para você. – apontou para a mesa de jantar. – Acha mesmo que a empanturraria de comida para depois a espancar? Você não me tem muito em consideração. – agora ele estava ultrajado.

—Ora, o que deveria pensar então? – agitou as mãos, irritada.

—Só tirei o cinto para ficar mais a vontade. Comi demais e a calça está me apertando. – jogou o cinto em um canto da cozinha. – Não vou machuca-la Bella, mas vou fazê-la sofrer. – ela arregalou os olhos e arredou a cadeira para mais longe dele. – Você vai me acompanhar em um jantar de negócios. – anunciou com um sorriso vitorioso.

—NÃO! – Bella choramingou. Ela já tinha participado de alguns jantares na casa dos pais e eles eram entediantes e os participantes, em sua maioria quase absoluta, eram chatos e esnobes. – Você disse que jamais me obrigaria a participar.

—Esse é o seu castigo. – retrucou cruzando os braços.

—E o seu castigo?

—Já não sofri o bastante? Tive que cuidar dos seus bichinhos e te prometi fidelidade. – a lembrou apontando o dedo indicador para ela. – Não posso ir aos eventos sozinho, as pessoas fazem perguntas. E você me deve uma.

—Eu te odeio, sabia? – choramingou e Edward sorriu.

—Sim, eu sabia. – levantou satisfeito por ter vencido a pequena batalha. – Você lava e eu seco?

Bella bufou em sinal de resposta, mas levantou e foi até a pia e descarregou toda a raiva, esfregando com força a louça.