À Espreita escrita por EsterNW, Entusiasta


Capítulo 10
Verdades


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Hallo hallo, meu povo! Como vão vocês?
Enfim, após tantas teorias da parte de vocês... Será que não é hora de descobrir algumas verdades? ~uuuhhh.
Com vocês, um capítulo numa narrativa de nosso caro amigo misterioso, que descobriremos o nome... Agora!
E também continuamos com as fotos do nosso Dreamcast. Dessa vez, ele mesmo, o narrador desse capítulo: Edgar.
Boa leitura ;)

Entusiasta:
Não ignorem as notas finais desse capítulo, tenho algo a dizer. É importante.



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Edgar

Me escondi nas sombras da parede, enquanto via o apresentador se despedir do carro onde estavam seus seguranças.

Era cada vez mais difícil segui-lo. Eu sabia que uma hora ou outra algo do tipo iria acabar acontecendo, dificultando mais o meu objetivo, mas eu não tinha outra opção, afinal, agia sozinho. Depois de todo esse tempo, aprendi a não confiar em ninguém. Ninguém mesmo.

Heitor observava o carro, que finalmente virou a esquina, e me preparei enquanto ele começava a caminhar em direção ao prédio. Puxei seu braço e o trouxe para o escuro do beco junto de mim, longe de qualquer olhar curioso.

— Precisamos conversar — anunciei sendo direto. Ele, porém, parecia estarrecido, em choque, talvez, sem falar nada. Resolvi ignorar sua reação e continuar. Tinha preocupações maiores do que um surto qualquer. — Heit...

— Desgraçado! — Seu berro interrompeu qualquer coisa que eu fosse dizer.

O apresentador me empurrou com força, fazendo com que eu batesse as costas em umas latas de lixo. Pelo visto, meu plano de ser discreto não andava muito bem. Perdi o equilíbrio e cai, derrubando algumas latas de lixo comigo e fazendo um barulho ainda maior.

Por sorte, não havia praticamente ninguém nas proximidades naquele horário, ou meus objetivos dariam errado.

— Heitor, ouça…

Continuei tentando fazer com que ele voltasse à razão, mas o outro segurou meu moletom com força, me forçando a ficar no chão.

— Você… Transformou minha vida num pesadelo nos últimos tempos — dizia entredentes, transtornado. Continuei procurando uma forma de derrubá-lo e me levantar. — Você faz ideia do que eu tenho passado por causa de você? Do que minha namorada está passando por sua causa? — Sua voz voltou aos berros e eu temi que alguém o ouvisse. Ele olhava para meu rosto com raiva estampada e a feição transtornada.

— Heitor, se acalme, eu preciso conversar com você. — Olhei para o lado, vendo que um pouco do lixo caíra junto com as latas. Peguei uma laranja podre, sem que o apresentador percebesse, seus olhos focados nos meus e faiscando de fúria. — Eu preci…

Senti o concreto ainda mais nas minhas costas, enquanto ele me pressionava ainda mais pra baixo. Atirei a laranja em seu rosto, fazendo com que ele ficasse brevemente desorientado. Em seguida, acertei-lhe um soco, com a intenção de fazer com que saísse da posição de ataque. Fora dos meus planos, ele desmaiou.

...

Olhei para a figura estirada no sofá. O sol começava a se pôr e os raios entravam pela fresta das cortinas, iluminando Heitor, que continuava desacordado.

Bebi mais um gole do meu café, enquanto pensava no que faria a seguir. Tudo saiu fora do planejado. Agora, talvez, os seguranças que ele contratou estivessem preocupados e começariam a procurá-lo.

Caminhei até a janela e olhei a rua, vendo que o movimento estava normal. Suspirei de alívio, ao menos por enquanto.

Minhas costas ainda doíam um pouco do esforço de arrastar o apresentador até a pensão em que eu estava esse tempo todo.

O prédio, envelhecido, mal cuidado, construído no pequeno bairro em que eu estava vivendo por todas essas semanas. Quem se importava com o bairro pobre, sempre à sombra da vizinhança rica? A resposta: ninguém. Qual a melhor escolha de moradia do que o lugar que ficava sempre à sombra da sociedade? Era a melhor opção para mim.

Levei a caneca mais uma vez aos lábios, porém não havia mais café. Fui até a cozinha anexa para lavá-la. Aproveitei para dar mais uma olhada no apresentador. Continuava imóvel.

Remoía preocupado a cena de mais cedo. Nunca fora minha intenção que isso acontecesse. Nunca fora minha intenção que ele se machucasse ou tivesse que passar por tudo isso por minha causa. Mas que escolha eu tinha? Não era minha culpa que ele havia se envolvido em tudo isso. Eu apenas procurava pela justiça.

Fechei a torneira e ouvi um barulho no sofá quebrar o silêncio da pequena quitinete.

Quase corri até onde ele estava.

O homem abriu os olhos aos poucos e logo levou uma das mãos à têmpora, talvez com dor.

— Está com dor? — perguntei, com minha voz soando rouca e incerta, para minha surpresa.

O homem olhou para mim e logo teve um sobressalto, sentando rapidamente no sofá. A movimentação brusca pareceu tonteá-lo um pouco.

— Devagar. — Me aproximei dele e Heitor assumiu de volta sua postura defensiva, contudo, sem a agressividade de antes. Ele talvez estivesse acuado, afinal, estava no meu território, se é que podemos chamar assim. — Eu não vou te fazer mal.

Ouvi um sopro, no que talvez fosse um riso de nervoso.

— Mais do que você já vem me fazendo? — perguntou e ergueu o rosto.

Seus olhos se fixaram nos meus com uma fúria contida. — O que você quer de mim? Deseja pedir resgate? Te aviso que não vai escapar dessa ileso.

Franzi o cenho, assombrado com a possibilidade levantada pelo apresentador.

Afastei-me dele, para mostrar que não atacaria e não faria mal algum.

— Eu tentei te dizer mais cedo: apenas quero conversar. — Heitor finalmente se sentou no sofá, dessa vez devagar. Massageava suas têmporas enquanto mostrava sinais de descrença ao que eu dizia. — Eu preciso da sua ajuda, Heitor.

O apresentador parou e me encarou com suas sobrancelhas franzidas, criando um vinco na testa.

— De quanto você precisa? — perguntou curto e direto e eu suspirei, já cansado de tanta insistência da parte dele.

Puxei uma das cadeiras da mesa próxima e me sentei, frente ao sofá.

— Eu não preciso do seu dinheiro, Heitor — falei estalando a língua e observando continuar massageando as têmporas de olhos fechados. — Eu preciso que me ajude a recuperar o meu filho.

O apresentador abriu os olhos, me fitando como se me medisse, como um detetive procurando por pistas no possível suspeito. Deixou que sua mão, que estava na têmpora, caísse ao seu lado. Inclinou-se para frente, cruzando as mãos sobre o colo. Seu olhar me enfrentava e tentava desvendar-me.

— Por que eu? Por que você não fez como todo cidadão deveria e chamou a polícia para te ajudar? — Ergueu as costas, cruzando os braços. — Sinto em dizer-lhe, mas sou apenas um apresentador de TV, não posso fazer muito por você — disse com o que parecia ser algum pesar e estreitei meus olhos em sua direção.

— Eles já estão envolvidos no caso. Mas apenas isso não basta! — exclamei em uma explosão momentânea. Levantei-me da cadeira e passei a caminhar pela sala com as mãos atrás das costas. — Tenho seguido o rastro de Natalie há meses. Cidade por cidade, cada vez se torna mais difícil. Ela sempre consegue uma nova identidade.

— Você não deveria tentar fazer justiça com as próprias mãos — Heitor tentou aconselhar-me, talvez agora entendendo minhas motivações. Ou ao menos eu esperava que ele estivesse.

— E eu deveria fazer o que? Sentar e esperar pela boa vontade da justiça? — Parei de andar pela sala, proferindo a frase com ironia. — A esse ponto, eles pouco devem estar se importando com o meu caso.

Apoiei meus braços sobre o encosto da cadeira, voltando a falar frente a frente com o apresentador.

— Não, eu tenho que fazer algo. Não há ninguém por mim. Ninguém pra me ajudar — confessei sombrio e Heitor suspirou.

Parei, lendo-lhe os gestos. Ele parecia talvez cansado de toda aquela conversa. Eu precisava chegar logo ao ponto em que queria.

— Qual o seu nome, a propósito? — Deixei minha frase morrer quando ele questionou. — Se vou te ajudar, ao menos seria bom que eu soubesse o seu nome. Assim posso pesquisar pelo caso.

Encarei-o, medindo suas intenções e estranhando sua mudança de postura. Há cerca de duas horas atrás estávamos nos batendo em um beco.

— Edgar — soltei baixo e Heitor assentiu.

— Certo… Edgar. Qual o seu caso?

Heitor inquiriu como se estivesse em um programa de entrevistas e eu fosse o entrevistado. Suspirei e me sentei de volta na cadeira.

— Natalie e eu, nós… Éramos casados. Morávamos em uma cidade chamada Campos de Lindóia. — O apresentador assentiu, atento à minha história. — Natalie, ela… Era paranoica, sempre dizendo que a perseguiam e… — Suspirei, enquanto relembrava o passado. — Enfim, eram apenas delírios de sua mente confusa e… perturbada.

Dei uma pausa, com o silêncio pairando no ar e o apresentador não ousando quebrá-lo, apenas esperando que eu contasse meu caso.

— Em uma certa época, nosso filho, Miguel, nasceu. Eu estava tão feliz… Nós fomos felizes por anos e eu até cheguei a acreditar que a paranoia de Natalie tivesse passado, ela parecia normal. Mas eu estava enganado.

Balancei a cabeça e passei a encarar meus próprios pés no chão, o piso sujo.

— Seus delírios começaram a piorar, até chegar ao ponto de… Ela passar acreditar que eu queria algum mal a ela.

Ergui os olhos, vendo que Heitor me observava surpreso.

— Eu nunca faria mal a ela, pelo contrário. Cheguei a sugerir que ela procurasse ajuda, mas isso apenas piorou tudo. Um dia, Natalie fugiu com Miguel.

— E você está atrás dela desde então? — Heitor deduziu e eu assenti.

Mais alguns instantes de um silêncio denso. Resolvi quebrá-lo, finalizando minha história.

— Descobri que ela se mudou para essa cidade, depois de passar por outras várias, trocou de nome, mudou os cabelos e começou uma nova vida — contei-lhe, rindo de como ela tentava viver uma vida normal, enquanto eu passava por tudo isso e conquanto corria atrás dos dois.

— E por que você passou a me seguir, se você estava atrás da Natalie?

Heitor finalmente questionou aquilo que o atormentava desde o início e eu olhei-lhe nos olhos.

— Meu objetivo não era você, Heitor. Não era você quem eu seguia. — O apresentador franziu as sobrancelhas, confuso. Resolvi acabar com sua dúvida. — Eu estava, e estou, atrás da Natalie, Heitor. Não era minha culpa se ela estava com você.

O outro encarou-me completamente confuso. Novos instantes de silêncio, enquanto ele parecia conectar as informações que eu havia lhe passado.

— Então você quer dizer que… — parou, na intenção que eu continuasse a frase.

— O que eu quero dizer, Heitor, é que Natalie e Camila são a mesma pessoa.


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Notas finais do capítulo

Ester:
Loucura, loucura, loucura! ~empurra João Kleber pra lá.
E aí, quais suas opiniões após tantas revelações? Será que Camila é tudo isso mesmo ou Edgar não é um narrador confiável? Só digo isso: o caos foi plantado com sucesso MUAHUAHUAHUA
Até mais o/

Entusiasta:
Esperei todas essas semanas pra fazer uma revelação à vocês: essa história é baseada em fatos reais. Sim! Deixem eu contar a história a vocês.
Uma bela manhã eu entrei em meu quarto para forrar a cama depois de escovar os dentes, ainda estava de pijama. Enquanto dobrava o lençol, olhei pra janela de vidro e vi que tinha um homem me observando com um sorriso no rosto. Me escondi na parte da janela que estava ocultada pela cortina e esperei um tempo, abri um pedacinho e ele ainda continuava lá na mesma posição. Esperei mais um tempo antes de olhar outra vez, mas ainda estava lá na mesma posição. Estranhando a situação, prestei mais atenção no homem e percebi que não era um homem, ao menos não um de verdade. Era a foto de um homem estampada num ônibus!
Na minha história a situação não era o que eu pensava, mas será que esse é o mesmo caso da história de Heitor? Não deixem de acompanhar, a ação começa agora.



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