Meu nome é Eva / SKAM escrita por micca


Capítulo 6
Eu não sou sua g a r o t i n h a




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"É um prazer conhece-la"

O que isso realmente significa? É um prazer conhece-la... Blá blá blá.

Sério, o que esse cara tem na cabeça?

Ele é o melhor ator que existe. Leonardo DiCaprio quem é você mesmo?

Deus me free dessa maldade.

Ignorando meus pensamentos aleatórios sobre "christopher bundão Schistad" resolvo arrumar minhas coisas e tomar um banho.

Só isso para relaxar meus ânimos. Depois que ficamos velhas acabamos sendo mais cri cri com as coisas.

Tomo um banho demorado e depois passo o meu tempo lendo Tartarugas Até Lá Embaixo, de John Green e percebo o quanto nossa mente é poderosa. 

Meus olhos se desviam para o meu avô que entra com passos pesados e ele começa a mexer nas coisas desesperadamente, fazendo eu fita-lo. — O que está acontecendo?

Minha pergunta fez ele parar e suspirar de forma pesada. — Eu e o Hulk estávamos conversando e achamos que séria melhor você ficar no chalé das meninas. — A voz dele era cautelosa.

— Quem deu essa ideia? — Disse me levantando e aquilo ficou um pouco ameaçador, até mesmo para mim.

— Nós dois.

— Claro, do nada os dois pensaram igual... Por favor vovô. — Digo tentando transparecer calma, mesmo eu me sentindo incomodada.

— Foi o Hulk. — E foi nesse momento que apenas concordei e saí do quarto, largando o meu livro em qualquer lugar. 

Mas antes marquei a pagina que havia parado.

E a partir daí comecei a caçar o Hulk em todos os lugares, sala por sala e nada deles.

NADINHA.

Então a única solução era os chalés.

O primeiro chalé masculino estava vazio.

O segundo... Bom, fui recebida por um "de novo não"

E o terceiro, bom, eu encontrei o Hulk jogando truco com um monte de rapazes.

— Hulk! Aquela menina que você me apresentou é louca. — Chris disse saindo do banheiro com os cabelos molhados, porem o mesmo já estava com roupas confortáveis. 

Quando Hulk parou para responde-lo, seus olhos me fitaram. — Meninas são proibidas no quarto dos meninos.

— Podemos conversar? — Acabei me sentindo meio incomodada com a atenção.

— Agora? Eu estou ocupado. 

Suspirei uma, duas, três vezes e balancei a cabeça negativamente. — Você é tão... babaca.

— Babaca? — Arqueou a sobrancelha. — Você é apenas uma garotinha, não deveria falar comigo dessa maneira. — Ele elevou a voz e isso me fez rir, a risada foi tão sarcástica e seca que ele recuou um pouco.

— Eu não sou sua garotinha Hulk... Então por favor, me deixa longe dos seus planos e o do vovô. — Quando ele percebeu que aquilo começou a me afetar, o mesmo se aproximou e me fez um sinal para segui-lo e logo estávamos á caminho de um dos bancos perto dos chales.

— Desculpa, eu sei que você não é minha garotinha... — Ele parecia magoado. — Mas me preocupo com você.

— Isso é um disco arranhado, sabe? Eu estou ótima.

— O que realmente aconteceu?

Eu nunca escondi o que aconteceu, mas também nunca contei a verdade 100%.

— Eu me meti em muitos problemas quando comecei a namorar com o Jonas, ele era uma das pessoas mais importantes para mim... Namoramos por um tempo e muitas pessoas não gostaram disso. — Olhei para as minhas mãos. — Jonas é diferente, e sempre gostou de coisas que eu não costumava fazer... Ir em festas, se drogas e por ai vai... Mas eu sempre quis fazer parte da vida dele, dos amigos dele... Mas não deu certo. — Revirei os olhos quando flashbacks começaram a rodear minha mente. — Ai como uma vida de uma adolescente bem cliché... Aconteceu uma festa, eu bebi e fumei demais... E acabei traindo ele. 

— Meu Deus...

— Eu não me lembro, mas também não neguei o ocorrido... Eu estava loucona... Não era eu, sabe? Era uma outra Eva com erva no organismo, uma que eu não me orgulho.

— O que ele fez? 

— Bom, acabou que tudo ficou bem baixo... Nenhum cara aguenta isso... Ele trair você até vai. Mas a garota? Isso parece que foi plantado na sociedade, que quando uma mulher faz isso é vadia... Mas o cara, ai isso é da natureza dele... Eu não estou me defendendo, os dois lados estão errados sabe?

— O que ele fez?

— Nós brigamos, ele expôs para todos... Saiu fotos nada legais daquele dia... A escola foi contra mim e eu fiquei meio mal com tudo isso.. Meio que sozinha... Odiei ser chamada de vadia ou puta... Isso não é a porra de um xingamento.

— Só brigas e fotos?

Dei de ombros. — Hoje já não importa... Porque eu superei e eramos muito imaturos. Mas não gosto dessa sensação de ser empurrada para algo.

— Me desculpa... Só quero você feliz.

— Eu estou feliz. — Menti e sorri para ele. — Estou bem... — Isso já não foi uma mentira.

Ele sorriu e me abraçou, senti meu corpo relaxar e sorri com aquele abraço demorado.

— Obrigada, Hulk.

— Não por isso, Eva. — Ele deu um beijo na minha testa. — Eu preciso ir procurar algo para fazer. — Ele soltou uma risadinha e se levantou, eu aproveitei para me deitar no banco e assim poder pensar um pouco.

Os meus olhos se fecharam e me acomodei no banco tipico de praça, sabe? Feito de madeira e um pouco desconfortante por conta do tamanho pequeno e tive que ficar com as pernas para cima.

Fiquei um longo tempo assim.

Pensei na Vilde, Jonas, meu avô, minha família e no acampamento.

Pensei na vida que tive e na vida que tenho.

Pensar as vezes parece doloroso, mas é o certo a se fazer... Sair do nosso mundinho acomodado.

Suspiro ao sentir alguém sentar no banco e puxar minhas pernas para seu colo, eu acabei rindo baixo. — Sério Hulk? O que você quer dessa vez? — Indaguei de forma divertida, porem acabei mantendo um sorriso ao pensar o quanto ele gostava de me irritar.

Hulk não respondeu, mas dei de ombros, pois ele tinha essa mania as vezes.

Suspirei e logo senti as mãos dele tocarem minha perna e acabei abrindo os meus olhos.

1- Não era Hulk.

porra.

2- Desespero.

Prendi a respiração e fitei Chris, ele estava com o cabelo um pouco molhado e vestia um moletom preto com o simbolo de algum grupo. Seu rosto estava vermelho e eu imagino que tenha sido por conta da água quente, já que suas mãos estava também. Seus olhos estavam fitando o chalé que ele dormia, e o mesmo parecia admirar algum tipo de silencio que só ele entendia. — Christoffer Schistad — Minha voz soou baixa e isso fez ele me fitar, eu acredito que minha sobrancelha estava bem arqueada porque aquilo arrancou um breve sorriso nos lábios dele.

E tentei não pensar na frase que ele falou para Hulk até pouco tempo. 

E também... Para começo de conversa, aquele era nosso primeiro contato. Intimo. Eu quero dizer.

— Eva Kviig Mohn — Ele citou o meu nome com certo sarcasmo. — Eu nunca imaginei que te veria pessoalmente... Depois de tudo. — Ele olhava para o céu que escondia um sol tão fraco. — O Senhor Mohn sempre falou de uma neta, mas não citava nomes...

— Eu não estou entendendo onde você quer chegar.

— Eu só não quero ter atitudes infantis, sabe? — Ele abriu um sorriso pequeno, que eu poderia julgar como o sorriso que ele usou para pegar aquela garota lá. — Só quero que entenda que você não é a inocente da história.

Eu ri.

Uma risada sarcástica.  — Ok. Eu não sou? E você é o que dessa história, Christoffer?

— Eva... Não quero brigar com você. 

— Claro, sou eu que começo a briga. — Disse irritada.

— Você me bloqueou, porra... — Ele se irritou e logo ambos já estávamos em pé. — Bloqueou... Eu que deveria ter feito isso antes, se eu soubesse que você era tão bipolar.

— Se foder Christoffer.

— É Chris...  Chris. — O rosto dele estava ficando mais vermelho e ele suspirou tão pesadamente que eu consegui sentir o ar bater contra a minha face.

— Você se acha dono da razão... Mas quando a sua linguá estava dentro da boca daquela garota você não pensou na minha bipolaridade. — Eu soltei uma risada ao me aproximar dele e fitar aqueles olhos. — Você perdeu a moral... Só mais um babaca no mundo, mas não no meu mundo Chris. — O apelido dele soou tão raivoso que tive que me afastar, deixando-o confuso para trás.

 Vilde disse "Para esquecer um grande amor, procure outro"

Mas não se esquece um grande amor, tendo perdido o seu amor próprio.

Para se amar já é difícil, não é uma coisa que vem dentro de nós quando nascemos.

É um estudo e cuidado para se encontrar e confesso que ainda estou no 50% : Já me amei e nunca nem vi o amor próprio.

Volto para o caminho do meu chalé e percebo que minha mala estava pronta, reviro os olhos e leio o bilhete do senhor Mohn.

"Desculpa.

Seu chalé é o 5.

Te amo"

Suspiro e puxo minha mala, logo anda em direção ao chalé indicado. E entro nele, porem dou duas batidas anunciando.

Os chales de Skam não era nada moderno, não havia televisão ou qualquer coisa que significava tecnologia, as vezes penso que deveria ser um acampamento odiado pelos adolescentes.

E talvez no começo eles odeiem mesmo, mas logo você se encanta pelo local. Cada chalé tem o seu diferencial, decorações únicas que minha avó fazia. Esse era amarelo, ele havia girassóis desenhados na cama e um grande tapete peludo amarelo, que combinava perfeitamente com o marrom dos pisos e moveis. 

 — Olá. — Uma menina me tira dos meus devaneios e encaro-a. — Posso te ajudar?

— Qual cama está disponível?

 Ela soltou uma risada. — Aqui já está cheio demais. 

Agora quem deu risada fui eu. 

— Aquela. — Noora disse apontando para uma que ficava do lado esquerdo e me aproximei dela, a mesma ficava no meio de uma que estava na parede e do lado de outra perto do banheiro.

Eram seis camas.

Joguei minha mala no chão e empurrei-a para perto da parede. E logo me joguei na cama, meus olhos passavam para as garotas que me encaravam e dei de ombros.

Desvio meus olhos para uma Sana que entrava séria no chalé e sorria sarcasticamente. — Olá Sana.

Alivio me consumiu, pois pelo menos conhecia uma garota estranha - Noora e uma bravinha - Sana.

— Eva. — Ela disse de forma simples, me fazendo rir.

Pego meu celular e resolvo curiar meu instagram e redes sociais. 

Acabo irritando um pouco Vilde, mandando diversas menagens aleatórias e isso me fez perder um longo tempo.

Suspiro já com fome.

E olho o horário e me levanto ao perceber que o jantar seria servido.

Animado, espero as meninas indo sair aos poucos em grupinhos e sobrou apenas Noora e Sana. 

Ambas não conversavam, mas parecia haver bastante respeito entre elas.

— Vai jantar Sana? 

A mesma concordou enquanto se maquiava.

— E você Eva?

Concordei ao me aproximar de Sana. — Caramba, você sabe fazer um delineador direitinho. — A encaro assustada e aquilo fez-a rir.

— Você é estranha, Eva.

Acabo rindo ao dar de ombros e me afastar. — Sou nada.

— Vou indo para o refeitório então. — Noora disse abrindo um sorriso acolhedor e saiu, provavelmente a procura do namorado.

— Preciso de um namorado para não andar sozinha. — Sana revirou os olhos. — É verdade Sanaaa.

— O pior é que nem você acredita na sua frase. — Ela levantou-se. — Você está me seguindo? — Perguntou quando viu eu caminhar ao lado dele até o local que ficava as maravilhosas comidas.

— Eu? Magina? — Sorri sapecamento ao concordar logo em seguida. — Ok, estou... Mas é porque não conheço quase ninguém e um dia me disseram "escolha uma vitima e grude nela".

— Eu também não conheço quase ninguém e não vejo problema nisso. 

— Que bom que somos diferentes, pessoas com a mesma personalidade que a minha são chatas para se relacionar.  — Pisquei para ela e vi ela bufar, mas logo riu.

 Ambas entramos no refeitório juntas e fomos a caminho das comidas, eu peguei uma sopa, até porque não queria comer nada forte logo esse horário. 

Meus olhos passaram por Noora junto com os meninos do chalé de Chris e o namoradinho dela, que agora já estava com o cabelo castanho. 

— Ele não era loiro? 

Sana disse. — Trote. 

Dei de ombros. — Aqui tem muitos trotes né. Antigamente não tinha essas palhaçadas.

— Você ficou aqui muito tempo?

Concordei ao procurar um lugar vazio.

— Ali.  — Ela apontou para uma mesa que ficava no canto e a segui. — Costumo ficar sozinha... Para pensar.

— Eu não consigo. — Fui sincera. — Pensar demais me incomoda. — Sorri de forma sincera. — E você, vem sempre aqui?

— Isso é uma cantada? — Arregalei meus olhos e logo ri alto com os olhos dela se revirando. — Estou zoando... Mas te respondendo, é a primeira vez aqui. — Ela acabou sorrindo. — Meus pais são bem conservadores, mas meu irmão disse que conhecia um pessoal daqui e me mostrou umas fotos... Ai insisti muito e eles me deixaram vir. 

 — A maioria vem obrigados para cá. — Tomei a sopa e suspirei com o gosto, estava uma delicia. — Eu acho que mesmo eu amando aqui, já cansei.

— Quem te fez cansar daqui, Eva?

Quem? Isso é uma pergunta.

 


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