Bad Reputation escrita por Mrs Salvatore


Capítulo 2
O longo processo


Notas iniciais do capítulo

Ooi gente, minhas provas difíceis acabaram, então estou menos desatolada para postar, volto logo, logo ok?
Queria agradecer as duas leitoras que comentaram no último capítulo, eu fiquei mesmo muito feliz, faz tempo que não posto nada... Tinha esquecido como é boa a sensação de entrar na caixa de atualizações e ver que tem review ♥
Bora ler minha gentchy!



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Pela manhã Damon saiu sorrateiramente de seu quarto, pegou uma das garrafas de whisky de seu pai em seu escritório e a colocou na bolsa. O café da manhã foi tranquilo já que seu pai não estava na mesa.

— Podemos ir no meu carro hoje, Damon – Disse Stefan quando viu o irmão indo até seu camaro.

— Eu tenho algo para fazer depois da escola mano, amanhã vamos – Disse o rapaz.

Stefan assentiu sem se importar, não era de se meter nos assuntos do irmão desde que ele não se metesse nos seus.

Ao chegar à escola Damon não avistou Elena em lugar algum e as aulas que os dois tinham em comum não foram contempladas pela presença da garota. Isso o preocupou um pouco, pois o que a garota estaria fazendo a essas horas? Damon agarrou-se a ideia de que Elena não faria o aborto sozinha pois precisava do whisky e assim conseguiu passar a manhã em relativa paz.

— Damon – Chamou Katherine quando este já entrava em seu carro – Você não me ligou, aconteceu algo?

— Oi Kath – Sorriu ele – Eu não tive tempo, esse fim de semana fiquei muito ocupado, mas ligo para você em breve, podemos marcar de sair de novo, quem sabe.

— Sim, sim – Respondeu Katherine – Esperarei sua ligação então – Sorriu ela se afastando.

Damon então deu partida no carro e dirigiu-se calmamente até a casa de Elena, ao chegar tocou a campainha e esperou que ela atendesse.

— Por que não foi para a escola hoje? – Indagou quando a morena abriu a porta.

— Não estava a fim de encarar aquelas pessoas, odeio aquela escola – Respondeu Elena dando passagem para ele entrar – Eu estou fazendo o chá já, chegou bem na hora.

Damon após tirar a garrafa de whisky jogou a bolsa em qualquer canto e se dirigiu até a cozinha junto a Elena.

— Pelo que li na internet devo tomar o chá primeiro e depois algumas doses de bebida – Apontou ela lhe virando o notebook na bancada. Enquanto ele sentava-se em uma banqueta para ler o que o site dizia, ela continuou – A pior parte é ter que aguardar, fora isso tenho que continuar a tomar doses contínuas com um intervalo pequeno de algumas horas. Se funcionar, em até três ou quatro dias eu perco o bebê...

Damon encarou a garota com genuína preocupação, temia que algo fatal acontecesse a ela e ele fosse considerado culpado por não impedi-la disso. Mas como podia convencê-la se ela estava tão determinada? Elena não voltaria atrás em sua decisão, iria fazer o aborto com ou sem ajuda, assim sendo, por que não apoiá-la para que tudo corresse razoavelmente bem?

— Entendi – Falou ele – Acho melhor você faltar na escola enquanto estiver fazendo... Isso. Você vai sentir muitas dores e tonturas. Precisa ficar sem comer também, vai ser difícil de mascarar tudo isso, principalmente para os professores.

— Sim, tem razão – Concordou Elena – Bem, vamos lá...

Ela então desligou o fogo, coou o chá e fechando fortemente os olhos e prendendo a respiração virou um copo inteiro na boca, engolindo amargamente o líquido que desceu queimando toda sua garganta.

Por um momento sua visão escureceu de tão amargo e quente que o chá estava, mas agora vinha a segunda parte, ela teria de encarar, mesmo sentindo que aquilo era mortalmente perigoso. Lutando contra sua natureza, Elena pegou o copo cheio de whisky da mão de Damon e virou com tudo também. Dessa vez a garota não aguentou e cedeu ao chão gemendo pavorosamente para o sabor e a sensação do líquido batendo no estômago.

Damon rapidamente correu para seu lado e a segurou em seus braços para puxá-la para seu colo e confortá-la.

— Respira fundo, tenta controlar tudo, respire ok? – Repetia ele.

Aos poucos Elena voltou ao normal e com a ajuda de Damon se levantou e foi para o sofá.

— Onde está seu celular? – Pediu ele – Vou salvar meu número nele para o caso de você precisar ser internada ou que eu apareça.

— Está em cima da lareira – Respondeu fracamente Elena – Obrigada Damon. Mesmo.

Damon a olhou intensamente antes de pegar o telefone da moça e salvar seu número nele.

— Qualquer coisa que tiver me chame, ok? –Frisou ele sentando-se ao seu lado e a puxando para si.

— Eu vou – Sussurrou ela aconchegando-se em seu peito e deixando que ele os deitasse.

— Como está se sentindo?

— Mal pelo gosto ruim do chá e da bebida. Estou sentindo a quentura do chá e do whisky também, fora isso tudo parece bem.

Damon assentiu para si mesmo em uma falha tentativa de manter-se calmo e não temer a morte da garota. Essa preocupação pela vida dela atormentou-o tanto que ele nem sentiu falta de um almoço.

Elena dormiu em seu colo a tarde toda, as vezes o rapaz checava se ela estava mesmo respirando e conferia sua garganta para ver como estavam seus batimentos cardíacos, ao fim da tarde ele a levou para seu quarto e cobriu com várias mantas para que ela ficasse mais aquecida, ajudaria no aborto.

— Elena? – Chamou ele antes de ir embora – Estou indo para casa, ok? Vou levar sua chave porque preciso trancar a casa, mas eu devolvo amanhã, está bem?

Vendo ela assentir, Damon colocou o celular da garota em seu criado mudo e deu uma última instrução a ela:

— Qualquer coisa me ligue.

Dito isso foi embora e aturou seu inferno particular ao chegar em casa e ver seus pais brigando novamente. Outra vez seus fones de ouvido serviram como válvula de escape e foi com eles que Damon rapidamente pegou no sono. Graças a eles também que Damon escutou a mensagem de Elena chegar, pois fizeram um barulho estrondoso ecoando por todo o ouvido de Damon e o acordando imediatamente.

“Estou com medo, não desceu nada ainda, mas estou suando horrores e com muita dor. E se não der certo? :/”

Damon rapidamente desbloqueou o celular e respondeu:

“Continue em baixo das cobertas, o calor vai ajudar. Onde exatamente está doendo?”

Elena visualizou a mensagem no mesmo instante e logo o respondeu:

“A parte de baixo da minha barriga, não paro de me contorcer, minha visão escurece as vezes, eu estou apavorada Damon, não quero morrer!”

Damon ficou completamente apavorado ao ler a palavra morrer e enquanto calçava seus sapatos digitou à Elena:

“Você tomou mais alguma dose?”

“Sim, faz umas duas horas, tomei bastante, fiquei com medo que não estivesse funcionando, agora está funcionando bem de mais”

Damon respirou fundo e após tirar seus fones e pegar a chave da casa de Elena, saiu silenciosamente de seu quarto, trancou-o e foi para a garagem. Sabendo que seu carro faria um barulho estrondoso e acordaria sua família, o rapaz soltou o freio de mão e com muito esforço o empurrou até a esquina de sua casa. Chegando nela deu partida e saiu desvairado para a casa da garota. Não se preocupou em não fazer barulho ao abrir a porta e trancá-la novamente, até mesmo porque Elena nem ouviria já que estava sofrendo de mais com suas dores.

— Damon! – Exclamou Elena levando a mão a boca ao vê-lo – Pensei que tivesse dormido, o que faz aqui?

— Vim ficar com você – Falou ele – Não podia dormir sabendo que você está mal e assustada.

— Obrigada – Sorriu palidamente a garota.

Damon sem pensar duas vezes deitou-se ao seu lado na cama e a abraçou. Ouviu a barriga de Elena roncar e questionou-a se não seria melhor comer algo, mas a garota simplesmente disse:

— Não, preciso ficar sem comer para ficar mais fraca, isso tem que dar certo.

Damon então não discutiu mais e passou a acariciar o cabelo de Elena. Longos minutos se passaram com Elena se contorcendo de dor, até chegar em um ponto que Damon pensou que ela estaria inconsciente, mas foi surpreendido quando a garota se pronunciou:

— Posso perguntar uma coisa?

— Claro – Respondeu ele sem parar de acariciar seu cabelo.

— Por que está me ajudando?

— Porque... fiquei mal por você – Suspirou – Por mais que você tenha um histórico horrível não merece passar por isso sozinha. Você não tem ninguém, se eu não me importasse, ninguém mais se importaria.

— É – Concordou Elena tristemente – Ninguém se importaria...

— Posso fazer uma pergunta também? –Indagou Damon após um tempo.

— Pode.

— Como tem tanta certeza de que é do Stefan?

Elena afastou-se de Damon e o encarou raivosamente. Entretanto, sua raiva morreu quando ela encontrou seus olhos e não viu maldade neles. A iluminação fraca vinda de seu abajur mascarava boa parte do rosto de Damon, mas seus olhos eram ainda assim completamente visíveis e brilhantes, neles Elena encontrou confiança e confidência para que pudesse responder o que Damon queria saber.

— Eu não transo com tantos caras assim, eu só os seduzo e me divirto flertando – Disse fragilmente – Foram poucos os caras com quem fui até o fim e com todos eu usei camisinha, menos com Stefan.

— Por que não usou camisinha com ele?

— Na hora não pensamos, não tínhamos nenhuma e Stefan disse que tirava antes de gozar – Fungou ela – Fui idiota, mas eu estava bêbada, não pensei tanto nisso. Achei que ia dar certo.

— Entendi... – Assentiu Damon voltando a acariciar seus cabelos quando ela deitou novamente em seu peito.

— A vida não vai muito com a minha cara de uns tempos para cá – Riu Elena amargamente.

— Acho que entendo, para mim também não – Confidenciou Damon se sentindo à vontade – Minha casa está um inferno, já faz um bom tempo, mas ultimamente meus pais estão se superando, brigam todo dia, não consigo abafar os gritos nem com fones de ouvido...

— Por que eles brigam? – Quis saber Elena com sincera curiosidade.

— Eu já nem sei mais os motivos. Antes era por causa do problema do meu pai com bebidas, depois veio o vício em jogos e as outras coisas... Não consigo nem enumerar os motivos... São vários.

Elena pode sentir o coração de Damon se afundar ao contar isso a ela e mesmo com tremendas dores forçou-se a se sentar na cama e a encará-lo.

— Somos dois fodidos Damon Salvatore – Declarou rindo.

— É, parece que somos sim – Concordou ele tocando o rosto delicado da garota.

— Não sei como, mas se um dia eu puder te ajudar com isso, não hesite em pedir – Falou Elena – O que você está fazendo por mim... É mais do que eu poderia merecer. Obrigada, por tudo.

Damon assentiu pela milésima vez naquele diz e puxou Elena para seus braços novamente.

.

.

Pela manhã Damon acordou com seu celular tocando. Tratou de logo atendê-lo para que Elena não acordasse.

— Damon? Onde está? – Perguntou Lily desesperada ao telefone.

— Oi mãe, estou na casa de Matt, ele tomou um porre noite passada, tive que ir buscá-lo e acabei dormindo por aqui mesmo, desculpe não ter avisado – Falou fingindo baratamente uma voz de mágoa.

— Tudo bem, eu fiquei preocupada. Eu já estou saindo para trabalhar, nos vemos mais tarde.

Após um breve “ok” da parte de Damon a ligação foi terminada e ele pode voltar sua atenção para Elena.

— Hey... – Sussurrou tirando algumas mechas de cabelo de seu rosto – Acorde, já é de manhã, eu tenho que ir, mas preciso saber como está...

Elena lentamente abriu os olhos e apesar da fragilidade para levantar da cama, aparentava estar bem.

— Vou tomar mais uma dose – Disse ela enquanto descia a escada na frente de Damon – Estou faminta, quando isso acabar eu quero comer um burger king enorme e me afundar num balde de fritas.

Damon gargalhou alto vendo os olhos de Elena brilharem com a ideia de comida e lhe beijou a testa.

— Isso. Tome o chá e o whisky que te levo até a sala, vou deixar suas chaves na cantoneira está bem?

Elena assentiu e assim que tomou o chá e o whisky se deixou ser guiada por Damon até a sala para ser acompanhada pelos desenhos do rei Julian, suas dores intensas e uma enorme fome.

Damon ao chegar na escola foi logo ao refeitório comprar algo para comer de café da manhã e aproveitou o momento para chamar Matt e combinar algumas coisas com ele.

— Cara, onde você esteve? – Perguntou o amigo após Damon lhe pedir para confirmar que estava em sua casa cuidando de um porre seu na noite anterior.

— Estava com Elena – Confidenciou Damon – Ela era sua amiga antigamente, não era?

— Sim, era – Respondeu Matt – Vocês estão transando?

— Não, não é isso. Eu só estou ajudando ela com uma coisa – Respondeu Damon sem querer entregar todo o assunto – Isso não é da sua conta, só preciso que você confirme essa história para mim.

— Confirmar eu confirmo, mas só se você me contar o que anda fazendo com a Gilbert – Argumentou Matt – Quero saber de tudo. Pode falar se vocês estiverem transando cara, todo mundo já pegou ela mesmo, não é vergonha para ninguém –Suspirou.

— Não pense nisso – Murmurou Damon – Elena está com problemas, estou ajudando ela, só isso.

— Que tipo de problemas? – Perguntou Matt curiosamente preocupado com a ex-amiga.

— Não posso falar, só me acoberte ok? Eu já vou – Disse Damon andando de costas para falar com o amigo – Só confirme. Até mais!

Matt não gostou da forma como Damon havia escondido o que Elena tinha. Apesar de ainda ter mágoas por ela ter se afastado e desfeito a amizade dos dois, o garoto ainda se preocupava com ela e foi em nome dessa preocupação que resolveu matar a manhã de aulas e ir até a casa da garota ver o que estava acontecendo.

Quando lá chegou tocou a campainha, mas Elena não pode abrir a porta, estava fraca demais para se levantar. Pensando que fosse Damon, ela gritou um “Entra, está aberta” para sua porta e assustou-se completamente ao ver Matt passando por ela.

— Elena! – Exclamou Matt assustado correndo até ela. A garota estava muito pálida, tanto que todas as veias de seu pescoço estavam visíveis – O que você tem?

— O que está fazendo aqui?

— O Damon... Ele...

— Ele contou para você? – Indagou ela – Eu vou mat...

— Ele não me contou nada – Interrompeu Matt – Ele só pediu para eu confirmar para a mãe dele a história de que ele passou a noite na minha casa. Só isso.

— Então o que está fazendo aqui? – Perguntou a garota.

— Ele disse que esteve com você, que você estava com problemas, forcei ele a me contar, mas ele não disse nada... Então vim ver o que houve.

— Não houve nada Matt, nada. Pode ir embora, eu estou bem – Declarou Elena empinando o nariz.

— Não, não está! Eu te conheço Elena, éramos amigos desde a infância... Isso sem falar da sua aparência, está péssima! – Insistiu Matt – Pode me contar, você sabe que eu jamais faria algo de mal para você.

Deixando-se levar pelas lembranças boas de sua amizade com Matt e de toda a fragilidade física e emocional, Elena contou tudo ao ex amigo, que prontamente a apoiou apesar de não concordar com sua decisão.

— Respeito o que você decidiu, mas isso de ficar sem comer... Não é bom – Disse ele – Você precisa estar forte para poder passar por isso sem danos.

— Eu sei – Assentiu Elena – É que o jejum me enfraquece mais, tem mais chances de dar certo.

— Olha, se for para fazer isso não arrisque, por favor coma algo, se não você pode não aguentar até o fim.

Matt por mais que tentasse não conseguia convencer a amiga a comer, mas mesmo assim ficou ao seu lado a manhã toda, até que finalmente Elena cedeu, bem na hora do almoço.

— Eu estou faminta, tão faminta que tenho vontade de vomitar – Gemeu ela – Esquenta comida no micro-ondas para mim Matt, não consigo mais aguentar.

O amigo prontamente fez o que ela pediu e sentiu-se mais calmo ao ver a cor voltar ao rosto de Elena após sua refeição.

— Obrigada – Sorriu ela – Eu me sinto melhor. Vou até o banheiro checar se algo desceu.

Assim que chegou ao banheiro e abaixou suas calças ao sentar no vaso sanitário Elena teve vertigem com a quantidade de sangue no absorvente. Por um lado, sentiu um grande alívio, afinal tudo corria razoavelmente bem, mas por outro se sentia péssima pela situação em que estava, o medo de que algo acontecesse a ela a tomava fortemente e tudo que ela desejou foi ter seus pais novamente para poder se sentir segura novamente.

Após trocar o absorvente a garota voltou para sala, onde Matt ainda terminava sua refeição.

— Obrigada, de novo – Disse ela – Eu estou tão apavorada, você não tem ideia.

— Acho que tenho – Respondeu ele – Por que não chama a Caroline para ficar um pouco com você agora de tarde? Ela é uma ótima companhia, você sabe.

— Não somos mais amigas – Respondeu Elena sentando-se – Nem você e eu, não tem motivo para ficarem comigo.

— Mesmo que você não seja mais nossa amiga ainda somos seus amigos Elena – Disse Matt tocando sua mão – Sempre falamos de você e da falta que você faz. É claro, falamos mal de você também, mas isso tudo é mágoa por você ter nos deixado.

— Eu não quero falar sobre isso Matt – Disse Elena colocando as mãos na cabeça – Para!

— Parar o que Elena? – Disse Damon enquanto fechava a porta da casa da garota –Mas o que você está fazendo aqui? – Questionou assim que viu Matt.

— Vim saber o que estava acontecendo, você não quis me contar – Deu de ombros Matt.

Damon ficou tão furioso que teria dado uns bons socos em Matt caso Elena não estivesse ali.

— Podemos conversar na cozinha?

Matt assentiu e após ver Elena deitar-se no sofá seguiu Damon.

— O. Que. Diabos. Você. Tem. Na. Cabeça? – Perguntou Damon com os dentes trincados – Não era para você ter vindo aqui!

— Ela era minha amiga! Fiquei preocupado! E com razão, ela estava péssima quando cheguei, como você pode deixar que ela ficasse sem comer esse tempo todo? – Sibilou Matt – Você deveria ter cuidado melhor dela! É um absurdo o que ela está fazendo já, se ela ficar sem comer algo pior pode acontecer.

Damon respirou profundamente várias vezes até ter certeza de que não viraria Matt do avesso e assim que teve, disse na voz mais calma que encontrou:

— Não se preocupe, eu estou aqui agora. Eu estou cuidando dela, não tem com o que se preocupar.

— Não sei Damon, ela está muito mal... Acho melhor levarmos ela ao hospital – Sugeriu Matt.

— Eu já disse que estou cuidando dela, se precisar eu mesmo levo! –Rebateu Damon quase a ponto de perder o controle.

— Ok, ok, já entendi, eu vou embora então –  Disse Matt – Vou me despedir de Elena só.

Damon o acompanhou até a sala e assistiu com desgosto Matt dar um beijo na bochecha de Elena e ir embora.

— Hey – Disse ele assim que Matt fechou a porta – Eu não contei nada a ele. Me perdoe por ele ter vindo aqui, minha mãe ligou hoje de manhã e eu precisava de um álibi.

— Tudo bem – Sussurrou Elena – Foi bom ter alguém comigo, eu estava mesmo muito mal antes de comer.

Damon internamente se corroeu por não ter ficado com Elena e transgredido sua vontade de ficar em jejum. Decidido a deixar o estresse com Matt de lado ele sentou-se no sofá e puxou Elena para si junto com uma manta que ela havia trazido para o sofá.

— Já desceu algo? – Perguntou após se acalmar.

— Sim, ainda dói bastante, mas comer me ajudou, me sinto menos debilitada...

Após engolir em seco de frustração, Damon ficou ao lado de Elena enquanto ela bebia mais uma dose do chá e do whisky e em certo tempo deixou-se levar pelo sono de Elena e adormeceu também. Elena acordou por volta das seis da tarde e foi novamente ao banheiro checar seu absorvente, como desejou, ele estava ensopado de sangue e continha alguns pedaços de seu endométrio. Após trocar o absorvente por outro a morena foi até a cozinha preparar algo para comer e tomar mais um pouco de chá e whisky.

Damon acordou com os braços vazios, estranhando a sensação de não sentir Elena. Ao constatar que ela não estava por ali levantou-se e foi a sua procura.

— Elena? – Chamou parando no primeiro degrau da escada.

— Estou na cozinha – Respondeu ela.

Damon então se virou e seguiu o som de sua voz até achá-la.

— Por que não me acordou? – Perguntou ele sentando-se em uma das banquetas.

— Não vi necessidade – Deu de ombros a garota – Você dormiu pouco essa noite, ia te fazer bem dormir mais.

Assim que falou isso Elena deu uma grande mordida em seu sanduíche e empurrou um para Damon, que faminto do jeito que estava, terminou de comer muito antes dela.

— O que tem nessa casa para comer? – Perguntou ele abrindo a geladeira – Ainda estou com fome.

— Pode pegar o que quiser – Disse Elena – Eu não vou comer mais para que tudo continue dando certo. Vou subir para o meu quarto, vem também?

— Já vou – Respondeu ele abaixando-se para fuçar na geladeira.

Elena então subiu para seu quarto e decidiu tomar um banho, se a água estivesse bem quente ajudaria ainda mais no aborto pelo que lera no site. Enquanto isso Damon revirava seus armários atrás de alguma coisa que gostasse e assim que achou um grande pacote de bolachas correu para o quarto de Elena. Soube que ela estava no banho pelo barulho do chuveiro, que vinha do corredor. Sem ter o que fazer ele jogou-se na cama da garota e encarou o teto enquanto comia, pensando inutilmente em uma desculpa para dar a sua mãe para não voltar para casa hoje.

— Damon – Disse Elena entrando no quarto.

— Oi – Respondeu ele se virando na cama para encará-la. Ao ver que ela estava com uma pequena toalha juntou todas as suas forças para não encarar o corpo de Elena e fixar-se apenas em seu rosto – O que foi?

— Me dá licença? Preciso me trocar.

Rapidamente ele saiu da cama, levando o pacote de bolachas consigo e encostando a porta do quarto.

— Então – Disse ele encostando-se na parede – Como arranja dinheiro para manter essa casa? Tipo, contas, mercado... Essas coisas...

— Meus pais deixaram muita grana para mim – Respondeu ela enquanto se trocava – E ainda tem os lucros da empresa do meu pai, que minha tia administra...

— Hum, entendi – Disse Damon encostando sua cabeça no batente da porta despreocupadamente.

Por mais que não quisesse desrespeitar Elena, não pode se conter em não olhar pela fresta da porta. A imagem dela com sua pele rosada molhada por pequenas gotas de água dançava em sua cabeça. Infelizmente não conseguiu ver muita coisa, pois Elena já havia colocado calça e sutiã, mas mesmo assim, a visão de seu busto e sua barriga foram uma perdição a ele. Pela primeira vez em todo aquele tempo ele encarava Elena como mulher e não como a pobre cunhada rejeitada.

— Já volto – Disse ele a garota enquanto se dirigia para o banheiro. – O que você está pensando? – Ralhou consigo ao se encarar no espelho – Ela está passando por um aborto e o filho é do seu irmão...

Após lavar seu rosto com água fria e enxugá-lo Damon voltou ao quarto de Elena e sentou-se em sua cama de frente para ela.

— Você tem que ir? – Perguntou ela o encarando.

— Não – Respondeu ele – Não se você não quiser.

— Mas e sua mãe? – Perguntou ela mordendo os lábios em dúvida.

— Posso ligar para ela e dizer que vou chegar tarde, que não precisa me esperar.

— Entendi... Você poderia ficar mais um pouco então? – Pediu ela pousando sua cabeça no colo de Damon – Daqui a pouco vou tomar outra dose, minha visão escurece toda vez que tomo, fica comigo até lá.

— Provavelmente é sua pressão que cai – Respondeu Damon mexendo em seus cabelos – Algo assim... Não se preocupe, vou ficar. Quer que eu esquente o chá para você? Posso trazer aqui em cima.

Fragilmente Elena assentiu, colocou a mão em sua barriga e assim que Damon saiu de seu quarto a garota rezou para que tudo corresse bem. Ela ainda estava com fome, mas não podia arriscar, ela precisava do corpo frágil para abortar. Tudo isso era apavorante, a ideia de deixar de viver era assustadora de mais, pois por mais que ela não tivesse muitos motivos para gostar de sua vida, Elena amava viver. Adorava o vento batendo em seu rosto e boa sensação que sentia quando ria de algo, não queria perder tudo isso por causa de um erro estúpido cometido num momento de frágil prazer.

Seu medo era tamanho que em tal ponto a mesma começou a imaginar sua própria morte, em que teria uma hemorragia muito grande e não chegaria a tempo ao hospital. Tal ideia a apavorou tanto que ela desceu correndo as escadas, apesar de todas as pontadas na barriga e foi preencher sua cabeça com a companhia de Damon na cozinha.

— Já está quase no ponto – Disse ele assim que a viu entrar no cômodo. Pela sua aparência assustada presumiu que ela estivesse tendo dores fortes de mais e estivesse com medo de algo grave, decidiu não tocar no assunto para manter a própria calma e não complicar ainda mais a situação da garota. – Pode pegar meu celular e discar o número de minha mãe?

Elena rapidamente fez o que ele pediu e assim que tocou em chamar entregou o celular a ele.

— Oi mãe – Saudou ele assim que ela atendeu – Estou ligando porque vou demorar para chegar em casa hoje, não precisa me esperar. Sim, eu sei... Está bem, está bem, entendi... Vou desligar. Ok mãe. Relaxa. Está bem... Tchau.

Elena riu das expressões que Damon fez ao celular e por mais que tentasse, não conseguiu evitar de sentir inveja por Damon ter uma mãe e ela não. Era doloroso ainda encarar esse assunto.

— Aqui – Disse Damon enchendo um copo com chá fumegante para ela – Tome de uma vez só, vai ser mais fácil e prenda a respiração, isso fede.

Elena fez exatamente como Damon instruiu e fechou fortemente os olhos enquanto engolia o amargo chá, ao virar o copo de whisky cedeu suas pernas ao chão enquanto sua visão escurecia e seu corpo passava pela sensação de estar em uma montanha russa.

Aos poucos o torpor foi passando e Elena pode ter consciência dos braços de Damon a envolvendo. Para firmar a realidade segurou a camiseta dele com todas as suas forças e encostou sua testa em seu pescoço até que tudo voltasse ao normal.

— Como está? – Perguntou Damon após alguns minutos esperando ela se recuperar.

— Zonza, mas acho que é normal – Respondeu ela em um tom de voz fraco e entrecortado.

— Vou te levar para o seu quarto – Disse ele a pegando em seu colo e subindo as escadas – Tente dormir para evitar a dor.

Elena assentiu tocando levemente o peito de Damon e antes que pudesse se dar conta havia deixado o torpor da bebida tomar conta dela e adormecido. O rapaz deitou ao seu lado, de frente para ela e a abraçou para protege-la e apesar de suas boas intenções em velar por ela, acabou dormindo também.

Era duas da manhã quando ele acordou, Elena ainda dormia em seus braços, mas pelo jeito nem o sono mascarava sua dor, sua expressão estava contorcida em puro sofrimento, certamente ela estava passando por algo muito forte.

— Você só está perdida – Disse ele acariciando seu cabelo – Não merece esse sofrimento apesar de tudo o que faz... – Lamentou ele.

— O que você está fazendo? – Perguntou Elena ainda de olhos fechados – Vou dar um murro na sua cara Salvatore.

— Está acordada desde quando? – Rebateu ele envergonhado.

— Desde que acordou e ficou me encarando – Riu ela – Eu sou esperta, mais do que você.

Damon sorriu e esperou que ela abrisse seus olhos para pensar em uma resposta.

— Está errado – Disse Elena após o fazer.

— Sobre o quê? – Perguntou ele sem entender.

— Sobre eu não merecer o que estou passando – Respondeu ela – Causei muito sofrimento já, é justo que eu receba ele de volta.

De todas as coisas das quais Damon podia fazer, ele optou pela melhor opção disponível: o silêncio. Apenas continuou a acariciar seu cabelo até que ela fechasse novamente os olhos.

— Será que minha mãe pensa como você – Perguntou ele mais para si mesmo – Por isso não se separa do meu pai?

— Não tenho essa resposta Damon – Disse Elena se apoiando em seu cotovelo para encará-lo – Mas você não devia carregar todo esse peso de seus pais, não é algo do qual você possa se meter e resolver. A coisa mais inteligente a se fazer é cortar esse laço de responsabilidade que você tem com o casamento dos dois.

— Como assim? – Questionou o garoto se aproximando mais de Elena.

— Pare de se preocupar com seus pais, com as brigas, com os motivos delas. São problemas dos seus pais, não seus, se você se preocupar demais com os deles jamais vai conseguir viver para você. Eu sou um bom exemplo disso – Riu ela – Se você não tivesse sentido pena de mim teria tido noites de sono melhores e uma preocupação a menos na cabeça.

— E deixar você sozinha? – Ralhou ele – Por mais egoísta que você sugere que eu deva ser, eu não consigo. Ninguém deve suportar tanto sofrimento sozinho, Elena.

— Eu não penso assim, você já deve ter percebido – Riu ela baixinho olhando para baixo.

— Talvez possa aprender algo comigo – Disse ele erguendo o queixo da menina para que ela o encarasse – Nem sempre a solidão é a melhor opção.

— Aceito isso se você tentar aprender também que às vezes a solidão é a melhor opção – Rebateu Elena no mesmo momento.

— Feito – Disse ele abrindo um sorriso.

Elena retribuiu-lhe o sorriso e deixou seu corpo recostar no peito de Damon.

— Parece que nossas noites são belos confessionários – Murmurou ela.

— Não vejo problema em falar algo para você, não é como se você tivesse muitas pessoas para contar o que falo – Brincou ele.

—Ei! – Riu Elena – Só não bato em você porque é verdade...

— Você não bate em mim porque sabe que eu sou um amorzinho – Continuou ele entrando na brincadeira.

— Que absurdo – Disse Elena se sentando e colocando a mão na cintura – Você, Salvatore, é um convencido!

— Sou mesmo – Gabou-se Damon colocando uma mão sobre seu peito.

Elena por um momento deixou-se cair na gargalhada, mas logo parou ao sentir pontadas em sua barriga. As pontadas fortes haviam voltado e mesmo que tentasse ser forte, não conseguiu esconder de Damon um gemido de dor.

— Vem aqui – Chamou ele ao ouvir – Acha que consegue dormir um pouco?

Elena negou fracamente com a cabeça e encolheu-se perto de Damon conforme a dor aumentava.

— Vai passar a noite comigo? – Perguntou ela desejando fortemente que a resposta fosse sim.

— Sim, mas vou ter que ir embora antes de amanhecer, minha mãe não pode notar que não passei a noite em casa.

— Vai que ela acha que você está fazendo um filho por aí – brincou Elena.

— Pelo menos você é bonita, seria um neto bonito também – Riu ele.

Elena riu levinho e se recostou mais a Damon.

— Não está com sono? – Perguntou ao garoto.

— Não... – Negou ele – O que acha de conversarmos sobre algo? Para distrair você da dor...

— Sobre o que vamos conversar? – Perguntou Elena agitada sentando-se na cama novamente para achar uma posição menos dolorida.

— Hum... Que tipo de música gosta?

— Indie. Pop me atrai de vez em quando, mas o indie é o mais frequente – Tagarelou Elena.

— Banda preferida? – Rebateu ele se sentando empolgado com a resposta dela.

— Nenhuma, mas adoro Marina and the Diamonds, Lykke Ly é uma de minhas preferidas também. O que importa para mim é a letra, o ritmo, não ligo para os nomes, eles são até ridículos, mas o talento com que cada música é cantada... A profundidade de cantar algo verdadeiro... Me encontro totalmente nessas músicas exatamente por isso.

Damon riu da empolgação de Elena e resolveu conhecer mais dos gostos da garota, que eram mais interessantes e profundos do que ele tinha imaginado.

— Já escutou Iron & Wine? – Perguntou a ela.

— Não, já ouvi falar talvez, mas teria que escutar algo para responder com exatidão – Disse a garota.

— Não seja por isso – Disse Damon pegando seu celular e abrindo o aplicativo do youtube. Assim que achou a música perfeita ele colocou para Elena apreciar – Ele tem uma pegada meio indie, mas mistura outros estilos também, o que acha?

— Gosto – Disse Elena acompanhando os toques da música com as mãos.

— Você toca piano? – Perguntou Damon ao reparar seus movimentos.

— Tocava – Divagou Elena – Meus pais me incentivavam muito, mas não toco mais, perdi a graça pelas teclas.

Damon aproximou-se um pouco mais da garota e pegou seus dedos para admirar bem. Depois de alguns segundos abaixou-as e continuou a segurar apenas e comentou:

— Toca para mim qualquer dia? Sempre quis ir ao teatro ouvir algum concerto.

— É só piano Damon – Riu Elena – E eu nem tenho mais o meu, joguei fora depois que meus pais morreram.

— Não tem problema! Na biblioteca da cidade tem um, é meio vagabundo, mas ainda assim é um piano! O que acha? – Tentou ele tentando demonstrar grandes expectativas para Elena não ousasse negar o pedido.

Sua tentativa foi bem-sucedida, pois Elena não conseguiu dizer não – por mais que quisesse – a ele, ela disse que tocaria qualquer dia e apesar de ter sentido algo dentro de si se quebrar, tentou afastar esse antigo tormento de sua mente. Damon havia sido tão generoso com ela nesses últimos dias, como poderia negar algo a ele quando ele a tinha apoiado tanto?

— Você toca algo? – Perguntou para evitar novos pedidos.

— Só o terror. Estou brincando. Não toco nada, nem canto, sou um desastre para isso. Prefiro só apreciar mesmo.

Elena assentiu apertando sua mão ao sentir outra forte pontada em sua barriga. No mesmo instante o aplicativo passou para uma próxima música, Ruin, de Shawn Mendes.

Damon sorriu ao lembrar que colocara essa música em sua playlist após ter saído com Katherine, seu sorriso inspirou Elena a sorrir também e quando ela o fez ele sorriu ainda mais por estar ali com ela.

— Gostei dessa – Disse Elena fechando os olhos e tombando a cabeça com um sorriso – Deve ser maravilhoso dançar, o ritmo é tão bom...

— Dança comigo então – Disse Damon sem pensar. O sorriso de Elena apagou-se por um minuto enquanto ela se curvava de dor, realmente, seu útero estava em um mal momento – Melhor deixar para outro dia a dança, não é?

Elena concordou com a cabeça e deixou-se cair na cama sem fôlego por alguns instantes.

— E você? – Começou ela após algum tempo – Tem alguma banda ou cantor preferido?

— Gosto de tudo, ultimamente ouço muito músicas mais... calmas e até mesmo depressivas. Refletem meu interior – Contou Damon – A situação em casa também é refletida nas músicas, por isso me encontro em qualquer letra problemática ou pretenciosa.

— Ouça Birdy – Aconselhou Elena – Vai gostar. Daughter também, são ótimas as músicas delas... Algumas músicas estão em trilhas sonoras de filmes dramáticos, posso te indicar alguns.

— Irei ouvir – Prometeu Damon a ela – Que tipo de filmes assiste? É viciada em filmes?

— Gosto muito – Disse a garota enquanto se remexia de dor – Filmes antigos e cinema são meus assuntos preferidos depois de política.

— Política? – Inquiriu Damon incrédulo – Que horror! Como você pode gostar disso?!

— Ei! É maravilhoso falar de política quando se entende o que está acontecendo. Maquiavel é meu autor preferido – Confidenciou Elena.

— Gosto de Maquiavel – Cedeu Damon – Ele entendeu perfeitamente a mente humana.

— Sim – Concordou Elena virando-se para olhar em seus olhos completamente empolgada – Também acho isso. Ele teria sido magnífico se tivesse vivido no século XX.

Damon riu de sua evidente excitação com o tema, por alguns segundos ela pareceu genuinamente bem, mas isso não tardou a acabar, pois bem a tempo Elena contorceu seu corpo de dor novamente.

— Melhor deitar sra. Hobsbawm, outra hora conversamos sobre política – Intercedeu Damon a puxando de volta para os travesseiros – Que tal um assunto mais leve? Qual sua comida preferida, hein?

— Eu adoro o hambúrguer de bacon do Burguer King – Sorriu Elena – É a melhor coisa da vida! E a sua?

— Macarrão, adoro macarrão – Revelou Damon – Minha mãe faz ele em casa, a massa sabe? Receita de minha avó, é maravilhoso.

— Qual a comida e a coisa que você mais odeia? – Quis saber a garota, em verdadeira curiosidade sobre ele.

— Odeio omelete – Riu – E a coisa que mais odeio no momento é minha casa, lá nunca tem paz...

Elena friccionou seus lábios em frustração por ter feito Damon lembrar desse assunto novamente. Decidiu ficar calada e respeitar o espaço dele.

— Você tem sido um alívio para mim nesses últimos dias – Enunciou ele após alguns instantes – Sair de casa e ter um lugar para descansar é maravilhoso. Por mais que estejamos passando por uma situação difícil aqui, sua companhia é agradável, não me sinto estressado quando estou aqui.

— Exceto quando Matt está – Riu Elena – Eu ouvi você discutindo com ele.

— É, exceto quando o Matt está – Riu ele também – Cara chato, não sei o que ele veio xeretar por aqui...

Elena remoeu-se de dor bem no instante em que ia responder o amigo, encolheu-se mais a ele para amenizar a dor que estava sentindo e sentiu todo aquele calor a atormentar e tensionar suas costas. Tentando controlar uma parcela de sua dor ela trincou os dentes com força, mas de nada adiantou, seu útero parecia dar cambalhotas de tanto que doía.

Damon tentou se acalmar ao notar que as dores de Elena pioravam a cada hora que passava, mas o suor escorrendo pela testa da garota contribuia e muito para o apavorar. Quando ela pegou no sono de tanto cansaço, Damon chegou a levantar para pegá-la no colo e levá-la a um hospital, mas e se ele estivesse exagerando e estivesse nas normalidades do aborto tudo aquilo?

Tentando se acalmar ele se aventurou pela caixa de pesquisa do google e chegou a conclusão de que era normal pela quantidade de sangue, mas faria Elena comer algo pois sua pele pálida lhe dava maus pressentimentos.

— Elena? – Chamou a garota agachando ao seu lado – Elena? Acorde Elena.

Elena demorou para abrir os olhos, ainda era noite pelo que notou, mas deixou que Damon a guiasse para a cozinha para fazer o que quer que ele estivesse em mente.

— Bebe esse leite – Disse ele estendendo um copo de achocolatado para ela.

— Não Dam – Gemeu ela – Não consigo.

Por alguns segundos o coração de Damon vacilou quando a garota o chamou pelo apelido carinhoso, mas logo a preocupação tomou lugar no coração dele quando a viu balançar perigosamente para frente e para trás.

— O que foi? O que foi? – Perguntou ele apavorado correndo para segurá-la – Sua visão escureceu?

Assim que Elena confirmou, Damon a apertou mais contra si e tentou novamente com a voz um pouco mais carinhosa:

— Toma o leite, precisa de algo para aguentar tudo isso, você quer viver Elena? – Perguntou em tom aflito – Você quer? Então toma tudo.

Apesar da enorme vontade de jogar o copo longe, Elena acatou Damon e bebeu pacientemente o leite, ainda que tenha demorado bastante para isso.

— Aqui, é um lanche que eu fiz quando você estava dormindo – Falou Damon colocando o pão em sua frente – Come tudo, você precisa de força Elena.

— Dam? – Chamou ela assim que terminou de comer. Ele prontamente apertou a mão dela e lhe respondeu um suave “oi” – Me leva para o meu quarto? Eu não aguento mais ficar sentada...

Damon então tomou a menina em seus braços e a levou até seu quarto. Ao deitar do seu lado notou que ela havia dormido. As coisas não corriam bem, seria normal Elena ficar com tanto sono assim? Já fazia um bom tempo que ela não bebia o chá e o whisky, deveria estar sonolenta mesmo assim? Completamente apavorado pela menina Damon cutucou-a até acordá-la.

— Que foi? Já é de manhã? – Perguntou ela olhando para ele desorientada – Quanto tempo dormi?

— Não, ainda são cinco horas, logo, logo terei que ir, mas não quero que durma, estou com medo por você – Confessou ele.

— Fica calmo Damon, eu só estou cansada, é normal, as dores são fortes, é como uma super cólica e ainda tem todo esse álcool que estou bebendo, relaxe, ok? Se você ficar apavorado vai me deixar assim também, temos que manter a calma.

— E sei, eu sei – Repetiu ele – Me desculpe Lena...

Elena simplesmente sorriu e acariciou levemente o rosto de Damon antes de voltar a dormir. O amigo saiu de sua casa pouco antes das seis, deixando a chave escondida embaixo do tapete depois de verificar que ninguém estava olhando. Ao chegar em casa mandou uma mensagem a Matt perguntando se ele poderia ficar com Elena pela manhã e deitou-se em sua cama.

Matt logo respondeu que não poderia, mas que daria um jeito nisso. Assim, Damon ficou mais calmo e conseguiu dormir por mais meia hora antes que sua mãe viesse checar se ele estava mesmo em casa.

Após isso foi para a escola, tentando tirar a imagem de Elena deitada em sua cama de sua cabeça. Ele não conseguiria render nada na escola caso ficasse com a morena em sua mente. Ao chegar na escola foi direto para seu armário pegar seu material e bem ali encontrou Katherine o esperando.

— Oi – Cumprimentou ele a abraçando – Aconteceu algo?

— Não – Sorriu ela – Só vim ver você, o que acha de sairmos mais tarde? Sei que você ficou de me ligar, mas acho que não tem problema te convidar para um sorvete. O que acha?

— Eu ia adorar – Respondeu ele – Mas não posso, ainda estou ocupado com umas coisas, prometo que quando der eu te ligo ou mando uma mensagem.

Katherine então sorriu amarelo e tentou não aparentar estar magoada, por fim o acompanhou até sua sala e seguiu seu caminho assim que o sinal bateu. Damon procurou por Matt no intervalo para checar se ele havia mesmo ido até a casa de Elena, como não o viu em canto nenhum se sentiu mais tranquilo por pensar que alguém estava de olho em Elena.

Ao final da manhã Damon foi para casa e jogou-se em sua cama preguiçosamente dando atenção ao sono perdido. Só foi acordar tarde da noite, quando seus pais começaram a brigar. Olhou para o relógio e após conferir que eram sete horas se apressou em calçar os sapatos e pegar a chave de seu carro. Seu banho teria que ficar para mais tarde, sua preocupação com Elena não o deixaria perder minutos preciosos.

Durante todo o caminho sentiu um terrível frio na barriga, principalmente pelo fato dela não ter mandado nenhuma mensagem ou ligado para ele. Isso deveria ser um bom sinal, a garota não deveria ter tido problemas já que não tinha ligado, mas a mente de Damon só conseguia pensar em uma Elena sozinha não podendo telefonar ou mandar mensagem por estar sofrendo uma enorme hemorragia e não conseguir se movimentar.

Arrependeu-se enormemente por ter confiado que Matt daria um jeito. E se ele tivesse passado brevemente lá e a deixado em favor de seu compromisso? Damon não se perdoaria nunca se algo acontecesse aquela garota, não depois de lutar ao lado dela pela vida que ela queria.

Antes de abrir a maçaneta ao chegar Damon conferiu se a chave estava embaixo do tapete. Não estava, isso era bom. Ao rodar a maçaneta o frio na barriga de Damon aumentou, mas logo foi substituído por alívio ao ouvir a risada de Elena.

Imediatamente sorriu e entrou na sala de bom humor.

— Olá – Saudou encarando a garota, que surpreendentemente aparentava estar bem e quase saudável. Suas bochechas estavam coradas até – O que aconteceu? Acabou? Você está melhor?

— Não – Disse outra voz – Eu a maquiei e fiz ela comer algo decente.

Damon virou-se para fitar melhor Caroline Forbes entrar no cômodo com uma travessa de água quente nas mãos.

— O que faz aqui? – Perguntou bobamente.

— Vim cuidar de Elena, ora! Por que mais eu estaria aqui? – Retorquiu a loira depositando a bacia aos pés de Elena e os colocando dentro da mesma – O que você faz aqui?

— Eu estou cuidando de Elena – Murmurou ele se aproximando para checar como sua garota estava – Como se sente?

— Bem – Sorriu ela – Ainda está descendo, mas suporto melhor agora que comi bem, Caroline fez panquecas recheadas.

— Hum – Disse Damon enciumado – Ainda tem? Estou faminto.

— Estão lá na cozinha – Falou Elena – Pode ir lá e comer, fique à vontade.

Damon então se dirigiu para a cozinha e esquentou algumas panquecas para si. Sentou na bancada e comeu-as silenciosamente enquanto se perguntava como Caroline Forbes havia ido parar ali. Decidiu perguntar isso a Elena mais tarde, quando estivessem sozinhos.

Ao voltar para a sala encontrou Caroline pintando as unhas de Elena, sem falar nada simplesmente sentou-se ao lado dela e esticou seus pés para Caroline.

— Acha que poderia cortar e polir minhas unhas? – Perguntou fazendo beicinho.

Enquanto Caroline lhe dava uma alto “Não, sai para lá” Elena gargalhou e isso fez total diferença no dia de Damon.

— Então, quando você vai embora? – Perguntou ele outra vez.

— Elena fale para Damon que ele está sendo um pé no saco – Bufou a amiga revirando os olhos enquanto finalizava as unhas de Elena – Não se preocupe Salvatore, já estou indo, vou encontrar com meu namorado. Elena já, já será toda sua.

Para provocar ainda mais Caroline, Damon passou seu braço esquerdo sobre o ombro de Elena e se estreitou junto a ela com um sorriso cínico.

— Agradeço, você sabe ser uma pessoa agradável, Barbie.

Enquanto Elena ria outra vez, Caroline bufou enquanto se levantava e marchou raivosa para a lavanderia para jogar a água fora e deixar a bacia ali.

— Eu já vou Elena, por favor não me ignore mais – Pediu a garota olhando com seus olhos cheios de empolgação para a antiga amiga – Quero saber como você está, não me afaste de novo.

Elena deu um meio sorriso a garota e assentiu brevemente para ela, envergonhado por ter afastado sua melhor amiga por tanto tempo. Assim que ela saiu pela porta Elena desatou a chorar, deixando Damon ainda mais confuso.

— O que foi? – Perguntou ele erguendo o rosto de Elena.

— Meus amigos Damon, as pessoas que eu amava – Explicou ela – Eu afastei todas elas por causa da minha dor, me isolei de todo mundo... Me sinto horrível por ter feito isso.  Matt mandou Caroline aqui porque não pode vir me ver, ela disse, eu contei para ela tudo, mesmo com você do meu lado eu estava tão assustada... Contar a ela me aliviou tanto, falar sobre o Stefan e tudo mais... É como se um peso tivesse saído de minhas costas.

— Isso é ótimo – Murmurou Damon abraçando a garota – É ótimo.

— Eu não quero mais viver assim Damon, não quero – Chorou Elena colocando as mãos na cabeça – Minha vida é uma droga, uma droga! Não sinto que estou vivendo, é como se eu estivesse apenas existindo... Odeio isso.

Os soluços de Elena aumentaram gradativamente, mas Damon esteve ali para ela e ao final de seu pranto ele garantiu a ela:

— Não tem que continuar sendo assim, você pode voltar a ter uma vida legal Elena. Se quiser, é claro.

— E se eu não conseguir? – Sussurrou ela.

— Tenho certeza que vai, isso que você passou nos últimos dias mostrou como você é forte. Se consegue passar por essa dor, com certeza aguentará lutar por outras coisas.

Elena assentiu a ele e contou-lhe como havia sido a tarde com Caroline. A quantidade de sangue estava diminuindo, em breve pararia, afirmou Caroline a ela, futura caloura de medicina. Riu-se ela.

Damon riu da confiança que Elena tinha pela loira, era bom ver ela confiante e mais segura. Sem falar de sua aparência, Elena estava linda com maquiagem, apesar de ter chorado, nada em seu olho havia borrado, apenas suas bochechas perderam a cor forte do blush, mas isso não era nada.

Por um breve segundo Damon pensou na textura dos lábios de Elena, eles aparentavam ser tão macios. O rapaz chegou a lamber seus lábios só de pensar na boca de Elena tirando a secura de seus lábios e se contorceu internamente com tal coisa.

Forçando-se a encarar Elena de modo diferente ele ligou a TV e deixou que ela escolhesse algo para assistirem.

— Eu adoro essa série! – Guinchou ele quando Sheldon Cooper apareceu no programa – Você também assiste?

— Nunca perdi um episódio – Riu Elena – Estou esperando a nova temporada, adoro o Sheldon e a Amy, a esquisitice dela completa as carências intelectuais dele, acho isso incrível.

Damon nunca havia pensado nisso, mas de modo nenhum poderia negar o que Elena acabara de dizer. Os desejos de Amy e sua realização como mulher eram completos com Sheldon, por mais estranhos que poderiam ser e Sheldon sentia-se seguro e bem ao lado de Amy, como nunca um dia imaginou.

Após pensar nisso o rapaz comentou com Elena palavra por palavra do que tinha pensado e isso não pode empolgar mais Elena.

— Sim! Sim! É como o Leonard e a Penny também, apesar de serem um casal mais comum nos desejos um do outro, eles sempre dão um jeito e não parecem se importar em ter que fazer isso! Acho que no final essa é a questão de tudo, sobre se importar ou não com as coisas, sabe?

— Isso é interessante – Sorriu Damon – Sabe Gilbert, você é uma garota esperta.

— É claro que sou – Riu Elena jogando os cabelos para trás.

Damon riu de puro gosto e bagunçou seu cabelo a puxando para si. Os dois ficaram assistindo séries por horas a fio e um pouco antes de Elena tomar novamente outra dose de chá e whisky Damon cozinhou para ela.

— É, seu miojo até que é legalzinho – Avaliou ela comendo.

— Abusada! – Exclamou Damon arregalando os olhos e abrindo a boca – Eu fiz um jantar especial para você, minha especialidade e você tem coragem de me dizer isso? Você me paga Gilbert!

Ele gargalhou alto jogando a cabeça para trás e tocando sua barriga ao sentir uma leve pontada.

— Você é amorzinho demais para fazer alguma coisa comigo – Sorriu ela enrolando outro punhado de miojo em seu garfo – Não foi você mesmo quem disse isso ontem?

Damon fingiu estar ofendido colocando a mão em seu peito e engolindo em seco e por uns segundos ficou sem reação.

— Tudo bem – Assentiu em uma voz sofrida de puro fingimento – Já que é assim Elena, vou respeitar.

https://www.youtube.com/watch?v=6cmMYouVsXg

 

Dito isso o garoto tirou o guardanapo pendurado em seus ombros e contornou a banqueta de Elena para ir para a sala. Elena preocupada de que ele estivesse indo embora  virou-se imediatamente para ele e deu de cara com o corpo de Damon parado bem atrás de si.

— Ei! – Guinchou ela rindo quando Damon enfiou a cabeça em seu pescoço e a puxou para seu si – O que você vai fazer Salvatore?

— Vou castigar uma amiga ingrata – Riu ele engrossando a voz – Você vai se arrepender de ter rejeitado meu super miojo.

Damon arrastou a garota para perto da pia, puxou a mangueira de lavagem e esguichou água por todo o rosto de Elena. Ele perdeu completamente o fôlego enquanto tentava ir para trás, mas não conseguiu se libertar dos braços de Damon.

— Damon! – Gargalhou tomando o controle da mangueira – Seu idiota!

Sem dó alguma Elena apertou com todas as forças o gatilho da mangueira de metal no rosto de Damon e adorou ver ele sendo pego de surpresa.

— Vem aqui – Chamou Damon fazendo espuma com o detergente na água da pia e passando o resultado em seu quarto.

Em uma tentativa de escapar da espuma Elena contorceu-se bruscamente, fazendo a mão de Damon ir parar certeiramente no vale de seus peitos.

— Meus peitos Damon! Meus peitos! – Gritou ela fingindo estar brava antes de soltar um sorriso que a entregou.

— Tudo bem – Disse Damon com sabão escorrendo de suas mãos e seu rosto gotejando. Ele pegou a mão da garota com a mão que hora estava em seu seio e colocou bem em cima de seu peito – Pode pegar nos meus também.

Elena sorriu sem se conter e apertou um dos mamilos de Damon antes de sair correndo escada acima. Damon rapidamente se recuperou da dor do ataque da garota e saiu atrás dela a agarrando no momento em que ela atravessava a porta de seu quarto. Quando a pegou, esfregou toda a espuma restante em sua mão nas faces de Elena e caiu com ela em sua cama.

Elena ainda gargalhava abertamente ao seu virar para Damon e isso fez um sorriso de felicidade brotar em seu rosto. Ela ficaria bem.

— O quê? – Perguntou Elena vendo algo em seus olhos mudar.

— Não é nada – Disse ele se afastando – Fico feliz por você estar melhorando, só.

Elena sorriu para Damon e o abraçou feliz também por estar melhorando. Após isso os dois desceram e comeram para que Elena pudesse tomar o restante do chá e mais uma dose de whisky.

— Tem certeza que não quer que eu fique? – Perguntou Damon pela milésima vez saindo da casa de Elena.

— Está tudo bem Damon, as dores não estão tão fortes assim, qualquer coisa eu ligo, prometo.

Damon assentiu mesmo não tendo ficado calmo com tal coisa. Não queria sair da casa de Elena, principalmente porque não se encontrava preparado para encarar o clima em sua própria casa.

Tudo estava exatamente como ele temia ao chegar em casa, o pai estava bebendo, mas pelo menos a mãe não estava gritando. Ao subir viu a porta do quarto dela aberta (ela e Giuseppe agora dormiam em quartos separados) e encontrou-a deitada. Lhe deu um beijo no rosto e a abraçou antes de ir para seu canto e assim que o fez se sentiu péssimo por não poder fazer nada.

Stefan estava fora também. Damon não o culpava, também evitava a todo custo ficar em casa no mesmo horário que os pais. Sem ter o que fazer Damon resolveu adiantar alguns trabalhos para a escola e estudar um pouco.

Finalmente teve um tempo para ficar com a cabeça vazia, como muito queria Katherine. Ah, Katherine, pensou Damon, com tudo isso até havia esquecido da ruiva. Não pensou muito antes de mandar mensagem para ela, ela era legal, por que não, não sair com ela para se distrair? Sua vida provavelmente ficaria menos agitada agora que Elena estava melhorando, teria que arranjar novas distração.

Sem nenhuma intenção a mais, Damon mandou mensagem a Katherine lhe dizendo que estava livre para um café. Como ela não lhe respondeu decidiu ir dormir e procurar pela garota amanhã. Enquanto isso, Elena checava seu absorvente em seu banheiro, a quilômetros de distância de seu recente parceiro.

Estava aliviada e feliz que tudo estivesse correndo bem, as dores já não eram mais tão fortes, podiam até serem confundidas com uma cólica. Elena tomou um banho de banheira bem quente, entretanto, para garantir e ficou ali relaxando por um bom tempo.

A temperatura alta aumentara a intensidade de suas dores, mas isso era bom, disse ela a si mesma, era sinal de que estava dando certo.


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Notas finais do capítulo

Volto o mais rápido que puder, como o capítulo é grande vou dar um tempinho pra vocês digerirem ele. Tenham um bom feriado!!! Beijosssss



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