Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 25
A Guerra em Vanitas


Notas iniciais do capítulo

Este é o último capítulo! Estão prontos?



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Sozinha em seu quarto, Catherine folheava algumas revistas que havia comprado no dia anterior.

As matérias já não a entretiam tão bem, a cabeça antes livre de qualquer preocupação, agora vagava em incontáveis problemas.

Enquanto lia sobre um possível romance entre dois ídolos conhecidos, pensava nos motivos do Minus estar tão interessado em capturá-la. Seria uma espécie de mágoa do passado? Ter deixado uma bruxa escapar era tão imperdoável assim?

Esse raciocínio a levou até Ivan, a decisão de seu pai era algo que a fazia sentir raiva. Ele havia arrancado dela um sonho antigo porque era egoísta demais pra poder aceitar a possível morte de sua única filha. As pessoas morrem… mas ela não tinha essa escolha.

Por outro lado, ao pensar em Ryu, Catherine sentiu-se conformada, afinal, morrer não era um grande problema, mas ter a morte de alguém nas suas costas parecia algo insuportável.

— Os sonhos nem sempre se tornam realidade.

Catherine sussurrou para si mesmo.

Batidas fortes e desesperadas fizeram com que a garota caísse da cama.

“Se for o Ryu de novo, vou acertá-lo em cheio.”

Catherine enrolava a revista que estava em suas mãos, fazendo com que ela se transforme-se em um pequeno bastão.

Ao abrir a porta um rosto desconhecido a encarava com aflição.

— Catherine Gibran?

— Sim. Está tudo…

— A cidade está sendo atacada por bruxas! — O homem parecia tentar falar tudo em apenas uma respiração — a senhorita precisa vir comigo para um abrigo…

Antes que o oficial pudesse terminar sua frase, teve o corpo agarrado por um tentáculo gigante.

Agindo por puro reflexo, a bruxa do azar cravou a revista enrolada na superfície gosmenta que envolvia o homem.

Um grito excruciante foi ouvido não muito longe, e o tentáculo recuou, abandonando o homem ferido ali.

Catherine arrastou o soldado para dentro do quarto e trancou a porta.

— Está tudo bem? — A garota encarava o homem.

— Sim senhora… — Ele tentava conter os gemidos — Acho que só fraturei algumas costelas.

— Que bom… eu acho… não sou boa com essas coisas.

— Senhorita Gibran, eu não sabia que manipulava magia de reforço.

— Nem eu. — Os olhos de Cat estavam a ponto de pular de suas órbitas.

Um estrondo forte veio da porta e logo foi possível notar algumas fissuras surgindo.

— Ok, qual o seu nome? — Catherine estava ofegante.

— Oficial Willian O’Donnell.

— Ok Will, posso te chamar assim?

O homem acenou positivamente com a cabeça e Catherine continuou — Precisamos ir para o banheiro Will, não sei bem o que podemos fazer, mas manter mais uma porta entre a gente e essa coisa parece um bom começo.

O homem concordou com a garota e os dois foram juntos para o outro cômodo.

Assim que fecharam a porta puderam ouvir o som da outra entrada sendo completamente destruída.

Em silêncio, Catherine levou o dedo indicador aos lábios, informando ao soldado que ele também deveria permanecer calado.

Passos pesados passeavam pelo quarto, uma respiração alta imitava o som de um cão farejando.

Não demorou muito para que a maçaneta do banheiro fosse virada. Sem sucesso em sua primeira tentativa, a criatura desconhecida começou a forçar a porta.

— Senhorita, foi me dado o dever de protegê-la, por Isso, quando esse bicho abrir a porta eu vou segurá-lo e você vai aproveitar a oportunidade para fugir.

Ao ouvir as palavras do homem, Catherine revirou os olhos.

— Will, se morremos aqui será o fim de tudo. Se você morrer e eu conseguir fugir, provavelmente serei condenada a uma vida de culpa por ter deixado uma pessoa para trás apenas com intuito de salvar a minha própria pele. — Cat deu uma pausa e depois continuou — Se ficarmos e lutarmos juntos, temos uma chance de sobreviver e isso parece a melhor opção para mim.

Apesar de transparecer uma confiança invejável, Catherine estava morrendo de medo.

— Em toda a minha vida, nunca vi uma bruxa disposta a sacrificar a sua vida por um humano. — Will encarava Catherine com estranheza e admiração.

— Tem um monte! — Catherine forçou um sorriso — Você precisa olhar com mais atenção.

Ela não conhecia nenhuma, mas parecia o certo a ser dito.

Um pedaço da porta veio abaixo e uma mão tentava alcançar a maçaneta.

Não dispondo de muitas opções, Catherine arremessou uma escova de cabelo no inimigo.

O lance certeiro fez apenas com que o inimigo se irritasse e se empenhasse mais em seu trabalho.

De repente um grito foi ouvido e uma poça de sangue se formou na entrada do banheiro.

— Cat?

A voz de Ryu foi como música aos ouvidos da garota.

— Você chegou na melhor hora possível. — Após abrir a porta e saltar o corpo morto da bruxa, Catherine abraçou o companheiro.

Logo em seguida Willian também saiu do banheiro.

— Quem é você? — Ryu estava confuso.

— Esse é o Will. — A garota respondeu sem muitas delongas.

— Ela me salvou. — O oficial dizia um pouco sem graça.

— Ah… — Ryu tentou não se preocupar com detalhes — Oi Will.

Há poucas ruas dali, explosões em cadeia exterminavam bruxas como insetos

— Lya, tenha calma… — Kai gritava ao longe — Se você destruir a cidade não vai ter nada para salvar.

— Elas não acabam! — A mulher cerrava os punhos — Eu matei mais de 50 delas e parece que o número restante não muda.

— Já perdemos mais da metade da guarda, as bruxas jovens não entendem nada de magia ou combate… — Kai saltou para cima de um prédio e fez surgir um arco de luz em suas mãos — Estamos em desvantagem.

— EU VOU DESTRUIR TODAS ELAS! — Lya fazia novas explosões mais intensas que as anteriores, consumindo toda a rua e levando junto dezenas de bruxas.

— Meu instinto diz que atirar nela é o mais seguro a se fazer… mas meu coração diz que eu não posso alvejar a minha esposa… — Kai murmurava sozinho.

Em uma pequena fortaleza cheia de bruxas, Hendrick e Ivan conversavam.

— Já fizeram uma nova contagem? — Ivan estava tenso.

— Faz menos de 10 minutos, ainda faltam muitos. — Hendrick tinha um tom nervoso.

— Catherine ainda não chegou? — O ex caçador perguntou.

— Não.

— Então eu vou pessoalmente buscá-la.

— Ivan, você não pode abandonar o seu posto. Precisamos que você assegure a segurança desses jovens. — Hendrick segurou o braço do companheiro que estava prestes a sair. — Eu sei quanto é importante a vida da sua filha mas… tem muitas outras crianças em perigo aqui.

Ivan sentiu o peso da responsabilidade pairar sobre seus ombros.

— Senhor Hendrick! — Um oficial entrou na sala.

— O que houve soldado? — Hendrick se dirigiu ao jovem.

— Tem um exército cercando a cidade.

— De bruxas? — O diretor estava a ponto de ter um infarto.

— Não senhor, de caçadores.

— Ah graças a Deus… — Hendrick levava a mão a cabeça aliviado — O Statera finalmente chegou para nos dar apoio.

— Não senhor, fui notificado que o Statera ainda está passando pela fronteira de Ita. — O mensageiro respirou fundo e continuou — É um exército do Minus, senhor.

Tanto Hendrick quanto Ivan ficaram boquiabertos com a notícia.

— O que esses desgraçados fazem aqui? — Ivan bateu com força contra uma mesa de madeira.

— Eu fui pessoalmente falar com o comandante do exército e soube que eles vieram para auxiliar a cidade. — O garoto informava os detalhes.

— Me diga uma coisa… — Ivan encarou o rapaz — Por acaso o líder desse exército se chama Blanc?

— Sim senhor, Blanc Lagunov. Ele disse que entraram com o exército para combater os invasores, se for dada a permissão no contrato continental.

Após ouvir a resposta do mensageiro, Ivan levou a mão ao rosto e sorriu com certa insanidade.

— Claro que é o Blanc… Como poderia ser diferente?

— O que está acontecendo, Ivan? — Hendrick estava nervoso e confuso.

— Isso. — Ivan apontou para a porta que levava para o inferno lá fora — É tudo coisa dele!

— Isso é uma acusação muito grave Ivan…

— Eu tenho os meus motivos! — Ivan estava alterado — Ele quer pôr as mãos na minha filha a qualquer custo!

Hendrick pensou em protestar, mas conhecendo a história de perto, sabia que aquela acusação tinha muito fundamento.

— Temos muitas baixas e eu não sei se o que sobrou do nosso exército vai resistir por muito tempo…

— Deixe-os entrar. — Ivan poupou o amigo de mais explicações.

— Mas e Catherine? — O diretor estava aflito.

— Eu vou resolver isso. — Ivan se dirigiu até a porta.

— Boa sorte, velho amigo. — Hendrick disse com pesar enquanto observava o ex Statera sair da fortaleza.

No meio da guerra na cidade, Ryu, Catherine e Will corriam por suas vidas em direção ao refúgio.

Foi quando uma enorme criatura que se assemelhava a um gorila gigante apareceu na frente do trio.

— Mas que porcaria é essa? — Ryu estava pasmo.

— Metamorfose… — Cat estava visivelmente assustada — Nunca vi algo tão bom.

Sem nenhuma hesitação o bicho avançou na direção dos três. Os passos do gorila eram tão pesados que pareciam fazer tremer toda a cidade.

— Separem-se! — Ryu ordenou.

Catherine correu para esquerda, Willian para a direita e o guerreiro permaneceu no meio do caminho.

Sem muitas opções, ele apenas avançou para debaixo do monstro.

A falta de raciocínio fez com que o animal, demorasse para entender os movimentos do rapaz.

Ryu sacou sua adaga e a cravou na perna do adversário.

A besta urrou e se movimentou de um lado para o outro descontroladamente. Enquanto a criatura estava distraída, Ryu aproveitou para escalar uma janela que estava a pouco mais de 4 metros do chão. Altura o suficiente para que ele conseguisse saltar para cima das costas do animal.

O monstro saltava com a determinação de um touro raivoso, enquanto Ryu se agarrava firme em seu pelo.

Com muita dificuldade o guerreiro se aproximou da cabeça do animal e sacou sua adaga mais uma vez.

Ao olhar para pequena lâmina em sua mão e para o grande animal a sua frente ele se sentiu um pouco idiota.

Percebendo que não tinha tempo para constatações ele desembainhou sua montante e a cravou no dorso do gorila.

A fera berrou alto suficiente para que qualquer um na cidade se assustasse.

Sem muita resistência, ele apenas caiu no chão, aparentemente sem vida.

Ryu perfurou o corpo da besta mais uma porção de vezes para ter certeza de que havia concluído o serviço.

Passado alguns segundos, a criatura morta voltou a sua forma original, a de uma mulher jovem.

“É mais difícil lidar com esse tipo de imagem.” Ryu guardou sua espada ensanguentada novamente na bainha.

Antes que ele tivesse oportunidade de reencontrar seus amigos, sentiu uma movimentação em suas costas.

A espada de lâmina negra havia sido tirada de sua cintura, sem que ele ao menos tivesse a chance de parar o ladrão.

Atentando-se ao culpado, Ryu reconheceu o rosto de Ivan.

Os lábios do ex caçador sussurravam coisas que Ryu não pôde discernir e logo em seguida ele desapareceu na velocidade de um piscar de olhos.

Não se passaram muitos momentos até que uma criatura gigante despencasse de um prédio a frente de Ryu.

Era uma espécie de aranha que ultrapassava os 3 metros de altura.

No instante em que alcançou o chão, a criatura já estava completamente retalhada.

Logo em seguida, Ivan pousou sobre a cabeça do animal, portando duas espada negras, uma em cada mão.

Ele era um guerreiro de empunhadura dupla e Ryu era incapaz de conter a sua admiração. Apesar de sempre se surpreender com as habilidades do mestre, o garoto jamais o havia visto em ação de verdade.

— Papai! — Catherine correu em direção a Ivan e o abraçou.

— Você está bem? — O ex caçador se mostrava, como sempre, um pai preocupado.

Catherine acenou positivamente com a cabeça.

— Ryu, eu preciso que você vá até o fim da travessia com Catherine.

Ao ouvir as palavras do mestre, o guerreiro franziu as sobrancelhas.

— Mas o senhor disse…

— Eu sei o que eu disse. Mas as coisas mudaram. — Ivan tinha uma voz tensa — Fui tolo ao achar que levar Catherine para casa a afastaria do perigo.

— Eu não estou entendendo senhor. — Ryu estava confuso e assustado. As visões que Eveline havia mostrado para ele pulsavam em sua mente.

— Se eu levar Catherine de volta para Otium, acontecerá com nossa cidade o mesmo que houve aqui em Vanitas. Blanc não deixará alternativas, se não a entrega da minha filha. — O ex Statera estava com a voz abafada, como se estivesse a ponto de chorar — Eu disse um dia que a sua vida não seria suficiente para manter Catherine em segurança, mas agora ela é tudo o que eu tenho.

— Pai… — A bruxa do azar sentia as palavras do pai pesarem em seu peito.

— O santuário é o único lugar onde Cat estará segura. Nem mesmo a igreja se atreve a enfrentar os seus membros mais altos. — Ivan caminhou até Ryu e o olhando firme nos olhos encerrou — Por favor Ryu, leve minha filha em segurança até o santuário.

Sem nenhuma hesitação Ryu o encarou e disse com confiança:

— Eu prometo que a protegerei com a minha vida.

Ivan sorriu, seus olhos estavam cheios de lágrimas mas ele as conteve.

— Leve Eveline com você.

— Senhor eu não pretendo…

— Se você prometeu que vai proteger a minha filha, ao menos me dê uma garantia de que poderá enfrentar o que está por vir. — Ivan interrompeu o pupilo com uma voz séria.

Sentindo-se sem opções, Ryu pegou a espada que estava estendida para ele.

— Não precisa temê-la Ryu, em vida, Eveline foi um bruxa justa que dedicou todos os seus anos ao estudo da magia. — Ivan sorriu de forma gentil — Sei que é assustador confiar em uma arma que faz aflorar seus instintos mais primitivos, mas desde que você tenha uma alma forte, controlar isso é um trabalho fácil. E eu sei que você tem uma alma poderosa Ryu.

— Obrigada senhor. — Ryu tinha um semblante inseguro.

— Cat… — Ivan se aproximou de sua filha e a abraçou — Por favor… por favor… eu estarei esperando você no santuário. Por favor…

— Eu vou estar lá pai. — Catherine se aconchegou no abraço de Ivan — Eu prometo.

— É bom que esteja. Se não eu vou te deixar de castigo! — A esta altura Ivan já havia deixado suas lágrimas escaparem.

— Temos que pegar algum suprimento para a viagem. — Ryu tentava manter a postura, mesmo estando claramente abalado.

— Não há tempo! — Já livre do abraço da filha, Ivan voltou a ficar sério — O Minus já está na cidade, se eles encontrarem Catherine…

— Então temos que partir agora. — Ryu suspirou — Te vejo no santuário mestre.

— Vejo vocês no santuário. — Ivan acenou com a cabeça.

Depois de se despedir, Ryu e Catherine partiram rumo a fronteira oposta a que os Minus haviam tomado.

— Ryu! Precisamos ir até os estábulos! — Catherine parou no meio do caminho.

— Para que? — Ryu estava surpreso.

— Que pergunta idiota! — A bruxa se mostrava revoltada — Para buscar o Tommy, oras!

Por mais que ele achasse a ideia absurda para um momento como aquele. Era inegável que um cavalo aceleraria a fuga e por mais que ele custasse admitir, havia se apegado ao animal.

Não foi necessário que eles andassem muito para encontrar Tommy no caminho.

— Você veio atrás da mamãe? — Catherine acariciava a crista do cavalo.

— Boa tacada bruxa da sorte! — Ryu montou em Tommy imediatamente.

Catherine não entendeu de primeira o que o guerreiro tentava dizer, mas logo refletiu sobre a aparição inesperada do companheiro.

Era de fato um golpe de sorte que os dois encontrassem o animal em um local tão estratégico.

Um sorriso orgulhoso brotou nos lábios de Catherine, era realmente gratificante perceber que os seus poderes poderiam ser tão benéficos para a travessia.

— Tudo vai dar certo enquanto estivermos juntos. — Já montada no cavalo, Catherine sussurrou enquanto abraçava a cintura de Ryu.

— O que? — O jovem foi incapaz de ouvi-la.

— Nada não… — A bruxa desconversou.


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Notas finais do capítulo

Primeira temporada encerrada com sucesso!
Mas não fique triste, nossos heróis tem uma longa jornada pela frente. Faremos uma pequena pausa, mas logo estarei postando novos capítulos!
Não esqueçam de favoritar a história, assim quando o próximo capítulo for lançado, você será notificado ♥
Bom é isso. Adorei esses momentos com vcs, obrigada pelos comentários e o apoio!
Nos vemos em breve!



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