O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 27
Vinte e sete


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoal?! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Bem, eu não ando muito bem. Estou com uma dor de cabeca terrível que vai e volta desde sábado. Deus me ajude. Mas fora isso, tudo caminhando hahah.
Bem, este é o capítulo 27. Espero que gostem dele ;)



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Naquela noite consegui notar algumas coisas sobre os clubes noturnos:

1) A maioria das pessoas que estavam reunidas lá, não sabiam dançar;
2) Elas não estavam lá para precisamente dançar e sim beber;
3) Todos os banheiros de clubes noturnos eram incrivelmente nojentos;
4) Os holofotes pareciam seguir o mesmo padrão em todos eles: coloridos e girando de um lado para o outro.

Jullian não parecia ser do tipo que ia para esses lugares para dançar e sim para beber e observar. Assim como eu. Bem, eu não estava lá para dançar. Com certeza, não! E a bebida...

– O que vai querer beber? - ele me perguntou daquele jeito que todos fazem dentro de um lugar barulhento como um clube noturno: gritando perto do ouvido.

Eu sabia que Jullian tinha um problema sério com bebida e aquela situação me deixou hesitante. Talvez eu devesse ficar cem por cento sóbria naquela noite. Dei de ombros e gritei que apenas um refrigerante estava bom.

– O que foi? Está com medo de eu bater o carro?

Na verdade, sim. - pensei.

– Só um refrigerante, Jullian. - insisti.

– Tá. - ele fez uma careta e pediu uma garrafa de cerveja e uma Coca-Cola para o barman.

Estávamos em pé em frente ao balcão do bar. Eu olhava para o teto bem na hora em que um holofote amarelo apontou para minha direção. Aquilo quase me cegou. Eu devia ficar apreensiva com Jullian e a bebida.

O senti cutucar meu braço. Ele estendeu um copo grande e transparente de Coca-Cola para mim. Meus dedos tornaram-se gelados no mesmo instante por causa da temperatura do refrigerante.

– É impressionante como aqui toca muita música americana.

Jullian bebeu alguns goles da cerveja; grandes e sedentos goles. Deu de ombros e disse:

– O que posso dizer? Vocês dominam o mundo.

Olhei ao redor sentindo a vibração da  música pelo meu corpo. Era tão alta que meu coração parecia bater junto com suas batidas.

– Então, já conseguiu tudo o que queria aos vinte e quatro anos? - Jullian perguntou.

Virei-me para olhá-lo. Ele me olhava atentamente esperando a resposta. Tinha um dos braços apoiados no balcão do bar.

– Não. E você, já tem tudo o que quer?

Ele me deu um sorriso afetado.

– Como se já não soubesse a resposta.

Olhei em volta antes de perguntar:

– E o que está te faltando?

Jullian não pareceu ter ouvido minha pergunta, pois disse:

– Vamos para o último andar. - apontou para cima.

***

O último andar daquele clube era algo muito melhor. Tinha mesinhas vagas e sofás onde podíamos nos sentar e olhar as pessoas lá embaixo. Jullian e eu ficamos em pé, apesar das regalias.  Estávamos apoiados no muro de vidro e conversávamos.

– E então? O que lhe falta?

Jullian tomou mais alguns goles da cerveja. Tinha a impressão que a garrafa já estava no fim.

– Paz e felicidade.

Eu tinha a impressão de que era isso que todo o ser humano mais desejava e nunca parecia encontrar. E dinheiro também. Mas, eu julgava que dinheiro não era um problema para Jullian. Não porque o sr. Zarch era rico. Mas porque ele era jornalista em Copenhague, era independente financeiramente e sozinho. E além de tudo, a Dinamarca tinha um índice de pobreza muito baixo.

Era muito claro para mim que Jullian não era como o pai, e não gostaria de uma resposta filosófica do tipo "isso é o que todo ser humano quer". Então, apenas assenti.

– Só não sei quando ou como vou encontrar.

– Já parou para pensar que, ás vezes você já tem ambas as coisas, mas seu modo de olhar para o que você tem, não permite que você as enxergue?

Bem, lá estava uma resposta filosófica. Ele fez cara de deboche.

– Você realmente passa muito tempo com o meu pai, Wendy.

Eu podia levar o assunto adiante, mas preferi não responder àquilo. Na verdade, o silêncio se instalou entre nós por um período. Fiquei absorta olhando as pessoas dançando na pista  e ouvindo a música.

– O que falta para você?

Olhei para Jullian. Pensei por um momento e dei de ombros:

– Ainda tenho muito o que viver e descobrir. Não parei por aqui. Quero muitas coisas e, acredito que vou continuar querendo mais e mais conforme for envelhecendo. Você sabe: anos de vida para mim, para meus pais, saúde para os filhos...

– Você quer ter filhos?

Seus olhos fitavam meu rosto atentamente. Dei de ombros:

– Claro. Um dia, sim.

Ele assentiu parecendo impressionado.

– Fora essas coisas clichês, tem algo a mais que queira?

Pensei em sua pergunta.

– Sabe de uma coisa? Não sei o que eu quero. Agora eu quero viver o momento e me sentir bem. Não sei o que vou querer amanhã.

– Um dia de cada vez. - concluiu ele. - Gostei.

Sua garrafa de cerveja acabou. Eu estava na metade do copo de Coca-Cola.

– Vou pegar outra bebida e já volto.

Assenti sentindo que aquilo não era muito correto. Como poderia controlá-lo? O observei no pequeno bar daquele último andar. Seus cabelos loiros encontravam-se intactos, do mesmo jeito que tinham saído de casa. Eu já sentia minha juba um pouco arrepiada, ainda que estivesse presa em um rabo de cavalo.

– Ei querida, está sozinha aqui? - senti uma mão segurar meu braço esquerdo.

Olhei para a mão em meu braço e para quem ela pertencia. Um homem alto de ombros largos vestido com uma camisa social branca me encarava com um sorrisinho nos lábios. Seu cabelo era cortado baixinho, seus traços eram um pouco grosseiros e ele cheirava a bebida.

– Desculpe, será que pode soltar meu braço?

– Eu te pago uma bebida, vamos lá!

– Não, eu não quero. Já estou bebendo, obrigada.

Tentei desvencilhar meu braço de sua mão, mas ele estava apertando-o. Franzi o cenho.

– Solta o meu braço. - disse.

– Qual é, gata?! Só uma bebida...

– Ei, ela já disse que não! Por que não solta o braço dela?

Meu coração estava disparado. Jullian agora estava do meu lado com outra garrafa de cerveja na mão. Olhava para o cara que era poucos centímetros mais alto do que ele. O grandalhão me soltou e encarou Jullian de cara feia.

– E quem é você para me dizer o que fazer?

Jullian o olhou com cara de desdém e nojo.

– Olha cara, você está claramente bêbado e nós não queremos brigar. Por que não dá meia volta e se afasta?

O que aconteceu em seguida me paralisou por um instante. O grandalhão largo bateu a mão na garrafa de cerveja de Jullian, a derrubando com força no chão, espatifando-a. As pessoas olharam. Por um segundo, pareceu que o clube inteiro tinha parado. Mas era apenas impressão.

Olhei assustada para Jullian. Ele estava olhando para a garrafa de cerveja no chão. Parecia tentando controlar sua raiva, mas podia ver seus punhos cerrados e o maxilar travado.

– Tudo bem, você pode ir no bar e comprar outra para mim. Vou esperar...

Gritei quando Jullian parou de falar logo após levar um soco. Ele caiu no chão.

– Jullian! - fui me abaixar ao seu lado para ajudá-lo, mas ele foi rápido e se levantou antes que eu pudesse fazê-lo.

Observei com espanto Jullian ir para cima do cara e derrubá-lo no chão com um soco no rosto. Ele encontrava-se em uma espécie de luta de MMA com o cara. Eu estava apavorada. Nem mesmo conseguia gritar ou chamar o nome de Jullian. Fiquei parada e em pé, sustentando meu peso no muro de vidro torcendo para que alguém os separasse. Foi um alívio quando o fizeram e expulsaram nós três de lá de dentro.


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Notas finais do capítulo

Tiro, porrada e bomba não é mesmo?
O que vocês acharam desse capítulo?? Sei que foi curtinho, mas tenho certeza que vão gostar do outro.
Espero que estejam preparando o coração de vcs porque não vai ser nada fácil aguentar o que está por vir.
Por favor, rezem pra essa dor parar de me incapacitar de escrever nossa história kkkkk tá difícil viu.
Mas vamos indo...
Espero que todos estejam muito bem.
Amo vocês e obrigada pelo apoio ♡ significa mt!
Beijos e até o próximo,
Lê ♡



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