Circus escrita por MaryDiAngelo, Semideusadorock


Capítulo 8
Ato VII - Sal & Queimaduras


Notas iniciais do capítulo

Olar amorinhas e cerejinhas ♥
Saindo mais um capítulo fresquinho desse espetáculo!

Good Reagind ^-^



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— O que eu falei sobre... — Hades gritava irritado, assim que viu Nico abrir a porta da frente de sua casa.

— Pai! Essa é a Thalia! — ele a interrompeu, dando espaço para a garota aparecer no campo de visão do caçador que parou, estático.

— Opa! Olá, querida, como estão meus modos, não é mesmo? Quer um chá? — o di Angelo mais velho abriu um sorriso, esquecendo-se totalmente da raiva que tinha de seu filho por ter ido ao circo sem permissão e sozinho.

— Não, obrigada... — Thalia respondeu, abrindo um pequeno sorriso tímido e se aproximando um pouco mais de Nico, com medo do que estava acontecendo naquela casa e de todos os olhares voltados para si.

— Eu a trouxe para jantar — Nico comentou.

— Ah, tudo bem... — Hades voltou-se para a cozinha. — Alguém faz a janta!

— Não precisa fazer janta por minha causa! — Thalia irrompeu, mas quando os olhares voltaram todos para si novamente, ela se escondeu atrás de Nico discretamente.

— Eu também não comi — Nico retrucou, subindo as sobrancelhas. — Façam sim, por favor.

— Nico, você não quer levar ela para seu quarto enquanto espera?! — Hades sugeriu, abrindo um sorriso que estava bem na cara que era uma ordem, não uma pergunta.

— Ah... Tudo bem pra você? — ele questionou para a Djinn, que assentiu, sorrindo levemente. — Então vamos.

Ambos subiram para o quarto e Nico quase chocou a mão contra a testa, podendo ver de soslaio Hades correr desesperadamente para esconder as armas que estavam espalhadas pela casa e para dar instruções para os outros caçadores.

— Me desculpe por isso! — Pediu assim que entraram no quarto, vendo-a sorrir timidamente e assentir. — Eu sempre te disse que minha família era estranha.

— É, eu notei. Parecia que eu era uma criatura abominável que estava entrando em um território perigoso!

Olha lá ela descrevendo certinho a situação. Nico pensou consigo mesmo, quase vacilando em seu semblante, mas rindo baixo para manter a pose.

— É que é difícil eu... Convidar alguém pra vir aqui, sabe? Evito que meus amigos descubram como minha família é esquisita.

— É, mora você e mais uns trinta?! Não sei como vocês cabem aqui!

— Ah, você se acostuma — o di Angelo caminhou até a cama, sentando-se na ponta e observando-a.

— É, eu sei bem como é isso — respondeu.

— No circo mora você e mais quantos? Vamos ver se você me vence! — viu a deixa perfeita para arrancar uma informação discretamente, vendo-a franzir o cenho e parecer analisar.

— Olha, eu não lembro ao certo, mas sei que já passou dos cem — Thalia riu. — Ganhei fácil.

Nico arregalou os olhos.

— E como cabe tudo isso lá? Gente! É muita gente!

— Não mora todo mundo lá — ela riu novamente, caminhando até a cama e sentando-se ao lado dele depois que foi lhe dado permissão. — A gente reveza em turnos e tal.

— Interessante... — Nico sorriu minimamente, vendo-a retribuir o sorriso e voltar o olhar para o quarto ao redor.

— Eu não acredito que você tem isso ainda! — Thalia arregalou os olhos quando viu o frasco em cima de um móvel de madeira. Caminhou até lá, abrindo e quase caindo para trás com o cheiro. — Tá vencido! Tá vencido! Repreende, pelo amor!

— Amém! — ele respondeu.

A Grace começou a rir, levando ele a rir junto. E, por um momento, ambos foram invadidos por um sentimento nostálgico de quando eles eram menores e costumavam rir muito das trapalhadas um do outro.

Contudo, o clima confortável não ficou durante muito tempo, pois a porta foi aberta e os fez cessar qualquer gargalhada de imediato. Thalia olhou desconfiada para a porta enquanto Nico comprimiu os lábios, se esforçando para não corar diante do olhar significativo de Bianca.

— O jantar está na mesa... Olá, Thalia.

— Bianca. — A Djinn cumprimentou, sorrindo timidamente e colocando o frasco de vidro no lugar onde havia achado.

— E o Leo? — Bianca foi direto ao ponto, abrindo um pequeno sorriso ao notar que havia ido rápido demais. Mas se era para fingir interesse, tinha que fazer direito, não é mesmo?

— Ah... Ele ficou em casa e vai vir aqui me buscar — Thalia respondeu com as sobrancelhas arqueadas em surpresa.

— Então vocês moram juntos? — a di Angelo cruzou os braços, mantendo um semblante impassível e torcendo para não estar um “então, to querendo informações”.

— É, mais ou menos. Ele acha a casa dele muito cheia, então geralmente ele dorme na minha.

— Ah, sim. Eu acho que volto a tempo de ver ele... Quer dizer, não que eu queira ver ele, mas querendo, sabe? É, então, volto logo! — Bianca comunicou sua saída, forçando um sorriso que era para ser tímido, descendo e acenando para o pai antes de sair da casa.

Os dois amigos seguiram os passos da caçadora, entretanto, quando estavam quase saindo da escada, Hades apareceu ali e sorriu, segurando um copo de água (benta) nas mãos.

— Quer água, Thalia?

Thalia semicerrou os olhos, desconfiada (e um pouco assustada) com o jeito dele para um simples copo de água. Mas, para não ser ingrata, depois de olhar para Nico como uma pergunta silenciosa, estendeu a mão devagar e o pegou, molhando os lábios e sorvendo o liquido sem nenhum problema, mantendo seus olhos no amigo de tempos, que a observava.

Hum... Delicioso... Quer? — ofereceu para Nico, que pensou um pouco ao respeito, mas para não fazer desfeita, pegou e sorveu um pouco, agradecendo por não ter veneno ali, se não era a hora de ele ir para o brejo sem querer.

— Você come ensopado de carne? — Hades questionou, subindo as sobrancelhas e sorrindo de um modo quase psicopata.

— Ah, claro! — ela respondeu, sorrindo minimamente e observando Nico devolver o copo para o mais velho e a puxar de modo delicado pelo braço para que fossem a frente.

Aproveitando da distração da garota, olhou por cima do ombro e fitou o pai com reprovação, sibilando um “para com isso!” sem deixar sair som, subindo as sobrancelhas quando Hades mostrou um dedo não tão educado.

Logo todos estavam sentados ao redor da longa mesa de jantar, mantendo Thalia bem no centro dela, tendo Nico ao seu lado direito e Ariadne ao lado esquerdo. E Hades a sua frente. Nem um pouco suspeito. Imagina.

— Então, Thalia, onde você trabalha? — Hades resolveu puxar um assunto aleatório, apenas para ter certeza que ela não iria mentir.

— No circo. — Ela respondeu, abrindo um sorriso e preferindo conversar ao comer aquele negócio estranho que estava em seu prato. Carne já não era uma coisa agradável de se ver, ainda mais misturado em um ensopado? Assim não ajuda, né amigo?!

— Faz o que lá? — subiu as sobrancelhas, fingindo estar interessado e abrindo um pequeno sorriso para incentiva-la a continuar falando, esperando que ela não notasse Ariadne ao seu lado tremendo (provavelmente contendo o desejo de vingança dentro de seu coração).

— Trapézio.

— Jura? — Hades arrastou o tom, como se estivesse muito surpreso.

— Juro. — Thalia franziu o cenho, meio sem entender tal reação para algo tão simples, mas preferiu não questionar. Nico sempre havia dito que sua família era esquisita, mesmo que ela não esperasse que fosse nesse nível, por enquanto estava tudo sob controle.

— E como você entrou nessa vida? — O chefe dos caçadores questionou, pegando um pedaço de carne com o garfo e levando até os lábios sem desgrudar os olhos dela.

A Grace desviou os olhos para o amigo ao seu lado, pedindo por socorro. Nico riu baixo, voltando-se para seu pai.

— Você está constrangendo a garota!

— Poxa! — Hades fez um bico. — Eu estava tão ansioso por saber mais sobre ela. Nico não traz muitas garotas aqui... Na verdade faz muito tempo que não traz... Talvez nunca trou...

— Pai! — Nico o interrompeu, limpando a garganta. — Amigas, no caso, não é? Minhas amigas.

— Eu não disse nada! — O mais velho ergueu as mãos em sinal de rendição.

Thalia sentiu seu rosto esquentar, mas apenas sorriu, achando graça de como o garoto havia ficado embaraçado com a situação e o jeito que seu pai era divertido e totalmente tranquilo com tais assuntos.

— Desculpe. — Nico murmurou para ela, que assentiu, voltando a olhar para o prato.

Pegou um talher de prata, comprimindo os lábios em um movimento discreto ao empurrar um pedaço de carne, que navegou no caldo. Era semelhante ao cocô dos grifos e, sério, se algum grifo fizer uma pose estranha perto de si: corra o mais rápido possível.

— Você não come carne? — Hades indagou, observando-a atentamente.

— Ah... — Thalia abriu um sorriso tímido para disfarçar o desespero de não ter uma resposta pronta. — Nunca comi, na verdade. Minha família é vegetariana... Sabe? Anti-carnes!

— Não sabem o que estão perdendo. — Ariadne, pela primeira vez, se pronunciou, usando toda a violência possível para cortar um pedaço da pobre carne que estava em seu prato.

— A carne que não está ganhando nada... — a Djinn repeliu, abrindo um sorriso nervoso quando viu os punhos da mulher se cerrarem de tal forma que a fez recuar levemente.

— Perdoe os atos de Ariadne. — Hades chamou a atenção da sobrenatural, a fazendo subir as sobrancelhas. — Ela perdeu um ente querido e está passando por dificuldades, geralmente é pior.

— Ontem ela me deu um soco — Nico comentou, assentindo consigo mesmo. — Não foi nada legal.

— Ah... — Thalia chegou um pouco mais perto de Nico, forçando um sorriso como se tudo estivesse bem, mas seu pensamento só estava um “socorro, que que eu vim fazer aqui, Deus?!”. — Está tudo bem, eu entendo. Meus pêsames.

— Obrigada. — Ariadne respondeu de pronto, assentindo.

— Vamos rezar pelo nosso falecido amigo — Hades ergueu as mãos, pegando o das pessoas que estavam de ambos os lados.

A Grace franziu o cenho, mas apenas deu de ombros, segurando a mão de Nico timidamente e – com muito medo – a de Ariadne.

Eles começaram a rezar e como ela não sabia fazer isso, apenas ficou observando e tentando contar quantas palavras eram ditas. Gente, nunca entendi porque essas orações são tão repetitivas... Será que é algo que se repete em todos os tipos de orações?

— Amém! — o coro a fez se sobressaltar, mas a fez falar também meio descompassada pelo susto.

Finalmente teve as mãos soltas, voltando a atenção para seu prato que parecia se mexer sozinho. No entanto, sua atenção não durou tanto, já que, do nada, sua vida havia ficado mais salgada.

— SAL NO OLHO, SAL NO OLHO! — Nico levou as mãos para o olho, fazendo uma careta após ser acertado por quinze quilos de sal que eram para ir na Grace, já que Hades resolvera testar de tudo para ver se a afetava.

 Thalia olhou para seu ombro, subindo as sobrancelhas ao ver que tinha um pouco de sal em si também, passando a mão como quem não quer nada, tirando-o dali.

— Vem. — Ela se levantou, ajudando o amigo cego a fazer o mesmo. — Vamos lavar isso antes que piore.

— TEM COMO PIORAR? — Nico retrucou, segurando-se no braço dela e com medo de acabar indo de frente com alguma parede e ir parar em outra dimensão.

— Talvez você possa me deixar surda. — Comentou, franzindo os lábios. — Nico, eu to do seu lado. Pra direita, pra direita!

— Aí! — o moreno foi de encontro a mesinha de centro.

— É, senso é algo que você não adquiriu com o tempo.

— TÁ QUEIMANDO!

— Ok, ok! Calma! — Thalia começou a se desesperar, se apressando a chegar no banheiro e o fazendo abaixar a cabeça na pia, abrindo a torneira e deixando que ele fizesse o resto.

Nico, no desespero da coisa, acabou engolindo água, começando a tossir, engasgado.

— Engraçado que você consegue morrer de várias formas em menos de dez segundos. — A Grace arregalou os olhos, batendo nas costas dele que, quando conseguiu respirar, encostou suas mãos na pia e abriu os olhos.

Envolta de suas irises, estava uma vermelhidão. Ele fez um bico.

— Eu odeio sal.

— Acho que aquela Ariadne não gostou de mim... E sua família é bem... Agradável... E estranha. — Thalia sentiu seu rosto esquentar em vergonha, baixando o olhar para seus braços cruzados embaixo dos seios.

— Ariadne não gosta nem dela, fica tranquila. — Nico riu baixo, passando a toalha em seu rosto e suspirando baixo. — Pronta para voltar para lá?

— Não.

— Então vamos.

— Vamos.

~”~

 — Meu irmão está ali. — Bianca franziu os lábios em desgosto, virando-se e espalmando a mão direita no peitoral de seu acompanhante, fazendo-o parar de andar. — Volta. Ele é chato.

— Já tenho intimidade o suficiente para dizer que você também é chata e eu não reclamei? — respondeu, subindo as sobrancelhas e curvando o canto da boca em um sorriso.

— Gosto assim. — A di Angelo sorriu, passando seus braços entorno do pescoço do garoto e aproximando seus rostos devagar. — Nos vemos amanhã.

Ele levou suas mãos até a cintura dela, rindo baixo e assentindo quando ela deixou um beijo em sua bochecha, se afastando por completo e se desvencilhando.

— Até. — Bianca acenou minimamente, levando as mãos para o bolso da frente da calça jeans negra que trajava, caminhando como quem não quer nada até o final da rua, onde Nico estava escorado no arco da porta junto de Thalia e, à frente deles, Leo estava parado.

— E não é que você chegou mesmo a tempo de ver ele? — Thalia foi a primeira a se manifestar, assim que a caçadora deu sinal de vida.

Bianca riu, subindo as escadas que davam acesso para a varanda da casa.

— Oi. — Ela disse antes de estender as mãos, segurando o rosto de Leo entre elas e selando seus lábios em um beijo casto, se afastando logo depois.

— Oi. — Leo respondeu com os olhos arregalados e boquiaberto.

— Tchau. — Bianca respondeu, deixando mais um beijo nos lábios dele e passando por um Nico e uma Thalia estáticos, preferindo ir para seu quarto antes que seu irmão a alcançasse e passasse o resto da noite implicando.

— Tchau... — o lobo murmurou, atordoado. Mas que caralhos havia acontecido ali?!?!

Eles permaneceram em silêncio durante alguns segundos, até que Thalia resolvesse o cortar:

— Constrangedor.

— É... — Nico completou, crispando os lábios e fitando-a. — Enfim, boa noite e me desculpe por tantas perguntas estranhas.

— Tudo bem. — Thalia sorriu. — Eu adorei passar um tempo com você... Boa noite, Nico.

Ela se colocou nas pontas dos pés, deixando um beijo na bochecha dele e sentindo seu rosto esquentar em vergonha. Por tal, preferiu ir até Leo e encaixar seus braços, começando a andar em direção a rua, privando o di Angelo de ver seu rosto vermelho.

Aproveitando disso, o Valdez olhou por cima do ombro, fitando Nico e fazendo um joia com a mão, como quem diz que estava conseguindo avançar em uma espécie de relação, o que lhe custou um tapa bem dado no estômago quando ela percebeu do que se tratava.


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Notas finais do capítulo

YAY! Chegamos ao final de mais um capítulo! :3
O que vocês acharam? O que querem que aconteça? Alguma teoria? Nós gostamos de ouvir teorias!

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Até o próximo o/
Beijos de Escuridão ♥



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