O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 22
Vinte e dois


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Boa tarde! Como estão nessa segunda-feira? Estou em casa faz cinco dias por causa dessa greve. Não aguento mais, sinceramente hahahah. Aí quando a gente volta a trabalhar, queremos ficar em casa. Vai entender!
Bem, estou aqui trazendo o capítulo 22 e vou postar o 23 também ainda hoje!
Espero que gostem ♥



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Estávamos os cinco sentados e distribuídos pelos dois sofás que jaziam na pequena sala. Nigel, Betty Berry e eu estávamos em um sofá maior, de três lugares, e Jullian e o sr. Zarch ocupavam o outro sofá. Estávamos, aparentemente, todos absortos no programa de televisão que passava. Na verdade, acho que todos estavam, menos eu. Acredito que ninguém tinha percebido ou lembrado que eu era americana e não estava entendendo praticamente nada do programa. Era um programa que estava mostrando algumas coisas culturais e pontos turísticos da Tailândia. Apenas consegui entender isso porque era muito óbvio.

Todos nós nos encontrávamos em perfeito silêncio. Eu me senti grata pelas refeições maravilhosas que Betty Berry havia nos proporcionado naquele dia. O jantar fora ótimo. Ela tinha preparado uma deliciosa sopa de batata com hortaliças e carne. Naquele momento, eu tinha uma caneca vazia na mão, qual pouco tempo atrás, estava cheia até a metade de café.

Enquanto o pessoal assistia ao programa de televisão, me encontrava imersa em meus pensamentos. Os meus problemas tinham descido uma categoria e agora eu pensava nos problemas da família Zarch. Olhei para o sr. Zarch, aproveitando que ninguém estava me olhando, e pensei nas palavras de Jullian. Seria ele tão bom ator assim? Ele me parecia sim, uma pessoa evoluída e positiva. Mas talvez Jullian tivesse razão. Talvez eu realmente os conhecesse muito pouco e o sr. Zarch, no final das contas, era um bom ator.

Pensei em como devia ser triste para ele; fazer-se de otimista e estar sofrendo por dentro. Será que ele sentia medo de morrer de uma hora para a outra? Como será que se sentia com a perda dos movimentos? Fitei sua cabeça tombada para o lado enquanto assistia à televisão. Pareceu-me terrivelmente imaturo e ingrato da minha parte que eu estivera triste o dia todo por causa de Louis. Tudo bem que o motivo não era só aquele, mas eu tinha muito o que agradecer.

Senti-me envergonhada e pega no flagra quando percebi que Jullian estava me fitando. A luz da sala estava apagada e a única iluminação presente era a que vinha da televisão. Os olhos dele estavam fixos no meu rosto. Eu desviei o olhar e tentei me concentrar na televisão. Mas quem eu estava tentando enganar? Eu não entendia uma só palavra.

***

Por volta das onze horas da noite, o sr. Zarch foi levado para o andar de cima com a ajuda de Jullian e Nigel. Betty Berry estava bocejando à beça e disse para mim que iria se deitar.

— Boa noite, Betty. Vá descansar. Você foi nossa heroína hoje. - falei.

Ela me deu um sorrisinho cansado. Os traços de Betty eram incrivelmente delicados e miúdos. Ela era muito fofa e sua personalidade, incrivelmente cativante. Perguntei-me quantos anos ela deveria ter. Talvez eu devesse ser intrometida com ela e perguntar muitas coisas. Me lembraria de fazer aquilo.

Por alguns minutos, encontrei-me sozinha na pequena sala. Me lembrava um pouco o estilo da sala da minha casa - que era tão pequena que os sofás pareciam se amontoar. A televisão da pequena sala era uma antiga, com aquela "caixa" larga atrás e tudo. Qualquer pessoa nascida a partir de 2007 ou mais a acharia bizarra. Eu gostava. Me lembrava da minha infância assistindo desenhos com a vovó.

Passos sorrateiros foram dados até ali. Só vi Jullian de volta na sala quando ele se sentou no sofá ao meu lado, porém mantendo uma segura distância. O volume da televisão estava baixo e para mim não fazia muita diferença, afinal eu não estaria entendendo uma palavra sequer.

De soslaio o vi pegar o controle da televisão e aumentar um pouco mais o volume e começar a zapear pelos canais. No andar de cima estava tudo silencioso. Eu não sabia o que falar. Talvez não precisasse falar nada. Com Jullian eu nunca tinha certeza, mas julgava que o silêncio era mais seguro. Apesar do seu aparente bom humor e educação naquele dia, ele ainda era o dinamarquês Jullian.

Ouvi ele dar uma risadinha olhando para a televisão. Franzi o cenho e observei o que passava por um instante. Um carro viajava por uma estrada e um lago muito grande era filmado. Tocava uma música bizarra e passava uma espécie de créditos iniciais.

— Você não assistiu ao O Iluminado ainda?

Olhei para seu rosto. Jullian não olhou para mim, mas esperava minha resposta.

— Não. - voltei a olhar para a televisão desconfiada. - Não me diga que isso é o filme.

— É, sim. Seu dia de sorte.

Forcei um sorriso.

— Acho que vou dormir.

— Ah, qual é?! Você não vai conseguir dormir agora. Acabou de tomar meia xícara de café forte que Betty fez. - ele apontou para a xícara no braço do sofá. - Além do mais, não quer conhecer a personagem que seus pais se inspiraram para te dar seu nome?

Revirei os olhos.

— Para sua informação, meus pais nunca viram O Iluminado. Minha mãe chamou o filme de O imaculado!

— Meu Deus... - ele balançou a cabeça em negativa, mas parecia estar achando graça.

Suspirei e comecei a prestar atenção no filme. Eu não era fã de filmes de terror. Passava longe deles nas seções das locadoras de filmes. Contudo, eu não estava com sono no momento e, eu estava realmente curiosa quanto ao filme. Só esperava conseguir dormir depois.

— Que se dane! Mas, se eu não conseguir dormir depois, a culpa será sua.

Jullian fitou meu rosto e arqueou ligeiramente uma das sobrancelhas.

— Fico me perguntando qual tipo de filme você assiste.

— Definitivamente filmes que não são de terror. Prefiro drama ou comédias.

Ele revirou os olhos.

— Típico de mulherzinha.

Cruzei os braços e ignorei seu comentário ácido. Minha cabeça estava apoiada no encosto do sofá e minhas pernas dobradas com os pés em cima do sofá. Fazia um pouco de frio. Estava vestindo uma blusa de manga comprida branca e uma espécie de legging cinza confortável. Meus pés estavam descalços. Me sentia confortável. O sofá era mais confortável que minha cama lá em casa. Mamãe adoraria.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que vocês acharam desse capítulo? Espero que tenham gostado! Me contem aí ;)
Até o próximo,



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