Meu nome é Eva / SKAM escrita por micca


Capítulo 2
As trevas da E v a




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Eva.

Eva.

Acorda filha.

Você vai se atrasar.

E foi assim que eu acordei em uma bela terça feira.

“Hello, diga não aos gritos” Foi o que eu pensei enquanto me arrumava durante o pouco tempo que me restava. Esse séria o meu primeiro dia no acampamento de férias que os meus pais me colocaram, justo eles que nem sabiam preservar a natureza direito. WTF

Mas calma lá, meus pais são péssimos com a natureza, mas o meu avô não.

Ele é o fundador da SKAM, o maior acampamento existente na Noruega.  Logico que há diversos acampamentos, porem meu vô soube renovar e destacar o seu lugar.

*  ✿  *

Depois de três horas dentro de um carro com um desconhecido, já que meus pais nunca tirariam a bunda da cadeira do trabalho para me levar, tive que ir segurando meu coração na mão com medo de ser morta por um louco qualquer.

Quando o carro foi estacionado, sai apressada e puxei minha mochila, logo olhei para o grande acampamento e acabei arregalando os olhos. O motorista me ajudou com a mala de rodinha e logo o agradeci, pagando-o  e caminhando para a entrada um pouco vazia.

— Eita vovô, que bonito hein. – Murmurei ao tirar uma foto da entrada sozinha e revirei os olhos ao caminhar até a sala principal.  – puta que... – Suspirei ao perceber que tinha trazido mais roupa do que o normal, mas eu não podia passar frio.

Deus me free.

Quando  fui a caminho do salão principal, me choquei com a bagunça que o mesmo se encontrava e soltei diversos palavrões ao perceber que eles estavam em uma gincana. Meus olhos buscaram meu avô naquela multidão e não o encontrei, os adolescentes estavam animados e afobados e aquilo me deixou um pouco alarmada.  – Que legal. – Resmunguei ao sair e sentar nos bancos ao ar livre.

10 minutos.

20 minutos.

Os minutos foram se passando e aos poucos o pessoal foi saindo e acabei virando centro das atenções, até porque estava sentada do lado de uma mala enorme.

—   Hei! Posso ajudar? –  Fui barrada por um senhor e olhei-o atentamente.

— Senhor Mohn... Onde ele está?

— Desculpa, querida... Senhor Mohn está ocupado.

O tom da voz dele me irritou e eu acabei revirando os olhos ao bufar, até porque querida é a filha dele ou qualquer merda que tenha o sangue dele.

— Querida...

Antes que eu pudesse terminar a frase, senti um braço rodear meu ombro e olhei a pessoa de forma ameaçadora.

— Querida. – Meu vovô sorriu divertidamente. – Desculpa? – A voz dele soou baixa e culpada, me fazendo esconder meu rosto na curva do pescoço dele e choramingar baixinho.

— Eu odeio esse lugar.

E lá se vai a minhas mil reclamações, eu sei que sou tipo um disco arranhado para o meu avô, mas eu odiava o acampamento Skam com todas as minhas forças. Eu nasci nesse maldito lugar e nem é zoação meu povo, minha mãe me teve aqui.

Sério

A Eva tá vindo.

Empurra a Eva.

E blá blá.

Ai eu nasci, depois disso passei anos aqui.

Férias: Acampamento

Vovô com saudades: Acampamento

Não tem ninguém para ficar com a Eva: Acampamento

Gente, eu tô é traumatizada desse lugar.

Eu juro que fiquei abraçando-o por um longo tempo, que nem ouvia mais os barulhos de conversa. Meu avô como um senhor emocionado até deixou escapar umas lagrimas, que me arrancou uma risadinha ao aperta-lo ainda mais.

— Mas você me ama... Então o acampamento Skam vai aceita essa sua malcriação.

Aquilo me arrancou uma gargalhada e revirei os olhos. – Fico feliz por isso vovô. – Afastei do abraço e encarei-o. – Como meus pais resolveram me castigar... Ops... Eles resolveram me presentear para o senhor, me diz... Onde a sua princesinha vai dormir?

— Que coisa feia Eva, nem chegou e já está pensando em dormir... Quem te ensinou isso criatura? – Ela disse ao me beliscar e puxar minha mala. – Você deveria ver como SKAM mudou.

— Ai vô. – Solto um gritinho ao passar a mão no local e reviro os olhos. – Mudou mesmo... A entrada continua com a mesma cor e sem segurança... Quando os caras entrar aqui igual na serie la casa de papel você vai ver.

Rindo, ele me cutucou. – Ai vai ser la acampamento de papel – A risada dele foi ícone, eu deveria ter gravado essa piada que só ele entendeu.

— Calma... – Gritei. – Você sabe do que estou falando?

— Meu amor, netflix chega para os idosos também... – Ele falou indignado.

— Nãoooo...  – Gritei e tampei meus ouvidos. – Senhor, perdoe meu avô... Ele não sabe o quanto a tecnologia é ruim.

— Eu sei por que do drama Eva, agora sei suas piadinhas idiotas. – Ele revirou olhos e me empurrou para os chalés e foi a caminho todo dizendo que só hoje ficaria no dele, porque logo ele me arrumaria um.

Odeio quando meu avô quer me fazer socializar com o mundo.

Quando ele me largou lá no chalé, aproveitei para dormir e virei a noite dormindo.

Não me julguem, é muito sono acumulado.

Acordei no dia seguinte pilhada, arrumei uma mochila com coisas necessárias e corri para o refeitório.

Adentrei-o com passos calmos e fui até o balcão de frutas, onde peguei diversas, incluindo: banana, banana e banana.

Coloquei na mochila junto com duas garrafas de água.

E quando estava pronta para sair do refeitório, sinto meu corpo ser puxado  e jogado contra o ombro músculos de alguém. – Puta que... – Eu falei alto ao ouvir minha mochila cair no chão e ecoar um barulho estridente.

— Olha o palavrão malcriada.

Aquela voz.

Era do meu pior pesadelo.

Hulk.

— Desculpa? – Perguntei com um leve tremor na voz.

Hulk tem 2 metro de altura, músculos e uma cara de dar medo. Ele era quem dava trilhas aqui na Skam desde sempre.

Meu avô o amava, era como um filho para ele.

Quando sinto ele começa a andar, porem antes se agachou para que eu pudesse pegar minha mochila, ele caminhou até uma mesa – pelo menos foi o que deduzi, até porque estava de olhos fechados tentando não corar por essa vergonha.

— Pronto peste. – Ele disse quando me colocou sentada em uma cadeira e senti meus olhos abrirem para fita-la.

A mesa era rodeada por professores, meu avô e uma menina desconhecida que me olhava intrigada.

— Não entendi. – Disse confusa ao fitar Hulk.

— Você vai se alimentar antes de fugir para as matas. – Ele acabou sorrindo ao me ver arregalar os olhos. – Eu te conheço Eva, não me olhe assim pestinha. – Ele tinha uma face de dar medo em criancinhas, mas em mim era de querer aperta-lo. – Estou feliz em te ver depois de três anos. – Ele bagunçou meus cabelos e sorriu orgulhoso.

Revirando os olhos, me levanto e puxo-o para um abraço. – Eu também titio. – Ele demorou para retribuir o abraço, mas logo senti o aperto dos braços dele ao me rodearem e suspirei com o gesto. – Tem coisas que nunca mudam e estou feliz em saber que Skam ainda tem você.

Ele riu baixinho e se afastou para beijar minha bochecha e logo sentou-se na mesa e o imitei. – Pessoal... Essa é a Eva, neta do senhor Mohn.

Ouvi um Olá de todos e apenas fez um aceno de cumprimento.

— As trevas da Eva... – Ouvi alguém sussurrar e fitei a loira no canto da mesa, seus cabelos eram belos e ela era muito bonita, tenho que dizer que Deus deu uma beleza para essa menina e faltou um pouco para o restante do mundo.

— Sim, foi o nome dado quando Eva nasceu. – Hulk disse com o tom acido, mas eu via brilho no olhar dele. – Foi apelidado porque a garota parecia a treva, de tanto que chorava.

Revirei os olhos e peguei um pedaço de pão do prato dele e mordi, logo puxei minha mochila e me levantei. – Terminei.

— Querida?

Olhei para meu avô e encarei-o.

— Toma cuidado, viu?

Um sorriso pequeno brincou nos meus lábios ao concordar e sai apressada daquele lugar. E fui a caminho da floresta vulgo “As trevas da Eva”, sim, eles a haviam nomeado dessa maneira e nunca liguei.  

Essa floresta era linda no dia e um terror de noite. “Eu seria assim?”

Enquanto andava, coloquei meu fone de ouvido e coloquei a mochila nas minhas costas, enquanto prendia meu cabelo e arrumava meu tênis.

Eu sai com passos calmos naquele lugar, fui visitando os pontos turísticos e passei na cachoeira, no ponto final da trilha comum e por ultimo visitei o pico da montanha mais alto da região.

Eu amava aquele lugar.

Esse era o diferencial do acampamento SKAM.

Acabei sorrindo com aquela imagem, aquele sol brilhando e iluminando todo o acampamento. Eu podia ver o pessoal lá, fazendo os exercícios do dia e se divertindo.

SKAM daqui de cima era lindo.

Puxei meu celular e vi mensagens aleatórias e suspirei ao ver uma da minha mãe “Espero que você entenda porque te mandei para SKAM”

Aquilo me fez gritar.

“Eu sei mamãe, você não sabe lidar com sua filha sendo real...”

Sim, aquilo estava me matando por dentro.

Eu passei por uma merda ano passado. O ensino médio está sendo bem maldoso comigo e ela sabe disse.

Mas quando eu comecei a sair e voltar de madrugada ela achava que eu estava ficando rebelde, mas não... Essa só era eu curtindo e tentando procurar a felicidade.

Alguém no mundo deve entender os meus sentimentos, menos aqueles que estão próximos... Por que parece que sempre estou sozinha?

—  Olá?

Meu corpo virou e encarei a loira do refeitório e arqueei a sobrancelha. – Olá... Em que posso te ajudar?

— Eu confesso que te segui. – A loira sorriu meio de lado e arregalou seus belos olhos. – Desculpa por isso.

— Eu deveria ficar com medo? – Indaguei sarcasticamente. – porque não gosto de ser seguida...

Ela soltou uma risada sem jeito e deu de ombros. – Você pode ficar com medo... Porque sou conhecida por matar garotas em montanhas.

A menina retribuiu o tom sarcástico e isso me fez encara-la de forma desafiadora por longos minutos, até eu concordar. – Ok né... – Sentei perto de uma arvore qualquer e puxei minha mochila, pegando minha banana.

Logo a menina fez o mesmo e sentou do meu lado e olhei-a confusa e vi ela sorrir de forma constrangida.

— Sou Noora.  – Ela disse quando o silencio começou a ficar constrangedor.

— Ok Noora, eu vi você sentada perto do meu avô... E já vou dizer que não quero fazer amizades aqui, ok? – Fui seca ao responde-la. – Então não fique me seguindo ou recebendo ordens do senhor Mohn.

Irritada, peguei minhas coisas e comecei a sair e olhei-a de canto de olho, percebendo a face dela ficar vermelha.

— Você sabe voltar? – Perguntei antes de sai e ela discordou. –Que legal. – Falei sozinha. – Vamos então.

A loira – mais conhecida como Noora me acompanhou quieta e acredito que a garota estava irritada, pois ouvi-a bufar diversas vezes.

E aquela energia me deixou irritada também e quando consegui sair da floresta, sai em disparada para o meu chalé e fiquei lá, mofando e esperando o senhor Mohn voltar.

E quando ele voltou já indaguei-o. – Por que mandou Noora me seguir?

Ele me encarou e suspirou.

— Eu não mandei.  – Eu queria perguntar ou dizer que não acreditava nele, mas ele estava sério e me encarava de maneira desconfiada. – O que você fez?

Eu soltei um gritinho. – Mas que merda... – Culpada, me sentei na cama e passei a mão por meu rosto.

Eu fui muito ignorante.

Porra.

— O que você fez?

— Nada vô...  Por que o senhor não cuida da sua vida? – Indaguei raivosa.

— Não fale comigo assim, mocinha. – Ele gritou também. – O que está acontecendo com você? Que merda você anda fazendo com sua vida?

— Como assim?

— Sua mãe me contou tudo...

Eu ri, sentindo meus olhos arderem. – Contou o que? Ela não sabe de porra nenhuma... Como o senhor não sabe. – Me aproximei dele e encarei-o. – Você não soube lidar com a mamãe, imagina comigo... O que você quer vô?

Ele estava começando a ficar vermelho de raiva e percebi que estava passando do meu limite, eu estava explodindo com alguém que não merecia isso. Eu estava me transformando em um monstro ignorante e sem coração.

— Desculpa. – Eu disse ao passar a mão por meus cabelos avermelhados e suspirei ao sair do chalé e fitar o céu totalmente escuro.

— Merda... Que merda eu fiz?


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Notas finais do capítulo

Hellooo! O que achou desse capitulo?

Tumblr: criveis



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