Time of our lives escrita por EsterNW


Capítulo 4
Outro lado


Notas iniciais do capítulo

Hallo hallo, pessoas que acompanham essa fic! Tudo beleza com vocês? Comigo também, mas acho que com a Ann não xD Vamos ver o que que deu depois daquele tempestade que ela pegou.
Boa leitura ;)



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Abri um dos olhos e fechei de novo, sentindo o corpo pesado e minha cabeça doer. Além da garganta parecer arranhada e difícil pra engolir. Como se fosse ironia do destino, entrava sol pela janela do meu quarto, depois daquela tempestade de ontem. Era apenas a vida resolvendo me cumprimentar de manhã e rir da minha cara.

— Ann? — Ouvi minha mãe chamar e abriu uma fresta da porta, colocando a cabeça pra dentro do quarto. — Não vai se arrumar pra escola, querida? Eu e seu pai já estamos tomando café da manhã.

— Não vou hoje não, mãe. — Minha voz era quase mínima e rouca. Socorro, como eu vou cantar assim? — Vou ficar aqui morrendo um pouco. — Além disso, ela estava anasalada por causa do nariz entupido. Odeio ter que respirar pela boca, fico com os lábios todo ressecados por causa disso.

— O que você tem, querida? — Minha mãe entrou no quarto, indo até mim e pondo a mão na minha testa.

— Gripe… — respondi e parei a frase, me preparando pra soltar um espirro que vinha do fundo da alma. Mas era alarme falso. Bufei.

— Vou trazer um remédio pra você.

— Não! Aquele remédio não... — Ela saiu do quarto, sem me dar ouvidos.

Afundei o rosto no travesseiro, já temendo aquele gosto horrível que ia ficar na boca. Já deu de brincar comigo, não é mesmo, vida?

Voltei pra cama, depois de tomar um banho quente revigorante. Claro, isso tudo após dormir até às quatro da tarde, com uma pequena pausa pra um almoço difícil de engolir.

Deitei na cama e me cobri até o pescoço. Apesar do sol, continuava um pouco frio. Tossia feito uma condenada enquanto procurava algo pra assistir. Ouvi uma batida na porta e parei em um canal qualquer.

— Como se sente, querida? — Minha mãe apareceu de novo, perguntando naquele tom de voz que as mães têm com os filhos.

— Morrendo um pouco ainda. — Tossi mais um pouco.

— Vou trazer um xarope pra você. — Me preparava pra levantar da cama e sair correndo, quando minha mãe mudou de assunto. — Aquele seu amigo ruivo apareceu agora pouco. Disse pra ele que você estava doente e pra falar depois com você sobre quando vão poder voltar a ensaiar. — Parei pra pensar, lembrando que nem tinha avisado o Castiel que eu estava doente. Mas isso era a menor das preocupações naquele dia.

— Ele não reclamou? — Olhei pra TV, vendo que estava passando a reprise da versão francesa daquele programa Dancing With the Stars. Era brincadeira...

— Não. Apenas disse que estava tudo bem. Simpático ele — ela comentou e eu dei uma gargalhada. Não era bem minha gargalhada normal, já que minha garganta estava ruim. Tava mais pra aquelas risadas sem som. O Castiel? Simpático? — Que bom ver você rindo. Mas vou pegar o xarope mesmo assim.

Parei, encarando a porta e em choque. Eu poderia me jogar da janela… Ou jogar o xarope da janela.

Já tinha se passado um dia e meio e eu não tinha melhorado quase nada. Minha cabeça não doía mais, porém continuava tossindo feito um cão e todas as outras coisas mais. É, essa gripe foi pesada… A campainha tocou e minha mãe largou a roupa que ela estava costurando, indo atender.

Eu, a pedidos da minha mãe para ir pra um lugar mais “arejado”, tinha trocado o quentinho do meu quarto pela sala. Não mudou praticamente nada, tirando a claridade e…

— O que você tá fazendo aqui? — Fui surpreendida por Castiel passando pela porta da sala, com aquela cara de sempre. Agora eu estava tendo alucinações por causa da gripe? Eu nem estava com febre…

— Ann! Não trate assim as visitas! — Dona Geni ralhou comigo e eu estranhei ainda mais. Isso não pode ser real… — Pode ficar à vontade, querido — ela disse toda simpática pro Castiel. — Vou preparar uma pipoca pra vocês dois. Ann, dê um espaço pro Castiel no sofá. — E foi em direção à cozinha.

Encarei Castiel parado em frente ao sofá. Eu estou sonhando ainda…

— Nunca viu, garota? — Cruzou os braços e continuou parado, como se fosse super normal estar na sala da minha casa. Bem, considerado que ele frequentava minha garagem pra ensaiar…

— Não na minha sala. — Encolhi as pernas na coberta e dei espaço pra ele. — O que você tá fazendo aqui, criatura? — Ele se sentou no sofá e eu atirei uma das almofadas na direção dele. Simplesmente pegou e apoiou nas costas.

— A dona de casa não tá disposta a receber visitas?

Quase ia responder “minhas visitas são seletas”, quando minha mãe apareceu de novo na sala.

— Ainda não colocaram o filme? — Estranhei de novo minha mãe sendo tão simpática com ele. Será que era ela mesma? — Aliás, que filme é, Castiel?

— Dirty Dancing — ele respondeu e tirou um saquinho com um DVD de dentro da jaqueta.

— Não é o mesmo que vocês dois vão dançar? Já vi tantas vezes Dirty Dancing. — Ela pegou o DVD e foi colocar no aparelho, me entregando o controle remoto depois. — Adoro o Patrick Swayze. Era apaixonada por ele na minha adolescência. — Castiel apenas assentiu com a cabeça, sem mudar a expressão. Duvido que ele fosse concordar com a afirmação dela. — Vou trazer a pipoca pra vocês.

Sumiu de novo na cozinha. Fiquei encarando Castiel, como se nunca tivesse visto aquela criatura na minha frente. Se bem que, agindo dessa forma, eu nunca tinha visto mesmo.

— Não vai dar play? — Cruzou os pés e subiu a almofada, pra poder encostar a cabeça nela. — Que foi, garota, pra que essa cara de quem comeu e não gostou?

— Eu acho que tô delirando. — Apontei o controle pra TV, selecionando Iniciar no menu. Castiel riu debochado.

— Garanto que eu sou bem real…

Ele não pôde provocar, pois minha mãe chegou bem na hora com a pipoca.

— Vou terminar com a encomenda do vestido e depois venho assistir com vocês. Divirtam-se. — E ela sumiu na cozinha de novo. Esperei que dona Geni voltasse para oferecer um suco, mas não fez isso. — Não esquece de tomar seu remédio quando of filme acabar, Ann! — ela gritou pra mim da cozinha e eu fiz uma cara azeda, já sentindo aquele gosto ruim na boca. Cruzes…

— Tá explicado porque comeu e não gostou — provocou e eu mostrei a língua.

— Quero ver quando você pegar gripe também.

— Sou vacinado, garota — respondeu e se sentou ainda mais à vontade no sofá, prestando atenção no filme, por incrível que pareça.

Olhei pra tela, pra ele, pra tela, pra cozinha e depois pra ele de novo.

— Agora, fala sério, o que você veio fazer aqui? Assistir Dirty Dancing? — Me encolhi no sofá. Acho que eu estava com febre de novo, pelo frio que estava sentindo.

— Por que não? — Ergui as sobrancelhas, em uma expressão de “ah tá”. Ele deu seu sorriso marca registrada, olhando pra mim bem rápido. — Vim te fazer companhia. Senão você ia encher meu saco reclamando que tava sentindo minha falta. — Fingi uma risada de deboche e prestei atenção na TV. Eu já tinha visto esse filme tantas vezes com a minha mãe, que quase sabia as falas dos personagens. Ela achava o Patrick Swayze um pão, como dizia. — E vou assistir esse troço, pra ver da onde você tirou aquela coreografia doida. Aposto que não tem aquelas firulas todas.

— Ui, quer dançar a do filme, então? Quero ver você rebolar daquele jeito, Elvis. — Comecei a gargalhar, porém ela terminou num acesso de tosse.

— Vou ligar pra funerária — Castiel implicou e eu não consegui rebater, porque não parava de tossir.

— Hora do xarope! — Minha mãe apareceu de novo, sabe se lá como. Talvez tivesse ouvido meu acesso de tosse lá da cozinha.

Esse negócio com gosto de meia suja de novo não…

O filme continuava e Castiel assistia, fazendo piadas, lógico. Pelo menos assim eu não ficava entediada, já que sabia todas as falas… Espera, eu tô dizendo que o Castiel me tirou do tédio?

Balancei a cabeça, tentando não pensar nisso.

One, two, three, tcha tcha tcha. — Baby e Johnny dançavam a segunda coreografia mais conhecida do filme.

— Vê se aprende com ele como fazer o tcha tcha tcha. Você quase parece uma lombriga dançando — provoquei Castiel, vendo que os passos eram parecidos com que faríamos na nossa coreografia. Aquele mesmo, que ele tinha pisado no meu pé na primeira vez.

— Falou a senhora do requebrado — ele devolveu a provocação e eu tive que evitar rir, pra não ter outro acesso de tosse. — Vai dizer que você queria que eu dançasse assim também? — Apontou pra tela, onde os dois protagonistas dançavam no chão.

— Se você quisesse causar um ataque cardíaco na diretora com esse passo aí, a gente podia até tentar. — Castiel gargalhou, derrubando o pote de pipoca vazio no chão. — Mas aposto que você não ia conseguir levantar depois, com dor na coluna. Tem que rebolar muito pra chegar no nível do Swayze, Castiel.

— Papo furado! Você que ia ficar com vergonha de fazer isso na frente de todo mundo, Baby — ele brincou, me chamando pelo nome da protagonista do filme.

— Baby… Você que tava que nem ela no começo, que não queria participar do negócio e agora tá aí… Até assistindo o filme comigo.

— Se acha menos, garota. — Pareceu ficar de mau humor e cruzou os braços.

— E o que que eu disse agora? — Eu, hein… Vai entender o humor daquele ali.

Parando pra pensar, se ele queria ver o filme pra saber da coreografia, por que não fez isso sozinho, na casa dele? Acho que alguém tava sentindo minha falta…

— Em que parte vocês estão, crianças? — Minha mãe apareceu de repente, já tendo terminado o trabalho com o vestido. Encolhi mais as pernas e ela se sentou entre mim e Castiel. — Ah, que pena, acabei perdendo a maior parte do filme.

E as provocações acabaram por ali.

Abri os olhos, sentindo meu pescoço doer. Olhei pro lado, vendo que minha mãe estava na outra ponta do sofá, assistindo uma reprise de America Next Top Model.

— Cadê o Castiel? — perguntei, estranhando não ver ele mais lá. Eu apaguei no meio do filme? Bem, tava meio entediada, assistindo aquilo pela décima vez e com a minha mãe comentando sobre a beleza do Swayze e como ela gostava dos protagonistas.

— Ele foi embora uma hora atrás. — Ela se virou pra mim com um sorriso. — Aquele rapaz é um amor! Acredita que ele te cobriu até mais em cima e te desejou melhoras? Ele acha que eu não vi ele cobrindo você… Estava de olho em vocês. — Parei, tentando processar aquilo. Ela não estava brincando comigo, estava?

Olhei pra baixo, vendo que era verdade sobre eu estar coberta até mais em cima. Será que esse garoto era meio bipolar? Uma hora ele era todo deboche e piadas com a minha cara, em outras era gentil, daquele jeito torto dele. E, mais ainda, quando foi que ele passou a mostrar esse lado arco íris dele comigo? Castiel era mesmo estranho…

— Tá na hora do seu remédio, querida!

Soltei um grunhido e enfiei a cabeça debaixo das cobertas. A vida continuava de deboche com a minha cara, não tinha outra explicação.


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Notas finais do capítulo

Pra quem não conhece a cena do "one, two, three, tcha tcha tcha": https://youtu.be/aiilV691CzY Tá explicado porque a Ann disse que a diretora teria um enfarto se eles dançassem isso xD Pobre Ann, não tomou a vacina pra gripe e deu nisso -q E esse Castiel acha que engana quem, querendo ir lá pra assistir filme com ela, hein?
Nos vemos novamente, nesse mesmo dia, nesse mesmo site, e nessa mesma fic ;) Até lá, povo o/



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