Akai Ito, o fio vermelho do destino. escrita por LethFersil


Capítulo 5
Sem saída


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Depois de olhar bem para o papel, peguei o notebook do Chris e fui pesquisar o nome da ex-namorada do Kei a Pei Yamagoshe e uma notícia me veio a tona em letras garrafais em um jornal de Tóquio "Filha de grande empresário chinês comete suicídio" a garota havia se matado, a notícia era recente cerca de uma semanas após a minha última saída do hospital. Tinha uma foto da moça no jornal, ela era linda, fiquei realmente triste pela morte dela, mas depois pensando um pouco mais, percebi que Yamagoshe era o sobrenome da família mafiosa. Precisava de mais informações, então abri o e-mail de Kei, ele não sabia que eu tinha a senha, mas eu havia descoberto meses antes dele me abandonar no altar, na época meu intuito era adivinhar quais seriam os presentes de casamento que ele pretendia me dar. Acessando o email, também abri a conta dele na nuvem e com isso tive acesso a todos os documentos da família Yamagoshe que estavam no notebook de Kei. Observando isso, achei uma tremenda burrice causar aquele atentado por causa de notebook, a nuvem de Kei poderia ser logada ou deslogada por qualquer pessoa que tivesse a senha. Se fosse algum dispositivo móvel, com certeza faria sentido o acidente, foi quando me dei conta de que meu pendrive com as fotos havia desaparecido também.

Infelizmente os arquivos que acessei pelo email estavam em mandarim então tive que usar o tradutor online, odiava esse recurso, mas era uma emergência. Um dos arquivos que achei era a folha de pagamento da família Yamagoshe e o nome do Kei estava lá. Sai dos arquivos da nuvem e olhei os emails havia vários e-mails de empresas japonesas e chinesas, um deles vindo do Hiroshi Yamagoshe dizia que o Kei deveria voltar para Xangai imediatamente, novamente o nome Yamagoshe, pesquisei o nome desse Hiroshi e descobri que ele era o “grande empresário” pai da Pei, a garota que se matou e que haviam suspeitas de que ele era ligado a uma vertente chinesa da Yakuza, olhei a folha de pagamento que Kei tinha na nuvem e percebi que eu tinha as provas de que Hiroshi pertencia a máfia. Então eu liguei os pontos, nas mãos da polícia tudo isso seria o fim da família Yamagoshe, mas porque Kei iria acabar com a família a qual ele pertencia? Estava óbvio que Kei e Jin pertenciam a máfia, uma das características dos mafiosos da Yakuza eram as tatuagens e ambos tinham tatuagens em vários locais do corpo, o dragão que eles tinham tatuado contornava toda as costas deles. Os dois também não tinham o dedo mindinho e segundo o que eu pesquisei, amputar a falange dos dedos era um tipo de punição ou uma prova de lealdade na Yakuza.

Com tantas informações eu só poderia pedir que uma pessoa me ajudasse e essa pessoa era o Jin, peguei meu celular e liguei para ele novamente, dessa vez não desistiria até que ele me atendesse, porém depois de uns minutos pensei, se ele era da Yakuza, poderia não ser alguém de confiança, eles tentaram roubar minha casa e comandaram um atentado contra mim, o notebook e o meu pendrive sumiram depois do atentado, mas se eles soubessem que eu tive acesso aos arquivos pela nuvem, poderia estar em perigo novamente. Sabia que esse tipo de gente não ouve o que você tem a dizer, eles me matariam se tivessem chance e já tentaram uma vez, mas eu estava exposta a riscos e não voltaria atrás.  Com aquele celular na mão eu respirava rápido, olhava fixamente para o número de Jin, até que liguei. O telefone chamou até que ele atendeu:

— Jin?

— Oi, Alice.

— Eu preciso falar com você, será que nós podemos sair?

— Alice, eu estou no Rio, não em São Paulo. 

— Posso ir te encontrar, é importante o que eu tenho pra dizer.

— Não, Alice. Eu estou de passagem, não posso perder tempo com você.

Jin desligou na minha cara. Então, eu fui obrigada a ser "educada" também. Retornei, ele não atendeu. Então mandei uma mensagem de texto no celular dele com o nome "Hiroshi Yamagoshe". Esperei uma resposta que chegou rapidamente, uma mensagem que dizia “Vá até a casa que morava com Kei amanhã à noite". Eu sorri, tinha conseguido o que queria.

Mal dormi naquela noite, minha cabeça estava a mil por hora, pensava em meu irmão no hospital precisando de um doador, que eu sentia que tinha que ser eu. Já que nasci para isso. Quando Pedro tinha cinco anos de idade ele teve leucemia, meu pai era compatível, mas não pode doar medula porque havia sido diagnosticado com uma doença auto imune chamada lúpus, a solução foi ter outro filho, este 100% compatível, um embrião selecionado geneticamente, neste caso, eu. O meu nascimento salvou a vida do meu irmão e agora eu me sentia inútil porque não poderia fazer isso de novo.            

Vi o dia nascer da janela do meu quarto, meu pai havia chegado de madrugada do hospital e estava dormindo, não o incomodei, fui sozinha ao hospital para visitar meu irmão e Lydia.

Quando cheguei ao hospital, encontrei uma Lydia aflita, parecia ter passado a noite ali, estava com olheiras profundas e até mais magra, provavelmente ela não estava comendo bem, Lydia olhava Chris pela janela de vidro da UTI, parada de braços cruzados. Cheguei devagar atrás dela e a abracei sem dizer nada, apoiei meu queixo no ombro dela olhando para Chris e então notei que havia um aparelho novo ligado a ele e então perguntei:

— Aquilo não estava ali da última vez que vim aqui.

Lydia respirou fundo e então eu senti nas minhas bochechas as lágrimas quentes dela. Ela estava tentando encontrar coragem para me dar uma notícia ruim e quando ela começou a falar eu entendi:

— Ele teve uma parada cárdica de madrugada e o coração não voltou fazendo o trabalho dele direito, então os médicos acharam melhor colocar o suporte cardíaco... É ecno...

— ECMO – corrigi – Oxigenação por membrana extracorpórea.Quanto tempo ele vai ficar assim, os médicos te disseram?

— Chris estava estável e piorou do nada. – Lydia estava tendo dificuldades para organizar as ideias – E... Não teve melhoras...

Me soltei do abraço dela e a guiei segurando em suas mãos até uma sala de visitantes, onde haviam alguns sofás para ela se sentar. Peguei um copo de água porque ela não parava de tremer e soluçar de chorar. Tentei ser o mais racional possível, eu também estava abalada pela piora do meu irmão, mas a Lydia, ela estava desesperada, em pânico, definir o estado emocional dela em poucas palavras seria impossível.

— Lydia – disse segurando as mãos dela – Vai dar tudo certo. Eles devem ter colocado ele no ECMO para poupar o coração de mais danos.

— O médico falou que se o coração não se recuperar, ele vai precisar de um doador.

— Caralho.

— Eu quero acreditar que vai ficar tudo bem, mas está tudo tão complicado.

Lydia tentava conversar comigo, mas acabava chorando ao fim de cada frase, o que era estranho. Minha amiga nunca foi chorona ou dramática, essa era eu. Provavelmente havia outro problema além da piora do meu irmão, então tentei descobrir:

— Calma Lydia. Se desesperar agora não vai ajudar. Respira fundo, bebe a água e vamos comer alguma coisa – Lydia bebeu a água devagar e eu disse sorrindo – Você já comeu hoje?

— Eu não consigo dormir e comer está meio difícil.

— Você pode sair daqui para comer tranquilamente, eu fico de olho no meu irmão.

Lydia sorriu secando o rosto e acenando negativamente com e cabeça enquanto dizia:

— Não é isso.

— Então é o que?

— Você sabe que quando estou pensando demais eu perco a fome o sono, enfim, tudo.

— Está pensando em quê Lydia? Da última vez que isso aconteceu você terminou com o Christian e fez um barraco na porta da minha casa.

— O que? – disse rindo – Você nunca vai me perdoar por isso, não é?

— Com certeza não.

— Não é isso, mas... – hesitou – sabe como é ter uma boa notícia, mas estar em um dilema moral porque não acha que seja o momento de ficar feliz. Ai você não quer falar para ninguém.

Olhei para a Lydia irritada e sem paciência disse:

— Fala logo a boa notícia.

— Alice...

— Fala.

Estava me preparando para apoiá-la em qualquer coisa que ela dissesse porque a aflição dela estava desesperadora, mas não estava pronta para o que eu ouviria a seguir:

— Estou grávida.

— Que?

— Viu como você está em choque, olha a sua cara.

— Eu não esperava por isso. O Chris me falou que vocês estavam tentando ter um relacionamento mais saudável e parar de trair um ao outro.

— Tava dando certo.

— Ele vai ficar louco felicidade quando acordar. Você tem que falar para o meu pai e para a minha avó, eles precisam de uma notícia boa depois de tanta desgraça.

Lydia sorriu me olhando e eu sabia que ela ainda estava incomodada. Depois que eu acordei tive pouco tempo para conversar com ela, fiquei correndo e como diria minha avó, fazendo merda. Minha amiga não sabia como dizer o que queria me dizer e estava sendo difícil vê-la em conflito, então eu apenas disse:

— Pode dizer o que quer dizer.

— Não queria ter contado para você... Você perdeu o seu bebê e eu fiquei pensando que a minha felicidade te faria sofrer.

— Ouvir que você pensou que eu seria mesquinha a esse ponto me faz sofrer. – disse com um sorriso tímido, ainda segurando as mãos dela – Confesso que seria legal ver os dois primos crescendo juntos, mas não deu. Então vida que segue. Alguém tem que ser feliz nessa história e fico feliz de ver que vai ser você e o Chris.

— Obrigada, amiga.

— Quando você descobriu?

— No dia do teste de histocompatibilidade, o médico pediu um teste de gravidez também.

— Bom – disse me levantando – Agora que esse coração está mais leve, você precisa comer. Vamos, mas não exagera, vai que você vomita tudo depois.

— Mas eu não sinto enjoo.

— Só a plenitude?

— Acho que é, poderia ser melhor se o Chris estivesse bem, mas acho que é plenitude mesmo.

— Vadia.

Lydia me encarou e nós duas rimos, “vadia” era o nosso código, para “Estou te odiando agora, mas juro que vou te perdoar”.

Passei o dia todo com ela no hospital e depois voltei para casa, precisava me preparar para a conversa que teria com Jin.

***

Durante a noite, me vesti de uma maneira bem simples, uma calça jeans, botas pretas, uma blusinha de renda branca e um casaquinho marrom, deixei meus cabelos meio presos e usei uma maquiagem leve. Levei alguns arquivos impressos e a folha com a carta do Kei em uma bolsa transversal preta. A única pessoa que sabia desse meu encontro com o Jin era a Lydia.

Fui até Campinas com o carro do Chris, que já era meu de tanto que eu usava. Evitei avisar meu pai e a minha avó, não queria dar mais motivos para minha avó me criticar e nem para o meu pai se preocupar.

 Entrei na casa e sentei no sofá esperando o Jin. Esperei por horas, cheguei por volta das oito da noite e a uma da madrugada ainda não havia nem rastros do Jin. Tirei o casaco, joguei a bolsa em cima do sofá, tirei as botas e as meias, fiquei descalça, soltei o cabelo, abri um uísque, coloquei um pouco no copo com gelo, ia beber, mas lembrei que Jin e os outros caras visitaram muito minha casa e que talvez aquilo tudo fosse uma armadilha, joguei o uísque na pia, deitei no sofá, fiquei olhando para o teto, peguei o celular e liguei para o Jin:

— Vou esperar mais quantas horas até você chegar?
— Estou chegando Alice, pegar uma ponte Rio-São Paulo não é rápido assim.

— Onde você está?

— Acabei de chegar.

— Vou ai abrir a porta – disse me levantando do sofá com o cabelo todo desgrenhado e dei de cara com o Jin – Mas como...

— Eu tenho a chave – me interrompeu.

— Quem te deu a chave?

— Kei, antes de partir.

Jin retirou a chave do bolso e estendeu na minha direção, peguei sem muita gentileza e me sentei no sofá. Ele olhou minhas roupas jogadas pela casa e retirou minha jaqueta de uma poltrona para se sentar dizendo:

— Nossa como você é organizada.

— Obrigada, devo comentar a sua pontualidade também?

Jin riu meio sem jeito e disse:

— Sempre com uma resposta na ponta da língua, mas não foi pra isso que me chamou.

— E não foi mesmo. Sei que o Kei está na folha de pagamento da família de Yamagoshe e que o pai da ex namorada dele, o Hiroshi Yamagoshe também. Família Yamagoshe é um tipo de máfia, a polícia procura provas para prender ele há anos.

— Mais suposições?

Peguei minha bolsa e joguei todos os papeis na frente de Jin:

— Não posso supor coisas se tenho como provar que são fatos. Não adiantou causar aquele acidente pra sumir com as informações existe uma coisa chamada upload de arquivos na nuvem.

Jin pegou os papeis e viu que não teria como mentir pra mim:

— Alice, você não sabe com o que está lidando.

— Pelo contrario, eu sei e sei muito bem. O Kei me deixou uma carta de despedida onde ele dizia que não me queria mais, eu joguei água sobre a carta e vi o que realmente ela escondia.

No meio dos papeis eu peguei a folha que dizia Yakuza:

— Satisfeito! Isso não é loucura minha.

— Alice... Eu não quero ser obrigado a te parar. Então vou pedir com toda a calma do mundo que você deixe essa história pra lá e siga sua vida.

— Já fui muito longe, muito mais do que poderia, não posso simplesmente desistir. – disse o encarando aflita – Eu amo o Kei e se já amou alguém, você me entenderia!

— Alice, posso afirmar que Kei não iria querer que você fosse atrás dessa história.

— Mas eu vou Jin – gritei me levantando do sofá- com ou sem a sua ajuda.

Jin se levantou também e com um gesto apaziguador colocou suas mãos nos meus ombros e disse:

— Se acalma!

— Quem foi que disse que eu estou nervosa?

Sim, eu estava nervosa, nem percebi que estava gritando e fazendo gestos violentos, isso acontecia comigo sempre e Kei sempre odiou me ver assim e lidar comigo assim. Nosso relacionamento nem sempre foi as mil maravilhas, mas eu o amava e tinha certeza que ele sentia o mesmo, estava disposta a fazer qualquer coisa por ele. Abracei Jin e comecei a chorar, soluçava alto, parecia que alguém tinha me batido, Jin demorou em retribuir o abraço e quando o fez ficou mexendo no meu cabelo enquanto eu chorava.

Se sentou comigo no sofá e pareceu envergonhado com aquela situação, desviava o olhar de mim constantemente enquanto falava:

— Eu entendo o seu amor, entendo suas atitudes e seu desespero. Mas é perigoso e talvez você não vá gostar do que descobrir.

— Se eu disser que só quero saber, nada a mais nem a menos que isso, você me ajuda? Eu faço o que você quiser.

— Primeiro me diga tudo que sabe.

— Que família Yamagoshe é uma vertente da Yakuza japonesa. É, acho que é o achado mais importante. - Peguei a mão de Jin que faltava um dedo e disse - Que talvez você também seja da Yakuza já que amputar a falange dos dedos é uma forma de provar lealdade por causa de um erro, que Kei está na folha de pagamento como um executor de dívidas e provas de que o Hiroshi Yamagoshe não só pertence a máfia, como é o chefe de uma família inteira.

Jin passou suas mãos em seus cabelos, parecia frustrado e aflito quando me olhou e disse:

— Você já sabe o suficiente para que eu te entregue para ser morta, tem noção disso?

— Vai me matar Jin? – questionei sem pensar muito.

— Não. – suspirou preocupado - Eu vou te ajudar a saber o que aconteceu, só que você vai ter que me dar o acesso da nuvem do Kei e eliminar qualquer cópia desses documentos que tenha guardada. Também quero que esqueça essa história depois de saber da verdade e siga a sua vida. E se você passar dos limites ou desobedecer a uma das regras eu mesmo vou ter que te parar.

— Acordo feito. – não hesitei - Por onde começamos?

— A melhor forma de se saber o que aconteceu com alguém que fugiu é refazer o caminho da pessoa com base no cartão de crédito e conta bancária, mas vou te levar ao centro da família Yamagoshe.

— Ok, e não vão estranhar? – questionei – Porque você vai aparecer lá com uma estrangeira do nada.

— Vou planejar tudo isso, não precisa se preocupar – afirmou com frieza - faça suas malas, amanhã vamos para Xangai.

— Calma, como você tem acesso a conta bancária e o cartão de crédito do Kei?- questionei pasma com a situação- E Xangai? O que ele foi fazer em Xangai?

— Vamos estabelecer duas coisas aqui – disse com uma incrível expressão de desprezo e aparentemente irritado - primeiro, eu sei o que estou fazendo, então confie em mim. E segundo, vamos para Xangai porque lá vai acontecer um evento que vai reunir boa parte da família Yamagoshe.

— Tudo bem. – respondi – Como quiser.

Jin sorriu andando até a porta e eu disse:

— Não vai dormir aqui? Está tarde.

— Tem lugar pra mim?

— Pode dormir lá em cima, eu não vou dormir hoje.

— Por quê?

— Não gosto de aviões, prefiro viajar de carro ou quando é inevitável... Dormindo, fico mais tranquila.

— Então boa noite.

Jin subiu as escadas e eu o segui, mostrei a ele o quarto de hospedes e depois segui para o meu, tinha uma mala para fazer.

Sempre odiei fazer malas, mas precisava levar algumas coisas úteis. Comecei pegando itens essenciais de uso pessoal, roupas íntimas e as mais básicas roupas que eu tinha. Me lembrei que o Jin falou de uma festa, mas se eu precisasse de algum tipo de traje especial compraria lá mesmo.

Peguei meu celular para saber o clima de Xangai naquela época do ano, mas vi diversas mensagens do meu pai e da Lydia, resolvi ligar de volta por ordem de desespero, meu pai havia me ligado doze vezes e a Lydia quinze, logo, ela foi priorizada:

— O que houve Lydia?

— São duas da manhã, Alice – disse sonolenta – Seu pai disse que você sumiu, não deu notícias. Ficamos preocupados.

— Não exagera, foram só algumas horas. – apaziguei – Como eu já tinha dito estou com o Jin na minha casa em Campinas.

— Para onde você vai?

— Xangai. Achei um rastro de Kei e vou segui-lo.

— Alice – disse com uma voz vívida – eu sempre achei que você amasse o seu irmão.

— E eu o amo.

— Você está indo para Xangai – gritou – atrás do cara que te abandonou no dia do seu casamento enquanto seu irmão está internado na UTI sem nenhuma esperança de vida.

Lydia disse isso justamente porque ela sabia que eu havia tomado essa decisão impulsivamente e não havia pensado em Chris. A única pessoa que me faria ficar e desistir dessa ideia maluca seria ele.

Pode parecer insensível da minha parte, mas estava consciente de que minha presença não influenciaria em nada ali. Chris precisava de um coração, um rim e um fígado e os teria se Jin não tivesse me socorrido naquele dia, mas agora eu tinha um objetivo, um propósito e minha amiga estava sendo cruel dizendo o que disse, então resolvi responder a altura, como até mesmo Chris faria se a situação fosse oposta:

— Se eu ficar – respondi contendo as lágrimas – ele vai se regenerar e sair do hospital? Porque se isso for acontecer, eu fico.

— Vadia – respondeu Lydia chorando – porque faz isso comigo?

— Porque é isso que o Chris faria.

Lydia desligou o telefone na minha cara e eu sorri, ela iria me perdoar, não me chamaria de vadia caso não fosse capaz de me perdoar, era o nosso código.

Liguei para o meu pai e avisei sobre Xangai, ele estava tão cansado que apenas perguntou o período da viagem para liberar meus cartões, coisa que eu nem tinha me lembrado de que precisava fazer, não houve perguntas e nem questionamentos, uma coisa natural do meu pai. Agora minha avó... Não vou entrar em detalhes.


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem!



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