O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 28
Vinte e oito


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal? Como vocês estão hoje? Eu espero que todos muito bem.
Preciso falar algumas coisas com vocês, mas vou deixar para as notas finais kkkkk
Espero muito que gostem desse capítulo ❤



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No estacionamento, enquanto andávamos lado a lado, minhas mãos tremiam. Eu estava morrendo de medo de que aqueles dois malucos continuassem a brigar ali fora. Jullian estava visivelmente alterado e provocava o cara - que estava sendo levado até um carro por alguns amigos.

– Jullian, por favor, pare! - pedi desesperada.

Ele se calou e destrancou o carro. Eu entrei  e me sentei no banco do carona. Quando Jullian fechou a porta ao seu lado, acendi a luz amarela e pálida no teto do carro.

– Deixa eu ver isso. - falei com urgência.

Segurei seu rosto com ambas as mãos e analisei o ferimento no canto de sua boca. Seu nariz sangrava.

– Isso está horrível.  - franzi o cenho.

Jullian me olhava com os olhos cansados e em silêncio.

– Você consegue dirigir? Eu posso dirigir se quiser...

– Está tudo bem. - sua resposta veio quase como que um sussurro.

Soltei seu rosto.

– Procure uma farmácia. - disse. - Assim podemos limpar isso.

Jullian se virou para frente e colocou a chave do carro na ignição. Coloquei o cinto de segurança e ele começou a dirigir. Eu não sabia o que dizer. Na verdade, ainda sentia as mãos trêmulas de nervoso. Ele não quebrou o silêncio até acharmos uma farmácia  de volta à cidade. Era a única aberta até aquela hora e tinha um estacionamento consideravelmente grande e vazio.

– Eu já volto. - disse quando ele estacionou.

Abri a porta e a fechei logo em seguida. Minhas pernas estavam bambas e agora eu sentia frio. Talvez fosse efeito do nervoso.

Entrei na farmácia que tinha um letreiro amarelo aceso em cima. O local dispunha de janelas largas de vidro que me permitiam ver o estacionamento vazio. Dentro do recinto, fui até a prateleira de gaze e peguei dois pacotes. Também peguei algodão, esparadrapo e antisséptico. Eu estava com pressa e coloquei uma nota de 50 kroner no balcão em frente ao atendente.

Ele me olhou sério. Era um adolescente de cabelos até os ombros encaracolados. Não me desejou boa noite nem nada. Não me importei. Só queria que ele me desse logo o troco e as coisas em um saco de papelão.

Ele cobrou e me deu o troco. Joguei o dinheiro de qualquer jeito dentro da bolsa e peguei o saco de papelão.

– Tak! - agradeço e saio às pressas.

Quando saio da farmácia, vejo que Jullian está parado em frente ao carro. O capô serve de encosto para ele. Ele me olha com a cabeça tombada para trás.

– Acho que aquele desgraçado quebrou o meu nariz! - diz quando estou perto o suficiente.

Não respondo e abro o saco de papelão. Pego de lá um pacote de gaze e o antisséptico.

– Segure. - devolvo o saco para ele.

Despejo o antisséptico em duas gazes. As encharco com o produto.

– Deixe a cabeça reta. - digo.

Jullian olha para o meu rosto, agora com a cabeça em um ângulo normal. Eu começo pelo seu nariz, já que é o que está mais feio. Ele estremece ao sentir a gaze contra a pele. Estou limpando cuidadosamente, tirando o excesso de sangue. Fazer aquilo, faz com que eu tenha que encarar sua boca um pouco inchada.

– Você vai ter que tomar algum analgésico quando chegar em casa, Jullian. Vai sentir bastante dor.

– Já estou sentindo. - retruca.

Por algum motivo, sinto-me frustrada e chateada. Não que a culpa seja de Jullian. O cara realmente tinha sido um imbecil; mas mesmo assim... por algum motivo louco e desconhecido, não estava conseguindo ser muito simpática com Jullian no momento. Eu estava nervosa, minhas mãos tremiam enquanto molhava mais gazes com o antisséptico.

– Você está bem? Está tremendo.

Olhei para seu rosto novamente enquanto terminava de limpar o sangue do seu nariz e da cútis acima de seus lábios.

– Vou ficar bem.

Ele estremeceu quando passei a gaze entre seu lábio superior e o nariz.

– Desculpe. - disse.

Quando terminei de limpar, segurei seu rosto com ambas as mãos novamente para analisar.

– Não quebrou o nariz, mas o soco que você levou... vai ficar doendo por dias! Está um pouco inchado.

– Que ótimo! - revira os olhos.

Pego as gazes sujas e coloco dentro do pacote vazio. Tinha conseguido limpar tudo apenas com um pacote. Meus dedos estavam um pouco sujos de sangue seco.

Olhei em volta pelo estacionamento. Um carro tinha acabado de entrar, cortando o silêncio da noite. Eu sentia frio ali. Não tinha sido uma boa noite para sair de vestido. Observei um homem de meia idade vestindo pijama sair do carro. Ele parecia exausto e nos cumprimentou com um maneio de cabeça.

– Vamos entrar no carro, você está arrepiada.

Olhei para Jullian. Seus olhos azuis analisaram meu rosto. Ele não parecia muito contente e tinha certeza de que eu também não.

Entrei dentro do carro novamente e Jullian contornou o veículo para também entrar. Um calafrio percorreu pelo meu corpo. Depois de Jullian entrar e fechar a porta, jogou o pacote de papelão no banco de trás e suspirou alto.

Encarei meus dedos com manchas vermelhas de sangue seco.

– Desculpe por isso. Arruinei sua noite.

Olhei para seu rosto. Ele encarava o vazio à frente, pensativo. De perfil, seu nariz continuava reto, mas estava, de fato, um pouco inchado.

– Está tudo bem, Jullian. - respondi.

Queria esconder minha chateação. A culpa não era dele. Ele tinha vindo me defender daquele imbecil. Mesmo assim, estava chateada.

– Talvez devêssemos voltar logo para casa. Está tarde e...

– Obrigado por... limpar e tudo o mais.

Ele se virou para olhar para mim. Nos encaramos em um silêncio profundo por quase um minuto inteiro. Nossas respirações eram tudo o que podíamos ouvir. Ali dentro do carro, o ar estava estagnado, ainda que uma pequena brecha estivesse aberta na janela de Jullian. Balancei a cabeça em negativa e olhei para minhas mãos no meu colo:

– É claro! Não precisa agradecer.

– Só fiz isso porque aquele imbecil... - ele fechou os olhos e balançou a cabeça. Fiquei esperando que ele terminasse a frase.

Quando Jullian voltou a abrir ambos os olhos novamente, falou:

– Eu não estou bêbado.

Franzi o cenho. Então era por isso que ele parecia tão perturbado e chateado? Pelo o que eu poderia estar pensando? Aquilo nem mesmo tinha passado por minha cabeça. Disse isso a ele. Era verdade.

– Não se preocupe com isso, Jullian. Está tudo bem. De qualquer forma, agradeço por ter me levado para sair. Foi bom e...

– Ah, por favor! Bom? Foi horrível.

Assustei-me um pouco quando ele bateu a mão no volante. A buzina se manifestou.

– Porra!

Ele estava olhando pela janela e passava a língua pelos lábios. Suspirei.

– Está tudo bem Jullian, mesmo...

– Não está, não.

– Bem, nem todo mundo é civilizado. Aquele cara não era. - dei de ombros. - É melhor não se martirizar por isso. Não foi o primeiro cara a me abordar em lugares públicos. Provavelmente não será o último a agir como um babaca.

Ele permaneceu em silêncio, imerso em pensamentos.  Por mais que eu quisesse muito ir embora, respeitei seu tempo, não disse nada. Apenas fiquei olhando para a farmácia à nossa frente.

– Você é uma boa pessoa, sabe? Queria ter feito algo legal.

Aquilo me pegou de surpresa. Jullian estava me olhando fixamente agora. Senti minha face esquentando.

– Você fez. E eu agradeço. - balancei a cabeça. - Vamos esquecer isso. Eu nem sou legal assim, lembra? Sou invasiva e tudo o mais.

– Acho que é por isso que é especial.

Engoli em seco. Minha boca realmente tinha secado. De onde aquilo tinha vindo? Jullian estava me olhando de um jeito estranho. Estávamos muito próximos um do outro.

– Você é intrometida e tudo o mais. Mas você se importa com as pessoas. Você é diferente de qualquer pessoa que conheci, Wendy. - balançou a cabeça. - Sei que sou um babaca na maioria das vezes. É o meu jeito, eu acho. Mas, hoje eu queria fazer algo legal. Você merecia, está longe da sua família e...

Senti meus olhos arderem. Era bom ele parar de falar. Percebi que tinha uma casca de sangue perto do seu lábio superior. Passei o polegar para tirar.

– Obrigada. Tudo isso já significa muito para mim. Sua força de vontade. Além do mais, saímos. Está tudo bem. Por favor, esqueça isso.

Eu terminei minha fala quase sussurrando. Eu estava paralisada com o olhar intenso de Jullian sobre mim. Engoli em seco quando o percebi se aproximar de mim. A luz do carro estava apagada. O que iluminava dentro do veículo era a iluminação da farmácia e do estacionamento.

Senti a respiração quente e leve de Jullian em meu rosto. Suas mãos seguraram meu rosto, seus dedos roçaram um pouco nos meus cabelos na parte inferior da cabeça, perto da nuca. Engoli em seco. Algo estava prestes a acontecer. Meu coração rasgaria meu peito.

Os olhos azuis dele fitavam meus lábios. Ele umedeceu os seus, passando a língua por eles. Minhas pálpebras se fecharam no mesmo instante que senti os lábios macios e quentes de Jullian pressionarem os meus. Um arrepio percorreu meu corpo, eletrizando-o. Sua língua acariciou a minha com gentileza e urgência ao mesmo tempo. Por um momento, não pensei em nada.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu quero muito saber o que vocês acharam desse tão esperado beijo entre esses dois viu? Kkkkkkk. Me contem tudo!

Bem pessoal, na verdade tenho que abrir meu coração aqui com vocês. Eu estou muito desanimada para escrever tem umas duas semanas. O fato é que, faz uns 8 dias direto que eu estou sentindo dores de cabeça. Elas vêm e aí se eu tomo um remédio muito forte, até melhoram. Aí no outro dia, lá está ela de novo. Na verdade, passei um tempo atrás em um neurologista e ele disse que é enxaqueca. Bem, eu estou muito preocupada, sabe? Com medo de não ser só uma enxaqueca. Sou bem paranoica com essas coisas. Enfim, estou tomando remédio forte para meio que controlar as dores, mas o ruim é que ele me deixa super lesada. Não sei se é porque faz poucos dias que comecei a tomar, mas estou super sonolenta e tudo o mais. Essas dores e todo esse processo tá afetando bastante minha rotina. Tô até com medo de começar a me afetar no trabalho.
Enfim, o que quero dizer é que, Infelizmente, Acho que por um tempo, os capítulos ficarão um pouco atrasados para sair. Pelo menos enquanto eu não conseguir me dedicar totalmente como estava até agora. Não quero que a qualidade da história caia e nem quero escrever algo que não me deixe satisfeita.
Por isso, eu super peço a paciência de vocês. Não vou abandonar a história e nem parar de escrevê-la. Ela é super importante para mim e espero escrevê-la até a very última palavra. Mas ultimamente está um pouco difícil. Estou visando cuidar da minha saúde. Espero que entendam.
Por favor, continuem acompanhando. Farei tudo possível para que eu consiga postar os capítulos o mais rápido possível pra vocês. Sinceramente ♡
Não parem de ler. E preparem os corações e lencinhos.
Amo vocês e obrigada por todos os comentários lindos de quem comenta. Vocês dão cor nos meus dias viu? É obrigada pela recomendação minha leitora nova (você sabe quem você é kkkk).
Obrigada gente!
Vejo vocês no próximo capítulo. Em breve. Assim espero.

Um beijo grande da Lê ♡



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