Charlie Brown - Coldplay

O despertador tocou agudamente na manhã de segunda para Elena. Suspirando por ter dormido pouco a morena se levantou e dirigiu-se para o banheiro, após se arrumar e pegar sua bolsa desceu lentamente cada degrau da escada sentindo o cheiro de bacon e panquecas doces.

Tia Jenna arrasava, sorriu ela.

— Bom dia tia Jenna – Disse ela alegremente enquanto se sentava à mesa.

— Bom dia faladeira – Sorriu Jenna despejando bacon em cima do prato da garota – Acha que eu não escutei você e Caroline ontem a noite? Por favor, se empolguem em horários melhores.

— Não dá – Riu a morena mordendo uma panqueca enorme – Hoje é o dia da audição das novas calouras da torcida, vou ajudar Caroline nisso já que voltei a equipe de torcida há alguns meses.

— Gatinhas novas no pedaço? – Falou Alaric entrando na cozinha – Adoro!

— Isso aí Ric! – Riu Elena – Vou selecionar as melhores para você.

— Ei! – Brigou Jenna – Eu estou aqui!

— Não se preocupe – Rebateu Elena – Agora que Damon entrou para o time da escola ele com toda certeza pode arranjar algum calouro para você também.

Completamente feliz com a expressão de repulsa que Alaric fez, Elena e Jenna riram levemente e se ajeitaram em suas cadeiras para comer assim que o tio bobalhão se juntou a elas.

— Preciso ir – Disse a garota se levantando e pegando sua bolsa no chão toda afobada assim que terminou de comer – Amo você!

— Nós também – Gritou Jenna de volta afastando um pouco a cadeira para vê-la sair afobada pela porta da sala.

Definitivamente a vida era boa.

Chegando na escola Elena logo avistou Damon encostado em seu camaro azul em uma visão que fez seu coração saltar de amor e alegria como sempre. Sem se importar em estacionar direito a morena saltou do carro e correu para os braços do rapaz.

— Bom dia – Saudou ela tirando uma mecha do espesso cabelo preto que insistia em cair sobre os olhos do rapaz.

— Bom dia – Respondeu Damon abrindo os olhos lentamente após beijá-la – Você está radiante, algum motivo especial além de mim?

— Sim!!! – Disse Elena apoiando suas mãos nos ombros dele – Hoje é a seleção das novas líderes de torcida, estou empolgada com tudo isso, me sinto uma verdadeira veterana, é maravilhoso.

Sorrindo pela empolgação de sua garota, Damon segurou seu rosto delicado em suas mãos e a beijou lentamente. Definitivamente aquela era uma das melhores sensações do mundo, só perdia talvez para o sexo com ela, pensou ele.

— Eu tenho que ir, você está me atrasando! – Riu Elena contra os lábios dele.

— Qual é! Eu estou há mais de meia hora te esperando, mereço uns beijos a mais.

— Você chega cedo demais, devia aproveitar para chegar em cima da hora já que mora aqui perto – Murmurou ela antes de beijá-lo novamente.

Damon estava acostumado a sair quarenta minutos mais cedo de sua casa, tudo por conta de seus hábitos antigos de quando morava com seus pais. Agora ele morava apenas com a mãe há dez minutos da escola, mas era difícil para ele estabelecer novos horários. Stefan não precisou passar por esse tipo de coisa, havia permanecido com o pai para estabelecer um novo tipo de relação com ele, portanto, sua rotina era a mesma.

— Vou começar a dormir no seu quarto, isso sim – Resmungou ele nos lábios da garota.

— Eu adoraria – Sorriu ela – Mas por hora eu já estou indo, Caroline vai me matar se eu não estiver no campo em cinco minutos.

— Está liberada – Rendeu-se o moreno – Por hora – Sorriu vendo sua garota se afastar. Algo entretanto o fez dizer um pequeno “Ei” que chamou a atenção de Elena na mesma hora – Eu te amo – Disse assim que ela se virou.

— Eu também amo você – Gargalhou a garota feliz por dizer aquilo. Depois que havia confessado a Damon que o amava em uma tarde chuvosa e ouvido o mesmo dele, ela não se cansava de ouvir as melhores três palavras do mundo.

Agora sem nenhum impedimento Elena entrou na escola, feliz como uma vez havia sido em um passado muito, muito distante e se dirigiu ao campo de futebol onde Caroline gritava de um lado para o outro com uma prancheta de planilhas na mão.

Sem se conter a garota parou por um momento para avaliar sua amiga e notou o quão sortuda era por ter pessoas maravilhosas em sua vida.

Elena saiu horas mais tarde do campo de futebol da escola completamente cansada e faminta. Ficar sentada avaliando coreografias pessoais e habilidades físicas de várias meninas era cansativo, ainda mais quando elas se apresentavam individualmente. E seu armário ela pegou sua carteira para pagar seu almoço e dedicou alguns segundos ao pequeno espelho para checar sua aparência.

— Elena – Saudou Stefan constrangido se aproximando da garota.

Sem demonstrar nenhuma emoção a garota fechou seu armário com força e optou por ficar calada.

— Eu queria falar com você… Já faz um tempo já, é que eu não sei bem como conduzir esse assunto sabe…

Para total acanhamento de Stefan a morena permaneceu em silêncio e arqueou as sobrancelhas em uma aparência debochada para incentivá-lo a falar.

— Sobre aquele dia em que você apareceu em minha casa – Começou ele passando a mão pelo cabelo – Em que… Você sabe… Você disse que estava grávida.

— Ah sobre o dia em que você me chamou de vagabunda e bateu a porta na minha cara? – Cortou ela – Sim, eu me lembro muito bem.

O rosto de Stefan não podia estar mais vermelho. Ele merecia, pensou Elena.

— Sim – Suspirou ele – Eu não devia ter feito aquilo, fui um idiota, não sei nem explicar o porquê de eu ter agido daquele modo.

— Se você não sabe, deixa que eu falo – Sorriu sarcasticamente a garota – É porque você é mesmo um idiota. Vale ressaltar que não um idiota qualquer, mas sim O idiota, que acha que é incrível e essas coisas que caras babacas pensam que são quando na verdade não passam nem perto de ter algum caráter.

— Nossa – Espantou-se Stefan – Não precisa falar assim também.

— O que você quer Stefan – Suspirou Elena sentindo seu estômago roncar de fome.

— É que eu tenho notado as diferenças no seu corpo – Continuou ele enquanto ainda havia alguma coragem dentro de si – Notei que você tem engordado, é por causa do bebê, não é? Você está mesmo grávida.

Sem acreditar no que estava ouvindo Elena colocou a mão na testa e suspirou profundamente. Céus, esse dia estava começando a passar dos limites.

— Tudo bem, pode contar comigo – Continuou Stefan – Não sei como você e Damon vão fazer quando a criança nascer, mas eu quero assumir se for meu filho, eu devo assumir.

— Cale a boca Stefan. Eu engordei porque estou retornando ao meu peso normal – Sibilou Elena olhando ao redor para ver se alguém no corredor havia escutado alguma parte da conversa – Eu não estou grávida, pelo menos não mais.

— O que quer dizer com isso? Você cometeu alguma bobagem com essa criança? – Assustou-se ele – Você não…

— Sim eu abortei – Cortou a morena arrebitando o nariz.

— Você está maluca?! – Exaltou-se Stefan – Como pôde fazer isso? Não envolve só você.

— A partir do momento que você bateu a porta na minha cara não dizia respeito a você também – Respondeu a garota – Em momento algum você quis estar do meu lado, tudo que soube fazer foi dizer coisas ruins ao meu respeito para as pessoas, inclusive para o seu irmão.

— O Damon sabe disso?! – Espantou-se ele – Ele ajudou você?

— O que importa Stefan? Acabou, não se faça de vítima porque esse com toda certeza não é o seu papel.

— Ele te ajudou! Que sacana! – Bradou Stefan.

— Sacana foi você que foi uma babaca quando fui atrás de você – Rebateu Elena – Está com a consciência pesada, está? Pois lide com isso o resto da vida, porque eu sei a escolha que fiz e aceito ela até o final.

— Tudo isso para ficar com Damon? – Murmurou o Salvatore completamente incrédulo.

— Deixe de ser idiota! – Explodiu Elena – Isso não tem nada a ver com Damon, tem a ver com você! Você é o babaca! Tudo o que fiz foi por mim, porque eu tenho sonhos, tenho planos para o futuro e quero vivê-los. Foi uma decisão ruim? Sim, eu sei que foi, sofri e muito por isso, mas a decisão cabia só a mim já que só eu que estava sendo afetada – Dito isso a garota exalou profundamente enquanto se encostava em seu armário e sentia sua raiva parar de fervilhar.

— Eu nem sei o que dizer Elena, me desculpe – Gaguejou Stefan – Eu sei que nada pode mudar o que eu fiz, mas por favor, me desculpe.

— O que está acontecendo aqui? – Indagou Caroline aparecendo repentinamente atrás de Elena.

— Esse idiota está querendo redenção por ter sido um babaca – Suspirou Elena.

Caroline que estava bebendo um gole de seu iogurte engasgou brevemente antes de tomar consciência do que ouvira.

— Você está mesmo passando essa vergonha só para limpar sua consciência? Seu escroto! – Gritou.

— Quem você acha que é loirinha? – Sibilou o loiro – Essa conversa é particular.

Completamente irritada pelo modo como Stefan havia falado com Caroline Elena suspirou e se dirigiu a loira:

— Vem Carol, vamos sair daqui, ele não merece essa perda de tempo.

Assentindo para Elena, Caroline concordou com a atitude da amiga e virou-se para sair dali. No mesmo instante Elena tomou o copo de iogurte das mãos da loira e o despejou sobre os limpos cabelos do Salvatore. Sem acreditar no que estava acontecendo, Stefan fechou os olhos sentindo-se ainda mais idiota com toda aquela situação, ele realmente merecia aquilo, pensou ele.

— Nossa conversa está acabada – Frisou Elena – Ninguém mais deve saber disso, está claro?

Assim que Stefan assentiu Elena se virou para o corredor e notou todos os encarando em expectativas de uma possível briga sem entender o real motivo de tudo aquilo. Aproveitando sua platéia a morena empurrou Stefan com toda a sua força e gargalhou levemente ao vê-lo estatelado no chão. Sem mais Elena decidiu que era hora de ir embora, merecia o resto do dia de folga depois de todas aquelas audições e conflitos. Definitivamente estava tendo um dia agitado.

“Não poderei sair do treino para dar tchau” digitou Damon em seu celular “Mais tarde passo na sua casa para compensar”.

Ao clicar em enviar Damon já podia imaginar-se chegando a casa de Elena e aproveitando sua companhia, sua imaginação foi tanta que fez com que o treino passasse rápido o suficiente para distrair o moreno de sua ânsia de ver sua garota.

Assim que saiu do campo, tomou um banho e guardou suas roupas sujas na mochila o rapaz correu para seu carro e tratou de acelerar o máximo que pode para a casa dos Gilberts.

Chegando lá nem se deu ao trabalho de tocar a campainha, Alaric e Jenna não se importavam nenhum pouco com isso e tal coisa dava brecha ao rapaz para subir diretamente para o quarto de Elena sem ser atrasado por formalidades.

Sem se conter o moreno bateu algumas vezes na porta da garota e sorriu ao ouvir um “Entra”.

— Eu soube que minha garota deu uma lição no meu irmão hoje – Falou Ele andando até Elena – Apesar de ser meu irmão devo admitir que foi bem feito.

— Ele merecia – Sorriu Elena jogando-se nos braços do rapaz.

— Não vamos perder tempo com ele – Murmurou Damon relaxando seu corpo ao envolver a cintura da garota com seus braços – Temos coisas mais importantes a fazer…

— Sim, temos – Concordou Elena rindo.

Sentindo que não havia mais nada a ser dito Damon soltou-se de Elena por um momento para trancar a porta do quarto e logo voltou para seu lugar preferido no mundo, o corpo dela.

Sentindo todas as camadas de roupas que a cobriam o Salvatore sorriu ao pegá-la em seus braços e depositá-la na enorme cama de casal que Elena tinha.

Conforme os minutos foram passando as roupas ganharam um lugar distinto do corpo dos dois, embolaram-se no chão imitando as duas pessoas apaixonadas na cama, pessoas essas que marcavam em um espaço físico do universo o amor épico que tinham.