Akai Ito, o fio vermelho do destino. escrita por LethFersil


Capítulo 6
Xangai


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, Fora Temer.
Segundamente, Boa leitura! ♥



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Na tarde do dia seguinte embarcamos para Frankfurt, na Alemanha, Jin teve que trocar a passagem dele porque tivemos problemas na viagem, não é fácil conseguir visto para China em cima da hora e a sorte foi que pelo menos cidadania europeia eu tinha, isso facilitou um pouco a situação. Passamos uma semana na Alemanha e por sorte nesse quesito de viagem, meu pai era muito mais inteligente que eu, já que liberou meus cartões para Europa também.

Sentia um misto de raiva e ansiedade, primeiro porque Jin me culpava pelo atraso da viagem e eu o culpava de volta por resolver me ajudar tão em cima da hora, entramos no avião brigando:

— Não sei onde eu estava com a cabeça quando resolvi te trazer comigo. – suspirou enquanto entrava no avião - Vou chegar ao meu compromisso uma semana atrasado, você tem noção disso?

— Te falei para ir na frente, você que não quis me deixar sozinha em Frankfurt. – respondi – E para de me perguntar se eu tenho noção das coisas, isso faz parecer que...

— Você é uma sem noção? – interrompeu – Que bom que entende as entrelinhas.

Revirei os olhos e suspirei, Jin queria me tirar do sério e estava conseguindo, passei a frente dele o empurrando contra a porta do avião e segui até a minha poltrona, me sentei e coloquei o cinto. Jin se sentou ao meu lado e pegou seu celular, digitava sem parar e aquilo me irritava, então coloquei meus fones de ouvido, liguei uma música tranquila, coloquei minha almofada de viagem no pescoço e fechei os olhos, não vi quando o avião decolou, nem nada do voo, mas tive um sonho estranho, sonhei com meu irmão.

No meu sonho, eu estava no jardim da casa do meu pai e meu irmão estava sentado na grama olhando para a estufa do papai, parecia um dia de verão, o sol brilhava alto sobre nós dois, aquele cenário abrigou uma lembrança da minha infância, mas agora não conseguia sentir o calor, tive certeza que aquilo era mais um dos meus sonhos lúcidos. Então me sentei ao lado do meu irmão e percebi que ele estava aflito:

— O que você está fazendo?

— Lembra quando você tirou o apêndice? – perguntou sem desviar seus olhos verdes da estufa.

— Quase morri de tanta dor, mas você ficou comigo até eu acordar da cirurgia e depois também.

— Não estava sentindo a sua dor, mas queria que fosse em mim. A ideia de te ver sofrer me fazia querer trocar de lugar com você.

— Você me disse isso.

— Então eu queria que você soubesse que eu não quero os seus órgãos. Se eu acordar e saber que seu coração bate no meu peito, vou enlouquecer.

— Não vai poder me matar se eu já estiver morta.

— Escuta Alice. – disse sorrindo – Eu não vou acordar e aceito isso.

— Chris... – minha voz falhou, e senti minha garganta apertar – Esse é um daqueles sonhos?

— Talvez – ele disse finalmente me olhando.

Minhas lágrimas começaram a rolar e então meu irmão segurou minha mão direita dizendo:

— Estou feliz que tenha sido eu e não você.

— Para de falar isso seu idiota.

— Meu tempo está acabando, mas quando eu partir quero te ver uma última vez. Vou te esperar viu, então não demora.

— Não.

Fiquei desesperada, chorava copiosamente e então Chris disse:

— Acorda Alice. – e depois repetiu, porém com a voz do Jin – Acorda Alice!

Acordei em sobressalto, coração batendo rápido e Jin me sacudia com o mínimo de delicadeza, o empurrei assim que percebi que meu rosto estava vermelho e molhado com lágrimas, eu estava chorando enquanto dormia.

Olhei para Jin e ele parecia tenso, as aeromoças nos olhavam preocupadas e então sequei meu rosto dizendo em inglês para elas que estava tudo bem e depois me sentei direito na poltrona, estava preocupada com Chris.

Tentei não falar sobre assunto, mas Jin me perguntou e parecia realmente se importar:

— Estava tendo um pesadelo? – me olhava aflito.

— Acho que estava mais para um sonho lúcido.

Ficamos em silêncio por um tempo até que Jin me fez uma nova pergunta:

— Chris é o seu irmão.

— Eu estava chamando por ele?

— Chamou antes de começar a chorar.

— Droga.

Jin ficou em silêncio e eu não o importunei. Quando chegamos a Xangai, ainda no aeroporto, comprei um novo chip de celular e liguei imediatamente para Lydia:

— Oi, Lydia. Aconteceu alguma coisa com o Chris? Ele está bem?

— Ele continua estável por causa o ecno.

— ECMO – corrigi – Então está tudo bem.

— Onde você está?

— Acabei de chegar em Xangai.

— Percebi, me ligou de um telefone com o número enorme. Sua voz está estranha? Aconteceu alguma coisa?

— Eu só sonhei com o Chris.

— Ainda bem.

— Porque você disse “ainda bem”?

— Acredito que vai ficar tudo bem. É sempre assim quando vocês sonham.

Minha voz ficou trêmula e decidi encerrar a ligação naquele momento, não foi isso que Chris me disse no sonho e se a Lydia me perguntasse, não saberia mentir.

Fui para o hotel com o Jin e preferi me manter em silêncio, algumas vezes percebi que ele me encarava, mas ignorei, na recepção do hotel Jin acertava os detalhes da hospedagem enquanto eu fiquei parada olhando para o nada, com se nem estivesse naquele lugar. 

Pensava em como talvez estar ali não fosse uma boa ideia, mas o sonho que tive com meu irmão me fez acreditar que no momento em que o visse novamente, seria o dia de sua morte, ele estava me esperando voltar para partir, eu sentia isso. Me mantive presa em meus pensamentos até que Jin me chamou:

— Alice – disse em tom grave – já podemos subir aos quartos.

— Tudo bem.

O segui até o elevador ainda em silêncio. O corredor para os quartos era enorme e havia apenas quatro por andar, o quarto do Jin era ao lado do meu, porém, antes que eu entrasse no meu quarto, Jin me segurou pelo braço e disse:

— Preciso falar com você sobre o que vai acontecer hoje a noite.

Puxei meu braço com força e acenei para que ele entrasse, se tem uma coisa que eu não tolero é que me segurem pelo braço, isso me remete a possessividade, então não reagi bem a isso e Jin percebeu:

— Me desculpe.

— Entre.

Entrei na frente e Jin me seguiu, estava apreensiva pelo meu irmão e repensando se aquela viagem tinha sido uma boa ideia.

Me sentei em uma poltrona do quarto e fechei os olhos pelo cansaço enquanto disse:

— O que vai acontecer hoje a noite?

— O senhor Yamagoshe vai dar uma nova festa hoje, já que perdemos a primeira. Por causa de...

— Já vai começar? – interrompi sem paciência e me levantei da poltrona rapidamente enquanto apontava para a porta de saída do quarto – Faz isso de novo e eu te expulso do quarto!

Jin sorriu como quem debocha de uma ameaça, estendeu as mãos para o alto como quem se rende a um inimigo e se sentou em uma poltrona a frente da que eu estava sentada, acabei por me sentar também e então ele continuou:

— Disse ao senhor Yamagoshe que me atrasei por causa da minha noiva. Então – jogou um anel na minha direção – você vai usar isso e fingir que é a minha noiva. Foi a única forma que encontrei de me justificar com o Hiroshi e ele sempre quis conhecer a... – hesitou – não vem ao caso.

Este ponto de hesitação de Jin me deixou curiosa, nunca havia reparado que Jin usava aliança. O anel que ele jogou em mim era delicado, a joia mais linda que já havia visto, o aro do anel era um entrelaçado de três tiras de ouro de cores diferentes, ouro branco, dourado e rosa, o encaixe da pedra parecia uma flor, não sabia identificar qual era, mas a pedra com certeza era uma safira azul. Um trabalho desses com certeza era caro e exclusivo, quando olhei soube que aquele anel era único no mundo, então elogiei:

— Lindo anel.

O elogio deixou Jin desconsertado por alguns instantes até que ele completou:

— Se quiser ficar com ele depois que toda essa busca terminar, pode ficar.

— Obrigada, mas se ele sempre quis conhecer sua noiva não vai estranhar uma estrangeira aparecendo na festa dele? Ou...

— Ele não vai nem olhar na sua cara.

Percebi então que este era o momento perfeito para mudar de assunto, já que Jin ficou rude de uma hora para outra, aquele assunto parecia não deixá-lo a vontade:

— Então que tipo de festa vai ser? Formal, casual? Preciso saber para comprar um vestido.

— Você trouxe uma mala enorme e não trouxe roupa para a festa?

Sinceramente, não estava entendendo o comportamento Jin, então me estressei e acabei entrando no nervosismo dele:

— Melhor do que você – respondi alterada – que não troca de roupa há dias. Vamos sair para comprar roupas.

— Você fala como se eu não trocasse de roupas porque não tenho uma boa higiene pessoal, se esquece que a minha mala foi extraviada porque eu tive que trocar as passagens para você conseguir seu maldito visto!

Foi impensado, imediato e impulsivo, quando me levantei da poltrona e apontei para a porta gritando:

— Sai do meu quarto.

Jin me olhou sério, ainda sentado apoiou o tornozelo direito sob o joelho esquerdo e cruzou os braços, se encostando mais ainda na poltrona.

— Você é mesmo uma garota muito mimada. Não pode ouvir uma crítica ou nada que te desagrade que já quer afastar as pessoas.

— Eu não sou mimada, agora sai do meu quarto.

Jin se levantou e calmamente andou até a porta de saída, mas antes de sair olhou as horas no relógio e disse:

— Se você ainda quiser sair para comprar roupas, vou te esperar no saguão às 14 horas para irmos juntos, pode dispensar minha presença se souber falar mandarim.

— Tchau, Jin.

Fechei a porta e respirei fundo, considerava Jin um amigo excelente para conversas longas, mas agora o cara me tirava do sério só de estar respirando no mesmo ambiente que eu, era a verdade de tudo que o Chris me dizia, quer conhecer alguém? Faça uma viagem bem bosta com essa pessoa. Pensamentos a parte, tomei um banho demorado para relaxar e tentei falar com a Lydia, liguei para ela e ela não atendeu, pensei que talvez ela estivesse dormindo, então liguei para o meu pai e ele atendeu bem rápido:

— Lice? Deu tudo certo por ai?

— Sim, cheguei em Xangai e já falei com a Lydia mais cedo. Chris ainda está na mesma.

— Não sei dizer se felizmente ou infelizmente, mas é verdade.

— Felizmente, pai. Melhor estável do que piorando.

— Você tem razão.

— Cadê a vovó?

— Saiu com a Lydia - Meu pai estava tenso e eu sentia isso na voz dele

— você já deve estar sabendo da gravidez.

— Sim, ela me contou antes da viagem. Tem algum problema?

— Nada, filha. Se cuida.

Havia algo na preocupação dele, mas ele não quis me dizer e isso passou a me corroer por dentro. Estava novamente preocupada, mas sem saber exatamente o porque.

Fiquei pensativa por alguns minutos e quando olhei para o relógio, vi que já era quase duas da tarde e eu teria que me virar se não saísse com o Jin, contra a minha vontade, mas por extrema necessidade fui até o saguão do hotel e encontrei com o Jin, não sei dizer o quanto odiei a forma vitoriosa que ele sorriu para mim. Para resumir, eu quis morrer.

                                                   ***

 Andei ao lado do Jin pelas ruas de Xangai, tinha muita gente naquela cidade, imaginava uma cidade completamente diferente, mas lá era um ambiente moderno cheio de prédios, pessoas e fiquei realmente admirada, olhava para o alto e para todos os lados e pensava em como aquele lugar era lindo. Estava frio, novembro em Xangai não era a melhor época de visita, mas mesmo assim, aquele lugar continuava sendo lindo, mesmo como o céu cinza.

Me distrai com a beleza da cidade e depois que voltei a ver por onde estava indo, me vi sozinha na multidão, fiquei assustada, procurei por Jin com o olhar e quando não o achei fiquei desesperada, aquele medo de infância de se perder dos pais em um lugar estranho, não que eu encarasse o Jin como uma figura de proteção, não, me perdi do meu pai e do meu irmão no shopping quando tinha cinco anos de idade e foi a experiência mais assustadora da minha vida, reviver aquilo em qualquer situação era apavorante, fiquei parada no meio da multidão, coração acelerado, mãos frias e tremendo, estava quase chorando, até que senti uma mão segurar firmemente meu antebraço, olhei imediatamente para a direção do dono da mão que me segurava e era o Jin, ele parecia nervoso, mas fez uma leve expressão de tristeza quando seus olhos cruzaram com os meus. Largou meu braço rapidamente e disse:

— Não ande muito longe de mim, vai se perder.

Acenei afirmativamente e o segui em silêncio, quando um homem esbarrou em mim e eu quase me separei de Jin novamente, então me aproximei dele novamente e segurei seu braço, para minha surpresa ele não se soltou.

Seguimos para o shopping e ao chegar lá para a minha surpresa a quantidade de pessoas era bem menor, respirei aliviada e larguei o braço do Jin. Ele me olhou com estranheza e perguntou:

— Claustrofobia ou demofobia?

— Oi? – não sabia o que era demofobia, mas depois descobri que era medo de multidão – Não, só não queria me perder em um país estranho.

— Você estava em pânico.

— Já me perdi uma vez – respondi – e isso meio que reavivou as memórias.

— Entendi.

Jin me questionava sem fazer perguntas e isso me instigava a responder, mas eu não sabia nada dele, apenas que era o melhor amigo de Kei e que os dois trabalhavam juntos. Pensei que talvez naquele lugar público e cheio de gente pudesse fazê-lo me responder.

Não foi premeditado, assim como tudo na minha vida, andei com Jin o shopping inteiro para encontrar um vestido que eu gostasse e que fosse adequado para a ocasião, o frio quase me fez mudar de ideia em relação ao vestido, mas como Jin me garantiu que teria a         quecedor no local aonde íamos, optei por um tubinho preto tomara que caia, um sapato de salto 15 e um bolsa preta que eu amei, mas não precisava, peguei mesmo assim. Comprei um sobretudo preto e grosso para usar, estava esperando por um frio que não chegaria, segundo Jin.  

Depois que sai da loja com o Jin, me lembrei que por mais que eu insistisse que não, a mala dele tinha extraviado por minha culpa, então resolvi dar um terno para ele o arrastei para uma loja de ternos, completamente contra a vontade dele:

— Você não é obrigada a fazer isso, minha roupa está boa.

— E não foi por minha causa que extraviaram a sua mala? – afirmei o puxando pelo braço – Te devo isso.

Ele parou de andar e me encarou dizendo:

— Então você assume que foi sua culpa?

Revirei os olhos e acenei afirmativamente com a cabeça, afinal, se não tivéssemos ficado tanto tempo em Frankfurt, Jin teria pego suas malas a tempo:

— Se você entrar nessa loja, eu assumo o que você quiser.

— Tudo bem – disse andando até a entrada da loja – Você é mimada e não aceita rejeição.

O encarei séria e então ele sorriu dizendo:

— Brincadeira.

Foi difícil me controlar e agir civilizadamente naquele momento, mas consegui. Pedi que ele escolhesse o que ele mais gostasse enquanto eu olhava meu celular, nenhuma mensagem da Lydia... Minha avó estava monopolizando minha melhor amiga. Suspirei e guardei o celular.

Não havia muito o que fazer naquela loja a não ser observar as pessoas e o ambiente, só tinha homens na loja, todos chineses. Eu estava sentada em uma poltrona de veludo vermelha, única coisa que destoava do ambiente neutro, algumas pessoas me olhavam com estranheza e depois de olhar meu rosto no reflexo do celular me recordei que com certeza, assim como a poltrona, eu também destoava daquele lugar.

Olhei novamente para o meu celular e vi uma mensagem da Lydia:

Lydia: Chris está na mesma. Seu pai está incomodado porque a polícia concluiu que o acidente de vocês foi claramente um acidente.

Alice: Eu já esperava por isso.

Lydia: Volta logo, sua avó está focada em mim, mas não acho que seja só pelo bebê, ela parece pensar que Chris não vai acordar.

Alice: Vovó às vezes pira um pouco. Seja gentil com ela, por favor.

Lydia: Seu pai disse que vai contratar um perito particular, ele quer justiça pelo estado do seu irmão.  

Antes que eu pudesse responder, Jin colocou uma sacola do meu lado e disse:

— Vamos?

Me assustei com a forma súbita que ele apareceu e escondi o celular imediatamente, minha cara de pânico ficou tão aparente que foi impossível para ele ficar indiferente:

— Algo errado?

— Não, é... – hesitei buscando palavras – onde é o caixa?

— Não precisa pagar. O aeroporto já mandou minha mala para o hotel então você não me deve nada. Vamos embora ou você quer mais alguma coisa?

— Queria comer alguma coisa.

— Deve ter algum restaurante aqui – disse se levantando e pegando todas as sacolas – vamos sair daqui, as pessoas estão olhando demais para nós dois.

Levantei sem pensar duas vezes e tomei a frente na ideia de sair da loja, Jin me seguiu em silêncio, foi quando perguntei:

— Porque nos olhavam? Pensei que só estavam me encarando.

— Isso é simples, estamos na China, você é brasileira e eu coreano.

— Achei que você fosse japonês.

— Fui criado no Japão, mas meu pai era coreano e eu nasci na Coreia.

— Tudo isso parece muito distante, como você se meteu nesse rolo todo da máfia.

— O Kei – ele respondeu suspirando – Precisamos de um lugar mais reservado se você quer falar sobre isso.

— Tudo bem.

Kei me levou para um restaurante no shopping que separava as mesas por pequenas salas com paredes de madeira vermelhas com desenhos dourados de dragão, todo o ambiente era decorado nesses tons de vermelho, preto e dourado. As toalhas de mesa eram brancas e as cadeiras eram de uma madeira escura, com estofado também vermelho, nunca tinha visitado um lugar assim e achei muito lindo, depois que me sentei na cadeira e nós pedimos nossa comida fiquei olhando o ambiente até Kei me questionar:

— Algum problema? Aqui não é bom o suficiente?

— Nenhum problema – continuei olhando o ambiente – Aqui é muito lindo e diferente.

— É de longe o restaurante mais luxuoso de Xangai – respondeu curioso – Estamos hospedados no lugar mais luxuoso de Xangai e você não ficou tão maravilhada assim quando entrou no seu quarto.

— Você não me conhece, Jin. – sorri – Hotéis como esse de Xangai eu frequento sempre que me dá vontade. Agora esse restaurante é tradicionalmente chinês, com comida nativa é pura cultura de um país. Você tem noção disso?

Jin sorriu e me encarou em silêncio até que eu o provocasse:

— Não esperava isso de mim, não é?

— Sinceramente, não.

— Eu e o Kei combinamos uma viagem humanitária para as áreas mais pobres no Brasil como lua de mel. – disse pesarosa - Nós íamos levar água e suprimentos para várias pessoas.

— Foi uma ideia sua, suponho.

— Sim, sempre gostei de filantropia. Embora eu não tivesse talento nenhum para medicina, enfermagem ou qualquer outra coisa que envolva salvar vidas. Sempre gostei da ideia de ir para lugares pobres e salvar vidas.

— Com sabe que não tem talento para nada disso?

— Com muito esforço fiz três anos de medicina e desisti. Não aguentei a pressão.

Jin sorriu e então nosso pedido chegou, começamos a comer quando meu celular vibrou e eu olhei, era uma foto do pendrive que estava com meu pai, Lydia com certeza havia se arriscado para fazer isso e ao ver a foto, o pendrive preto, era de Kei. Foi impossível não me recordar que a carta que Kei me deixou estava aberta e que meu pai foi quem a encontrou primeiro.

— Droga.

— O que houve?

— O Kei me deixou uma carta – suspirei tentando manter a calma enquanto meu coração disparava – quando me entregaram ela estava aberta, alguém abriu e retirou algo do envelope. Estava tão maluca naquele momento que não dei importância.

Jin parou de comer e me encarou com firmeza, apreensivo:

— O que tinha no envelope?


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês na segunda!



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