À Espreita escrita por EsterNW, Entusiasta


Capítulo 11
Real ou não real?


Notas iniciais do capítulo

Entusiasta:
Pessoal, desculpem o atraso. Meu celular está tirando uma com a minha cara, enfrentei dificuldades. Sabem, eu detesto atrasar tanto assim, espero que me perdoem. Infelizmente não pude fazer nada para evitar esse atraso. Agora a gente volta pro ponto de vista de Heitor. Ester é a rainha da trilha sonora.
Pessoal que está comentando, muito obrigada por aparecerem na história! Agora não me sinto mais sozinha aqui ♥

Ester:
Hallo hallo, meu povo! Estão em choque depois de tantas revelações no cap passado? Essa semana vamos ver qual a reação de jovem rapaz Heitor a tudo isso e que venha a sofrência -q
Boa leitura ;)



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Heitor

— O que eu quero dizer, Heitor, é que Natalie e Camila são a mesma pessoa.

Suas palavras, mesmo que já esperadas, me deixaram surpreso a ponto de não saber o que dizer. Ficamos sentados em silêncio, enquanto pela minha cabeça se passavam diversos momentos que vivi com Camila. Aquilo não podia ser real.

— Como eu posso ter certeza de que você está me falando a verdade? Veja bem, eu conheço e convivo com a Camila há meses, enquanto tudo o que sei de você é o que está me contando agora, além de que atormentava a mim e à minha namorada. Já é demais tudo o que você fez, ainda tem que tratá-la como uma criminosa? Sei que ela nunca faria uma coisa dessas! — Meu coração estava acelerado após fazer tal declaração. Sentia uma mistura de raiva, nervosismo e medo me consumindo naquele momento. Edgar olhava para mim aparentando certa impaciência.

— Você tem razão, não passei uma boa impressão para você — Edgar fez uma pausa, como se estivesse a procurar o melhor modo de falar comigo. Por fim, retomou o que dizia após um suspiro.— Mas eu gostaria que entendesse que fiz o que fiz por uma boa razão. Nunca notou alguma atitude estranha da parte dela? Um certo receio de tirar fotos, por exemplo? Sei que a casa dela você não frequentava, senão eu saberia o local e tudo isso teria acabado há tempos. Nunca se perguntou o motivo? Não dá para esconder uma criança. Não estou mentindo, Heitor, Camila realmente é Natalie.

A partir desses questionamentos, Edgar conseguiu pôr dúvidas na minha mente.

Camila já tinha me explicado anteriormente o motivo de não me deixar ir em sua casa, e eu acreditava que não gostava de fotos ou de aparecer nas ruas por ser mais reservada. Que não se sentia bem em locais com muitas pessoas por não gostar de contato social. Esses motivos pareciam ser verdadeiros, mas os que eu acabara de ouvir naquela sala também faziam sentido.

— Eu… eu preciso ir embora daqui — falei, finalmente interrompendo o silêncio que mais uma vez preenchia o ambiente. Edgar pareceu perceber minha confusão, tanto que não pôs empecilhos à minha saída.

— Você é livre, se quiser ir. Apenas queria que você me ouvisse.

— Conseguiu — respondi seriamente enquanto abria a porta.

— Estarei por perto quando se decidir.

Bati a porta, mais irritado por causa de tudo o que aconteceu nas últimas horas do que por ouvir que ele iria continuar me perseguindo. Foi então que, enquanto olhava para o corredor, me dei conta de uma realidade: não fazia ideia de onde me encontrava. A última lembrança que tinha antes de acordar naquele sofá era de quando estávamos brigando no beco.

Comecei a andar por dentro do prédio, prestando atenção a qualquer detalhe que pudesse me dizer onde eu estava. O pouco papel de parede que ainda resistia em cima dos tijolos escurecidos estava começando a mofar. A quantidade de portas nas paredes me fez chegar à conclusão de que estava numa espécie de pensão. Encontrei um elevador enquanto caminhava, mas estava quebrado. Ao seu lado, a escadaria do prédio convidava-me a fazer a descida até o térreo. Tudo naquele lugar parecia ter sido abandonado há tempos, e eu acreditaria nisso até o fim se não tivesse encontrado uma senhora no térreo, que não olhou para mim enquanto eu passava, pois sua principal preocupação no momento era limpar o piso com uma vassoura.

Assim que saí de lá, peguei meu telefone com a intenção de ligar para meus seguranças, mas logo o guardei novamente. Além de não fazer ideia de onde eu estava, eles poderiam acabar chamando a polícia para cuidar de Edgar. Confesso: horas antes era tudo que eu gostaria que fosse feito, mas depois do que eu ouvi, precisava descobrir qual dos dois estava mentindo para mim.

Esperei até que um táxi passasse e pedi para o motorista me levar ao centro, até o prédio onde eu morava. Durante a viagem, descobri que Edgar morava num bairro vizinho ao meu, muito pequeno para ser lembrado pelas pessoas. Caso estivesse mentindo, meu perseguidor não teria como fugir.

Felizmente, Manoel não estava na portaria quando cheguei, tudo o que eu menos queria era ter que falar com alguém naquele momento. O elevador levou-me até o meu andar e entrei rapidamente em meu apartamento trancando a porta atrás de mim.

Joguei a chave de volta em seu lugar e parei, observando o silêncio do apartamento. Vazio e escuro, com os móveis lançando sombras estranhas, junto da pouca luz dos postes, que entrava pela janela.

Céus, o que estava acontecendo? Tudo isso havia mexido comigo. Tanto que eu começava a enxergar coisas onde não havia nada. Parecia que eu estava em um filme de suspense ou mesmo fosse protagonista de um filme policial. Onde todos eram suspeitos. Onde todos escondiam seus segredos. Ou melhor, parecia um caso do meu próprio programa. Que ironia…

Resolvi acender a luz, dissipando aquela escuridão, e tomar um banho para relaxar. Porém, nem mesmo a luz dissipava o sentimento ruim em mim.

Revirei-me de novo na cama, tentando encontrar uma posição confortável para dormir. Tudo estava em silêncio, a exceção de carros passando e motos fazendo barulho com seu escapamento na rua.

Em algum momento, o silêncio se tornou absoluto. Aproveitei e fechei os olhos.

Escuro. E minha mente não ficava quieta, repassando todos os acontecimentos do dia, desde a briga no beco até a longa conversa com Edgar, que agora eu descobrira que nunca fora meu fã. Suspirei e virei-me novamente. E Camila… Não, eu me recusava a acreditar. Eu precisava de mais fatos do que apenas um depoimento de um cara que até pouco tempo eu acreditava ser um maníaco. Fatos. Não se monta um caso sem bases.

Sentei-me na cama e vi pelo relógio de cabeceira que já passava da meia-noite. Eu não poderia dormir até tão tarde no dia seguinte — ou hoje, afinal, já era madrugada — , mas o sono não vinha até mim, pois minha mente não queria descansar, por mais que meu corpo pedisse descanso após tudo aquilo.

Acendi a luz e encaminhei-me para a cozinha, com o objetivo de tomar um analgésico, coisa que deveria ter feito assim que cheguei. Ficava em dúvida se a dor era devido a pancada que Edgar me dera ou o estresse. Provavelmente os dois.

Aproveitei e resolvi fazer um chá de camomila. Talvez me ajudasse a dormir.

Enquanto a água no bule fervia, peguei meu notebook e sentei-me no sofá. O eletrônico ligava e eu atentei-me para o silêncio em meu apartamento. Parecia que até mesmo os carros e as motos haviam parado. Suspirei e liguei a TV, para dar um som ambiente e quebrar toda aquela quietude. Deixei no mesmo canal de clipes em que estava da última vez em que fora ligada. Tocava uma música aparentemente calma e optei por deixar ali.

Camila gostava desse canal e eu acabei pegando seu hábito para mim.

 

“Beba o vinho

Meu amor, você disse

Não se apresse

E termine com tudo isso”

 

Crispei os lábios, vendo que meus pensamentos retornaram para ela. Abri o navegador e a barra de pesquisa do Google encarou-me, com o cursor piscando. Natalie Veiga. Digitei e logo inúmeras manchetes apareceram. Camila de Paula ou Natalie Veiga?

Cliquei no primeiro site, vendo que nada mais era do que a mesma reportagem que aparecera no meu programa. Quem diria… Eu mesmo havia dado essa notícia há o que… Duas semanas atrás? Mais? Menos? Eram tantas notícias ruins, que parecia que a certo ponto elas começavam a se embaralhar em minha mente.

Voltei para a página de pesquisa e cliquei na segunda manchete. Após poucos segundos, uma grande foto de uma moça e seu filho apareceram logo abaixo do título da notícia. Dei um zoom, tentando observar a imagem detalhadamente.

 

“Eu fico dizendo

Que você não é bom pra mim

Eu quero que você vá

Mas o desejo nunca acaba

Eu poderia enfrentar isso até o fim

Mas talvez eu não queira vencer”

 

Seus cabelos castanhos claros, contrastando com a cabeleireira escura da criança que ela segurava. Seus olhos também escuros, pareciam felizes enquanto ela olhava para o filho. Eu nunca vira Camila com esse olhar antes. Mas tinha que admitir: os traços das duas eram realmente semelhantes. Até demais…

Cruzei as mãos e apoiei o rosto sobre elas, enquanto analisava os mínimos detalhes daquela fotografia.

Diminui um pouco o navegador, para que ocupasse metade da tela, e fui até meus documentos, também minimizando para que ocupasse menos espaço na tela. Procurei em minhas imagens por uma das únicas fotos que eu tinha com Camila. Ela dizia que detestava câmeras, que tinha pavor delas, portanto, eu respeitava esse desejo por nada de fotos e nada de vídeos. Essa era a única que ela aceitara tirar, a meu pedido. Era o dia em que ela dissera sim ao meu pedido de namoro.

 

“Não quero ser salvo

Não quero ficar sóbrio

Eu quero você na minha cabeça

Em meus sonhos

Por trás desses olhos

E eu não vou acordar

Não, não dessa vez”

 

Deixei as duas fotos lado a lado e comecei a analisá-las com minúcia.

Sem dúvidas, os traços eram mais do que semelhantes. A diferença na imagem da esquerda era os longos cabelos negros de Camila e sua franja enorme tapando parcialmente um de seus olhos. Falando neles, de longe, não portavam a mesma alegria dos olhos da outra imagem. Apesar disso, eles também eram semelhantes.

Muito semelhantes.

 

“Eu respiro você novamente

Só para te sentir

Dentro de mim

Me segurando ao

Doce escape que

Está sempre preso com um

Gosto familiar de veneno”

 

Suspirei, escondendo o rosto nas mãos. Uma foto, era apenas foto. Não havia pessoas semelhantes no mundo? Afinal de contas, éramos tantos… E não havia também aquele fenômeno chamado Doppelgänger?

Retirei as mãos do rosto e reprimi um grito de frustração. A que eu ponto eu cheguei, baseando uma das minhas hipóteses em um mito?

O apito do bule tirou-me, pelo menos por instantes, da tortura dos meus próprios pensamentos.

Em poucos minutos, coloquei meu chá em uma xícara e retornei para meu lugar no sofá. Abri novamente o navegador, voltando para a página de pesquisa, enquanto bebericava do meu chá. Estava doce demais.

Nos próximos minutos, vasculhei inúmeros sites de notícias. Para piorar minha situação e dar-me mais espaço para teorias: todos os fatos batiam com o que Edgar dizia.

Coloquei a xícara de chá vazia sobre a mesa de centro. Nem o doce do chá parecia tirar-me o gosto amargo de minha boca. Ou talvez fosse apenas a amargura dos meus próprios pensamentos.

 

“Faz frio em Porto Alegre toda noite

E de longe eu não posso te ver

Então me perco em pensamentos de um passado

Que há muito tempo eu quero esquecer”

 

Olhei para a TV, vendo que passava uma música daquela banda que a Camila tanto gostava. Desliguei o aparelho e joguei o controle remoto de qualquer jeito na mesa de centro.

Suspirei, vendo que Camila parecia me rodear em todos os lugares: na minha própria casa, nos meus pensamentos e talvez até mesmo em meus sonhos, se eu conseguisse sossego para dormir.

Camila, Camila… Quem você realmente é, Camila?


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Notas finais do capítulo

Entusiasta:
Pegaram a referência no título do capítulo? :v

Ester:
A primeira música a aparecer entre aspas é Familiar Taste of Poison, do Halestorm: https://youtu.be/lHZKPYQnsmc
E no finalzinho, também entre aspas, temos Porto Alegre, do Fresno: https://youtu.be/Rl6bWN_OR3g
Nós gostaríamos de propor um pequeno desafio a vocês... Até agora, esse foi o primeiro capítulo escrito por nós duas, então, perguntamos: onde começa a narração de uma e onde termina? Está aberta as apostas o/ -q
Nos vemos semana que vem, nesse mesmo site e nesse mesmo horário. Até lá o/