Ovelha Negra escrita por Rayanne Reis
Notas iniciais do capítulo
Olá pessoal, tudo bem? Espero que sim.
Vamos ao capítulo e ver a reação da Bella ao conhecer a Agnes.
—Bom dia, como está? – Bella perguntou e Edward abaixou a cabeça, envergonhado.
—Estou ótimo. Maria fez um café bem forte e sai para uma corrida. – apontou para a camisa suada. – Bem, se me dá licença, preciso me arrumar. – avisou passando por ela.
—Vai sair?
—Sim. Tenho um aniversário para ir. – respondeu alegremente.
—Aniversário? – não queria demonstrar estar muito curiosa, mas também não conseguiu disfarçar.
—Da Agnes. – avisou sorrindo ainda mais. – Não sei que horas volto. Se precisar de mim, é só ligar. – avisou indo para o quarto.
Bella olhou sem acreditar. Depois de todo o show que ele deu na noite anterior e exigência de fidelidade, ele ia para o aniversário da amiguinha dele? Ele podia ter amigas, mas ela não podia ter amigos? Aquilo não ficaria assim, não mesmo. Saiu pisando duro até a cozinha, onde desabou na mesa.
—Algum problema? – Maria perguntou preocupada. –Estou finalizando o almoço, se quiser chamar o Edward.
—Ah, não se preocupe com ele. Vai para o aniversário da amiguinha dele. – falou em tom de desdém. – Sabe o que me deixa irritada, Maria? Ontem, ele fez o maior escândalo porque estava conversando com o Dominic, meu amigo, bebeu todas, agiu feito um homem das cavernas, me beijou...
—Ele te beijou? – a interrompeu, animada com a informação. Maria sabia sobre a natureza do casamento deles e descobrir que eles estavam desenvolvendo a relação, a enchia de alegria.
—Me atacou na verdade. – Bella ergueu os olhos e Maria puxou uma cadeira para sentar de frente para ela, curiosa com o ocorrido. – Ele estava gritando, todo bravo e no momento seguinte, estava me agarrando e me deixando sem folego. – abanou lembrando-se dos toques dele.
—E foi bom? – Bella corou e olhou para o chão. – Não seja tímida. – a incentivou a responder.
—Foi ótimo. – confidenciou sorrindo. – Mas isso não vem ao caso. O que importa é que ele está indo se encontrar com a amiguinha dele. Acredita que ele a trouxe aqui quando estava viajando? – Maria a olhou surpresa. Ela sabia que Edward levou Agnes até o apartamento, mas será que Bella estava se referindo a ela? Isso não explicaria os ciúmes, afinal de contas, Agnes era uma criança, ah menos, é claro, que Bella não soubesse quem ela era. O que era bem provável, já que Edward mantinha em segredo as idas dele até o asilo, ela mesma, só descobriu durante a semana, quando ele levou a garota até lá e as apresentou e explicou de onde a conhecia.
Maria sabia que ele era uma boa pessoa, e que apenas gostava de aparentar serum cara mal. Ela nunca entenderia aquilo. Deu de ombros encarando Bella.E ao ver a cara de brava dela, teve a certeza de que ela não conhecia a identidade da amiga de Edward.
—Deve ter sido quando eu não estava. – fingiu desconhecer a visita. – Mas eu sei que ele está bem animado com esse aniversário. Falou dele a semana toda. – levou a mão ao queixo. – Na verdade, se não me engano, ele é quem está organizando. Passou a semana toda envolvido com isso. Fora que ele tem saído bastante. – falou em tom conspiratório e as narinas de Bella inflaram de raiva.
—Como é? – cerrou os punhos. – Esse ordinário. Eu vou esganar ele. Prometeu que seria fiel.
—Talvez ele vá ser a partir de agora e só estava se despedindo. – resolveu colocar lenha na fogueira e tacar álcool também. – Se fosse você, iria atrás dele e o confrontaria.
—Ah, Maria, não quero fazer uma cena lá na festa. É melhor ir atrás dele agora. – ameaçou levantar, mas ela a impediu.
—Ele vai negar. Vá atrás dele e pegue provas.
—Tem razão. – deu um tapa na mesa. – Vou me arrumar agora mesmo e ir atrás dele. Quero ver a cara dessa tal Agnes e dizer umas boas verdades na cara dela.
—Isso. – Maria incentivou. Ela queria ser uma mosca para ver a cara de Bella quando descobrisse a verdade.
[...]
Bella seguia Edward com impaciência e curiosidade. O caminho que ele fazia era desconhecido para ela, estavam indo para fora da cidade e como o fluxo de trânsito era menor ali, ela se manteve afastada e quase o perdeu em algumas ocasiões, mas conseguiu se manter fora de vista e o seguiu até o destino final.
—O que está aprontando, Edward? - murmurou parando o carro debaixo de uma árvore, não queria chamar a atenção e resolveu seguir a pé o restante do caminho. Parecia uma espécie de clube, era um local muito bonito e verde. Andou por uns 100 metros e não encontrou nenhuma placa ou sinal de onde realmente estava.
Bella avistou uma casa enorme e apressou o passo, queria desmascarar o marido e conhecer a tal amiguinha dele. Tocou a campainha e uma jovem com uniforme de enfermeira, abriu a porta. Bella estava ainda mais confusa, seria uma festa a fantasia?
—Posso ajudar? - a jovem perguntou com um sorriso enorme.
—Sim. Vim para festa da Agnes. - esperava que realmente estivesse no lugar certo.
—Ah! - Ela a olhou surpresa, não sabia que a garota tinha convidado mais alguém, achava que seria só os moradores do asilo e Edward. - Venha, eu te levo até o jardim. - respondeu abrindo a porta para que Bella pudesse passar. - Conhece a Agnes da escola? - Bella olhava para todos os cantos sem entender onde estava. Aquilo não parecia um clube e muito menos um ambiente que Edward frequentaria, a curiosidade dela só aumentava. - Ela é uma boa garota, não é? - Bella piscou confusa, não estava prestando atenção a conversa.
—Ah, sim. - concordou com o quer que seja que foi perguntado.
A enfermeira abriu a porta que dava acesso ao jardim e Bella estancou no lugar. Nada fazia sentido ali, ela esperava um local cheio de jovens, som alto e muita bagunça. Mas ao invés disso, só havia idosos, algumas enfermeiras, Edward e uma garota baixinha. Ela quis dar meia volta, mas já era tarde, a presença dela fora notada e a garota corria em direção a ela.
—Você veio. - braços finos rodearam a cintura dela,a deixando sem reação. - Edward disse que você não viria, mas estou muito feliz em te conhecer. Amei o Fish e o Pernalonga. Gostou da nova casinha deles? E o pedido de desculpas do Edward? Foi legal? Ele cantou a música para você?
—Você é a Agnes? - perguntou surpresa.
—Sim. - respondeu rindo. - Gostou da música? Eu achei bem brega.
—Ei, você disse que tinha ficado legal, só por isso que cantei. - Edward parou ao lado das duas e cutucou Agnes.
—Falei porque sou sua amiga e não queria ferir seus sentimentos, mas ficou horrível. - Bella olhava de um para o outro em busca de alguma semelhança entre os dois. Edward seria pai dela? E porque só havia idosos ali?
—Sua pequena mentirosa. - ele fez cócegas nela e depois encarou a esposa com um riso zombeteiro.
— O que faz aqui, Bella?
—Ela é sua filha? - Edward engasgou com a pergunta.
—Ela é engraçada. - foi Agnes quem respondeu. - Vem, Bella, quero te apresentar ao pessoal. - a puxou pela mão. - Só toma cuidado, principalmente com o Ernie, ele gosta de ficar encostando nas enfermeiras. - Bella se deixou ser guiada, ela não sabia o que pensar e acreditava ter feito papel de boba. - Gente, essa é a Bella, a esposa do Edward.
—Esposa? Ele é casado? - um senhor perguntou coçando a barba.
—Ele tem problema de memória, liga não. - Agnes explicou apresentando Bella a cada um dos convidados. - E essa é a minha avozinha, Angela.
—É um prazer conhece-la. - Angela estendeu a mão trêmula e Bella apressou em aperta-la.
—O prazer é todo meu. – balbuciou ainda confusa.
—Vocês fiquem aí conversando, vou pegar um suco para você, Bella. - Agnes saiu correndo.
—Ela está tão feliz. - Angela falou olhando para a neta e Bella sentou ao lado dela. - Edward foi quem preparou tudo, ele é um grande homem.
—Você o conhece há muito tempo?
—Acho que uns 10 anos. O avô dele morava aqui e ele sempre vinha visita-lo, mas sempre sozinho. Ele me parecia solitário, que bom que ele te encontrou. Ninguém merece viver sozinho.
—Não acho que Edward seja solitário. - resmungou e Angela aproximou dela.
—Você pode estar no meio de uma multidão e mesmo assim estar sozinho. E me parece que você também era meio solitária, posso ver nos seus olhos. - Bella a encarou surpresa. - Você não sabia o que encontraria aqui, não é mesmo? Parece bem surpresa.
—Achei que a Agnes fosse alguma das amiguinhas de Edward. - Angela deu uma risadinha. - E que o encontraria em algum tipo de rave.
—Mas nunca imaginou o encontrar num asilo e que a amiga dele tivesse 9 anos.
—Me sinto uma idiota. Deveria ter confiado nele. Ele disse que seria fiel e eu duvidei dele na primeira oportunidade.
—O passado dele não ajuda muito, mas ele gosta de você e acredito que queira mesmo que esse casamento dê certo e que vocês sejam felizes juntos. Resta saber se você também quer isso. - Angela a olhava por debaixo dos óculos. Ajeitou a manta sobre as pernas e encostou-se à cadeira. - Não deixe o passado atrapalhar o seu presente e futuro. Dê um voto de confiança a ele. - finalizou dando um tapinha na perna dela. Ela o conhecia muito bem e os dois tiveram uma conversa sobre o casamento e Edward lhe contou todos os detalhes.
—Esqueci de perguntar, qual sabor você gosta? - as duas foram interrompidas por Agnes.
—Vai machucar se continuar correndo assim. - Angela a advertiu.
—Desculpa vovó. Estou muito empolgada. Edward disse que comi muito doce. Você quer doce, Bella?
—Quero sim. - sorriu para ela. - E acho que te devo um agradecimento. - a pequena corou. Ela tinha traços latinos e não se parecia em nada com Edward.
—Não precisa. Só quis ajudar o Edward, ele estava bem perdido e queria fazer um grande pedido de desculpas. Ah, você desculpou ele? Eu até dei um beliscão nele. - confidenciou baixinho.
—Sim, eu o perdoei. - a pequena parecia aliviada.
—Nossa, que bom. Ele ficou bem arrependido e disse que sentia a sua falta e que gosta de você.
—Sua fofoqueira. – Edward a cutucou.
—Para de chegar de fininho. – Agnes o repreendeu. – Ah, você trouxe um suco para Bella? – apontou para os dois copos que ele segurava.
—Sim e a senhorita pode parar de comer doce. – Bella olhava de um para o outro. Eles poderiam não se parecer fisicamente, mas os gestos deles eram bem parecidos.
—É meu aniversário e tem muito doce. E como a maioria não pode comer, eu vou ter que comer a parte deles. – explicou colocando as mãos na cintura.
—Você é tão espertinha, garota. – piscou para ela e virou para a esposa. – Pode vir comigo um instante?
—É claro. – Bella levantou e caminhou ao lado dele até um banco mais afastado.
—Então... – Edward entregou o copo com suco para a esposa e ela bebeu tudo sem olhar para ele. Precisava de tempo para pensar em alguma desculpa, mas do que adiantaria mentir?
—Eu te segui. – confidenciou envergonhada. – Você ficou falando dessa tal de Agnes, que ela te ajudou com a surpresa e que ela era sua amiga.
—E você achou que ela fosse minha amante. – Edward completou. – Entendo. – assentiu decepcionado. - Quando disse que não confiava em mim, não achei que fosse tão grave assim. Eu te fiz uma promessa, Bella.
—Eu sei. – ergueu as mãos em sinal de rendição. – Eu vacilei. Dominic é só um amigo, eu gosto muito dele, mas nunca o amei. Estou acostumada com as brincadeiras dele e nunca vi mal algum nisso, mas sei que ele passou dos limites ontem e eu não me impus como deveria. Somos casados e não podemos agir feito adolescentes.
—Vai ter que compor uma música se quiser que eu te perdoe. – Edward cruzou os braços e os dois riram. – Nosso casamento vai ser assim sempre?
—Espero que não, mas vamos aprender, ainda, como é estar em um relacionamento. A confiança, ela é adquirida com o tempo e estamos só começando. Vamos aprender a controlar os ciúmes também.
—Quem aqui é ciumento? – Edward perguntou a empurrando com o ombro.
—Quem será, hein? – perguntou rindo. – Uma solta a iguana para cima das pessoas e faz perseguições e outro age feito um homem das cavernas e ameaça quebrar a cara das pessoas.
—Melhor dupla de todas. – Edward assobiou.
—Agnes não é sua filha, é? – ele revirou os olhos para ela.
—Não. Ela não é. Os pais dela morreram em um assalto e ela vive com a avó desde então.
—Nunca o imaginei visitando idosos.
—Nem eu, mas sabe de uma coisa? Eu amo esse lugar e as pessoas daqui. A primeira vez que vim aqui, meu avô estava muito mal e minha mãe pediu para que viesse logo me despedi. É claro que não queria vir, mas ao chegar aqui e conversar com essas pessoas, eu senti algo que não dá para explicar. Me senti em paz e acho que aprendi a dar mais valor a vida. Cada um deles tem uma história de vida tão incrível e muitos, tão triste, que te faz repensar. Aqui eu posso ser eu mesmo. Não tenho que ser o empresário bem sucedido e que precisa esbanjar poder, não preciso ser o cara sedutor que se sair desacompanhado de uma festa, todos vão comentar e até ridicularizar. O nosso meio é muito podre, Bella. Você tem sempre que aparentar algo. Se você é sensível e humano, você é fraco. Se você é fiel, é um idiota. Todos os meus colegas e grande parte dos empresários que conheço, tem amantes ou uma esposa troféu e eu sempre achei que para me igualar a eles, precisava fazer o mesmo. Teria que ter o carro do ano, ostentar as coisas mais caras, mas quer saber? Apesar de me divertir bastante, isso é tão triste e vazio. Eu ia para casa e não sentia nada.
—É uma alegria passageira. – Bella completou o pensamento dele. – Sei bem como é. Temos que ser perfeitos, não há espaço para erros. Eu deveria me casar e ser aquela esposa obediente e viver com um sorriso no rosto, mas nunca quis isso para a minha vida. Gosto de ser livre e fazer o que quiser, sem pressão e sem obrigações.
—É por isso que nos consideram ovelhas negras.
—Porque queremos ser diferentes. – completou colocou a mão sobre a dele.
—Então chega de fazer a vontade dos outros. – levantou num pulo. – Seremos apenas Bella e Edward e que se dane o resto.
—Eu aprovo isso. – agarrou a mão que ele estendeu. – Ah, tem mais uma coisa. Pode colocar meu nome do presente que comprou para Agnes? Não quero passar mais vergonha do que já passei.
—Podemos dizer que foi você quem escolheu. – sugeriu e ela sorriu em agradecimento. – Ela gostou muito de você e estava muito animada para te conhecer. – os dois olharam para a pequena, que fingia não os estar observando.
—Ela parece ser uma fofa e bem simpática. Gostei dela.
—Ela é e eu amo essa garota. – sorriu para pequena e ela correspondeu corando por ter sido pega no flagra. Edward fez sinal para que ela aproximasse.
—Me chamaram? – perguntou animada.
—A Bella disse que gostou de você. – Edward respondeu para alegria total dela. – E aí, já fez a avaliação?
—Já sim e ela serve para você. – Bella olhou de um para o outro, confusa.
—Agnes queria saber se você servia para ser a minha esposa e parabéns, você foi aprovada. – bateu palmas.
—Agora você também precisa ser avaliado. – Agnes o alertou e o olhou de cima a baixo. – Desde que prometa comportar, acho que pode ser aprovado.
—O que? Ainda não estou aprovado? – levou a mão ao coração. – É difícil agradar você.
—Que nada. – balançou a mão. – Você me agrada sempre e eu estou amando a minha festa. A maioria está dormindo, mas a festa está bem animada. – os idosos que não estavam dormindo e conseguiam ficar de pé, se arriscavam na pista de dança improvisada. – É um dos melhores aniversários que já tive.
—E olha que ainda não acabou. – os olhos dela arregalaram em expectativa. – Semana que vem vamos para casa de campo dos meus pais, mas na outra, tenho uma surpresa para você.
—O que é? – começou a pular animada.
—Surpresa, ora essa.
—Não vai me contar? – fez um bico e ele balançou a cabeça negando.
—Não mesmo. Vamos lá cortar o bolo. – estender um braço para cada uma delas e os três andaram juntos até a mesa de doces, com sorrisos enormes e uma leveza e felicidade que não sentiam há muito tempo.
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O que acharam? Eles tem as suas falhas e ainda estão aprendendo sobre o que é estar num relacionamento, mas eles são uns fofos. Agnes toda animada pela festa e por conhecer a Bella.
Só para adiantar, essa viagem vai ter de tudo, romance, intriga, confusão, briga, tiro, romance, confusão...
Comentem, palpitem, indiquem e recomendem a vontade.
Bjs e até mais.