Pandora escrita por majestyas


Capítulo 12
Capítulo XII. É tudo sobre sangue e poder.


Notas iniciais do capítulo

E ai, minhas preciosidades! Esse capítulo é pra chocar quem ainda não tá chocado!
Comentem ai, vocês achavam que o passado de Pandora seria tão sombrio assim?



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— Eu tenho uma tia? — pergunto, chocada.

— Não gostei dela — Carmen fala, cruzando os braços.

— Você nem a conhece  — Tanya faz uma cara entediada.

— Nem preciso — a vampira dá de ombros — sexto sentido de tia. Sabe, a de verdade que cozinha e cuida da sobrinha.

Ignoro, tentando me concentrar em um Edward mudo do outro lado da linha.

— Eu preciso saber, Edward — insisto.

Ouço ele suspirar.

— Olha, levaremos no máximo dois dias para estar aí, tudo bem? — ele finalmente diz — quando chegarmos teremos explicações.

— Ok — me dou por vencida — se cuidem. Voltem logo. Beijos.

— Tchau — e então desliga.

— Eu esperava mais carinho dele — comenta Irina, dessa vez conseguindo desviar da cotovelada de Kate, mas não do tapa de Tanya.

— Toma — murmuro, entregando o celular para Rose e sentando-me no sofá ao lado de Maggie.

— Você quer sorvete? Tem na geladeira, Esme falou que é para emergências no manual que deixou — murmurou a loira.

Dou um riso fraco. Fazer um manual culinário sobre mim é a cara dela.

— Acho que é uma boa hora para sorvete, filmes tristes e chocolate. Alguém diminui o termostato pra ficar bem friozinho e combinar com a minha tristeza — falo, indo até meu quarto e colocando um pijama. Percebo a temperatura da casa diminuindo, enrolando-me satisfeita em um cobertor e indo para sala. Lá estão Maggie, Carmen, Irina, Alec e Garrett. Me sento entre Maggie e Irina, pegando o controle da TV.

— Qual filme vocês querem?

— Guerra! — sugeriu Garrett animado.

— Romance — Irina opina.

— Drama — fala Carmen.

— Mistério, eu acho — Maggie me surpreende. Ela não tem cara de quem gosta de mistérios.

— Alec? — pergunto a ele, que ainda não se manifestado.

— Algum que alguém morra — ele dá de ombros.

Arregalo um pouco os olhos. Ok, super normal. Normal para Alec Vulturi, pelo menos.

No fim assistimos os filmes da saga Jogos Vorazes e passamos a madrugada discutindo sobre questões políticas do filme — e bobagens também, é claro.

No meio disso tudo eu até me esqueci do meu "modo tristeza". Apesar de estar estressada, frustada, confusa e sim, um pouco triste, mas nada que eu não saiba que vai passar. Afinal, tudo passa.

 

·.༄࿔


Depois de tomar café da manhã feito por minha tia favorita que não está me obrigando a chama-la assim, troquei mensagens com Jacob, que me contou que o número de garotos se transformando está aumentando muito. Mesmo ele não sendo alfa, sua preocupação é visível. Tento acalma-lo, mas logo eu preciso ser acalmada, quando vejo todo mundo indo para o quarto de Alice e Jasper. Eu sou a última a chegar, o quarto já cheio. Até mesmo Alec está, perto de Alice, olhando o caderno de desenho em suas mãos.

— Eu já sei quem está por trás disso tudo — minha irmã me olha — Victoria quer vingança, eu vi — ela aponta para o desenho. Me aproximo e vejo a ruiva perfeitamente desenhada ao lado de uma mulher.

— Quem é essa? — aponto.

— Não sei — ela balança a cabeça frustada — o que eu vi foi Victoria falando com essa mulher, dizendo que está quase tudo pronta. Eles vão atacar em uma semana.

— Eles? — pergunta Mary.

— Elas fizeram um exército de recém-criados. Vão nos atacar tão cedo para que eles ainda tenham a força e agilidade do primeiro mês da transformação — conta.

— Por quê? — pergunto, sentando-me ao seu lado — por que tudo isso?

— Por sua causa — ela me diz pesarosa — Victoria quer vingança pelo seu companheiro. Essa outra mulher eu não sei, mas...

— Mas? — Alec parece entediado com toda essa bagunça. Certamente ele viu muitos casos assim ao longo dos seus anos na guarda.

— Ela é muito poderosa, eu tenho certeza — olha para o desenho novamente.

— A ruiva pode querer transforma-la — sugere Rosalie.

— Não, não era isso. Ela já é uma vampira, não muito velha, pelo o que eu vi — Alice nega.

— Será que ela tem algo a ver com Pandora? — Randall sugere.

— Pode ser a tal tia — fala Irina.

— Sabia que ela não prestava — Carmen resmunga.

— Ou a mãe! — aponta Garrett, vitorioso.

— Minha mãe quer me matar? — murmuro.

— Ou talvez só tirar os Cullen do caminho para ter você de volta — sugere Maggie.

— Não faz muito sentido — comenta Emmett.

— Para alguns, faz sim — afirma Eleazar — acredite, para pessoas com transtorno de personalidade ou algo assim, certas coisas fazem mais sentido do que o convencional.

— Minha mãe é uma psicopata? — murmuro, com mais receio.

— Nem sabemos se é sua mãe mesmo, minha jovem — Zafrina tenta me tranquilizar.

— Precisamos avisar os outros dessa visão — Jasper pega o celular, já ligando.

— Eles estão em quantos? — Randall perguntou para Lice.

— Quase uma centena — ela parece estremecer — Victoria diz que os números variam muito, eles tem um temperamento difícil e brigam entre si.

— Uma receita para o desastre — Alec agora parece furioso — viu onde eles estão?

— Só vi elas duas, mas aparentemente Victoria não está liderando isso pessoalmente. Ela deixou outra pessoa para cuidar dos recém-criados — nega minha irmã.

Ele assente, saindo da sala com o celular na mão, provavelmente indo falar com com os Vulturi sobre a situação.

— Não é possível que eles estejam concentrados em um lugar só — Eleazar comenta — um grupo assim chama atenção.

— Pessoas brilhando em plena luz do dia definitivamente chama atenção — bufa Irina.

— Eles não se expõe a luz do sol — conclue Lice.

— A não ser que eles estejam sendo enganados — uma ideia surge em minha mente — imaginem só: você é uma pessoa normal, é atacada no meio da noite e quando acorda, é uma criatura completamente diferente. Alguém que diz ser seu líder te diz que é perigoso chamar atenção para si e dita as regras, dizendo que é para te proteger. O que você faria?

— Qualquer coisa para sobreviver — murmura Maggie.

— Eles são muito novos, nos primeiros meses a sede é absurda — Jasper vem até nós, colocando o celular no viva voz — O que é maior do que a sede?

— O medo — sussurro — os humanos sempre viveram com histórias que vampiros queimam no sol! Se alguém é transformado e um vampiro mais velho diz que é verdade, você acredita!

— O desespero os faz obedientes — murmura Emmett, tão sério como eu nunca vi.

— Mas são muitos sentimentos novos para de lidar, então eles brigam entre si — continua Garrett.

— Eu já lidei com isso antes — Jasper diz, seu rosto sombrio — serão levados ao limite e chegarão em nós famintos por guerra.

— Isso tudo é tão louco — coloco a mão no rosto, suspirando.

— Bem vinda a família — resmunga Rosalie.

— Pelo menos aparentemente Pandora não é o alvo principal — comenta Garrett — e eles não tem como encontra-la, de qualquer modo. Não sem o cheiro dela os guiando pelo instinto mais forte e básico.

— Oh, meu Deus! — Alice colocou as mãos na boca, parecendo em choque — eles tem sim. Um casaco da Dora sumiu há um tempo, lá no colégio. Pensei que fosse garotas implicando com ela ou ela tivesse perdido... Eu... Não pensei que pudesse ser isso.

— É uma alternativa — Jasper coloca a mão em seu ombro — e foi um humano, se um vampiro tivesse na escola saberíamos.

— Está na hora de nos organizarmos para um combate — Alec entra no quarto — os mestres disponibilizaram algumas pessoas da guarda e total permissão para acabar com os recém-criados.

— Finalmente um pouco de ação! — Emmett comemora.

Eu só respiro fundo, absorvendo tudo que está acontecendo.

 

·.༄࿔


Nossa sala de estar vira uma base militar, onde todos discutem sobre a batalha.  Depois de ontem, eu apenas estudei para minhas provas, porque se sobreviver eu tenho que me formar.

Os lobos estão avisados e assustados, aumentando os lugares em que fazem as rondas. Estão treinando os mais jovens e Jasper propôs uma aula básica intensiva sobre recém-criados amanhã quando os outros voltarem.

Há um tempo minha cabeça pensava na mesma coisa: se me transformassem, eu poderia ajudá-los. Mas quando falei com Jasper, ele gentilmente me explicou que a transformação pode durar dias. E que é difícil se acostumar a nova vida. Resumindo: eu só atrapalharia.

Me sinto uma inútil, mas sei que é o melhor. Posso me proteger com meus poderes, isso não me torna uma completa inútil, pelo menos.

O dia se arrastou com eu trancada no quarto estudando e fazendo os trabalhos e lições atrasadas, que são tipo, inúmeras. Às vezes alguém vem ver como eu estou ou me trazer comida. Maggie ficou ao meu lado quase o tempo inteiro, me ajudando.

Quando finalmente o outro dia chegou, eu mal cabia em mim mesma de tanta expectativa. Todos estão na sala esperando os outros chegarem, então quando finalmente acontece, só falta pularmos em cima deles.

E foi o que eu fiz, pulei em cima da minha mãe, a primeira a entrar.

— Meu bebê, senti tanto sua falta — ela me abraça forte e depois foi abraçar o resto dos filhotes Cullen. Abraço todos os outros até chegar na última pessoa.

— Oi, Quartzo — ela diz, me causando arrepios. Ela é alta, com o cabelo parecido com o meu, seus olhos tão dourados quanto qualquer outro Cullen, com a expressão amigável. Apesar de eu nunca ter ouvido esse nome minha vida, me traz sensações ruins.

— Tia — sussurro.

— Você está tão linda — ela me olha parecendo emocionada — acho que é agora que eu sinto que tudo o que eu fiz foi o certo a se fazer.

— Pode me explicar, por favor? — falo.

— Como ela pode ser tão educada até mesmo nessa situação? Eu estaria surtando — resmunga Leah.

— Enfim — Esme se pronuncia, abafando a declaração de Leah — Greta está aqui para explicar tudo o que está acontecendo. Pode ficar a vontade.

Greta vai até o sofá e senta-se, enquanto todos ficávamos ao redor. Sento ao seu lado, mas não perto. Algo parece me distanciar dela.

— Como Esme já disse, meu nome é Greta, Greta Sonnelade. Eu tenho o dom de repelir as pessoas, animais e tudo que possa ser potencialmente perigoso. Meu corpo simplesmente impede de qualquer um tocar em mim a não ser que eu queira. Na minha família sempre foi assim, todos sempre nascem com um dom. Por gerações foi assim, até chegar na minha — ela respira fundo — minha mãe teve apenas eu e minha irmã e acabou morrendo em seu parto, sou apenas um ano mais velha que ela. Nosso pai cuidou de nós por um tempo, até que aos quinze anos minha irmã descobriu o seu poder: pegar para si o dom dos outros. Mas para que ela possa ficar com eles para sempre, ela precisa matar a pessoa que contém o poder. Um dia eu cheguei em casa e Romani estava com as mãos no pescoço do nosso pai — os olhos de Greta se desfocam, lembrando do momento — ela percebia que quanto mais ela extraia o dom dele, mas sua vida ia junto. E ela sorria deliciada. Ela estava gostando daquilo. Tentei impedi-la, mas meu pai logo morreu. E então ela veio até mim. Mas eu já sabia qual é meu dom e consegui fugir para bem longe dela. Me esconder. Por alguns anos eu vivi como nômade, sempre com medo da minha irmã me achar. Até que um dia eu a vi, mas ela não reparou em mim. Estava grávida, parecia feliz. Até pensei... Eu realmente pensei que ela tinha mudado, que tinha começado uma vida nova. Mas eu nunca havia me enganado tanto! — ela faz uma cara de repulsa — segui ela até sua casa, estava acontecendo uma obra em alguns cômodos, então ela parecia distraída demais para reparar em mim, havia muito barulho, várias pessoas. Pensei em ir falar com ela, mas um homem chegou antes. Pensei ser seu marido, então eu ia embora, mas ele falou "quando o monstrinho vai nascer?". Isso me chamou a atenção. Não foi em um tom carinhoso, como um apelido. Foi com desprezo. Percebi que ele era diferente. Tinha olhos vermelhos. Me assustei e estava pronta para correr para longe dali. Mas novamente fiquei presa pelas palavras deles. "Estou pensando em tira-lo amanhã, já está com nove meses, mais que o suficiente para sobreviver até que eu o mate". Aquilo me paralisou por completo, eu estava horrorizada. Acabei descobrindo que ela fazia isso há anos para conseguir mais poderes. Ela engravidava de um homem qualquer, esperava o bebê está bem o suficiente para sobreviver ao parto e logo depois o matava, extraindo seu poder.

Só percebo que estou chorando quando ouço meus próprios soluços. Coloco minhas mãos na boca, chocada. Não apenas eu, mas outras pessoas estão bem mal. Principalmente as mulheres, é claro. Rosalie está com um ódio tão grande em seu olhar que eu penso que ela seria capaz de ir ela mesma caçar minha "mãe". Esme está com as mãos em seu ventre, com cara de choro e sendo amparada por Carlisle. Carmen está abraçada com Irina, Tanya e Kate como se sua vida dependesse disso. Já Leah está chorando e com Ben abraçando-a. Vejo Edward dar um passo até mim, mas parar. Desviei o olhar do dele e presto novamente atenção na recém chegada.

— Eu estava devastada com tudo aquilo. Minha irmãzinha havia se tornado um monstro pior do que eu imaginava. Ela matava seus próprios filhos por poder — ela morde o lábio, fechando os olhos — Seu companheiro era um vampiro que ela mantinha por perto para quando ela de cansasse da sua idade, poder ser imortalizada. Eu sai de lá pensando em um jeito de acabar com minha irmã e salvar seu bebê. Mas com aquele vampiro ali eu não poderia fazer nada — ela abre os olhos e da um pequeno sorriso — então eu coloquei fogo em seu quintal e entrei pelos fundos bem na hora em que minha irmã estava parindo. Ela havia induzido o parto e estava sofrendo no andar de cima. Enquanto o vampiro apagava o fogo e tentava não chamar atenção dos vizinhos, eu entrei no quarto e cheguei bem na hora certa: já podia ver a cabecinha saindo. Romani ficou surpresa em me ver, mas não impediu que eu fizesse o parto. Durou pouquíssimo tempo. Era a bebê mais linda que eu havia visto. Minha irmã pediu para pegá-la, mas eu neguei. Infelizmente ela era poderosa demais e fez com que eu fosse até ela. Ela pegou o bebê de mim, mas quando colocou sua mão nela, ela paralisou. Rapidamente a vida foi deixando seu corpo, até que seu poder ficar fraco o suficiente para que eu pegasse a bebê. Nessa hora o vampiro entrou no quarto e veio em minha direção, mas Romani o chamou para salva-la. Ele não hesitou em morde-la e eu em sair correndo. Fugi o máximo que pude, mas depois de alguns meses eu estava paranóica. Não sabia se minha irmã estava viva ou não, se havia se transformado, se estava atrás de mim... Não poderia proteger minha sobrinha. Não sozinha. Até que uma mulher me encontrou, Jacqueline Beaumont. Ela era confiante e sabia coisas demais. Me convenceu que cuidaria da bebê até que arrumasse uma família para ela, que um dia ela seria feliz e poderia se defender sozinha. Para mim, isso bastava. Dei a ela o nome de Quartzo, mas falei para Jacqueline chama-la como quisesse. Ainda fiquei um tempo observando-as, para ter certeza que tudo daria certo. Depois de um tempo ela começou a adotar outras garotas, o que fez com que eu me sentisse mais aliviada. Fiquei perdida por um tempo, até que encontrei um vampiro que se encantou pelo meu poder. Disse que se eu me tornasse vampira, seria muito mais poderosa. Por causa de toda a história de Romani com poder, fiquei receosa, mas decidi aceitar. Foi uma estupidez confiar em um estranho, mas me permiti aquela coragem insana. Ardi em fogo por dias até que a transformação se finalizasse. Me recusei a beber sangue humano, lembrando sempre do meu passado. No fim, o vampiro não suportou viver ao meu lado e dos meus demônios. Éramos dois solitários, afinal. Não o culpo. Apenas tomamos caminhos diferentes enquanto eu me acostumava a essa nova vida. Suportar o sangue humano tão perto não é fácil, mas meu poder me ajuda, fazendo-os se afastarem — ela vira-se para mim e sorri confiante — Jacqueline me avisou quando foi adotada, fiquei radiante. Você merece ser feliz, Quartzo. Tudo que eu fiz foi para que você não tivesse o mesmo destino que seus irmãos. Mas agora está na hora de enfrentarmos sua mãe e acabar de uma vez por todas com isso.

Eu não sei o que falar, meu coração bate dolorosamente dentro de mim. As lágrimas não param de cair. Eu sou filha de um monstro, alguém que matou vários dos meus irmãos ainda bebês por poder. Eu pensava que uma Caixa de Pandora havia se aberto em minha vida, mas agora vejo que é muito mais que isso: eu sou a caixa. Se Romani colocar as mãos em mim e me matar, meu poder irá com ela, a última humana com sangue Sonnelade, o qual ela pode extrair poder.

Ela será invencível e espalhará o caos.


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