Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 42
A Misteriosa Noiva de Vincent


Notas iniciais do capítulo

Gosto muito dos irmãos Chermont como vilãos, eles tem uma pegada vampiresca que eu adoro hohoho



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Em um bar barato nas ruas mais sujas de Ferrum, Josh se servia de uma bebida amarga.

— O que está fazendo? — Uma mulher encapuzada se aproximou e sentou na mesa junto dele.

— Bebendo, como pode ver. — O caçador estendeu o copo na direção da recém chegada.

— Sou eu, Agnes! — Ela disse enquanto retirava o capuz que cobria o seu rosto.

— Eu sei… — Josh dizia com desânimo — Reconheci seu cheiro antes mesmo que entrasse na taverna.

— Então por que não está sendo cordial? — Agnes tomou o copo da mão do caçador e bebeu seu conteúdo.

— Pensei que estivesse trabalhando com o meu pai! — A voz de Josh estava fria.

Agnes não teve tempo de responder pois naquele momento estava tossindo e cuspindo tudo o que havia bebido.

— Isso é urina! — Ela arremessou o copo na mesa — Não tenho dúvidas!

Josh pensou em perguntar se ela já havia bebido urina, mas preferiu não saber a resposta.

— Moleque, você sabe que a prioridade é sua, mas a missão precisa ser concluída de um jeito ou de outro — Agnes havia se recuperado — A profecia é clara quando diz que o fruto da guerra precisa impedir o fim do mundo, mas você está se saindo um péssimo fruto!

Josh permaneceu em silêncio ouvindo as reclamações da velha bruxa que em aparência não ultrapassava os 20 anos.

— Se você não acabar com a bruxa do azar, o Minus fará isso! — A bruxa encarava o rapaz desanimado — Está chegando o início do apocalipse... eu posso sentir!

— Se você conhecesse ela…

— Eu não preciso conhecê-la, Josh! — Agnes se apoiou na mesa e se aproximou do rosto do caçador — Eu vi… Vi ela matando milhares de homens como se fossem formigas e depois abrindo passagem na fronteira do desconhecido! Sangue… morte… ela é o armagedom!

Josh se calou mais uma vez, sua expressão estava completamente abatida.

— Você tem que caçá-la, não agir como guarda-costas! — Agnes se levantou da mesa bruscamente — Você os tem seguido e sabe exatamente onde ela está, é sua última chance, pois a partir de agora, darei informações diretas e úteis ao Minus.

O caçador permaneceu em silêncio e a bruxa saiu do bar sem dizer mais nada.

Na hospedaria, Ryu foi acordado pela luz do sol em seu rosto. Ele saltou da cama em alerta e pronto para uma batalha mas estava sozinho.

Uma dor intensa percorreu todo o seu corpo e ele voltou a cair na cama. Foi nesse momento que lembranças da noite passada surgiram em sua mente, e dentre elas o fato de sua cama ter sido completamente destruída.

O pijama antes coberto de sangue, agora cheirava a lavanda e era branco como algodão.

— Cat… — Ele sussurrou.

Depois de respirar fundo, ele sentou na cama. Uma olhada não muito detalhada do local revelou inúmeras irregularidades, como por exemplo a janela de vidro intacta.

— Eveline… — Ryu se levantou bruscamente da cama e começou a procurar a espada por todo o quarto, mas não a encontrou.

Decidiu então sair do quarto em busca de alguma pista. Alguns minutos andando pelo corredor foram suficientes para ele encontrar mais coisas suspeitas. Uma placa na frente do elevador dizia “3º andar” e aquilo explicava bem o fato de o quarto estar em bom estado, mas não explicava o motivo de ele estar lá.

Enquanto esperava o elevador chegar ao andar de cima, Ryu se lembrou vagamente da última noite. De acordo com a sua memória ele deveria ter acordado no meio da rua, isso se ele tivesse acordado.

Poucos passos foram necessários para ele se deparar com o seu antigo quarto. Uma enorme faixa cobria a porta onde estava escrito “Em reforma”.

O guardião se preparou para entrar no cômodo quando foi abordado por dois seguranças enormes, o que acabava por ser estranho para uma simples reforma.

— Os hóspedes não têm acesso aos locais de reforma, senhor — Uma funcionária se aproximou e disse gentilmente.

Ryu a ignorou e continuou seus passos em direção ao quarto. Um dos seguranças tentou impedi-lo, segurando em seu ombro direito, mas foi derrubado com facilidade. O segundo segurança o agarrou por trás e o ergueu no ar. Ryu tentou se livrar do domínio inimigo, mas sentia seu corpo inteiro doer e suas capacidades muito limitadas.

Ciente de que força bruta não seria possível naquele momento, Ryu tentou agir com mais sagacidade. Enquanto o homem se esforçava para apertar o guardião entre os seus braços, Ryu se aproveitou de sua guarda baixa e o atingiu no nariz com a parte de trás da cabeça. O homem soltou Ryu imediatamente e começou a cambalear um pouco desnorteado, o guardião finalizou o inimigo com um chute lateral, forte o suficiente para deixá-lo desacordado.

O outro segurança ficou assustado, por isso mesmo depois de ficar de pé, optou por correr ao invés de continuar aquela luta.

Vendo que estava sozinha e desprotegida, a funcionária também fugiu às pressas.

Ryu se dirigiu rapidamente em direção ao quarto e começou a procurar por algo que pudesse ajudá-lo a localizar Catherine. Ele sabia que diante daquela confusão, não demoraria para aparecer mais seguranças ou até mesmo policiais para detê-lo.

O quarto estava exatamente como ele se lembrava, a cama destruída, as janelas estilhaçadas e o assoalho coberto de sangue.

Não havia sinal de Eveline, ou mesmo de qualquer coisa que pudesse ajudá-lo a encontrar Catherine, mas aquilo não causava desânimo em Ryu. Estar naquele lugar fazia a sua cabeça funcionar direito. Ele não sabia exatamente o motivo, mas todas as lembranças do dia anterior estavam borradas e fora de ordem. Ele sabia que Catherine havia sido levada, mas não conseguia encontrar um culpado. O Minus seria seu primeiro palpite, mas não encaixava, não estava certo.

Enquanto caminhava pelo quarto ele tropeçou em um amontoado de revistas, entre elas estava a que ele havia folheado na noite anterior. A capa estampava o conde Vincent Chermont e aquilo foi como um estalo de consciência. O rosto daquele homem fez o sangue de Ryu ferver e todas as suas memórias se encaixaram quase de imediato. Ele não compreendia como informações tão importantes poderiam ter escapado de sua mente assim. Mas não foi necessário muito tempo de reflexão para encontrar algumas possíveis justificativas. Lembrar de como Catherine havia reagido depois do primeiro encontro e de como ela parecia uma boneca seguindo os comandos de Vincent durante o sequestro. Ele não conhecia que poder era aquele, mas já havia compreendido que Vincent podia mexer com a mente das pessoas.

Estar sem Eveline era um problema muito grande, mas Ryu sabia que aquilo não poderia impedi-lo de continuar. Com ou sem um tesouro celestial, ele precisava encontrar Catherine. Mas encontrar Catherine era claramente a parte fácil, ao se lembrar dos fios afiados que o torturaram na noite passada, Ryu entendeu que o maior desafio seria conseguir passar por cima da bruxa que acompanhava Vincent… Louise.

— Bom… — Ryu respirou fundo — Parece que vou precisar de ajuda.

Um pouco distante dali, Henry tinha sua paciência novamente testada.

— Senhorita Claire, temos que partir! — o guardião acompanhava a garota pelas ruas de Ferrum — Se continuar enrolando nessa cidade, não vai conseguir chegar até o Santuário a tempo.

— Que se dane esse maldito Santuário! — Claire bufou — Tenho problemas maiores para resolver, como por exemplo o fato do conde não ter me procurado ontem!

Um enxame de fotógrafos em frente a um luxuoso hotel chamou a atenção da bruxa. Ao se aproximar mais notou a presença de Louise, Vincent e uma mulher que tinha o rosto escondido pelo casaco do conde sobre sua cabeça.

— Conde Chermont! — Um repórter gritava mais que os demais — Essa garota com você é a noiva que estava procurando?

— Como se chama a sua noiva Senhor Vincent? — Outro paparazzi se apertava em meio a multidão.

— Obrigada pelo carinho queridos amigos — Vincent sorriu — Mas darei detalhes sobre meu noivado em outra ocasião!

Ao fim da fala do nobre, a multidão foi à loucura.

— Então ela é mesmo sua noiva Conde Vincent? — Muitos gritavam em coro, mas não houve resposta.

Um pouco afasta, Claire estava atônita. Ela não podia acreditar que 24 horas foram suficientes para que o conde encontrasse uma noiva.

— Senhorita Claire… — Henry tentou consolá-la.

— Abram espaço! — A bruxa ordenou.

No mesmo instante, os quatro guardiões que a acompanhavam se enfiaram em meio a multidão e abriram um caminho livre para que Claire alcançasse a carruagem.

— Conde Vincent! — A Bortoluzzi gritou, mas foi duramente ignorada pelo homem.

— O que quer? — Louise foi a única que a notou.

— Quem é essa garota?

— A noiva do meu irmão, não parece óbvio? — Louise dizia de forma debochada.

Quando Claire se preparava para perguntar mais alguma coisa, a mulher misteriosa retirou o casaco que cobria seu rosto e o fez visível para a bruxa.

Claire não caiu de costas, porque Henry a amparou. Apesar do corte de cabelo diferente, ela não teve a menor dificuldade em reconhecer Catherine Gibran.

— Está me dizendo que essa caipira é a suposta noiva de Vincent? — Clarisse gritava descontroladamente.

Vincent estava um pouco assustado com a reação da bruxa, Louise gargalhava como quem havia ouvido a mais engraçada piada de todas, mas Catherine permanecia imóvel diante de tudo ao redor.

— Tenha modos senhorita Bortoluzzi! — Vincent repreendia a garota, visivelmente envergonhado.

— Modos? — Louise esbanjava sarcasmo — Ela chama a Catherine de caipira mas olha como se porta em público.

— Eu exijo respeito! — Claire gritava ainda mais alto — Eu sou tão nobre quanto vocês!

— Você não tem direito de exigir nada caipira! — O tom de Louise se tornou sério e impetuoso — Uma simples olhada em você e essa aura da ralé já é visível… Talvez você não saiba, mas é muito provável que esse título nobre tenha sido comprado em algum momento da sua linhagem… Ou quem sabe trocado por uma dúzia de porcos!

As palavras de Louise atingiam a bruxa tão profundamente, que ela foi incapaz de responder a nada.

— Até mais “Marquesa”. — Louise gargalhou diabolicamente antes que o cocheiro puxasse a carruagem.

— Por que você é tão má? — Vincent sentiu um pouco de pena de Claire.

— Não me tire um dos poucos prazeres da vida! — Louise estava irritada — Será que me impedir de cortar o pescoço daquele plebeu atrevido já não foi suficiente?

Vincent suspirou impaciente.

— Durma querida… — O conde disse de forma carinhosa para Catherine. No mesmo instante, a bruxa dormiu profundamente.

— Em primeiro lugar, aquela atitude poderia atrapalhar meu controle sobre Catherine — Vincent explicou.

— Tudo bem… — Louise estendeu a mão em forma de defesa — Eu não me importaria em matá-lo depois que a sua boneca saísse de cena.

— Em segundo lugar… — O conde demonstrava ainda mais impaciência — Não seria bom para a minha imagem se o homem responsável pela segurança da minha noiva, aparecesse morto um dia antes de eu anunciar nosso noivado.

Louise ergueu as sobrancelhas, demonstrando compreender o ponto do irmão.

— Agora chega de falar do passado — Vincent sorriu empolgado enquanto acomodava Catherine em seu peito — Meu futuro começa agora.

No caminho, a carruagem passou por Josh, que acompanhava tudo de uma distância segura.

De todas as notícias que ele poderia receber, certamente o casamento de Catherine com um nobre era a mais surpreendente.

A primeira pergunta que ele fez a si mesmo era o que havia sido feito de Ryu. Será que seu companheiro passava bem? Era claro para ele que o guardião tinha sentimentos pela sua protegida, mas também era claro que ela não tinha planos de se relacionar com outra raça. Seria aquilo o desfecho daquela história que ele tanto apreciava?

— Anabel — Josh sussurrou enquanto erguia sua bússola — Para que lado está o Ryu?

Há alguns quilômetros dali, o guardião caminhava para fora do hotel um pouco desnorteado. Os seus olhos se fixaram de imediato na rachadura na frente do estabelecimento. Ele sabia exatamente o que tinha acontecido, mas essas informações concretas o faziam se sentir menos louco. Um pouco distante dali estava o local onde ele havia visto Eveline pela última vez, mas como ele imaginava, não havia mais nada.

Enquanto refletia sobre os possíveis lugares onde a espada poderia estar, avistou um velho catador de lixo empurrando um carrinho lotado.

Aquilo parecia um bom começo.

Uma conversa rápida e algumas moedas o fez conseguir uma boa informação sobre o paradeiro de sua relíquia.

O caminho que Ryu seguiu, passou pelas requintadas ruas de Ferrum e desceu rumo a becos escuros e fedorentos.

Enquanto caminhava pelas vielas lotadas, Ryu não pode deixar de reparar todos os olhares em cima dele.

Foi nesse momento que ele foi abordado por uma mulher, aparentemente uma prostituta, o que para Ryu parecia muito melhor do que os marmanjos de dois metros que o olhavam feio ao redor.

— O que um rapaz bonito e… — A mulher o olhou de cima a baixo — … tão limpo, faz em um lugar como esse.

— Eu preciso de uma ajuda! — O guardião dizia enquanto revirava os bolsos e retirava algumas moedas.

— Hum… — ela abriu um largo sorriso e a blusa que vestia — Por essa quantia eu posso ser bem versátil!

— NÃO! — Ryu corou e fechou a blusa da mulher quase como um reflexo — É de outro tipo de ajuda que preciso…

Sem mais dificuldades, ele acabou conseguindo a informação que procurava e não precisou ir para cama com a desconhecida para isso. Era aliviador não ter nada para explicar a Catherine.

“Desde quando eu preciso explicar algo a Catherine?”

O guardião ficou bravo com as suas próprias conclusões.

Não foi necessário uma longa caminhada para que ele avistasse a inconfundível espada de lâmina negra.

— Essa espada é minha! — Ryu se aproximou da barraca.

— Claro senhor! — O vendedor sorriu — Por 5 moedas de ouro.

O guardião respirou fundo e mais uma vez mexeu em seus bolsos. Ele se sentia injustiçado por ter que pagar por algo que o pertencia, mas aquela parecia ser a solução mais sensata, por isso apenas estendeu a mão com a quantia pedida.

— 5? — O homem coçou a cabeça — Eu quis dizer 15!

— Mas disse 5! — Ryu franziu a testa com irritação — Agora honre a sua palavra!

— Honra? — O vendedor deu uma gargalhada sarcástica — Acho que você veio ao lugar errado rapaz!

— Ok! — Ryu guardou as moedas e em seguida pegou a espada da banca onde estava exposta — Se ninguém lida com honra por aqui, eu não serei a exceção.

— LADRÃO! — O velho gritou.

No mesmo instante, vários homens surgiram de locais estratégicos e se posicionaram ao redor do guardião.

— Vamos Eveline… — Ryu sussurrava enquanto empunhava a espada — É hora do show.

Um silêncio torturante se instalou e só foi interrompido pelo som dos punhos de um dos supostos seguranças, acertando em cheio o rosto do guardião.

Ryu cambaleou em meio a roda de agressores e logo foi agarrado por um dos bandidos. Um homem veio em direção ao guardião para socá-lo mais uma vez, mas Ryu o acertou no peito com os dois pés e o fez cair no chão.

No momento em que o guardião conseguiu alcançar os pés no solo, se agachou de forma que comprometeu o equilíbrio do homem que limitava seus movimentos. Um pouco de força foi suficiente para mandar o bandido para o chão ao lado e logo em seguida chutar seu rosto com força o suficiente para que ele não incomodasse mais.

— Dois já foram… — Ryu dizia enquanto limpava o sangue que escorria de sua boca — Só faltam… um, dois, três… um monte.

Havia em sua fala uma mistura de desânimo e desespero.


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Notas finais do capítulo

Hey pessoal! Tenho uma noticia nao muiro legal pra dar...
Por motivos de vida muito corrida e aprocimação do vestibular, eu nao consegui adiantar novos capitulos.
Meus hiatos pra continuação costumam ter uma média de 1 mes ate a próxima temporada, mas devido as circunstancias, eu acredito que vá demorar mais um pouco.
Como eu nao quero que vcs desanimem da historia, eu resolvi reduzir a frequencia de postagens para uma vez ja semana. Dessa forma, eu tenho mais tempo pra trabalhar enquanto posto os capitulos que ja estao prontos.
Tudo bem pra vcs? Ou preferem que eu mantenha a frequencia e depois estendo o hiato? Deixem sua opiniao ❤



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