Time of our lives escrita por EsterNW


Capítulo 5
Alguém precisa de ensaio?


Notas iniciais do capítulo

Hallo hallo, meu povo! Tudo beleza com vocês? Prontos pra mais um cap com aquele casal mais debochado que você vai ver hoje -q Então veremos se a Ann finalmente melhorou da gripe :b
Boa leitura ;)



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Depois de três dias vegetando em casa, finalmente me sentia melhor pra voltar à escola. Ainda fungava e tossia um pouco, mas pelo menos eu não precisava mais tomar aqueles remédios com gosto de meia suja, o que já era um avanço enorme.

Nos últimos dias, não vi mais Castiel, apenas Lysandre e Íris apareceram lá em casa para me visitar e passar a matéria que estava perdendo. E falando em matéria, eu tinha que devolver os cadernos que a Íris me emprestou. Só que não vi aquela garota em lugar nenhum o dia todo e o sinal do final das aulas estava tocando.

Fui correndo guardar as minhas coisas no meu armário, quando avistei uma outra cabeleira ruiva. Mas era apenas Castiel indo em direção às escadas. Eu tinha que falar com ele sobre os ensaios, que poderíamos voltar no dia seguinte já, afinal, faltava uma semana e meia para a apresentação e o final das aulas.

Fechei meu armário, batendo a porta com força, e ia começar a correr em direção a Castiel, quando Íris brotou no meio do caminho.

— Ann, oi, você tá melhor já? — Olhei por cima do ombro dela pra escada, porém Castiel já tinha sumido. Forcei um sorriso, sendo simpática com a pobre garota.

— Ainda meio acabada, mas tô melhor sim, Íris. Falando nisso, tenho que devolver o seu caderno…

Depois de devolver o material da Íris e de alguns minutos de conversa sobre provas finais que tiravam nossa sanidade, o concurso e outras coisinhas mais, Melody apareceu e finalmente ela e Íris foram embora. Inventei uma desculpa que tinha algo pra fazer na escola ainda, recusando o convite das duas para irmos embora juntas.

Subi as escadas, indo pro segundo andar em busca do Castiel. Com certeza ele não estaria em uma das salas de aula, então só me sobrava de opção os banheiros ou o auditório. Mas acho que ele não estaria na primeira opção, se fosse, já teria ido embora. Resolvi procurar no auditório, porém não tinha ninguém lá.

Estava quase indo embora, aceitando que ele tinha aprendido a ser ninja como Nathaniel e sumido em pleno ar, quando vi professora Delanay saindo da sala dela. Pra não correr o risco de tomar um sermão por estar por lá naquele horário e ainda não ter ido embora — além da prova de química que eu tinha ido muito mal e da matéria que eu provavelmente ficaria de recuperação — resolvi me esconder no primeiro lugar que me aparecesse.

Puxei a porta de vidro e entrei na sacada do segundo andar. Me encostei à sombra da parede e fiquei olhando para o corredor através do vidro, esperando que ela sumisse. Porém, comecei a ouvir alguém tocando um violão. Parecia um daqueles rock antigos. Já tinha ouvido aquela música em algum lugar.

Virei a cabeça e olhei pra trás, vendo Castiel escorado na mureta alta da sacada, com um cigarro pendendo dos lábios, os olhos fechados, sentindo a música que conseguia tirar do violão de madeira escura. Parei, olhando e admirando aquela música que ele tocava todo concentrado. Eu já tinha ouvido isso antes…

Castiel pareceu nem ter percebido que eu estava ali, de tão concentrado no instrumento. Resolvi não atrapalhar e apenas observar ele tocando. Em certo momento, descendo os dedos mais para baixo no braço do violão, abaixou a cabeça, fazendo com que o cabelo dele caísse, tampando a visão do rosto concentrado e de olhos fechados dele.

Comecei a balançar a cabeça, tendo reconhecido a música que ele tocava como daquela banda que meu pai gosta de ouvir. Ele estava mandando muito bem.

Castiel começou o solo da música, mantendo os dedos mais ao final do braço do instrumento. Fiquei apenas observando. Por incrível que pareça, eu estava admirada com ele tocando. Sim, eu admito. Ele era irritante às vezes — e convenhamos que eu também adorava irritá-lo de vez em quando — e bem relaxado com as coisas, digamos assim. Mas Castiel parecia bastante dedicado à música. Digo isso porque não era a primeira vez que ouvia ele tocar e, em todas, ficava concentrado desse jeito, sentindo a música. Acho que compartilhávamos essa mesma sensação com ela, de apenas senti-la e então deixar a arte fluir... Credo, acho que andei demais com o Lysandre nesses últimos dias, eu não sou assim.

Castiel terminou o solo, voltando pra parte do refrão.

— With the birds I share this lonely view... — ele começou a sussurrar a letra da canção e eu parei surpresa. Ele realmente estava concentrado no negócio.

Cruzei os braços e me virei totalmente de frente pra ele, que murmurava a letra da canção. Acabei me empolgando tanto que eu mesma comecei a cantar baixinho.

De repente, Castiel tirou o cigarro da boca, atirando a bituca lá pra baixo. Espero que não tenha acertado em ninguém. Em seguida, ergueu o rosto com aquele sorriso marca registrada dele. Os olhos abertos, olhando para o instrumento que ele segurava.

Começou a tocar outra música, agora em um tom mais agudo. Castiel parecia bem sossegado com o violão, brincando com os dedos pelas cordas, sem a palheta dessa vez, estando ela presa entre os dedos dele.

— Resolveu ficar me espionando, Baby? — ele falou do nada, me assustando, enquanto ainda tocava a música.

— Parece que você gostou tanto do filme, que agora resolveu ficar me chamando pelo nome da protagonista, né? — Castiel não respondeu, apenas deu aquela risada rouca dele. Sorri travessa, me aproximando dele, até ficarmos lado a lado. Me encostei na mureta da sacada, apoiando as mãos nela. — E ainda aprendeu a tocar Memory por mim? Que fofo. — Dei uma cutucada no braço dele, rindo.

Castiel abaixou a cabeça, com os cabelos caindo de novo na frente do rosto.

— Se acha menos, garota. Acabei aprendendo a música de tanto ouvir vocês no domingo.

Ele fez um vibrato no instrumento e eu resolvi começar a cantar.

— Daylight, I must wait for the sunrise. — Comecei completamente errada e fora do tom, devido à falta de preparo antes, pra cantar direto em um tom tão agudo.

Castiel parou de tocar, rindo.

— Parece que alguém aqui tá precisando de ensaios também — zuou comigo e eu dei um empurrão no braço dele.

— Fala de mim, mas você também tá precisando de ensaios, ô criatura. — Castiel parou de rir e enfiou a palheta nas cordas do braço do violão. — Vim falar com você sobre isso.

— Daí a senhora do requebrado ficou tão encantada com a minha pessoa que até esqueceu do que ia falar. — Encarei ele com cara de “mas você tá doido?”. Castiel começou a guardar o violão na capa, que estava jogada aos seus pés. — Acha mesmo que eu não vi quando você chegou e ficou parada me olhando? — Fez um barulho de “tsc”, completamente se achando.

— Não posso mais ouvir música agora, é? — Cortei o assunto e Castiel continuou rindo. Bufei, cruzando os braços. — Só vim te avisar que a gente pode voltar com os ensaios amanhã, tudo bem pra você?

— Beleza — respondeu monossilábico, colocando o violão nas costas. — Vai poder me admirar mais um pouco amanhã. — Se achou desse jeito e eu revirei os olhos.

— Se acha menos, Castiel.

Sai da sacada, enquanto ele continuava rindo.

...

“ ‘Cause I have the time of my life

And I searched through every open door

'Till I find the truth”

— Frente, trás, frente, trás — fui contando os passos, conforme eu e Castiel dançávamos. Ele estava realmente concentrado no negócio, com direito a um suorzinho escorrendo pela testa e os cabelos presos. Eu também devia estar um pouco acabada.

Último dia de ensaios e era a hora de arrumar todos os passos e corrigir todos os possíveis erros.

Se eu estava querendo ganhar esse concurso? Obviamente.

No começo dos ensaios, eu achava isso impossível, tendo um parceiro como o Castiel. Porém… Não é que ele melhorou? Não sei se era o suficiente pra gente ficar em primeiro lugar no concurso, mas com certeza mandaríamos bem.

— Giro! — orientei e ele me segurou pela cintura, me erguendo do chão e me fazendo girar no ar.

Estiquei o pescoço pra trás, seguindo com a coreografia, mas ao mesmo tempo atenta, pra ver se Castiel fazia tudo certo. Voltei a olhar pra ele, que me encarou com aquele seu sorriso e um olhar de “diz aí, eu mando bem, né?”.

O ruivo me colocou de volta ao chão e me fez dar outro giro, dando uma piscadinha pra mim, quando eu parei frente a ele. Em seguida, seguiu para seu pequeno solo de dança.

Quando voltamos aos ensaios, eu realmente me impressionei com a evolução do Castiel. Ele evoluiu de lombriga dançarina para um participante do Dancing With the Stars com alguns programas de treino. Cheguei até a perguntar se tinha treinado em casa, mas ele desconversou. Castiel não admitia, mas ele acabou gostando daquilo tudo, eu sabia.

E fiquei dançando no meu lugar, enquanto via ele indo pra frente, com aquele seu requebrado meio mais ou menos. Ri, vendo que ele tinha pego certo jeito.

Castiel vinha se esforçando mais nos ensaios e eu me estressava menos com ele. Lógico, aquela criatura não largava mão das provocações aqui e ali, mas eu até que gostava daquilo, admito. Afinal, que graça tem a gente só ensaiar e é isso aí? Pelo menos a gente se divertia.

Castiel parou e se virou, me chamando com o dedo. Respirei fundo, me preparando para o temido passo. Mas, seguindo o ritmo dos últimos dias, eu não cairia mais no chão e meus hematomas finalmente poderiam começar a sarar.

Corri e senti suas mãos me segurarem, sendo erguida em seguida.

“This could be love

Because I’ve had the time of my life

And I never felt this way before”

Logo fui descida de volta pro chão e Castiel segurou na minha cintura, enquanto eu passei os braços pelo seu pescoço, dançando enquanto a música ia acabando.

— Parece que não preciso mais usar sapatos de ferro. Alguém não pisa mais no meu pé — zuei com ele e Castiel riu.

— Parece que alguém aprendeu a dançar então.

A música acabou e finalizamos a coreografia. Me soltei dele e fui até meu celular parar, antes que ela voltasse pro começo.

— Tá falando de mim por acaso? — ri e parei, olhando pra ele com um olhar de provocação. — Não era eu que parecia uma lombriga dançarina... Elvis. — Mandei uma piscadinha pra ele e ri, enquanto Castiel ia pegar a jaqueta dele, colocando-a sobre o ombro. — Ei, eu não disse que o ensaio acabou.

— E já não deu por hoje? Eu quase virei aquele Swayze pra dançar com você. — Parou perto de mim, soltando o cabelo e enroscando o elástico no pulso. — Amanhã a gente dança mais.

— Amanhã é o dia do concurso! — Castiel começou a caminhar em direção à porta da garagem.

— Por isso mesmo — respondeu o óbvio e parei com as mãos na cintura, revirando os olhos. Castiel começou a se mexer, parecendo que ia colocar a jaqueta. — Você não vai vestir esse negócio suado desse jeito, né?

— Te incomoda? — Ele parou no meio do caminho, com um braço vestido.

— Você lavou esse negócio esses dias, tá cheiroso ainda e vai vestir fedendo suor?

Qual era a lógica dessa pessoa? Castiel terminou de vestir o outro braço.

— E como você sabe que eu lavei minha jaqueta esses dias? — devolveu minha afirmação contra mim e eu fiquei quieta, encarando ele com cara de tacho.

Okay… Sai dessa agora, Anne-Marie!

— Ué, é culpa minha se você usa um amaciante cheiroso e ainda fica usando essa jaqueta enquanto a gente dança? — Dei de ombros e tirei um cabelo úmido do meu rosto. Credo, eu precisava de um banho!

Castiel riu e eu caminhei para mais perto, indo abrir a porta da garagem.

— Você que fica dando umas cheiradas no meu cangote e não admite.

Explodi em uma gargalhada, parando com a mão a caminho de abrir a porta.

— Se acha menos, vai. — Castiel se aproximou de mim, parando a menos de um braço de distância, fazendo com que eu erguesse um pouco os olhos pra falar com ele. — Pra que eu ia ficar te cheirando?

— E eu vou saber? — Ele deu de ombros e ficamos uns segundos em silêncio, só encarando o outro com aquela proximidade toda.

Desde quando eu me sentia meio intimidada com uma situação assim? Mas aquele momento era estranho, tinha que admitir. Parecia que o ar estava diminuindo quando a gente se encarava e ele olhava pra mim e eu…

— Ann, Castiel. — A voz da minha mãe interrompeu aquele momento estranho e Castiel deu um passo pra trás. — Vocês querem um lanche, crianças? Faz tempo que vocês estão aí. Até escureceu. — Minha mãe apareceu sorrindo na garagem, nem sentindo aquele momento tensão que estava no ar ainda.

— Hoje não, dona Geni. Estou indo pra casa, tenho que dar comida pro Dragon ainda.

— Que pena! Quem sabe na próxima vez você não experimenta meu café? — Ela sorriu pra ele e Castiel concordou com a cabeça. — Ann, você acompanha o Castiel até o portão?

Disse que faria isso e abri o portão da garagem, aproveitando que a minha mãe se despedia do Castiel.

Ela disse pra ele voltar mais vezes e saímos, enquanto ela fechava o portão. Paramos do lado de fora de casa.

— Te vejo amanhã no concurso — Castiel foi o primeiro a cortar aquele momento estranho de silêncio entre a gente.

— E vê se não se atrasa. Ou eu te busco e te arrasto pelas orelhas pra escola. — Parei com as mãos na cintura e olhei com provocação pra ele, finalmente encontrando a Ann de volta dentro de mim.

— Quero ver você tentar — ele devolveu e se virou para ir embora, não dando tempo de eu responder de volta. — Até amanhã, Ann — disse e se virou pra mim, com seu sorriso marca registrada.

— Até amanhã, Castiel.

E ele se virou de novo, indo embora. Fiquei parada de braços cruzados, observando até ele sumir das minhas vistas.

Então, respirei fundo e entrei em casa. Devia ser o cheiro do amaciante dele que mexeu um pouco com a minha cabeça, só podia ser.


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Notas finais do capítulo

A música que o Castiel toca é Scar Tissue, do Red Hot Chili Peppers: https://youtu.be/mzJj5-lubeM
Quem a Ann está tentando enganar, não é mesmo? Ela ficou toda boba com o Castiel lá tocando xD E poxa, dona Geni, por que não demorou mais um pouco pra chegar? Desse jeito seu shipp não vai ficar junto -q
Por hoje é só, povo! Até a próxima o/



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