Edward levou Bella a um restaurante próximo ao hospital. Os dois foram em silêncio e trocaram poucas palavras durante o almoço, mas eles precisavam conversar e ele resolver puxar assunto e quebrar o gelo antes de entrar na questão crucial.

—Acha que vou ser bem recebido na empresa? – Bella levantou a cabeça e olhou sem entender a pergunta.

—Como vou saber disso? Acha que sou vidente? – resmungou olhando para a sobremesa. Edward pensou que era melhor ele ter ficado calado.

—Não, Bella. – respirou fundo. – Só quis perguntar a sua opinião. Você deve conhece algumas pessoas da empresa, e quero estar preparado para a reação deles.

—Sinceramente, não sei. Não os conheço bem. Trabalhei durante uma semana lá e depois disso voltei poucas vezes. Conheço mesmo, apenas o Jacob e ele é um puxa saco do meu pai. Faz tudo o que ele pede. Ele é tipo o Jackson.

—Caramba! Esqueci do Jackson. –bateu com a mão na testa. Ele iria precisar do braço direito dele, mas também precisaria dele infiltrado na Cullen Corp. – Ele vai ter que virar dois.

—Ainda bem que ele é Jasper e Jackson. – Bella piscou para ele e os dois riram.

—Então você também entrou na onda de falar o nome dele errado?

—A cara que ele faz é hilária.

—Ah, então também notou. – apontou ainda rindo. - Sabe Swan, talvez tenhamos mais cosias em comum do que pensamos.

—Acho que a única coisa que temos em comum é que somos as ovelhas negras da família. – Bella retrucou.

—Qual é? – Edward abriu os braços, indignado. – Formos uma dupla e tanto e tenho a certeza que vamos nos divertir bastante.

—Ah, com certeza. Até porque esse casamento está sendo pura diversão. – resmungou irônica.

—Eu estou me divertindo horrores. Tirando a parte em que quase fui devorado por aquele animal demoníaco seu, o resto está sendo só alegria.

—Meu pai morrer fazia parte disso?

—Quase morrer. – a corrigiu. - Não seja tão exagerada assim. Ele está ótimo e do jeito que é, amanhã mesmo já estará de volta.

—Tomara. Assim você não vai precisar escravizar o pobre do Jackson. E por falar nele. – Bella colocou de lado a taça de sobremesa. – Fiquei muito surpresa por você ter um assistente e não uma assistente, loira, alta e magra.

—Não sabia que pensava tão mal assim de mim. – levou as mãos ao coração ofendido.

—Sejamos sinceros. – pediu o encarando.

—Ok. Eu tinha uma assistente do jeito que descreveu, mas as coisas meio que esquentaram entre nós e depois vieram outras e outras, e a solução foi contratar um homem para a função, o que também não deu muito certo com o primeiro.

—O que? – Bella balançou a cabeça desacreditada. – Não sabia desse gosto seu por homens.

—Saia fora, Swan. – ele elevou o tom de voz e alguns clientes olharam para eles. – Eu sou muito macho, ouviu bem? O cara que deu em cima de mim. E eu, obviamente, o mandei se lascar.

—Não precisa estressar querido. Não vou contar seu segredinho para ninguém. – piscou para ele o fazendo ficar ainda mais vermelho.

—Meu negócio é mulher e se você quiser, posso provar aqui mesmo. – ele estava indignado com as insinuações dela.

—Um homem de verdade não precisaria ter que provar nada. Muito menos a sua masculinidade.

—Não me provoque garota. - rosnou para ela.

—Só estamos nos divertindo, querido. – Edward contou até 10 e manteve os olhos fechados para não ver a cara da esposa e voar no pescoço dela. Abriu os olhos e sorriu para o casal que estava vindo na direção deles.

—Seu namoradinho chegou. – avisou e Bella girou na cadeira para ver de quem se tratava. – Seja mais discreta, mulher.

—Que coincidência maravilhosa essa. Olá Bella. – James sorriu e ela suspirou alto o suficiente para que os três a ouvisse.

—Oi James, como vai? – Edward teve vontade de dar um chute na canela dela, mas ela estava sentada fora do alcance dele.

 -Bem. Tivemos uma vitória e tanto ontem.

—Sim e graças a você. – Bella começou a enrolar uma mecha do cabelo no dedo e aquilo foi demais para Edward, ele precisava interferir antes que ela passasse vergonha.

—Santo James, hein? – provocou atraindo a atenção dele. – E aí Irina? – piscou para a loira.

—Edward. – ela o cumprimentou com um aceno de cabeça.

—Quanta formalidade. – fez um bico e ela olhou dele para o namorado esperando que James não tivesse captado o olhar malicioso. – Você costumava ser mais gentil e doce.

—De onde vocês se conhecem? – James olhou de um para o outro.

—Da igreja. – Irina apressou em responder. – Vamos à mesma igreja.

Edward quase gargalhou, mas até que ela estava falando a verdade. Eles realmente se conheceram na igreja. Foi em um casamento. Ele era um dos padrinhos e ela uma das madrinhas.

—Tão religioso esse meu marido. – Bella murmurou pegando a taça de vinho dele e tomou todo o conteúdo.

—Igreja? – James coçou a nuca, confuso e já ia perguntar algo, quando o celular tocou. – Com licença. – murmurou afastando para atender.

—Está maluco, Edward? – Irina perguntou irritada. Sentou ao lado do casal, mas ignorou a presença de Bella.

—O que foi? Seu namorado não sabe do nosso pequeno encontro? – ergueu a sobrancelha e a encarou com deboche.

—Sua esposa saber? – indicou Bella com a cabeça.

—Bella e eu não temos segredos. Já você e o cabeludo ali...

—Ah, então ela não liga de ser corna?

—Como é? – Bella girou a cabeça a encarando.

—Corna, é isso que você é. Sabia que o seu marido e eu estávamos nos divertindo no apartamento dele ainda essa semana?

—Sim. E ele também me contou que você é terrível na cama. Sei dos deslizes do meu marido. Deslizes que não vão mais ocorrer, pois agora ele tem uma mulher de verdade ao lado dele e não precisa de outras. Agora a pergunta é: o que James pensaria sobre isso?

Irina não respondeu, apenas levantou e deu as costas para eles.

—Mulher de verdade é? – Edward perguntou rindo e Bella o chutou na canela. – Sua maluca, por que fez isso?

—Porque você me fez passar por corna, Edward. - ela queria gritar, mas não daria um show ainda maior no restaurante. A sorte deles era que o local já estava bem vazio, mas os clientes de duas mesas os encaravam.

—Bella. – massageou a canela. – Nós nem éramos casados e mesmo que fossemos, é um casamento de aparências. – a lembrou.

—Mas as pessoas não sabem disso, querido marido. E não quero que pensem que sou uma corna, principalmente Irina Vaca Denali.

—Ah, mas eu posso ficar vendo você babar por James Imbecil Johnson. – apontou para o homem loiro andando de um lado para o outro, próximo à janela do restaurante.

—Não estava babando nele. – gaguejou corando. – Podemos pedir a conta?

—Não. Não podemos. – Edward acomodou melhor na cadeira. – Vamos falar sobre essa sua paixonite ridícula. Você só se interessa por homens que não te dão o menor valor?

—Fala por experiência própria? – retrucou fazendo um sinal para o garçom.

—Sim. E eu sinto muito por aquilo. Nunca quis te magoar, mas entenda que eu não a via como uma mulher. Você era a filha chatinha do Charlie. Se eu soubesse que ia virar um mulherão desses, teria investido antes. – Bella abriu a boca para retrucar, mas não conseguiu formar uma resposta coerente.

—Você é um idiota. 

—Não estou negando isso. Todos os homens são idiotas Bella, uns mais do que os outros. E pelo visto você só se interessa pelos líderes da idiotice. James não te quer e ele não te merece. Você é uma boa mulher e merece um cara que a valorize.

—Meio tarde para isso, já que me casei com você. Cadê o garçom com a conta? – perguntou o procurando.

—Se você encontrar um cara que realmente valha à pena, eu te dou o divórcio para que você seja feliz. – ela virou para ele.

—Você realmente faria isso? – ela estava até emocionada com as palavras dele.

—É claro. Desde que você me dê um herdeiro antes. – a emoção de Bella morreu na hora. Definitivamente, Edward não tinha jeito.

—Que tocante isso, querido. – cruzou os braços. – Você acha mesmo que James não está interessado em mim? Ele pareceu bem chateado quando descobriu que casei.

—Ele está interessado em você, mas não gosta de você. Conheço o tipo dele, só quer algo quando não pode ter. Quando estava solteira, ele demonstrou querer ficar com você? – ela balançou a cabeça negando. – Foi o que imaginei. Ele só a quer agora, porque viu que outro a quis. Ficar com você agora seria um desafio, e ele adora desafios. E saber que você está comigo, só aumento ainda mais esse desafio.

—E por quê? – quis saber interessada com o ponto de vista dele.

—Ele já perdeu várias mulheres para mim. Fora que nos enfrentamos em alguns negócios e sem querer me gabar, mas eu ganhei todas. Pode anotar o que digo, ele vai tentar dar em cima de você e espero que não caia no papo furado dele. Falo sério quando digo que você merece muito mais Bella. Você é uma mulher forte e que não nasceu para ficar a sombra de nenhum homem, muito menos depender de um. E é por isso, que acho que deveria arrumar um emprego e parar de depender do seu pai.

—Não nasci para ficar presa em um escritório com um chefe pegando no meu pé.

—E quem disse que esse é o único tipo de emprego que existe? Você pode trabalhar com o que gosta. Você não é formada em ciências biológicas? Vá fazer o que seja lá o que quem forma nisso faz. Só saia da dependência do seu pai. Mostre para ele que você pode fazer muito mais e que não precisa dele.

—Olha Cullen, até que você não é um completo idiota. – ele sorriu torto.

—Não sou apenas um rostinho lindo.

—E já que você me deu esse sábio conselho. Me permita retribuir.

—Diga lá. – a incentivou.

—Por que ao invés de ficar lutando com Emmett pela presidência da empresa do seu pai, você não funda uma? Sei que batalhou muito para assumir a empresa um dia, mas acho que deveria ter a sua própria empresa. Você tem capital, inteligência e competência para isso. Não acho que teria problemas em ter a sua própria empresa. Poderia montá-la do seu jeito e criar suas próprias regras.

—É algo a se pensar, Swan. Mas, agora, ser presidente da Cullen Corp, se tornou uma questão de honrar e de mostrar que sou capaz.

—Bem, que seja então. – deu de ombros. – Foi bom ter essa conversa com você.

—Também gostei. Eu disse que formaríamos uma excelente dupla.