O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 23
Vinte e três


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo!!!
Capítulo 23 para vocês!!!



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Após o término do filme, passavam-se das uma e dez da madrugada. Para minha segurança, tinha os pés para cima do sofá e estava abraçada com meus próprios joelhos. Os créditos finais estavam rolando. Ouvi Jullian bocejar ao meu lado.

— E então ruiva, o que você achou?

Revirei os olhos por causa do "ruiva". Queria que ele não me chamasse daquilo, pois me lembrava de Louis.

— Bem, é perturbador. - olhei para seu rosto. 

O que ele fez em seguida me surpreendeu de tal maneira que o ar pareceu se esvair dos meus pulmões. Jullian sorriu de modo surpreendente, com os dentes à mostra e balançou a cabeça em negativa, como se estivesse me achando boba. Aquilo me desconcertou de tal maneira que poderia ter ficado boquiaberta. No final das contas, acabei sorrindo também e balançando a cabeça olhando para meus joelhos.

— Posso dizer alguma coisa? - falei tirando um pedacinho de pele do meu dedo.

— Sim.

Olhei para seu rosto, ele esperava apreensivo. Os olhos azuis pareciam cansados e seus cabelos loiros permaneciam impecavelmente puxados para trás com seus cachos nas pontas.

— Você devia sorrir mais. Fica bem em você.

A princípio ele pareceu bastante surpreso com aquilo. Acho que corei, pois senti minha face esquentando. Mas, talvez, Jullian precisasse de um estímulo àquilo, já que estava sempre tão fechado, mau-humorado e sendo um "dinamarquês nato". Ou apenas sendo ele mesmo.

Suas sobrancelhas uniram-se ligeiramente e ele piscou algumas vezes.

— Obrigada, ruiva.

Exasperada disse:

— Por favor, poderia não me chamar de ruiva?

— Qual é o seu problema com essa palavra? 

— Um cara me chamava assim e... - engoli em seco e desviei o olhar de seu rosto. - eu não quero lembrar dele.

— As coisas não acabaram bem?

Dei de ombros.

— Elas nem tinham começado, eu acho. Mas eu fui idiota. - dei um sorriso afetado.

Jullian assentiu e olhou para a televisão.

— Bem, está tarde e eu vou me deitar. Obrigada por me fazer assistir à essa terrível obra prima de terror. Provavelmente ficarei acordada pelo resto da noite.

— Disponha.

Não pude deixar de sorrir e me levantei do sofá preguiçosamente. A casa estava tão silenciosa que eu tinha medo de um suspiro ser alto demais.

Me dirigi até a escada e comecei a subir os degraus. Eu não olhei para trás, estava sonolenta demais para fazer isso. Entrei no meu designado quarto e fechei a porta cuidadosamente. Era estranho pensar que Jullian tinha se comportado de um jeito tão diferente naquele dia. Fora um dia e tanto!

Abri a mala ao lado da cama para pegar algo para vestir. Tinha trago uma camisola de cetim preta com as laterais rendadas com um tecido transparente. O busto tinha renda também, mas o tecido era todo preto e tinha um pequena pedrinha prateada. Tirei minha roupa e me troquei, vestindo a camisola. Logo eu deitaria na cama e não sentiria frio. Encarei meu reflexo no espelho por um instante. Papai tinha razão, eu parecia um leite. Minha pele era muito branca, ainda que eu tivesse nascido na Califórnia e frequentasse praias.

Deitei na cama e me cobri com o edredom branco. Eu tinha mania de cobrir-me até o pescoço. Meu pai costumava a dizer que eu parecia uma múmia fazendo aquilo. Peguei-me sorrindo diante daquela lembrança. 

Passou-se minutos, talvez quinze ou vinte, quando ouvi um quase que imperceptível bater na porta. Franzi o cenho e levantei-me da cama. Seria o sr. Zarch precisando de algo? Minha mão girou a maçaneta e eu abri a porta. Fiquei perplexa ao ver Jullian parado à minha frente. Seus olhos mediram-me de cima a baixo. Eu engoli em seco e me senti constrangida. Quis esconder metade do corpo atrás da porta.

— Jullian? - sussurrei. - O que foi? Seu pai precisa de algo? - olhei pelo corredor colocando a cabeça para fora do quarto.

— Não, não. - ele respondeu. Parecia de certa forma desconfortável também. - Eu... queria saber se quer sair amanhã. Aqui tem um clube maneiro. Talvez queira curtir seu aniversário.

Estava pasmada olhando para seu rosto. Ele pareceu ansioso. Eu não sabia o que dizer. Ele estava fazendo alguma brincadeira?

— Ah... eu... não sei se é uma boa ideia. Se o seu pai não se importar e se Nigel não precisar de ajuda...

Ele assentiu e depois balançou a cabeça em negativa.

— Ah esquece. Se... por acaso quiser sair para algum lugar... Só pensei em ser legal, já que todos me acusam do contrário. Especialmente você. - seu tom de voz transparecia um pouco de mágoa até.

— Não quis negar nada eu... achei muito legal da sua parte. Só estou surpresa, Jullian. - dei de ombros. - Não pode me condenar por estar surpresa.

— Tudo bem, dane-se. - ele deu de ombros e deu as costas para mim.

Segurei seu braço como que um impulso.

— Não! - sussurrei com as sobrancelhas ainda unidas. - Eu quero sim. Obrigada por me convidar. Acho que vai ser bom sair um pouco e me distrair.

Ele estava na defensiva. Seu corpo dizia isso com sua pose firme e o maxilar travado com a possível rejeição ofensiva ao seu convite.

— Ótimo. Tanto faz. - olhou para minha mão em seu braço.

O soltei e dei meu melhor sorriso. 

— Boa noite. 

Ele não me respondeu e se virou novamente para entrar no seu quarto, que era o mesmo quarto do sr. Zarch.

Fechei a porta sentindo-me tonta. O que diabos fora aquilo? O que estava acontecendo? Jullian tinha acabado de me convidar para sair? Os planetas teriam explodido ou algo do tipo? Algo de muito crítico estava acontecendo no sistema solar, eu podia sentir.

Voltei para a cama atônita e voltei a me cobrir até o queixo. 


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Notas finais do capítulo

Jullian, é você mesmo?
Ai ai, o que vocês acham que vai acomtecer? Estou ansiosa pra saber!!!
Me contem tudo aí nos comentários!!
Vejo vocês na quarta!!
Fiquem com Deus.
Até mais,
Lê.



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