*Um mês depois*

      Era 3:47h da manhã. Heather estava observando o ambiente externo pela janela do dormitório dela, pensando nos últimos acontecimentos. Ela olha em direção a sua cama, onde vê seu namorado, Herkie, dormindo pacificamente. Neste momento, ela meio que o invejava. Fazia quinze dias que ela não dormia direito, pois recebia visitas telepáticas de seu pai, a pressionando para saber como andava o plano para libertá-lo.

      - Sinceramente, eu nem sei se quero seguir com esse plano. – Murmurou ela, em meio a um suspiro.

      - NÃO SE ATREVA!— Gritou a voz dele na mente dela. – VOCÊ NÃO VAI ME TRAIR.

      - Você não vê que não tem um ponto? – Sussurrava ela, devido a dor forte na cabeça. – Eu até posso libertar você da sua prisão, mas você sabe que eles vão prendê-lo novamente, e vão me jogar de volta na Ilha.

      - NÃO SE VOCÊ EXECUTAR O PLANO COM MAESTRIA. SE ISSO ACONTECER, OS AURADONIANOS SÓ IRÃO PERCEBER MINHA PRESENÇA QUANDO EU APARECER BEM EM FRENTE AOS ROSTOS DESESPERADOS DELES.— Concluiu ele, com uma gargalhada maléfica.

      - Certo, mas eu não quero. – Confessou ela, desafiadoramente. – E não há nada o que você possa fazer para me persuadir.

      - QUER APOSTAR?— Ele se materializou no quarto dela e a ergueu do chão, apertando o pescoço dela, que ficou surpresa. – EU POSSO NÃO TER FORÇAS PARA ME LIBERTAR, MAS COM A MINHA DESCENDÊNCIA PISANDO EM TERRAS DOURADAS, EU CRIO RAÍZES, QUE ME PERMITEM FAZER ESSE TIPO DE COISA. – Esbravejou ele. – ENTÃO, OU VOCÊ FAZ COMO ESTÁ NO PLANO, OU AQUELES QUE VOCÊ AMA VÃO SOFRER. – Finalizou ele, a largando no chão. – VEJO VOCÊ EM UM MÊS? OU PRECISO PROVAR QUE SOU UM HOMEM DE PALAVRA?— Ameaçou ele.

      - Nos vemos em um mês. – Murmurou ela, recuperando o fôlego.

      Ela conseguiu sentir que a presença dele havia se dissipado, logo a tontura a atingiu, junto com uma onda de náusea. Eu juro, a sensação é horrível. Não queiram que os pais de vocês entrem em sua mente. Ela se levantou e correu para o banheiro, onde pôs para fora o pouco conteúdo de seu estômago. Ela sentiu um par de mãos segurar os cabelos dela para trás. Olhou para o lado e viu Herkie ali.

      - Ele esteve aqui de novo, não foi? – Adivinhou ele.

      - Sim. – Ela respondeu, a voz fraca de exaustão. – Eu acordei você?

      - Não. – Ele afirmou, hesitando.

      - Você não sabe mentir. – Ela comentou, rindo.

      - Você quer um chá? É a... Terceira vez que a visita dele causa essas náuseas? – Adivinhou ele.

      - Na verdade, é a quinta. Duas das vezes eu consegui fechar a porta. – Admitiu ela, desviando o olhar para o chão.

      - Ok. Precisamos descobrir um jeito de fazer isso parar. Se continuar assim, você não dura até o final do ano. – Determinou Herkie, levantando do chão. – Vem aqui. – Ele pediu, mas, não dando muita chance de ela retrucar, a ergueu gentilmente. – Você vai escovar os dentes para tirar o amargo que deve estar na sua boca, e eu vou buscar algo para você comer.

      - Mas eu não... – Ela começou a contestar, porém ele a interrompeu.

      - Não quero saber. – Rebateu ele, do quarto. – Você vai comer alguma coisa sim. Já volto.

      Ela estava escovando os dentes e pensando em todos os momentos que tivera desde que chegou a Auradon. Percebeu como havia injustiças aqui também, como esse lugar era ao mesmo tempo irritante e acolhedor, como ela recuperou seus amigos de infância, fez novos amigos, achou alguém que a ama na mesma intensidade que ela o ama.

      “Na verdade, eu chego a duvidar às vezes da teoria da alma...”. Subitamente, ela se lembrou do papel da alma-gêmea. E lembrou que ela nunca lera o de Herkie. Correu para a gaveta da mesa, pegou a folha de caderno e leu cada detalhe do que estava escrito.

      - OWN, QUE AMOR. – Interviu ele.

      - SAI DA MINHA CABEÇA! – Vociferou ela, na hora em que Herkie estava entrando no quarto.

      Desta vez, ele conseguiu sentir a presença no quarto. Assim como sentiu quando ela desapareceu.

      - Heath... O- o que... Você conseguiu expulsar ele. – Pontuou Herkie, orgulhoso.

      - É... Mas o quarto ainda está rodando. – Cochichou ela, de olhos fechados e apoiada na escrivaninha.

      - Ah, certo. – Ele largou o prato de sanduíche em cima da mesa e foi até ela. – Só tontura? – Ela assentiu. – Ok, me dá as mãos e vem com calma.

      Heather não contestou. Segurou as mãos dele e caminhou até onde ele a guiava. Ela o sentiu pressionar o ombro dela para baixo, e ela sentou na cama. Depois percebeu ele colocar um prato na mão dela, e pode notar o aroma de seu sanduíche favorito, o que fez seu estômago roncar alto, o que causou a vermelhidão no rosto dela.

      - Sanduíche de peito de peru... – Descreveu ela.

      - Em pão integral com duas rodelas de tomate e molho de cebola agridoce. Ah, e uma pitada de orégano. Agora, come. – Concluiu ele, sorrindo. – E talvez você deva abrir os olhos.

      Ela fez exatamente o que ele aconselhou, para ver que o quarto não estava mais rodando com tanta intensidade a volta dela. Olhou para o prato, e o modo como o sanduíche estava bem elaborado aumentou o apetite dela, que comeu satisfeita o alimento que ela considerava “a melhor coisa criada no reino”. Depois desse meu namorado, claro. (A.N.: Heather, eu desisto. XDXDXD).

      Quando ela terminou de “restaurar as forças” Herkie a abraçou e deitou de novo na cama.

      - Melhor? – Perguntou ele. – Porque eu posso fazer mais coisas para...

      - Herk. – Ela interrompeu. – Eu estou bem melhor. Agora me abraça e vamos dormir. – Sugeriu ela, o abraçando e se aconchegando.

      - Você tem cer... – Ele parou de falar quando viu que ela acabara dormindo. Ele beijou o topo da cabeça dela e sussurrou, antes de dormir.

      - Eu sempre vou te amar.

      Mal sabe ele que o subconsciente dela ouvira, e ela sorrira enquanto dormia pacificamente.

      ----- // -----

      - Com licença Sr. Delay, eu preciso conversar com Herkie e Heather, se o senhor puder liberá-los. – Pediu Ben, na porta da sala de química.

      - Tudo bem, Ben. Eles terminaram a avaliação mesmo. Liberados. – Respondeu o professor.

      Assim que eles chegaram ao corredor, desconfiando da atitude do amigo, ele se vira para o casal e começa.

      - Herk, Heath. Eu preciso da ajuda de vocês. – Pediu ele. – Eu preciso fazer isso e não sei como nem por onde começar.

      Eles se entreolharam antes de responder, simultaneamente.

      - Fazer o quê?

      - Nossa, isso foi estranho. – Ele observou. – Mas enfim, eu... Vocês sabem que eu amo muito a Mal, e ela é o meu amor verdadeiro e...

      - Ben. – Interrompeu Heather. – Respira.

      Ele fez como a amiga sugeriu. Ah, eu não contei a história do amor verdadeiro. Foi hilário. Um dia, Hadie e eu “pegamos emprestado” o livro de feitiços da Mal, para pegar a receita da poção do amor. A intenção era enfeitiçar Chad para ele se apaixonar por Scarlet. No entanto, alguma coisa deu errado na hora de entregar o biscoito, e acidentalmente ele parou nas mãos de Ben. Desnecessário dizer que a Mal queria o meu pescoço. Mas quando ela o beijou no refeitório, quebrando o feitiço, foi a coisa mais linda. Ali todos descobriram que um era o amor verdadeiro do outro. (A.N.: Como se o fato de serem almas-gêmeas não afetasse em nada ¬¬).

      - Muito bem. – Continuou Heather. – Agora, o que você precisa?

      - Preciso de ajuda para bolar o pedido de casamento perfeito para Mal. – O rei pediu.

      - Espera... O quê? – Indagaram ao mesmo tempo, o que assustou Ben. De novo.

      - Eu já tenho o apoio de Evie, Jay, Carlos, Jane, Hadie, Jordan, Doug, Lonnie e Audrey. Só faltam vocês. O que me dizem?

      Ambos pararam e pensaram um pouco. Herkie foi o primeiro a responder o jovem Rei.

      - Pode contar comigo, Ben. Vou fazer o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo.

      - Obrigado Herkie. E você Heather? – Ele se virou para ela, que não havia respondido.

      - Só para esclarecer, ela não quer mais a minha cabeça em uma bandeja de prata? – Questionou ela, em dúvida.

      - Não, ela já perdoou você e Hadie, entendeu que foi um acidente. – Respondeu Ben.

      - Então estou totalmente dentro. – Heath assentiu, sorrindo.