Bella girou nos calcanhares ao ver uma movimentação estranha vindo do quarto do marido, ela viajaria cedo pela manhã, por isso, queria descansar e curtir um bom filme. Edward passou o dia todo no escritório e ela não viu nenhuma movimentação dele, então estranhou o barulho. Parou no batente da porta, com uma bacia de pipoca em uma mão e uma garrafa de vinho na outra, e encarou a loira seminua esparramada na cama de Edward.

—Posso ajudar? – pigarreou chamando a atenção da mulher, que piscou várias vezes e depois sorriu para Bella.

—Edward não disse que seria uma festinha a 3. – Bella abriu a boca em choque sem conseguir formular uma resposta coerente. – Ele fez uma excelente escolha. Vamos começar sem ele? – perguntou levantando e indo na direção de Bella.

—Não ouse chegar perto. – alertou saindo do transe.

—Tudo bem. – ergueu as mãos. – Esperamos ele voltar. – sentou na cama batucando as mãos no colchão.

—Não sei quem você acha que eu sou, mas não sou da sua laia e muito menos da do Edward. Será que pode pegar as suas coisas e dar o fora daqui? – pediu apontando a garrafa para ela.

—Não sei quem você pensa que é. – a loira levantou a encarando. – Edward me convidou e só vou sair daqui quando ele quiser. Agora se não está aqui para participar da festa, dê o fora. – a empurrou quase derrubando a bacia de pipoca.

Bella olhou para porta fechada e bufou de raiva. Como aquela mulher ousava falar daquela forma com ela? E o pior de tudo, como Edward teve a coragem de trazer uma mulher para o apartamento? O casamento deles era apenas de aparências, mas ela não aceitaria ser tratada daquela forma. Não seria humilhada e para todos os efeitos, ela era a dona daquele apartamento também e não deixaria outra mulher mandar ali dentro.

Primeiro, ela cuidaria da hóspede indesejável e depois, lembraria ao marido que ele não deveria deixa-la irritada e muito menos desrespeita-la.

Reunindo toda a classe adquirida com as aulas de etiqueta, Bella foi até o quarto, colocou a pipoca e a garrafa de vinho em cima da mesinha, pegou Fish, que protestou um pouco ao ser retirado de seu descanso e voltou feito um furacão, ao quarto do marido.

—Até que... – a loira virou sorrindo achando que era Edward que havia voltado, mas seu sorriso morreu na hora ao ver Bella com cara de poucos amigos, segurando o “monstro verde”.

—Você queria saber quem eu acho que sou, pois eu vou dizer quemsou. – colocou a iguana em cima da cama, que se debatia tentando se livrar das mãos da dona. – Eu sou a esposa do Edward e dona dessa casa. Agora pegue as suas tralhas e dê o fora daqui antes que eu solte a minha iguana em cima de você. – a loira a olhou sem acreditar que estava sem ameaçada e Bella para provar que estava falando sério, soltou umas das mãos e Fish quase escapou.

—Sua maluca. – gritou saltando da cama e correu para pegar as roupas espalhadas pelo quarto. – Você é louca! – gritou já do lado de fora do quarto. Ela jurou que jamais chegaria perto de Edward e Bella gargalhou ouvindo a porta de entrada bater.

—Agora é hora de dar uma lição no papai. – Fish enroscou no lençol de Edward e Bella deitou na cama e ficou esperando o marido chegar.

—Desculpa a demora, mas tive que resolver uns... – olhou confuso para a esposa. – O que faz aqui? – recuou alguns passos até a parede.

—Estava te esperando, marido. – ela falou aquilo de uma forma tão sedutora que Edward quase se aproximou dela, quase, até que focou no monstro verde no colo dela. Edward poderia jurar que o animal o encarava prestes a devorá-lo. Talvez estivesse meio paranoico ou vendo coisas, mas preferia prevenir e manter uma distância segura.

—O que aprontou Bella? – os olhos dele vasculharam o quarto em busca de vestígios de um homicídio.

—Ora, marido, o que o faz pensar que tenha aprontado algo? – ela mantinha um sorriso enigmático que estava causando arrepios em Edward. Ele coçou a nunca.

—Talvez pelo fato de ter deixado uma loira em minha cama e agora vejo uma morena com uma iguana verde no lugar.

—Ah sim. – Bella deixou o animal na cama e caminhou lentamente até o marido. – Conheci sua amiguinha. – correu o dedo indicador pelo peito dele. – Simpática ela. Fish e ela se deram super bem.

—Você não a machucou ou machucou? – perguntou com um nó na garganta. Ele suava e a respiração saia entrecortada.

—É claro que não, querido. – ela deu a volta e ficou atrás dele. – Por que eu a machucaria? Sendo que foi você que desonrou o nosso lar a trazendo até aqui. – cutucou a costela dele, o fazendo soltar um grito de surpresa.

—Vamos com calma Bella. – pediu ficando de frente para ela. – Vamos conversa. – ergueu as mãos em sinal de rendição e de paz. – Temos um casamento de aparências e achei que estava tudo bem, eu sair com outras pessoas.

—Calado, Cullen. Não é porque temos um casamento de aparências que você pode ficar se esfregando em outras bem debaixo do meu nariz. Fracamente, Edward. Existem tantos lugares e você teve que trazê-la justo para a nossa casa? – ela batia com o dedo no peito dele o fazendo recuar até que encostou na cama e Fish sibilou com a aproximação dele.

—Ai meu pai, afaste-se seu demônio louco. – gritou fazendo o sinal da cruz. – Bella faça algo, ele está com a língua pra fora, já está sentindo o meu gosto no ar. Socorro! Não quero morrer sendo devorado, e ele já está me devorando com os olhos. – suplicou vendo o animal se aproximar dele.

—Espero que grave bem essa imagem, Edward. Porque se você fizer isso novamente, eu vou alimentar o Fish com as suas bolas. Eu exijo respeito e fidelidade, então trate de ficar na linha ou acabo com você. – Edward estava branco feito um papel e Bella quase perdeu a postura de carrasca, mas se manteve firme, quando estivesse no quarto dela, ela gargalharia com a situação, mas enquanto isso precisaria manter-se firme e mostrar a ele quem dava as cartas ali. – Estamos entendidos?

—Sim. – a voz dele saiu em apenas um fio e ele agradeceu aos céus quando Bella pegou o animal no colo.

—Acho bom que tenha entendido o recado. – sorriu para ele. Edward levou alguns segundos para se recuperar do susto e da ameaça. Ele quase pode ver a luz branca no fim do túnel.

—Eu entendi Isabella. – respondeu voltando ao normal. – Mas se acha que não vou querer o mesmo em troca ou se isso não vai ter volta, você não me conhece, minha querida esposa. Esteja avisada e em alerta. – a ameaçou.

—Que comece a guerra, querido. –saiu do quarto batendo a porta atrás dela. – Espero que você não vire churrasco. – sussurrou para Fish e correu para a segurança do quarto.

[...]

—Eu fiquei com tanta raiva. Primeiro fiquei com medo, mas depois com raiva. Como ela se atreve a expulsar a minha companhia assim? Eu tenho necessidade, oras essa. Ela não quer se envolver comigo e devo dizer, ela não sabe o que está perdendo. – Edward mastigava furiosamente o pedaço de bolo. – Isso está delicioso. – murmurou com a boca cheia. – Mas me diga, acha que fiz algo de errado?

Alice o encarava boquiaberta. Edward relatou, detalhadamente, o ocorrido com a loira, a morena e o monstro verde, como ele nomeou de forma tão efusiva, e ela apenas ouvia atentamente, sem expressar sua opinião sobre o assunto. Ficou surpresa ao receber uma ligação do chefe do namorado, a chamando para tomar um café e comer bolo. Como ela não dispensava um convite para comer foi alegremente ao encontro dele, menos sem ter a menor noção dos motivos que o levaram a chama-la para sair.

—Eu não diria que você fez algo de errado. – ele sorriu satisfeito. – Você fez várias coisas de errado. Fracamente, Edward. Em que mundo você vive? – Alice colocou os braços apoiados na mesa. – O que você pensaria e faria se pegasse um bonitão nu na cama da sua esposa?

Edward levou a mão ao queixo e pensou na pergunta dela. O rosto dele foi adquirindo um tom de vermelho e Alice sorriu vendo a raiva se apoderar dele, ela até pode ver uma faísca de ciúmes.

—Eu picaria o idiota em vários pedaços e daria para aquela iguana demoníaca comer, principalmente se fosse aquele babaca da manifestação. Bella suspira por ele e o cara não vale o chão que pisa. Não deixaria homem nenhum encostar no que é meu. Sei que o casamento é apenas de aparências, mas Isabella é minha esposa e não gosto de dividir o que é meu.

—Pois Bella deve pensar o mesmo. Ela ficou magoada com a sua atitude e com razão. Você a desrespeitou e ela merece um pedido de desculpas.

—Hein? – pedir desculpas? Ele não pedia desculpas. Se ela ficou magoada, que superasse e seguisse em frente, mas ele não iria se humilhar diante dela, não mesmo. Ela era adulta e não mais uma adolescente para ficar chateada atoa. Cruzou os braços numa atitude bem infantil. Se a esposa agiria daquela forma, ele seguiria o exemplo dela.

—Não me faça puxá-lo pelas orelhas. – Edward a olhou com deboche. Alice não devia ter mais do que 1,50m e ele media 1,92, então como ela pretendia puxá-lo pelas orelhas? – Subo nas escadas se for preciso, mas não me tente, homem. – ela apontou o dedo magro para ele. – Você vai sim pedir desculpas para a sua esposa.

—Baixinha... – começou em tom de alerta, mas Alice o cortou.

—Termine logo de comer, pois vamos fazer o melhor pedido de desculpas de todos os tempos. – avisou sem dar chances para ele retrucar.

—Quem te elegeu minha conselheira, hein? – resmungou pedindo mais um pedaço de bolo. – Só não faremos nada muito caro. – Alice gargalhou.

—Prepare o bolso, Cullen.

—Era melhor ter convidado o Jackson.

—Por falar nisso, por que você o chama de Jackson? Não é possível que não saiba o nome dele. Ele trabalha para você tem dois anos.

—É claro que eu sei o nome dele. Levei alguns meses para decorar, mas eu sei qual é. – Alice esperou que ele continuasse a explicação. –A cara dele quando falo errado é hilária e eu me divirto muito.

—Você é estranho. – Alice murmurou mais para si do que para ele e Edward apenas deu de ombros.

—E você é uma chata. Agora vamos lá planejar esse pedido de desculpas estúpido e sem o menor sentido. – ele falou como se ela tivesse proposto que eles fossem para o meio da guerra. – E depois você pode me ajudar a dar o troco.

—Vai sonhando...