Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 43
Um Inimigo Mais Forte


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Cheguei um dia mais cedo porque to querendo fixar as postagens na segunda feira! Tudo ok?



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Quando se viu pronto para avançar rumo aos agressores, Ryu sentiu uma dor muito intensa no braço esquerdo e deu conta que se tratava de uma flecha. No momento em que ele se preparava para arrancá-la, foi puxado abruptamente por um homem montado em um cavalo.

De repente os movimentos cessaram e Ryu acreditou que a corda havia estourado, mas no instante em que viu uma cimitarra de cristal pousar nas mãos de Josh, ele entendeu que havia sido salvo.

— Isso é uma espécie de tentativa de suicídio? — Josh caminhou até Ryu — Eu aconselho você a seguir em frente!

— O que? — Ryu se levantou, confuso.

— Existem muitas garotas no mundo — Josh se mostrava empático — Não é porque a que você ama vai se casar, que você precisa desistir da vida.

— Catherine foi sequestrada!

— Hum… que bom! — O caçador se deu conta do erro cometido — Quer dizer… não é nada bom ser sequestrado…

— Eu entendi o seu ponto — Ryu deu de ombros.

— Josh! — O velho vendedor saiu do meio da multidão de homens que cercavam Ryu — Você conhece esse ladrãozinho?

— Se você não agiu com honestidade comigo, porque eu preciso ser honesto com você? — O garoto encarava o velho com irritação.

— Ele queria me pagar 5 moedas de ouro por uma espada que eu estava vendendo por 15! — O vendedor se defendeu.

— Não, você estava vendendo por 5 e aumentou para 15 quando viu que eu tinha dinheiro! — Ryu rebateu.

— Que absurdo! — O velho fingiu estar ofendido.

— Isso não é nem diferente Ray! — Josh comentou — Façamos o seguinte, Ryu me dê as 5 moedas de ouro.

Ryu entregou o pedido, meio a contragosto.

Josh caminhou até o velho e entregou as moedas.

— Mas custa 15! — Ray protestou.

— Tenho certeza que não lhe custou mais do que poucas moedas de bronze na mão do velho Bob! — Josh deu tapinhas nas costas do vendedor — Você está fazendo um ótimo negócio!

— O valor que eu pago aos meus fornecedores não interferem no meu preço de varejo! — O velho dizia com indignação enquanto mordia a moeda — Mas vou deixar isso passar, pela nossa amizade!

Josh sorriu satisfeito enquanto se despedia de seus companheiros e acompanhava Ryu até uma parte mais segura da cidade.

— Olha, eu sei que eles estavam em maioria, mas não achei que você levaria a pior com a Eveline com você!  — O caçador comentou.

— Esse é o problema… — Ryu ergueu a espada — A Eveline não está comigo… não sei o que houve, mas ela simplesmente não responde aos meus chamados.

A expressão tranquila de Josh se fechou completamente e ele pegou a espada das mãos do guardião.

Ele então tocou um fino fio quase imperceptível que alinhavava toda a espada. No momento em que sua pele entrou em contato com o fio, um pequeno corte surgiu em seu dedo.

— Já viu algo assim? — Josh encarou Ryu, que o observava em silêncio.

— Já. — O guardião levantou a camisa e deixou a mostra a infinidade de cortes profundos que estampavam seu abdômen e seguiam rumo aos seus braços e pescoço.

Diante daquela imagem, Josh compreendeu o motivo de Ryu não estar em sua melhor forma.

O caçador desembainhou Marie e começou a romper os fios ao redor de Eveline.

No momento que o último fio foi retirado, a espada imediatamente tomou sua forma humana.

— Eveline… — Ryu se aproximou da bruxa — Está tudo bem?

— Não! — A bruxa tinha uma expressão incomodada em seu rosto — Vincent Chermont… eu o conheço!

— Conhece? — O guardião estava incrédulo.

— Sim, mas não por esse nome! — Eveline caminhou até um banco e se sentou — No início eu não o reconheci devido a sua nova aparência, mas quando eu vi a forma como Catherine estava… confusa… ele a está controlando!

Ryu já imaginava aquilo, mas estava surpreso de ter suas suspeitas confirmadas.

— Bruxos com poder de controlar outros bruxos? — Josh estava pasmo — Achei que isso eram histórias do passado, ouvi falar até de um tal de Valentin Lafaiete…

— E Angeline Lafaiete… — Eveline completou — Eles de fato deveriam estar no passado!

Os dois rapazes se sentaram silenciosos ao lado de Eveline, esperando que ela se aprofundasse na história.

— Angeline e Valentin lutaram ao lado das bruxas durante a Guerra das Raças, mas quando obtivemos a vitória eles não se conformaram com a ideia de conviver pacificamente com os humanos — A bruxa explicava.

— Como eles conseguiram viver tanto? — Josh perguntou.

— Almas… — Eveline estava vagando em lembranças antigas — Ele sequestrava crianças, sugava suas almas e depois dividia com a irmã mais nova… eles devem ter em torno de 700 anos agora.

— Os órfãos… — Um calafrio intenso percorreu o corpo de Ryu.

— Órfãos? — Josh estava perdido na conversa.

— O conde abriga crianças órfãs em sua mansão…

— Comida. — Eveline interrompeu a explicação de Ryu — Ele sempre teve o ritual de consumir uma alma por dia, tem mais haver com prazer do que de fato necessidade.

— Desgraçado… — Josh sentiu uma mistura de nojo e ódio — Eu vou cortar a cabeça dessa dupla de demônios e depois vou queimar seus corpos até só restarem cinzas!

Ryu ficou realmente surpreso com aquela demonstração de raiva vinda do caçador. Em todos os encontros que teve com Josh, viu nele apenas um homem pacífico. Mas não era nem difícil entender aquela revolta.

— Não! — Eveline se levantou bruscamente — Não se metam com isso!

— O que? — Ryu estava incrédulo — Por que?

— Valentin e Angeline são mais fortes do que qualquer bruxinha de esquina que vocês encontraram por aí — Eveline estava alterada — Eles participaram da Guerra das Raças e não é exagero dizer que isso foi fundamental para nossa vitória.

Apesar de inconformados, ambos os rapazes permaneceram em silêncio diante das explicações da bruxa.

— Valentin usava sua magia de controle sobre os humanos e fazia com que eles se voltassem contra si mesmos. Ele nunca suava, por mais sangrenta e difícil que fosse a batalha — A bruxa dizia com temor — Mas Angeline… ela era mais brutal… Reduzia legiões a pedaços em segundos com os seus malditos fios enfeitiçados. Nenhuma arma feita pelo homem é capaz de rompê-los, por isso todos os humanos apenas morriam sem poder fazer nada.

— Ok… — Ryu respirou fundo — Se não podemos enfrentar esses dois, o que sugere que façamos?

— Chamem Ivan! — Eveline dizia de forma simplista como se fosse o mais óbvio a ser feito — Talvez… eu e ele possamos tirar Catherine do casarão.

— Eu sou mais forte do que você imagina! — Josh estava incomodado.

— Tô sabendo híbrido fajuto, mas isso é maior do que você pode lidar — Eveline tinha sarcasmo em sua voz.

— Híbrido? — Agora Ryu é quem estava perdido.

— Isso não é importante agora! — Josh desconversou.

— De qualquer forma chamar o Ivan não é uma opção! — Ryu não tinha cabeça para cobrar respostas naquele momento — Se o Ivan interferir na travessia, Catherine certamente será desconsiderada como aluna.

— Se ela continuar nas mãos do conde não conseguirá chegar até o Santuário! — Eveline rebateu.

— O Ivan mesmo disse que o único lugar seguro para a Cat, era o Santuário… se o Minus derrubou Vanitas, não terá dificuldade em acabar com Otium também — Ryu defendia seu ponto.

Eveline permaneceu em silêncio, naquele momento ela se viu sem muitas alternativas.

— Independente do que vocês decidam eu irei até a mansão fazer o meu trabalho — Josh estava determinado.

— Espera! — Ryu estava nervoso — Eveline pensa bem… juntos nós podemos vencê-los!

A bruxa deu um suspiro longo e sem dizer mais nenhuma palavra, tomou a forma de uma espada e repousou na cintura de Ryu.

— Ela não está muito satisfeita — O guardião deu de ombros — Mas estamos juntos nessa!

Ryu seguiu empolgado na frente enquanto Josh o encarava preocupado.

— Eu acho melhor cuidarmos desses ferimentos…

— Eu estou bem! — Ryu forçava um sorriso enquanto tentava disfarçar a dor que sentia por todo o seu corpo — Não podemos perder tempo!

— Só vai durar algumas horas… — Josh retirava a bússola do bolso.

— Não temos tempo e…

Antes que Ryu pudesse terminar sua frase, foi atingido em cheio no estômago por um soco vindo de Josh.

O garoto caiu de joelhos no mesmo instante.

— Você quer mesmo enfrentar duas criaturas centenárias nesse estado deplorável? — O caçador tinha uma expressão de desdém em seu rosto.

— V-você me pegou desprevenido… — Ryu juntava todas as suas forças para responder aquelas palavras.

— Você realmente acha que os nossos inimigos agiram diferente?

— Mas aí eu estaria ciente de que não estou em um local seg…

Josh ergueu Ryu e o colocou nas costas.

— Eu posso andar… — A voz de Ryu estava insatisfeita.

— Onde você está hospedado? — Josh o ignorou.

— Não vou dizer! — Ryu agia como uma criança fazendo birra.

— Anabel, aponte a direção do local onde Ryu e Catherine se hospedaram — Josh agia com tranquilidade.

Depois de alguns quilômetros percorridos, os Chermonts estavam de volta em sua mansão.

— Acorde querida… — Vincent acariciava os cabelos de Catherine gentilmente — Chegamos em casa.

A bruxa abriu os olhos de imediato e em seguida encarou o que havia à sua volta.

— Que lugar bonito! — Catherine sorriu.

— Olha só! — Louise debochou — Não está mais agindo como um zumbi.

— O que? — Cat estava confusa.

— Nada meu amor… — Vincent passou um olhar de reprovação para Louise e depois encarou Catherine carinhosamente — Pode ir na frente, todos já foram avisados da sua chegada.

A bruxa do azar sorriu e em seguida saiu da carruagem, rumo aos jardins da mansão.

—Você realmente precisa fazer isso? — Vincent encarou a irmã com irritação.

— Você me aparece com uma ninguém aqui do nada e quer que eu mude até a forma que eu me porto em minha própria casa? — Louise tinha uma expressão inconformada — É bom me dar um motivo palpável para esse teatro, ou verá seus planos caírem por terra em um piscar de olhos.

Vincent respirou fundo e voltou ao assunto anterior.

— Eu alterei muitas lembranças de Catherine, mas retirei o meu controle mental — Ele explicou — Ela tem uma energia de bloqueio muito alta, controlá-la me deixa exausto.

— Você está lidando com algo maior do que imagina — Louise desceu da carruagem — Essa bruxa tem uma energia milenar dentro dela, isso trará problemas.

— Do que está falando minha querida irmã? Olhe só para ela — Vincent mantinha seus olhos na imagem de Catherine passeando entre as flores do pátio — É muita sorte que uma energia tão poderosa, tenha se abrigado em uma embalagem tão… violável.

 


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Notas finais do capítulo

Até segunda que vem ♥
Não esqueçam de deixar um comentário e me fazer feliz ♥



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