Ovelha Negra escrita por Rayanne Reis


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?
Eu prometi que o Edward era na verdade um fofo e aqui está um lado dele que vocês provavelmente não sabiam que existia, espero que gostem e que ele ganhe alguns pontos com vocês. Tem personagem novo na área.



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Edward caminhou pelo apartamento, suspirando, estava completamente entediado. Tinha muito trabalho para fazer, mas não conseguia manter a concentração. Seus pensamentos estavam pelo longe dali. Bella ainda não havia voltado da viagem e mesmo com o pouco tempo de convivência, ele já tinha se acostumado com a presença dela e mesmo não dando o braço a torcer, ele sentia a falta dela. Não tinha ninguém para conversar ou implicar.

Poderia sair para alguma festa, mas não sabia se conseguiria resistir e não ficar com nenhuma mulher e ele havia feito uma promessa a Bella e ele sempre cumpria o que prometia. Por mais que difícil que fosse, ele seria fiel à esposa.

Conferiu se Fish e Pernalonga estavam seguros e se tinham comida suficiente, e pegou a chave do carro. Só havia um lugar para onde ele poderia ir. Seu local secreto de refúgio. A família não sabia que ele ainda ia lá, na verdade, achavam que ele só havia ido lá uma vez. Mas ele gostou tanto das pessoas de lá, que voltou mesmo após o avô partir.

—Olha ele aí.

—Oi pessoal. – Edward cumprimentou o grupo com um aceno de mão.

—Meu bonitão chegou.

—Sua velha assanhada. – ela foi repreendida por outra senhora. – Deixa o garoto em paz.

—Sem brigas, senhoras. – pediu indo até as duas e as abraçando. – Tem Edward para todo mundo.

—Trouxe aqueles biscoitos deliciosos? – um senhor perguntou com os olhos brilhando de expectativa.

—E a diabetes Ernie? – Edward colocou as mãos na cintura encarando o pequeno senhor.

—Vai negar uma última alegria a esse velho caquético? – retrucou fazendo bico.

—Caquético? Até parece que não sei que arrasou no baile ontem. Vai ter que me ensinar aquele passo. – Edward tentou fazer o tal passo, mas acabou saindo como se ele estivesse sendo eletrocutado.

—Alguém chame a enfermeira que o garoto está morrendo. – um senhor gritou e todos começaram a rir.

—Ei. – Edward reclamou fingindo estar magoado. – Confesso que não sou bom com dança, mas não fui tão mal assim.

—Meu jovem. – o senhor dançarino, colocou a mão no ombro dele. – Em toda a minha vida, nunca vi algo tão horrível assim.

—Poxa, Ernie, magoou agora. – fez bico. – Estou até pensando se te dou ou não aqueles biscoitos deliciosos. – os olhos do senhor brilharam e Edward retirou uma pequena vasilha de dentro da sacola. – Esses são especialmente para você, sem açúcar. – Ernie pegou a vasilha com os olhos marejados.

—Você é muito bondoso.

—Que isso, não é nada de mais. – deu de ombros e se virou para a sacola. - Tem para vocês também. – anunciou para a alegria de todos.

—Pode tocar para nós? – uma senhora pediu animada.

—Não vai tocar música de velho não, né? – Edward virou para a jovem parada próxima a porta.

—Tenha respeito, garota. – a repreendeu em tom brincalhão.

—Achei que tivesse arrumado outro asilo para ir, anda tão sumido. – a garota aproximou dele.

—Muito trabalho e agora sou um homem casado. – o salão inteiro ficou em silêncio total e depois foi preenchido pelas gargalhadas.

—Minha dentadura vai cair. – uma senhora falou em meio às risadas.

—Meu coração está doendo. – um senhor completou.

—Não sei o motivo da graça. – agora Edward estava realmente ofendido.

—A sua piada. Quem é a maluca que casou com você? – a garota perguntou secando as lágrimas.

—Bem, ela realmente é maluca. Você precisa ver os bichinhos de estimação dela.

—Então ela é mesmo real? – perguntou olhando para a aliança dourada que ele usava.

—Sim, ela é. Está com ciúmes Agnes? – ele começou a cutucar a garota.

—Para, sabe que sinto cócegas. – reclamou se contorcendo.

—E por isso que é legal fazer isso. – Edward intensificou as cócegas.

—Para ou fazer xixi nas calças e isso não é legal. – os dois se encararam lembrando-se da vez em que Harold fez xixi nas calças de tanto rir e como forma de punição, Rebecca, diretora do asilo, fez os dois limparem a bagunça. – Eu sempre me dou mal quando você está por perto.

—Até parece. – bagunçou os cabelos dela. – Quem é a pessoa mais divertida que você conhece? Quem é o cara mais lindo que você conhece? – Edward ameaçou retornar as cócegas.

—Você, seu chato. – ela sorriu exibindo os dentes brancos. – Agora me conte mais sobre essa esposa maluca. – pediu animada.

Agnes vivia com a avó Angela, no asilo Lar Feliz, há dois anos. Os pais dela morreram em um assalto e desde então, ela morava com a avó. Um arranjo feito por Edward. A diretora não queria aceitar a garota no asilo, mas ele foi muito persuasivo e conseguiu que a menina ficasse com a avó, já que ela era a única parente viva e a outra opção, seria mandar a jovem para um orfanato. Angela e Edward jamais permitiriam aquilo, e após várias negociações e concessões, Agnes foi autorizada a ficar. No final das contas, Rebecca ficou muito feliz, pois a garota ajudava com os idosos e eles a adoravam.

—Bem, o nome dela é Isabella, tenho uma foto aqui. – Edward pegou o celular e mostrou uma foto de Bella na manifestação.

—Ela é bonita. – Agnes comentou com ciúmes. – O que ela faz da vida?

—Ela ajuda as pessoas de várias formas.

—Traz ela aqui então. – ela queria conhecer a esposa de Edward. – Assim posso avaliar e dizer se ela serve para você.

—Quem sabe um dia. – ele achava que Bella iria gostar do lugar.

—Ela não sabe da sua vida secreta? – a garota sussurrou para ele e Edward a puxou para sentarem no sofá.

—Ninguém sabe que venho aqui.

 Edward conheceu o asilo, quando o avô materno dele morava lá. Ele faleceu há cinco anos, mas Edward continuava indo lá, tinha formado laços de amizade com os moradores do lugar e gostava de ir lá pelo menos uma vez por semana. E foi em uma dessas visitas, que ele conheceu a pequena Agnes. Quando a viu pela primeira vez, ela tinha cinco anos, e agora estava prestes a completar nove. Fez uma nota mental de verificar com Angela sobre a festa surpresa da garota.

—Você quer que todos pensem que você é um bad boy.

—E você lá sabe o que é isso? – ergueu uma sobrancelha para ela a fazendo rir.

—Não sou mais uma criança. – reclamou empinando o nariz.

—Ah, desculpa, não sabia que você já tinha 80 anos. – Edward debochou. – Como anda os estudos? Está indo direitinho as aulas, precisa de alguma coisa?

—Não se preocupe. Ainda tenho um pouco daquele dinheiro que me deu. – falou baixinho para que ninguém ouvisse aquilo, era um segredo dos dois. A avó dela não gostava de pedir ajuda. Ela sempre dizia para a garota não ficar perturbando Edward, mesmo após ele repetir inúmeras vezes que não era incomodo algum e que poderiam contar com ele a qualquer hora. A única ajuda que ela realmente aceitava, era que Edward pagasse pelos estudos da garota. Angela dizia que, um dia, a neta arrumaria um bom emprego e devolveria todo valor investido. Mas Edward argumentou dizendo que não era preciso, pois era uma bolsa que a Cullen Corp oferecia a vários estudantes. Agora aquilo era realmente verdade, mas a bolsa de Agnes não fazia parte do programa da empresa, era uma coisa apenas dele.

—E como a sua avó está? – a garota abaixou a cabeça e Edward a puxou para um abraço. – Ei, baixinha, não fique assim. – ele sabia muito bem que a saúde de Angela ia de mal a pior e temia pelo destino da garota, não queria que ela ficasse desamparada.

—Acho que ela vai morrer. – ela escondeu o rosto na camisa dele. – A senhora Jones estava do mesmo jeito e depois ela morreu.

—Isso não quer dizer que a sua avó também vai morrer. Cada caso é um caso. Eles estão cuidando bem dela?

—Estão sim, mas eu ouvi os médicos falando que não tem muito que fazer. – a voz dela saia falhada e Edward a abraçou mais forte. – Não quero ficar sozinha.

—Você nunca vai estar sozinha. Não se preocupe com nada, que daremos um jeito. – garantiu secando as lágrimas dela. – E me ligue se precisar de qualquer coisa, está bem? – deu um beijo na testa dela.

—Tudo bem, mas não conte para a vovó o que te falei. Ela não sabe que eu sei. – fungou limpando o nariz na manga da camisa.

—O que falamos sobre ficar ouvindo a conversa dos outros, hein?

—Que é errado. – resmungou revirando os olhos.

—E feio. Não se deve ouvir a conversa dos outros, principalmente de adultos.

—Vocês adultos são tão chatos e acham que nós crianças não sabemos de nada, mas eu sei de muita coisa. – empinou o nariz e Edward riu.

—Ah é? – ela assentiu e ele segurou para não gargalhar da cara de sabedoria dela. – Então, já que é tão sabichona assim. Me dê um conselho aqui.

—Diga lá. – o incentivou agitando as mãos.

—Vamos dizer que tem uma menina que gosta de você. – ela fez uma careta.

—Eu não gosto de meninas.

—Eu sei que não. Mas é só uma forma hipotética. Digamos que uma menina goste de você, só que você não gosta dela.

—Eu não gosto mesmo. - ela cruzou os braços ofendida.

—Certo. Isso não está funcionando. – ela coçou a nuca e resolveu falar de uma forma mais clara. – Quando eu era adolescente, a minha esposa, gostava de mim, só que eu não gostava dela.

—Ah, ela é a menina. – deu um tapinha na testa. – Agora eu entendi. – balançou a cabeça animada.

—Sim, ela é a menina. Achei que você fosse entendida. – a provocou e ela corou.

—Eu não sei de tanta coisa assim. – admitiu envergonhada. – Mas continue.

—Ela gostava de mim e eu não gostava dela.

—Por quê? – perguntou colocando a mão no queixo interessada.

—Ela é mais nova e eu a achava meio chatinha. Ela fica no meu pé e eu tinha que cuidar dela e do meu irmão, o Emmett. E eu era meio idiota também. Queria sair com as meninas mais velhas, fazer coisas de adultos e eu jamais poderia fazer isso com a Bella, Charlie me mataria se eu colocasse as mãos nela. – ela assentiu entendendo a situação. – Ia ter um baile da empresa e meu pai pediu para que eu fosse par da Bella, só que eu debochei dela e ela viu e ficou com muita raiva.

—Que coisa feia, Edward. – ela estava decepcionada com a atitude dele. – Se fosse comigo, eu teria batido em você.

—Ei, é para você me apoiar. – reclamou a cutucando.

—Estou do lado de quem está certo. – avisou cruzando os braços.

—Tudo bem então. Ela ficou muito magoada comigo e só descobri isso há pouco tempo. Não sabia que ela tinha ficado tão ofendida assim.

—E mesmo assim ela casou com você? – perguntou surpresa. – Deve te amar muito.

—Que nada, nosso casamento não é por amor.

—Não é? – gaguejou o olhando desacreditada.

—Temos um acordo para irritar as nossas famílias.

—Isso é errado.

—Sem julgamentos, crianças. – a advertiu.

—Todos os casamentos devem ser por amor, igual nos filmes.

—Você ainda é muito nova para entender. – deu um tapinha no ombro dela.

—Então você não gosta da sua esposa?

—Eu gosto dela. Ela é legal, bonita, inteligente, esperta e uma boa companhia, apesar de ter os animais mais estranhos e de ser uma bagunceira de primeira. – sorriu ao lembrar-se da bagunça que ela fazia pelo apartamento. - E eu sinto uma atração por ela. – confidenciou corando, principalmente por estar conversando com uma criança. – Mas eu não a amo.

—Pois deveria. – o repreendeu apontando o dedo para ele.

—Prosseguindo... – a ignorou. – Como o nosso casamento é apenas um acordo, de aparências, eu achei que poderia ficar com outras mulheres. – Agnes abriu a boca horrorizada com a situação.

—Não acredito. – deu um grito que fez metade dos idosos olharem para ela. – Isso é muito errado, Edward. Bem que a senhora Stanley disse que os homens são uns patifes mentirosos. – ela estava muito brava com ele.

—Você sabe o que significa patife?

—Não, mas não deve ser algo bom.

—Patife é alguém sem caráter. – Edward explicou. – E não deveria dar ouvidos a Sra. Stanley. A mulher casou seis vezes. O problema não era com os homens e sim com ela.

—Você não deveria ficar com outras mulheres. – balançou a cabeça para enfatizar. – Quando duas pessoas casam, eles têm que ficar só com o outro e com mais ninguém, ou então, nem deveria casar.

—Vai me dar esporro agora?

—Sim. – deu um beliscão no braço dele. – Você mereceu. – retrucou quando ele a olhou abismado. – Foi muito feio o que fez e não pode fazer isso de novo.

—Mas eu não fiz nada. Eu nem beijei a garota. – tentou se defender. Bella não havia dado chances dele se explicar.

—E nem deveria.

—Ok. Eu errei. Tudo bem? Já entendi isso e não vou mais fazer algo do tipo. Serei completamente fiel a Bella. – garantiu e Agnes o olhou com desconfiança.

—Acho bom, ou vou ajudar a sua esposa a bater em você. – ameaçou erguendo os punhos.

—Menos violência, por favor. E você nem conhece a Bella para ficar a defendendo assim. Cadê a nossa parceria?

—Eu amo você, Edward, mas você pisou na bola legal e mulheres devem ficar unidas. É o que a senhora Stanley diz.

—É melhor parar de escutar essa velha. – resmungou a fazendo rir. – Agora podemos voltar ao assunto principal? – ela indicou que ele prosseguisse. – Eu conversei com a Alice que é namorada do Jackson e ela disse que preciso pedir desculpas a Bella e teria que fazer algo grande.

—Concordo. – apressou em dizer. –Tem que ser algo bem legal, do fundo do coração e romântico. Poderia fazer algo para os bichinhos dela. Ou compor uma música bem lega. Eu poderia te ajudar. Aposto que a vovó deixa se você pedir. Ela sempre diz que você é o máximo e eu também acho. Você é o nosso herói e anjo da guarda.

—Então sou o super homem? – perguntou fazendo posso de super herói.

—Acho que ele nunca beijaria outra mulher sem ser a Lois Lane.

—E eu não beijei. Desde que pedi a Bella em casamento, não fiquei com nenhuma outra mulher, eu juro. Até tentei, mas na hora eu sai correndo.

—Acho que é porque você gosta dela. – cantarolou fazendo Edward bufar.

—Quer saber? Vamos mudar de assunto. – levantou e estendeu a mão para ela. – O que acha de fazermos um dueto? Espero que esteja treinando.

—Podemos compor a música para Bella? – pediu animada. – E eu vou querer conhecer ela, parece ser tão legal.

—Agora quem está com ciúmes sou eu. – fez bico e cruzou os braços.

—Não precisa ter ciúmes, Edward. Sempre serei a sua amiga e você é a minha segunda pessoa preferida de todo o mundo. – abriu os braços e ele a ergueu nos braços. Era tão leve e baixinha que parecia ser bem mais nova do que era.

—E você é a minha melhor amiga e a baixinha que eu mais amo nesse mundo.

—Vai ter música ou não vai? – Ernie perguntou os tirando da bolha deles. – Quero sacudir os esqueletos.

—Vamos lá então. – colocou Agnes no chão. – E depois vou pedir autorização a sua vó para que possa ir comigo preparar esse pedido de desculpas.

—Eba!


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Ele não é um babaca completo, só parcialmente. Espero que tenham gostado da Agnes, ela é uma fofa e vai meio que ajudar o nosso casal. No próximo teremos o pedido de desculpas e ele vai ser sincero.

Comentem, palpitem, indiquem e recomendem a vontade.

Bjs e até mais.